Dipunker Postado Junho 26, 2012 às 16:25 Postado Junho 26, 2012 às 16:25 Há seis anos nos Estados Unidos, Gabriel “Napão” Gonzaga está completamente adaptado ao país. Natural do Rio de Janeiro, ele visitou a Cidade Maravilhosa no início do mês para rever amigos e parentes. Foi a primeira vez que voltou desde que finalizou Ednaldo Lula, no UFC Rio, em sua reestreia pela organização. Novamente motivado para lutar, o peso pesado, que divide os treinos com aulas de Jiu-Jitsu, é constantemente perguntado sobre o passado. Junto a seu nome, está a lembrança do nocaute sobre Mirko Cro Cop, com um chute alto, justamente a especialidade do croata. Em entrevista exclusiva à TATAME, na praia da Barra da Tijuca, bairro onde morou, ele relembrou o episódio. “Essa luta marcou porque foi um chute bonito e ao mesmo tempo pelo nocaute. Não é o fato de eu ter ganho a luta, é o fato do golpe perfeito. Lembro do momento que eu imaginei acabando a luta. Sabia que faltava pouco tempo e pensei: “Vou dar o chute mais forte que eu puder. Ele vai bloquear, dar dois passos para trás e isso vai contar um pouco na cabeça dos juízes”. Ele não bloqueou e foi o que aconteceu: o nocaute". Viciado em internet, Napão afirma que não costuma ver suas próprias lutas na grande rede e revela o que sente quando relembram o nocaute em sua presença. “Não me orgulho, sinto até vergonha às vezes. Eu sou tímido quando vão falar essas coisas. Eu fico meio constrangido se você ficar me botando para cima do meu lado. Eu não sou diferente de ninguém, só dei um chute que pegou. Muita gente fala que foi sorte, e foi sorte mesmo, mas eu sabia o que estava fazendo. Foi sorte de acontecer e estar sendo filmado. Eu sempre treinei para dar um nocaute daquele jeito. São poucos que acontecem por aí”. Confira abaixo a entrevista na íntegra: O que mudou em termos de reconhecimento depois da sua última vitória, no UFC Rio 2, contra o Ednaldo Lula? A diferença das outras vezes que eu vim para o Brasil é que muita gente está sabendo mais do esporte, está assistindo mais. A TV a cabo tem um canal especializado só na parte de lutas, e isso ajuda muito na divulgação. Tive mais reconhecimento, as pessoas me reconheceram na rua e isso é sempre bom para o esporte. Você pode ver que está crescendo cada vez mais. No Brasil, comenta-se que o Junior Cigano é muito rápido, que nem parece peso pesado. Você concorda? Bom, eu acho que o Cigano é muito bom. Ele tem a mão forte. Se acertar derruba mesmo, mas eu não acho que ele vai dominar por muito tempo porque peso pesado é mais difícil. Não é que nem o peso do Anderson Silva e do Jon Jones. Uma mão errada que pegue pode mudar a luta. É bem mais difícil você ser soberano nessa categoria por muito tempo. Em quem você apostaria para tirar o Cigano do topo? O Velasquez tem grandes chances. Naquele dia, tomou um soco. O Cigano tem a mão pesada. O próprio Frank Mir tinha. Todos têm. Se você está num dia bom de luta, você mostra bem o seu esporte. Você lembra a luta do Anderson Silva com o Sonnen? O Sonnen não é um grande lutador e deu trabalho. Naquele dia, o Anderson não estava bem. O resultado pode variar. Mesmo você sendo melhor, pode acabar perdendo. No peso pesado isso acontece mais fácil porque um pequeno erro faz a diferença. Você pensa no cinturão? Sempre. Ninguém entra em um jogo para ser segundo. Todo mundo quer ser o primeiro e eu não sou diferente. Eu quero ser o primeiro, mas eu sei que tenho que pegar a fila, ganhar várias lutas para chegar lá. Comecei a trabalhar para isso. Antes eu estava desmotivado, mas agora mudou. Estou querendo bem me desenvolver na categoria e disputar o cinturão. Ano passado você parecia mais focado em dar aulas. De onde tirou motivação? Dou aula desde 1999, quando comecei a dar aula na faixa-marrom. Nunca parei. Ganhando, perdendo, lutando ou não eu sempre dei aula de Brazilian Jiu-Jitsu para os meus alunos e venho formando faixas-pretas desde lá. Exatamente por isso, foi a motivação: todos os meus alunos vêm e falam para mim que eu não devia parar, que eu deveria continuar. E-mails de fãs que falam para eu continuar e acabou me inspirando a voltar. Tiveram algumas cartas escritas de fãs, falando que mudou a vida deles algumas lutas que eu fiz, que eles se inspiraram nisso e que eles vivem melhor por causa disso. Isso me deu objetividade de