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Ingestão De Proteínas Estimular A Síntese Protéica Significa Estimular O Processo De Construção Musc


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Ingestão de proteínas estimular a síntese protéica significa estimular o processo de construção muscular

Autor: Marcos Muniz

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A proteína é o principal componente orgânico dos nossos músculos, o que nos leva a inevitável conclusão que estimular a síntese protéica significa estimular o processo de construção muscular. Uma das principais preocupações para que isto ocorra é através da ingestão adequada de proteínas e aminoácidos.

Quantidade

De acordo com diversas pesquisas, um dos principais fatores de regulação da síntese protéica e a presença de aminoácidos na circulação sangüínea. Porém a dinâmica metabólica não segue linearmente até o infinito, de acordo com estudo de WOLFE (2002) a síntese protéica é estimulada em uma relação dose-dependente até que concentração plasmática de aminoácidos dobre, a partir daí qualquer aumento na concentração de aminoácidos será inútil. Então qual seria a quantidade ideal? De acordo com um estudo de TRIPTON et al (1999) a quantidade da maioria dos aminoácidos praticamente dobra com a suplementação de um composto contento 40 g de proteínas.

Poderíamos então concluir que a dose ideal de proteínas seria 40 gramas, porém um dos maiores aumentos na síntese protéica obtidos na história foi descrito em um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Texas que usaram apenas 6 gramas de proteína (RASMUSSEM et al, 1999).

O papel dos outros nutrientes

Os resultados de diversas pesquisas mostram que na busca pelo anabolismo, não devemos nos preocupar somente com a proteína, uma vez que a ingestão concomitante de carboidratos aumenta o potencial anabólico da refeição, de modo que a resposta à ingestão combinada de glicose e aminoácidos é superior à soma de cada uma destas respostas, como no caso do estudo de RASMUSSEM et al (1999) onde a combinação de 35g de carboidratos a apenas 6g de proteína foi extremamente eficaz (na verdade até a data de conclusão da pesquisa este havia sido o melhor protocolo já utilizado). O efeito sinergístico da mistura carboidrato + proteínas é devido provavelmente a maior resposta insulínica, fato corroborado pelo trabalho de pesquisadores holandeses onde verificou-se que a ingestão de uma mistura de aminoácidos e glicose causa uma liberação de insulina até 100% maior que ingerir somente glicose (VAN LOON et al, 2000).

Além disso, devemos lembrar que carboidratos e gorduras têm efeito poupador de proteína, ou seja, uma ingestão equilibrada de nutrientes prevenirá que seus tecidos sejam degradados para obter energia, ou mesmo que a proteína suplementada seja convertida em radicais carbônicos, dado que num primeiro momento de baixa ingestão calórica você utilizará os aminoácidos e proteínas livres como energia e posteriormente terá que catabolizar seus tecidos para obter energia.

Composição

Outro fato bem estudo é que para que a síntese protéica seja estimulada é necessária a presença de aminoácidos essenciais (WOLFE, 2002; RASMUSSEM et al, 1999; TRIPTON et al, 1999).

Tempo

Pesquisadores dinamarqueses conduziram um estudo de 12 semanas para verificar a influencia do tempo de ingestão dos AA no anabolismo. A amostra foi divida em dois grupos: um ingeria o suplemento 5 minutos após o treino e o outro esperava 2 horas para faze-lo (ESMARCK et al, 2001). De acordo com os resultados, a ingestão imediata do suplemento seria mais recomendada para a hipertrofia, porém alguns pontos devem ser observados: 1) a hipertrofia obtida com a suplementação imediata não foi superior a obtida em outros estudos onde a amostra se alimentava livremente e; 2) o outro grupo passou 2 horas em jejum após o término da atividade. Fica a pergunta: e se um grupo ingerisse o suplemento de proteína e o outro ingerisse somente carboidrato?

