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HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA

O treinamento com pesos não possui uma data precisa sobre a sua origem. Embora existam alguns registros de gravuras em paredes de tumbas funerárias de 2.500 anos a.C mostrando que homens já levantavam pesos a fim de se exercitarem.

Apesar de apenas recentemente ter obtido o reconhecimento e recomendação por instituições especializadas em exercício, condicionamento físico e saúde, o treinamento de força (TF) e o fisiculturismo se apresentam como obsessões por parte de muitos praticantes dessa nobre modalidade cujo objetivo principal é aumentar e esculpir o corpo, até atingir uma perfeição muscular e simétrica.

Este é o único esporte dedicado e exclusivamente à estética do corpo humano. Esse tipo de prática remonta a antiguidade greco romana, onde se usava a atividade física em busca do equilíbrio perfeito entre o corpo e a mente. Exemplo claro disso são as esculturas que refletem a perfeição física do corpo humano através de músculos fortes e definidos, em proporção e equilíbrio perfeito.

Uma das mais célebres histórias desse tipo de treinamento ilustra o deslumbramento das pessoas pela capacidade humana de realizar força. Talvez o grego mais forte que se tenha notícia seja Milos de Croton. Ele foi o primeiro a implantar um dos principais princípios de treinamento, o da sobrecarga progressiva. Conta a história que Milos ilustra um dos sistemas de treinamento mais antigos da humanidade, a progressividade da sobrecarga. Milon começou a carregar nos seus ombros um pequeno bezerro, e à medida que o animal crescia sua força aumentava proporcionalmente, até ao estágio que ele era capaz de erguer um touro e, certa vez, ele carregou uma novilha de 4 anos por todo o comprimento do estádio em Olímpia, uma distância de quase 200 metros. O nome da cidade de Milão é em sua homenagem. Diz a lenda que morreu devorado por lobos, pois ficou preso ao dar um golpe em uma árvore.

No fim do século XIX, surge um novo interesse pelo fisiculturismo. O perfil de homem forte era uma caricatura, pois eram robustos e barrigudos. Porém, surgiu um grupo de entusiasta da cultura física que remontou às esculturas com corpos perfeitos que eram cultuados na Grécia antiga, que exibiam corpos musculosos e bem definidos, desenvolvendo assim um contexto que envolvia exercício, descanso e alimentação adequada, com o objetivo da saúde geral. Um dos grandes responsáveis pelo crescimento dessa modalidade foi Eugene Sandow, que disseminou o fisiculturismo pela Europa e Estados Unidos.

Nascido na Alemanha em 1867, Eugene Sandow se converteu em um ídolo do esporte e por 30 anos foi considerado o melhor físico do mundo. Trabalhou em vários circos exibindo seu fabuloso físico e fazendo demonstração de força, atraindo a curiosidade das pessoas por onde demonstrações de força. Sandow então passou a ser desafiado para provas de força. Retornando à Londres resolveu encarar um desafio que era lançado por dois homens fortes da época e que pagavam 500 libras esterlinas quem conseguisse superá-los. Até Sandow aparecer ninguém tinha conseguido, ele então facilmente venceu o desafio e a partir daí começaram exibições por toda Inglaterra. Depois desse período, ele recebeu convite de um empresário pra fazer demonstrações, mas não teve êxito. Ainda percorreu por alguns anos a Inglaterra e Alemanha, e acabou voltando aos EUA. No final do século XIX, através de publicações de livros, invenção de alguns aparelhos e criação de cursos onde ensinava algumas práticas de exercícios com pesos.

Além disso, foi um dos primeiros defensores do ensino da educação física em colégios e escolas, desenvolveu exercícios para reduzir as dores do parto, pediu a empresários que deixassem que os assalariados fizessem um pouco de atividade física diariamente, o que talvez sugira que ele seja também o criador da ginástica laboral. É considerado o primeiro personal trainer da história. Atualmente, ainda é bastante lembrado, pois sua imagem segurando uma barra com pesos é o símbolo do troféu da mais famosa competição de Fisiculturismo mundial, o Mister Olympia, criada por Josef (Joe) Weider. O Culturismo propriamente dito surgiu do halterofilismo competitivo na década de 1940, através do halterofilista canadense Josef (Joe) Weider, cuja iniciação no culturismo aconteceu em 1939, quando ele por acaso teve acesso a uma revista de halterofilismo. Joe decidiu então construir e modelar seu corpo com o propósito de afugentar e se proteger dos tipos brigões que assolavam a vizinhança onde morava em Montreal.

