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Para Demian Maia, Caminho Ao Título Nos 77Kg É Mais Curto Que Nos 84Kg


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O paulista Demian Maia chegou ao UFC em 2007 como uma promessa entre os pesos-médios, cujo jiu-jítsu sofisticado assombrou o público e lhe rendeu quatro prêmios de "Finalização da Noite" em cinco lutas. Cinco anos depois, Demian viu sua chance de disputar o título vir e passar, e seu jogo de chão sumiu do octógono, com sete combates seguidos encerrados na decisão dos jurados. Em janeiro passado, a derrota para Chris Weidman, jovem que substituiu Michael Bisping com menos de duas semanas de sobreaviso, foi o mais duro golpe sofrido pelo lutador brasileiro na carreira.

demianmaia-camera.jpgDemian Maia durante entrevista para o SporTV: lutador admitiu que opiniões alheias sobre o que deveria fazer o incomodaram (Foto: Adriano Albuquerque/SporTV.com)

Pouco mais de dois meses depois, Demian Maia está pronto para dar uma guinada. Após admitir sua teimosia em ignorar os pedidos de seus treinadores e insistir na luta de pé, em busca de provar a si mesmo que poderia conseguir um nocaute, o ex-campeão mundial de jiu-jítsu voltou a tratar a "arte suave" como seu carro-chefe nas artes marciais e decidiu baixar de peso, para a categoria meio-médio (até 77kg). Em entrevista ao SPORTV.COM, Demian contou que a motivação para a mudança foi, além de uma necessidade por estar menor que seus adversários entre os pesos-médios, uma melhor chance de voltar a disputar um cinturão do UFC. Apesar de sua nova categoria estar repleta de talentos de alto nível, o paulista se via com poucas chances de desafiar Anderson Silva uma segunda vez, após ser derrotado pelo "Spider" em 2010.

- Seria um caminho longo, e nos 77kg, além de eu achar que posso me adaptar bem ao peso, se eu fizer uma boa apresentação, as pessoas podem me olhar como um futuro desafiante - explicou Demian Maia.

Confira abaixo, na íntegra, a entrevista com Demian Maia:

Na sua última luta, dava para ouvir pela TV que seus treinadores queriam que você tentasse dar uma queda no Chris Weidman, mas você insistiu na luta em pé. Por quê?

Nem eu sei (risos). Estou brincando. Nunca ganhei uma luta por nocaute, sempre só por finalização ou pontos, e eu achava que essa era uma luta em que eu conseguiria isso. Queria ter essa experiência. Coloquei isso na minha cabeça de uma forma até burra, porque não mudei a estratégia e fiquei tentando isso até o fim, acreditando que conseguiria.

Essa era a estratégia se você fosse enfrentar o Michael Bisping?

Com certeza não. Nem para o próprio Weidman; quando mudou o lutador, a estratégia era manter parecido o que ia fazer com o Bisping, só que um pouco mais relaxado em pé. Com o Bisping, era totalmente derrubar e lutar no chão, porque é onde eu seria superior a ele.

Já virou tema recorrente nas suas últimas lutas: sempre questionamos por que você não leva mais as lutas para o chão, e você sempre responde que quer se mostrar um lutador mais completo de MMA. Com quatro derrotas nas últimas oito lutas e sete decisões seguidas, acha que pode estar forçando um pouco a barra? Não seria um momento para retomar o foco no jiu-jítsu?

Eu quero voltar a lutar o jiu-jítsu, só que antes de eu ser um atleta que as pessoas querem ver uma coisa, sou uma pessoa que tem sua vontade e quer se testar também. Eu nunca gostei de as pessoas falarem o que eu tinha que fazer, e talvez por isso eu tenha ido por outro lado. Mas acho que, realmente, como competidor, para ganhar a luta, é muito melhor eu ir pelo lado do jiu-jítsu.

Seu próximo adversário, Dong Hyun Kim, é um golpeador, com muitas vitórias por nocaute. O caminho para derrotá-lo é a luta agarrada, ou pretende novamente manter a luta em pé?

Acho que o caminho é a luta agarrada, com certeza. Não tem por que eu querer lutar em pé com ele. Se eu puder, vou levar a luta para a minha área.

Você lutou a carreira inteira no peso-médio, onde chegou a disputar cinturão, e agora, aos 34 anos de idade, resolveu descer para uma categoria que está num momento muito bom, lotada de talentos em ascensão para desafiar um dos reis peso-por-peso do MMA, Georges St-Pierre. Por que resolveu fazer esta mudança justo agora?

Porque, em primeiro lugar, sempre que você sofre uma derrota, você repensa várias coisas. Eu sempre lutei numa categoria sendo, na verdade, de uma outra categoria. Na minha primeira luta no UFC, eu tinha 86kg, então podia tranquilamente lutar com 77kg. Na verdade, estou apenas tentando me ajustar a uma coisa que tem mais a ver com meu biotipo.

ufc_chrisweidman_demianmaia_easyget.jpgPara Demian, derrota sofrida para Chris Weidman

foi pior momento na carreira (Foto: Getty Images)

Com qual peso você anda normalmente? Quanto peso você perde para uma luta?