Em um estudo de RASMUSSEN et al (1999) foram comparadas a ingestão de placebo ou um suplemento contendo carboidrato (35g) e proteína (6g) 1 ou 3 horas após o término do treino de força, os resultados mostraram vantagem do suplemento em relação ao placebo, porém não houve diferença entre a ingestão 1 ou 3 horas após o treino.

Uma equipe liderada por Kevin TRIPTON conduziu uma pesquisa para responder uma pergunta que poucas vezes foi feita: e se ingerimos a proteína antes do treino? A resposta foi inesperada: de acordo com os resultados, ingerir o suplemento imediatamente antes do treino de musculação promoveu melhor balanço protéico do que ingeri-lo imediatamente após (TIPTON et al, 2001). A explicação dos autores tem fundamento, a ingestão anterior do suplemento geraria picos plasmáticos de aminoácidos concomitantes com os momentos de maior fluxo sangüíneo, teoria que faz sentido se analisarmos o estudo de RASMUSSEN et al (1999), onde o pico de concentração plasmática de aminoácidos ocorreu por volta de 40 minutos após a ingestão do suplemento.

Considerações finais

Na maioria dos estudos a amostra era submetida a um jejum de mais de 10 horas e depois eram comparadas a ingestão de proteínas com a ingestão de um placebo praticamente isento de calorias, desta forma a constatação que podemos ter é que o suplemento é melhor do que nada. Seria interessante que fosse comparada a ingestão de proteínas a ingestão de carboidratos, por exemplo.

Apesar dos diversos questionamentos, podemos tirar três conclusões essenciais que podem ser úteis para quem deseja suplementar proteínas:

1. A mistura de carboidratos às proteínas aumenta o efeito anabólico.

2. Não é interessante esperar muito tempo após o término da atividade para se alimentar.

3. Existem diversas possibilidades de se suplementar proteínas, portanto seria interessante variar os métodos para assegurar uma adaptação constante, evitando os platôs e a monotonia.

Há uma crença que nosso corpo tenha uma capacidade limitada de digerir e aproveitar proteínas, algo em torno de 30 gramas, desta forma a recomendação habitual é que a ingestão diária de proteína seja distribuída em pequenas doses. Este conceito pode parecer certo dentro de um sistema simples e estático, porém as reações fisiológicas do corpo humano são muito mais complexas e dinâmicas, envolvendo diversos ajustes bioquímicos frente à situação na qual o organismo se encontra.

Evidências teóricas

Existe um estado metabólico ideal de funcionamento de nosso organismo, que deve ser mantido para que o sistema funcione. Este equilíbrio, porém, não é estático, pois está constantemente sofrendo alterações que devem ser corrigidas, tal equilíbrio dinâmico recebe o nome de homeostase. E o principal mecanismo de controle da homeostase é o feedback negativo.

Para visualizar o funcionamento do mecanismo de feedback negativo imagine a seguinte situação: uma banheira com vários ralos onde o nível da água deve ser mantido constante. Suponha também que a torneira esteja sempre aberta e a quantidade de água que sai dela não pode ser controlada. Desta forma, a única maneira de controlarmos os níveis de água seria manipular o número de ralos que estariam abertos ou fechados, de acordo com a água que sai da torneira. É mais ou menos desta forma que nosso corpo trabalho controlando a "saída" em função da "entrada".

Se pensarmos nos mecanismos de controle, uma ingestão constante de proteína levaria a um menor aproveitamento, pois o corpo reagiria a esta alteração rotineira com uma maior proteólise. Com base nessas idéias e em alguns estudos, surgiu o conceito da alimentação pulsátil de proteína, que consiste em concentrar a maior parte de ingestão protéica (80%) em uma única refeição.