No final da década de 1940 e início de 1950 surgiu o nome de Steve Reeves que revolucionou o porte físico considerado por muitos como perfeito. Atuou em filmes e ganhou diversos eventos de fisiculturismo. Com certeza, sua popularidade contribuiu para a disseminação do esporte. Prova disso é que a partir de então, muitos seguidores se identificaram com a capacidade que o treinamento de pesos tem de desenvolver a musculatura, e apostaram, a fim de conquistar corpos musculosos e esbeltos, o que para pessoas magras tinha um peso considerável.

Weider, através de incrível curiosidade começou a praticar cada vez mais esse tipo de treinamento, muito criticado na época, pois a maioria das pessoas tinha uma imagem negativa da nova forma de se exercitar, acreditando que pudesse provocar lesões ou até mesmo atrapalhar o crescimento. Após ingressar mais seriamente a exercícios diários, utilizando anilhas a partir de rodas de carros e eixos de automóveis a algumas barras de ferro, percebeu uma mudança radical nas formas de seu corpo e quando começou a notar o aparecimento dos resultados de seu treinamento e, inteligentemente através do empirismo, começou a desenvolver métodos e técnicas do halterofilismo, o que permitiu que mais pessoas interessadas em mudar a composição corporal procurassem essa atividade Logo descobriu que o êxito para este novo esporte se baseava antes de tudo em velocidade, técnica e, sobretudo, potência, porque ajuda o desenvolvimento físico.

Preocupado também com a alimentação dos atletas, Joe pesquisou fontes de nutrição que acreditava ser alimentação saudável, como, por exemplo, uma taça de aveia com fruta cortada em pedaços, acompanhada de suplementos. Apesar da evolução de todo o contexto que atualmente envolve o TF, vários métodos criados por Joe são utilizados por praticantes, atletas e profissionais de Educação Física.

O fisiculturismo cresceu em popularidade na segunda metade do século XX. Em 1950, a National Amateur British Body-building (NABBA) patrocinou a primeira disputa do Mister Universo, confirmando com isso a crescente evolução do esporte a nível internacional. Em 1965, a International Federations of Body Builders (IFBB) promoveu o primeiro Mr. Olympia, evento esse que futuramente se tornaria o principal evento do fisiculturismo.

No final da década de 1960 e início dos anos 70, com a maior disseminação da modalidade, principalmente nos Estados Unidos e Europa, surge o maior nome de todos os tempos, a lenda Arnold Schwarzenegger, que foi detentor por sete vezes do título Mr. Olympia. Nesse mesmo período, surgiram outros nomes como Franco Columbo (Sérgio Oliva, Frank Zane, Serge Nubert, Bill Pearl, entre outros.

Após esse período a disseminação foi muito maior, devido a grande exposição dos astros do fisiculturismo e entusiastas de físicos exuberantes no cinema. Corpos atléticos e esbeltos passaram a fazer parte do sonho de consumo de grande parte da população, principalmente devido aos astros de Holywood que cultuavam o corpo, como Silvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Madonna, Jean Claude Van Dame.

Nas décadas de 1970 e 1980, o treinamento com pesos passou a fazer parte de protocolos de condicionamento físico não apenas para atletas, mas para pessoas que buscavam por saúde e estética. E nos anos 90, através do maciço respaldo científico, pessoas de praticamente todas as faixas etárias aderiram esse tipo de treinamento, sejam elas crianças, jovens, adultos ou idosos. Pelos seus concretos benefícios continuará com a popularidade crescente nas próximas décadas e certamente será uma prática básica em qualquer protocolo de treinamento.

Vivemos um período de grande louvor e valorização científica, em nenhum momento da história do treinamento de força tantas pesquisas estiveram a disposição dos profissionais, o que reflete o esplêndido crescimento e valorização que esse tipo de atividade vem tomando. O que remete a grande evolução científica, respeito e credibilidade cada vez mais crescente por diversas classes, inclusive médica, dos reais benefícios do Treinamento de Força.

Referências Bibliográficas:

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand: Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine Science Sports Exercise, v.34, p.364-380, 2002.

BOMPA, Tudor O. ; CORBACCIA, Lorenzo J. Treinamento de força lrevado a sério. Tradução de Maria de Lourdes Gianini. Barueri, SP: Manole, 2004.

GIANOLLA, Fábio. Musculação: Conceitos Básicos. Editora: São Paulo: Editora Manole, 2004.

FLECK, Steven. SIMÃO, Roberto. Força: Princípios metodólgicos para o treinamento. São Paulo, Ed. Phorte, 2008.

SCHWARZENEGGER, A. A Enciclopédia do Fisiculturismo e musculação. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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