Pouco. Normalmente, se não estiver treinando ou fazendo nada, vou bater em 90kg, e com um pouco de treino e de dieta, vou baixar para 87kg, por aí.

Você nunca teve que baixar tanto peso quanto para 77kg?

Em algumas competições no jiu-jítsu, eu já tive que baixar bastante. Tinha um Brasileiro de equipes que era até 75kg e eu tive que baixar, mas nada muito grande. Agora vai ser um pouco mais de esforço, mas não vai ser nada de absurdo, pelo que vejo que os outros fazem.

Você já antecipa um sofrimento a mais para baixar esse peso? Já tem uma estratégia traçada para isso?

Já temos, até com datas, de bater tal peso em tal data, e de fazer teste antes, mas com certeza vai ser mais sofrido, porque gosto de comer uma besteira de vez em quando, um negócio diferente, e isso vai ter que ser cortado.

Estreando numa nova categoria aos 34 anos, ainda há tempo para conquistar o cinturão antes de uma aposentadoria? Por quanto tempo mais você se vê lutando?

Como eu não tenho muitas lesões e nunca me machuquei muito, eu me vejo lutando tranquilamente até uns 40 anos. Não sei com quantos anos o Anderson foi campeão, mas acredito que foi por volta dos 32 e 33 (NOTA DO EDITOR: Anderson Silva conquistou o título dos pesos-médios do UFC aos 31), e lógico que ele já era um atleta muito bom, mas de lá para cá ele melhorou muito, especialmente na parte de chão e defesa de queda. Chuck Liddell e Dan Henderson foram campeões já mais velhos. Nosso esporte é diferente, depende muito da sua maturidade e tem uma parte psicológica muito forte. Às vezes, as pessoas comparam muito com o futebol, em que os caras se aposentam com 33 anos, mas é totalmente diferente.

Você acha que o caminho para o cinturão é mais complicado na categoria médio do que na meio-médio?

Para mim, seria com certeza, porque já enfrentei o Anderson e perdi uma luta agora no 84kg. Seria um caminho longo, e no 77kg, além de eu achar que posso me adaptar bem ao peso, se eu fizer uma boa apresentação, as pessoas podem me olhar como um futuro desafiante.

Sem falar que é o seu caso, mas parece que descer de peso virou moda entre lutadores em sequências de derrotas. Acha que isso se tornou uma tática para ganhar uma sobrevida com o UFC?

Não. No meu caso, eu não precisava de sobrevida, porque eu vinha de derrota, mas há pouquíssimos invictos hoje em dia. Até o Jon Jones teve uma derrota. O esporte está mudando. Você vê o Vitor (Belfort) baixando de peso, o Wanderlei (Silva), o Lyoto (Machida) está querendo baixar o peso. As pessoas estão se conscientizando que você tem que tirar o máximo de vantagem de todos os lados que puder. O biotipo dos caras de 84kg não é o mesmo que era cinco anos atrás. O Anderson era um cara que já estava à frente disso, ele já era grande para o peso dele. Hoje em dia, você já vê caras de 70kg da minha altura. As pessoas estão buscando o que é melhor para elas.

Além da mudança de categoria, houve outros ajustes no seu regime de treinos desde sua última luta?

Houve alguns ajustes e vai haver mais, mas acho que não tiveram muitas coisas absurdas na última luta, não houve muitos erros. O treino foi bem feito, houve algumas coisas que podiam ser melhores. Precisávamos de alguns ajustes que já foram feitos e vamos ver o que vai acontecer.

Fora a mudança de peso, qual você considera que foi o principal ajuste que foi feito?

Fazer uma coisa mais científica em relação à periodização dos treinos. A gente já fazia isso, mas buscamos outros conhecimentos de outras fontes de periodização mais científica do que já tinhamos.

Confira a home de Combate para saber as últimas notícias do MMA

Você está treinando ainda na Bahia ou só em São Paulo?

Vou também para Salvador, mas estou treinando mais em São Paulo. Gosto de ir para Salvador treinar com o (Luiz) Dórea, (Junior) Cigano e o (Ednaldo) Lula, mas estou focando mais em São Paulo, pelo meu carro-chefe ser o jiu-jítsu e não o boxe.

Você já entrou no octógono com o nome da sua filha no calção. O que passa na sua cabeça quando pensa nela? É sua grande fonte de inspiração nos combates?

Hoje em dia, é uma grande fonte sim, com certeza. Por ela, eu chego lá e tento fazer meu melhor, independente de ganhar ou perder. Quando ela crescer e vir as lutas, quero que ela veja que eu fiz o meu melhor e o máximo que eu podia.

Ela ainda não tem idade para entender as lutas. Quando ela tiver idade, como você vai trazê-la para este mundo?

Neste fim-de-semana, já a levei a um campeonato de jiu-jítsu pela primeira vez, para ela ver como era. Gostaria muito que ela treinasse jiu-jítsu, fosse atleta, mesmo que não fosse fazer isso para a vida dela, mas como um hobby pelo menos, porque acho muito saudável o esporte - a arte marcial, mais ainda, e o jiu-jítsu, mais ainda. Gostaria que ela fosse pelo menos uma atleta amadora de jiu-jítsu.