Evidências científicas

Em estudo publicado por ARNAL et al (1999) foram comparados os efeitos de duas dietas compostas do mesmo número de calorias e com a mesma composição de macronutrientes: 1) concentrando 80% da ingestão protéica em uma única refeição e; 2) distribuindo a ingestão protéica em 4 refeições diárias. De acordo com os resultados, a situação 2 levou à redução na massa magra, enquanto a situação 1 a manteve constante. Além disso, o grupo da alimentação pulsatil obteve melhor relação entre o anabolismo e o catabolismo protéico, com a síntese protéica 10% maior, e o catabolismo 11% menor. (ARNAL et al, 1999).

Logo em seguida, a francesa Marie-Agnès Arnal liderou outro estudo, desta vez a amostra era composta por mulheres jovens. Os grupos seguiram os mesmo padrões alimentares do experimento acima, porém a diferença entre os resultados dos grupos não foi significativa, havendo apenas uma tendência de queda no catabolismo durante a alimentação pulsátil e uma tendência de aumento no anabolismo com a dieta distribuída (ARNAL et al, 2000a). Algumas explicações possíveis para a diferença entre os resultados achados são: 1) a resposta metabólica à refeição é diferente em idosos e jovens e; 2) no primeiro estudo os autores admitem que podem ter subestimado a necessidade calórica, tanto que houve catabolismo na fase de adaptação, ao contrário do estudo feito em jovens, desta forma a alimentação pulsátil pode ser mais eficiente em estados potencialmente catabólicos.

Um outro estudo liderado por ARNAL verificou que os efeitos da alimentação pulsátil de proteína persistem mesmo após o término da dieta, isto funcionaria mais ou menos da seguinte forma: ao perceber a baixa concentração protéica da algumas refeições, seu corpo agiria diminuindo a degradação e provavelmente aumentando o anabolismo protéico, desta forma, no momento da refeição concentrada, seu corpo seria pego desprevenido, com baixa capacidade de degradar as proteínas ingeridas, o que elevaria sua retenção de nitrogênio (ARNAL et al, 2000b).

Além dos estudos de ARNAL, EL-KHOURY et al já haviam demonstrado em 1995 o efeito superior, em termos de metabolismo protéico, de uma dieta com três refeições sobre uma de dez. (EL-KHOURY et al, 1995).

Aplicações práticas

Freqüentemente vemos praticantes de musculação desesperados em obter fontes de proteína, ou fazendo as contas para saber se já está na hora da próxima refeição. Estes estudos mostram que tais preocupações não estão necessariamente de acordo com a fisiologia humana. Como sabemos, a capacidade adaptativa do organismo humano é muito eficiente e atua com extrema rapidez, portanto, a ingestão pulsátil de proteínas, pode servir, pelo menos, para quebrar platôs induzidos pela ingestão habitual de constantes refeições protéicas. Há casos de práticas baseadas nessas premissas em atletas profissionais, como levantadores de peso do leste europeu que periodicamente ficavam um dia em jejum para quebrar um rotina metabólica e, desta forma, potencializar seus ganhos quando voltassem a se alimentar.

Estes estudos podem ter também, importantes aplicações clínicas. Aumentar a ingestão de proteínas além da quantidade habitualmente recomendada (0,8 g/quilo de massa corporal) se mostrou ser uma estratégia eficiente em idosos (VOLPI et al, 1998), porém a ingestão habitualmente elevada de proteínas pode ter efeitos deletérios nas funções renais (ROWE, 1980). Desta foram, além de praticantes de musculação, outros grupos em estados catabólicos também podem aproveitar os efeitos da alimentação pulsátil de proteína, como os idosos.

Muitas vezes criam-se mitos ao redor de determinados assuntos e estes adquirem status de verdade absoluta, as dietas muito ricas em proteínas são um exemplo desses infundados dogmas, de modo que há um consenso entre praticantes de atividades físicas, leigos e alguns profissionais de que altíssimas quantidades de proteínas são essenciais para que se obtenha resultados que variam desde redução do percentual de gordura até hipertrofia muscular. Segundo CARPENTER (1986) as atribuições inerentes a proteína são baseadas na idéia de Liebig, para quem este macronutriente era a fonte de energia dos músculos, assim como a observação de que as pessoas (e nações) mais bem sucedidas e influentes tinham uma ingestão protéica mais alta.