chegar lá e mostrar um bom exemplo para trazer as pessoas para um lado melhor da vida. Isso não se compra: servir de exemplo e passar para alguém alguma coisa boa, a pessoa ficar melhor na vida. A vida é sofrida para todo mundo. Se você pode mudar um pouquinho a vida de alguém para ter uma vida menos sofrida, essa é uma parte que recompensa. Algumas cartas me tocaram e eu falei: “eu gosto de fazer isso, eu faço bem. Vou fazer”. Agora, ganhar ou perder eu não tenho controle. Eu tenho controle de treinar ou não treinar. As críticas te incomodavam? A crítica nunca me incomodou. O que me incomodava era treinar, treinar e treinar e, no final, perder a luta. Sempre fui um cara logístico, mas esse esporte não é. Você pode ser muito bom e perder ou muito ruim e ganhar. Treinava para ganhar e acabava perdendo. Isso me deixou triste algumas vezes. Hoje, já entendi o valor da derrota e da vitória. Não tem problema se eu perder. Quando eu estava desanimado, não era por isso que eu perdia. Eu ganhei luta desanimado já, então não era o fato de ganhar ou perder. Eu já ganhei luta sem treinar muito porque tinha contusão e fui sem treinar muito, como já perdi luta que eu estava preparado e as pessoas achavam que eu não estava. Você está com 33 anos. Passa pela sua cabeça o assunto aposentadoria? Agora eu não penso nisso, mas sei que, provavelmente, eu não vou lutar até os 40 porque o corpo começa a reclamar. Eu dormia de bruços, com o braço por baixo do travesseiro. Depois de dez anos treinando Jiu-Jitsu, se eu colocasse os dois braços debaixo do travesseiro, um ombro ficava dormente. Eu comecei a dormir de bruços só com um braço debaixo do travesseiro. Depois de não sei mais quanto tempo, não consigo mais dormir de bruços (risos). São muitas lesões. Tenho no ombro, no braço, nas costas. Qualquer esporte tem isso. Você foi para os Estados Unidos para treinar? Fui para lá com o Marco Alvan e abri a Team Link a nova equipe. A gente não tinha o nome ainda. Fui para lá lutar o ADCC em 2005, o coloquei no meu córner para me ajudar. De lá, nós começamos um relacionamento de negócios e ele abriu os caminhos para eu dar aula nos Estados Unidos. Quando eu cheguei lá, ele veio com a ideia de eu voltar para o Vale Tudo. Eu tinha lutado algumas coisas aqui quando era da Macaco Gold Team, mas não era o meu foco. O Vale Tudo nunca foi o meu foco, mas ele falou: “Vou tentar botar você no UFC e falar com algumas pessoas que eu conheço”. Passei a ser profissional só depois que fui para lá. Antes, eu lutava por hobby. Está totalmente adaptado? Agora estou adaptado. Até então, estava indeciso com o que eu ia fazer porque o inverno lá é bem diferente daqui (risos). Às vezes pego 20, 30 graus abaixo de zero, mas a gente conquistou novas amizades e firmamos a vida lá. O local onde você mora não importa muito. O que importa é com quem você se relaciona. A gente conseguiu fazer novos amigos lá, então estamos felizes.O inverno é violento, mas o resto do ano é normal. No verão é bem calor e gostoso. Todo ambiente que você vai tem o aquecimento, então você não passa frio. O que você faz quando não está lutando? Sou meio nerd. Gosto de fazer umas coisas no computador, vejo muito YouTube, vídeos sobre energia solar e coisas assim. Gosto de mexer com computador, mas o que eu mais gosto mesmo é treinar. Eu treino por hobby. Não treino só para dar aula e como profissão. Eu gosto de treinar com os meus alunos, ir pra academia, botar o quimono e rolar com faixa-branca, azul, marrom... Não tenho isso de treinar só para evoluir. É igual quem joga futebol. Às vezes você não joga para massacrar o outro time, vai jogar para bater uma bola, jogar com os amigos. Muitas vezes eu vou pra academia para desestressar, vou rolar com os meus alunos. Postar vídeos inusitados é uma de suas distrações? É. Eu brinco muito com os meus amigos, a gente sempre fica zoando alguma coisa e de vez em quando rolam uns vídeos doidos (risos). Eu vejo de tudo. “Para a nossa alegria” e todas essas bobeiras. Quer acrescentar algo? Quero mandar um abraço para todos os meus alunos na Team Link de Worcester, principalmente, porque é onde eu dou aula.
GuiM Postado Junho 26, 2012 às 17:11 Postado Junho 26, 2012 às 17:11 Muito lindo o chute, nao tinah visto ainda, o pé do cro cop até torce
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