Mas se ela se tornasse profissional, e decidisse ir para o MMA, como você lidaria com isso? Acharia isso normal? Conseguiria ver suas lutas?

Eu tenho uma visão machista disso, acho meio estranho ver uma mulher lutando MMA. Ao mesmo tempo, eu nunca poderia impedi-la de fazer o que quer fazer da vida. Ela vai fazer o que quiser da vida dela, porque a vida é dela, não minha.

Mas você conseguiria treiná-la, ou vê-la lutar, levar soco na cara, mesmo sabendo como é...

Conseguiria, porque a partir do momento que você está feliz, fazendo o que você gosta, isso é o mais importante. O resto são coisas menores.

É muito difícil para sua família, que fica em casa, acompanhar sua carreira?

É difícil. As pessoas da minha família não assistem às minhas lutas, só depois que acontecem. Elas nunca veem ao vivo pelo nervosismo.

Se você fizesse uma luta no Brasil, eles iriam, ou não iriam nem nesse caso?

Acho que não iriam.

demian-maia-sorri-closeup.jpgNa categoria meio-médio, Demian Maia quer voltar

a sorrir (Foto: Adriano Albuquerque/SporTV.com)

Do que um lutador como você tem mais medo no esporte que exerce?

Medo? Acho que medo nenhum. Tenho receios normais, como qualquer lutador, de perder, não me apresentar bem e não ser campeão, que é o que eu almejo. Mas medo, nenhum.

Nem do aspecto físico, de alguma lesão...

Não, não tenho esse medo, sei que o esporte é bem seguro e é muito raro de sofrer uma lesão mais séria. É mais esse receio profissional. Tenho a maior alegria em fazer o que eu gosto, então para mim isso basta.

Alguma vez na sua carreira, já pensou em desistir de alguma coisa?

Já, já pensei. Às vezes, quando você perde uma luta, são momentos bem difíceis, você chega num limite que pensa se vale a pena tudo o que você fez. Em todas as minhas lutas, eu treinei e fiz o máximo que eu podia, nunca entrei apenas por entrar. Então, quando você sofre uma derrota, é duro, passa tudo pela sua cabeça, mas é passageiro.

Qual você considera que tenha sido o seu melhor momento como atleta?

No jiu-jítsu, houve vários bons momentos. Meu primeiro campeonato, minha conquista da Copa do Mundo como faixa preta, minha conquista dos Mundiais de faixa roxa e marrom, minha conquista em Abu Dhabi em 2007... No MMA, acho que minha vitória sobre o Chael (Sonnen), não por ser o Chael, mas por ser uma sequência de 11 vitórias e estar invicto, foi um ponto bem alto na minha carreira. A luta com o Anderson não foi um momento feliz, mas foi um momento de crescimento para mim e que no final das contas foi muito bom de ter passado. Provei para mim mesmo que eu podia, tinha capacidade de resistir, sobreviver e ir para cima, lutar do jeito que eu tinha que lutar.

E o pior momento como atleta?

Não sei se é porque é recente, mas acho que foi essa última derrota. Pensei se vale a pena tudo isso que a gente passa, por que deu errado se até então eu achava que tinha feito tudo da melhor forma possível, o que aconteceu comigo de eu resolver mudar a estratégia na hora, por que minha cabeça funcionou dessa maneira... Passou muita coisa pela cabeça.

Quanto tempo levou para você superar esse sentimento?

Acho que um mês para superar... Você nunca supera, na verdade. Sempre vai carregar uma cicatriz a cada derrota que você teve. Mas você tem que superar. Como qualquer dificuldade na vida, não só na luta, você não pode desistir. É a mesma coisa que a pessoa que desiste de viver, não é uma possibilidade. "Vou me jogar ali da pedra", isso não pode ser uma possibilidade.

Como está a mão depois da operação?

Está excelente, já estou treinando, voltei há duas semanas. Esta semana, voltei a treinar forte. Foram duas semanas bem leves, só fazendo fisioterapia. Esta semana, tanto segunda, quanto terça, já treinei forte. Está indo super bem. É uma fratura, não é uma coisa muito séria. Operei, calcificou, acabou. Não é como um ligamento ou uma luxação, que são mais sérios. Sei que vai recuperar 100%. Já treinei boxe, jiu-jítsu, peso... Com alguns tipos de movimento com peso, como o levantamento olímpico, eu tenho que tomar cuidado, e no boxe ainda não dá para ter 100% de força na mão operada. Estou usando uma proteção para treinar, para não ter perigo de mexer muito o dedo. Com o tempo, vai voltando. Estou treinando seguro, normal.

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lyoto ta evidentemente esperando o anderson se aposentar.. depois ele vai dominar os médios..

já o demian, não vejo ele campeão.. acredito q ele possa fazer boas lutas mas não o suficiente pra dominar a categoria..

campeão dos meio médios vai ser o Erick Silva.

Daqui á uns 4 anos qdo o GSP se aposentar,quem sabe...

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