Mas quais são as bases científicas para esta teoria? Será que ela é verdadeira?

INTRODUÇÃO ÀS PROTEÍNAS

Peço que não pulem esta parte, pois a compreensão de alguns conceitos e reações apresentados aqui será muito útil no futuro.

A proteína é uma molécula relativamente grande formada pela união de blocos menores denominados aminoácidos, os quais recebem este nome por possuírem um radical amino (NH2) e um radical ácido orgânico, tecnicamente denominado carboxila (COOH). Além desses dois radicais, os aminoácidos possuem uma cadeia lateral que lhe dará características específicas. Estes “blocos” podem se combinar de infinitas maneiras, formando diferentes proteínas como insulina, hormônio do crescimento e proteínas musculares.

Nosso corpo tem a capacidade extremamente limitada de armazenar aminoácidos, transformando o excesso de proteína em outras substâncias. No inicio dessas reações, a proteína é degradada a aminoácidos, os quais tem seu nitrogênio retirado por um processo denominado desaminação (lembrem-se que a proteína é o único macronutriente que possui nitrogênio). Após a desaminação, o nitrogênio é excretado pelos rins na forma de uréia. Se o organismo recorrer com muita freqüência a estas reações pode ocorrer sobrecarga do fígado e rins, principalmente em pessoas predispostas.

O esqueleto restante da desaminação será, então, usado em outros processos, ou seja a proteína que excede a necessidade metabólica simplesmente é convertida em outras moléculas (inclui-se aí a gordura) ou usada como energia.

Estando o nitrogênio presente no produto das reações de “quebra” de proteínas, a sua excreção é diretamente relacionada aos resultados deste processo, sendo a relação entre ingestão e eliminação de nitrogênio chamada balanço nitrogenado. Quando houver mais nitrogênio sendo ingerido que eliminado, ocorre o balanço nitrogenado positivo, ou seja, o corpo reteve a proteína (anabolismo), já o desequilíbrio a favor da eliminação é denominado balanço nitrogenado negativo (catabolismo).

(ler também Aminoácidos)

VANTAGENS DA PROTEÍNA

Menor resposta de insulina em comparação com os carboidratos: a insulina inibe a liberação de hormônio do crescimento e media o processo de acúmulo de gordura, sendo assim é interessante evitá-la em alguns casos. Porém este hormônio também influencia positivamente na construção de tecidos e absorção de creatina, o que é muito interessante para pessoas que almejam ganhos de massa muscular (GUERRERO-ONTIVEROS, 1998),

Maior indução da termogênese: alimentos ricos em proteínas induzem maior gasto energético durante a digestão (LeBLANC et al, 1991).

Menor quantidade de calorias em relação a gordura (porém um pouco maior em relação aos carboidratos).

Alimentos protéicos geralmente são menos saborosos e o processo digestivo mais complexo, o que acaba por levar a menor ingestão calórica.

Alguns aminoácidos (essenciais) não são sintetizados pelo corpo, só podendo ser obtidos pela alimentação (ou suplementação).

O QUE DIZEM AS PESQUISAS

Já em 1975, MUNRO afirmava a existência de um mecanismo eficiente de reciclagem de aminoácidos, relatando que o metabolismo protéico na musculatura esquelética exibe eficiência considerável na reutilização de aminoácidos essenciais, o que nos levaria a questionar se altas quantidades de proteínas seriam realmente necessárias.

Há alguns experimentos que podem ser usados a favor das dietas hiperprotéicas, mas maior problema destes estudos é o fato de não considerarem a ingestão calórica total, essas limitações levaram autores como WOLFE (2000) a concluir que ainda não seja possível formar um consenso quanto aos benefícios dos suplementos de proteínas e/ou aminoácidos. MUNRO (1974) aborda o problema com propriedade ao afirmar que um aumento na ingestão calórica será frustrado se a ingestão de proteínas for muito baixa, assim como um aumento na ingestão protéica de nada valerá se a ingestão calórica for baixa. PROCTOR et al (1991), parecem concordar e consideram que uma dieta composta de 15-20% de proteínas é suficiente para atletas (de força ou de resistência) desde que haja uma ingestão calórica adequada. Segundo LEMON “talvez o fator mais importante a determinar as necessidades de aminoácidos/proteínas seja a ingestão de quantidade adequadas de calorias”.

Nesta linha, DOHM (1984) afirma que apesar de tanto atletas de endurance quanto de força necessitarem de maiores quantidades de proteínas em termos absolutos, a ingestão relativa “normal” será suficiente se as calorias ingeridas forem adequadas. PAUL et al, realizaram um estudo em 1989 onde se afirma que apesar dos atletas necessitarem de mais proteínas que pessoas sedentárias em termos absolutos, quando se expressa essa quantidade em relação à quantidade calórica total, as porcentagens diferem muito pouco.

Em 1993, ECONOMOS e outros pesquisadores realizaram uma revisão de literatura procurando avaliar as recomendações nutricionais seguidas por atletas de elite. Segundos os autores, havendo ingestão calórica suficiente, a suplementação de proteínas não se faz necessária, para eles, atletas em treinamento deveriam manter cerca de 70% da sua ingestão calórica provenientes de carboidratos. Na opinião dos autores nenhum alimento isolado melhorará a performance dos atletas, e o aspecto mais importante seria seguir as orientações básicas de uma alimentação saudável.

Em alguns experimentos, mesmo o aumento da ingestão protéica em cerca 100% se mostrou ineficiente. No estudo de CAMPBELL et al (1994), os participantes recebiam 0,8 ou 1,6g/Kg/dia de proteína, os resultados não mostraram diferenças nas medidas da composição corporal nem nos componentes do metabolismo energético durante as 12 semanas de treinamento de força. Outra pesquisa que revelou a ineficiência do aumento da ingestão protéica foi realizada por LEMON et al (1992) onde observou-se a influência da elevação da quantidade de proteínas na massa muscular e força. Foi comparado o uso de 2,62g/Kg/dia de proteínas com 1,35g/Kg/dia durante um mês de treinamento intenso. Ao final do experimento, os ganhos de força e massa muscular não diferiram entre os dois grupos. De acordo com os resultados, a quantidade de proteína necessária para manter um balanço nitrogenado neutro foi de aproximadamente 1,4-1,5g/Kg/dia, sendo a quantidade de 1,6-1,7g/Kg/dia recomendada para um balanço nitrogenado positivo.

Considerando que a demanda energética esteja sendo devidamente equilibrada com a alimentação, diversos autores concluem que dietas compostas de 12-15% de proteínas, fornecendo 1,2-1,6 g/Kg/dia são suficientes para atletas de força. Alguns exemplos são: LEMON (1988):1,2-1,6g/Kg por dia; LEMON et al (1992): 1,6-1,7g/Kg/dia; WILLIAMS (1995), 1,2-1,7g/Kg/dia.

DOLNY et al (1984) E LEMON (1991) sugerem um pouco mais, recomendando aos atletas consumir de 1,5 a 2 g/Kg/dia, porém afirmam que estas quantidades podem ser facilmente obtidas através de uma dieta composta de 12 a 15% de proteínas.

Muitas vezes a suplementação protéica proporciona apenas uma correção, a qual ocorre nos níveis de proteína ou simplesmente na ingestão calórica. Em 1988, CHIANG et al comprovaram a influência da ingestão calórica na retenção de nitrogênio, mantendo-se a ingestão protéica em cerca 1,25 g/Kg de massa corporal. Durante o experimento elevou-se a ingestão calórica em 15% e depois 30%, o que fez a retenção de nitrogênio aumentar de 7,2 mg/Kg/dia para 23,8 mg/Kg/dia e 33,3 mg/Kg/dia respectivamente. Como visto, não foi necessário subir a quantidade de proteínas, mas apenas aumentar a ingestão calórica total. Detalhe que esta quantidade de 1,25 g/Kg/dia é o limite inferior da recomendação de muitos especialistas.

MELHOR MANEIRA E MOMENTO INGERIR

Apesar de quantidades adequadas de proteínas (não doses muito elevadas) poderem beneficiar tanto indivíduos treinados quanto sedentários, os efeitos são mais evidentes em praticantes atividades físicas. Para WOLFE (2000) tanto a composição do suplemento ou refeição, quanto a hora de ingestão são importantes no resultado, o que não significa necessariamente dividir sua ingestão diária em inúmeras doses com pequena concentração de proteínas.

Apesar de haver aumento do catabolismo após exercícios com pesos, isto é comparativamente reduzido em relação ao aumento da síntese protéica, que pode durar até dois dias. A elevação do anabolismo é ligada a disponibilidade intramuscular de aminoácidos e conseqüentemente ao aumento do fluxo sangüíneo e entrega de aminoácidos ao músculo. Sendo assim, a administração de aminoácidos após exercícios aumenta a síntese de proteínas enquanto atenua o catabolismo, melhorando o balanço nitrogenado (TIPTON et al, 1998).

BIOLO et al (1997), verificaram que a hiperaminoacidemia é 30-100% mais eficiente quando ocorre após atividades físicas. A síntese protéica após o exercício também foi maior que no repouso (291 +/- 42% vs. 141 +/- 45%), porém o catabolismo muscular não foi significativamente afetado. Segundo os autores, a ingestão protéica após atividades físicas pode ser mais anabólica do que em qualquer outro período.

Seguindo esta tendência do melhor aproveitamento após atividades físicas, Bryan Haycock propôs o protein pulse feeding, um método revolucionário que recomenda a concentração de grande parte da ingestão protéica (80%) no período pós-treino. (tratarei deste método em um artigo específico).

Como foi dito anteriormente há uma grande distância entre a ingestão de proteínas e sua disponibilidade, o que levou cientistas a criarem variações deste macronutriente, como a whey (lactoalbumina, obtida do soro do leite) e os pools de aminoácidos. Outra evolução dos suplementos foi melhorar as proporções de aminoácidos, aumentando o valor biológico dessas proteínas. Dentre os suplementos encontrados no mercado, tanto os compostos de aminoácidos, quanto o whey são os que unem melhor estas características.

CONCLUSÃO

Indiscutivelmente a proteína é necessária, mas deve ser ingerida de forma consciente e equilibrada, não há porque faze-la de maneira extrema, conforme recomendam muitos “especialistas”. Faltam bases científicas suportando a teoria de que ingestões protéicas muito elevadas trarão os benefícios prometidos, afirmar que esta relação seja tão simples é manipular errada e perigosamente conceitos da fisiologia humana até porque, além da eficiência questionável, há a probabilidade de sobrecarga dos rins e fígado, com conseqüentes riscos a saúde.

Não estou condenando a suplementação protéica, somente questionando a dieta absurdamente rica em proteínas. Os suplementos podem ser úteis na medida que oferecem proteínas facilmente digeríveis e de altos valores biológicos. Além disso, estes suplementos podem beneficiar vegetarianos e pessoas muito ocupadas, com dificuldade de se alimentar adequadamente, para elas os compostos hiperprotéicos mais completos são de grande valia na manutenção de uma alimentação saudável.

Atrás da dieta rica em proteínas, como em todas as teorias radicais, há mais interesses financeiros do que humanos, tanto que sua propaganda é invariavelmente feita através de apelos emocionais e empíricos, quando deveriam ser científicos. Por incrível que pareça, a quantidade calórica é mais importante que a composição da dieta na maioria dos casos. A simples prática de uma alimentação equilibrada e coerente com sua demanda metabólica é a melhor maneira de potencializar o resultado dos seus treinos.

Da próxima vez que tentarem ingerir a terrível (e quase sempre insolúvel) albumina, se empaturrarem de claras de ovo ou gastarem uma nota em suplementos, pensem no porquê desta prática e se perguntem: será que vale a pena?

Referências bibliográficas

ESMARCK B, ANDERSEN JL, OLSEN S, RICHTER EA, MIZUNO M. AND M. KJÆR Timing of postexercise protein intake is important for muscle hypertrophy with resistance training in elderly humans. Journal of Physiology (2001), 535.1, pp.301–311 301 RASMUSSEN BB, TIPTON KD, MILLER SL, WOLF SE, WOLFE RR An oral essential amino acid-carbohydrate supplement enhances muscle protein anabolism after resistance exercise. J. Appl. Physiol.88: 386–392, 2000. RENNIE MJ. Grandad, it ain't what you eat, it depends when you eat it J Physiol. 2001 Aug 15;535(Pt 1).

TRIPTON, KEVIN D., ARNY A. FERRANDO, STUART M. PHILLIPS, DAVID DOYLE, JR., AND ROBERT R. WOLFE. Postexercise net protein synthesis in human muscle from orally administered amino acids. Am. J. Physiol. 276 (Endocrinol. Metab. 39): E628–E634, 1999. TRIPTON, KEVIN D., BLAKE B. RASMUSSEN, SHARON L. MILLER, STEVEN E. WOLF, SHARLA K. OWENS-STOVALL, BART E. PETRINI, AND ROBERT R. WOLFE. Timing of amino acid-carbohydrate ingestion alters anabolic response of muscle to resistance exercise Am J Physiol Endocrinol Metab 281: E197–E206, 2001. VAN LOON LJ, KRUIJSHOOP M, VERHAGEN H, SARIS WH, WAGENMAKERS AJ. Plasma insulin responses after ingestion of different amino acid or protein mixtures with carbohydrate J Nutr 2000 Oct;130(10):2508-13

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li tudo, excelente texto, gostaria de ter lido ele bemmmm antes, no início dos meus treinos, daria pra aprender, no mínimo, uns 70% do necessário para iniciar um treino/alimentação consciente, se os novatos no fórum lerem esse artigo muitos tópicos poderão deixar de ser abertos desnecessariamente,

ótimo texto gusmão

<< obs: bem interessante a parte da ingestão calórica, estava deixando isso de lado, vou tentar aumentar um pouco a minha com algum hiper, pois tenho dificuldade de conseguir na alimentação >>

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de fato um grande artigo.

as ali na CONCLUSÃO diz que excesso de proteína pode causar danos nos rins:

"há a probabilidade de sobrecarga dos rins e fígado, com conseqüentes riscos a saúde."

isso não é algo que já foi debatido mil vezes e chgado À conclusão que é mito?

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...excesso de proteína pode causar danos nos rins:

"há a probabilidade de sobrecarga dos rins e fígado, com conseqüentes riscos a saúde."

isso não é algo que já foi debatido mil vezes e chgado À conclusão que é mito?

[2] :unsure:

Pra mim isso era mito tbem depois que li alguns artigos aqui do forum a respeito...

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[2] :unsure:

Pra mim isso era mito tbem depois que li alguns artigos aqui do forum a respeito...

Talvez seria algo q podiamos volta a debater aki sobre isso , li ontem um artigo em um jornal muioto conceituado aki do estado em q medicos diziam q o excesso de proteina animal pode causar problemas nos rins . Ai fica a duvida neh de muita gente

Mas sinceramente eu prefiro o excesso do que a falta de proteinas

Editado por timoteo
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de fato um grande artigo.

as ali na CONCLUSÃO diz que excesso de proteína pode causar danos nos rins:

"há a probabilidade de sobrecarga dos rins e fígado, com conseqüentes riscos a saúde."

isso não é algo que já foi debatido mil vezes e chgado À conclusão que é mito?

Assim, quem sou eu para dizer o q é certo ou errado, mais eu não acredito q pode causar falencia ou pedra nos rins, acho isso mto dificil, mais uma alta ingestão de qualquer nutriente é passado pelo figado e rins, então pode causar sim a um trabalho maior dos rins, lembro de quando fazia dieta de 3-3h e minha ureia estava mto alta, e agora não sei, mais q pode influenciar acho q pode sim.

Abraços

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a verdade é que não há evidências nem estudos científicos que comprovam que uma ingestão muito alta de proteínas (cerca de 3g/kg) tenha qualquer relação com lesões nos rins ou fígado.

Achei o texto um pouco tendencioso na conclusão sem dúvidas, mas a grande questão que ele levanta seria a seguinte: " será que existe a necessidade de se ingerir tanta proteína assim? será que existe demanda pra essa ingestão?" até mesmo uma ingestão desnecessária de proteínas pode inclusive proporcionar acúmulo de gordura corporal.

Aí vem tem aquelas pessoas que gastam horrores com whey protein, alguns chegam a consumir 5kg de whey por mês, n condeno pois a whey é uma fonte completa de aminoácidos essenciais e é bem prático de preparar, para pessoas que tem uma rotina muito apertada, que seja dificil de manter a ingestão dos nutrientes frequentemente acho válido, mas temos que pensar até que ponto não estamos jogando nosso dinheiro no lixo tbm né? :rolleyes:

Estava visitando o blog do Dr. Rodolfo Perez quando me deparo com um artigo dele que aborda bem esse assunto e como a discussão está aí resolvi postar:

"Existem pouquíssimas evidências de que uma ingestão protéica acima de dois gramas/kg promova o crescimento muscular, visto que o excesso seria convertido em glicose e usado como fonte energética.

Então por que bodybuilders de alto nível em algumas fases da periodização do treinamento ingerem ainda mais proteína?

Ocorre que esses atletas não utilizam tanta proteína apenas visando o crescimento muscular. Eles também visam otimizar a perda de gordura com essa estratégia. Com a ingestão controlada de carboidratos associada a uma ingestão protéica elevada, ocorre um processo em nosso organismo chamado gliconeogênese (conversão de proteína em glicose). Esse processo apresenta um alto custo metabólico, ou seja, se gasta mais calorias para metabolizar a proteína como fonte energética. Isto explica o porquê de muitos bodybuilders aumentarem a ingestão protéica enquanto reduzem a ingestão de carboidratos nas semanas que antecedem uma competição.

Lembrando que nas últimas semanas para uma competição, bodybuilders experientes utilizam diversas técnicas nutricionais, sendo que várias delas são pouco convencionais e não podem ser consideradas saudáveis. Desta forma, essas técnicas são reservadas apenas para as semanas anteriores a uma importante competição. Em qualquer esporte de alto nível é comum observarmos medidas que não são completamente saudáveis (perda abrupta de peso, excesso de treinamento, recuperação inadequada de lesões, etc), mas muitas vezes necessárias para a busca de um bom resultado. No entanto, estamos falando de atletas de alto nível experientes e com grande supervisão profissional, e não de pessoas comuns que buscam a nutrição e o exercício físico para manterem-se saudáveis e com uma estética apreciável."

Seria muiiiito interessante ouvir a opnião de um profissional sobre este assunto, o André Vitafit saberia explicar muito bem essa estratégia pra nós meros mortais :lol:

[]´s

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