Ir para conteúdo
  • Cadastre-se

Posts Recomendados

Postado

Primeiramente gostaria de falar que frequento o fórum a algum tempo (no entanto só agora me cadastrei :D ) e aqui aprendi e continuo aprendendo muita coisa, por isso agradeço a todos que postaram e postam vídeos, textos ou quaisquer coisa que acrescente ao nosso estilo de vida.

Vou contribuir aqui com um texto que achei interessante e motivador, trata-se de um texto escrito pelo comentarista de tênis Paulo Cleto (que possui um excelente blog principalmente para quem curte tênis como eu e cujo o link está no final do post :D ) sobre o tenista David Ferrer atual 12º do ranking da ATP, vale a pena ler inteiro, mas grifei algumas frases que achei as mais importantes:

david-ferrer-daviscup08a.jpg

O Operário (Por Paulo Cleto)

Esta semana já fiz duas partidas do operário David Ferrer no Torneio de Bastad. O adjetivo que juntei ao nome do tenista espanhol tem lá suas razões; pelo menos duas delas.

Antes de mais nada, adianto que o Ferrer é um dos tenistas que mais respeito no circuito. Não pela técnica exuberante, já que seu tênis não é nada vistoso, nem interessante. Seus golpes são bem padrão, para não escrever abaixo do padrão. Não é sacador e nem vai varrer ninguém da quadra com seu serviço. Sua esquerda com as duas mãos é seu ponto mais frágil, apesar de não ser nada ruim, e sua direita, tanto a de ataque como a de contra-ataque são boas, mas nada para se vangloriar. É rápido.

Então como o rapaz é o atual 12º do ranking e já pode dizer sem que seu nariz cresça que já foi o 4º do mundo? Porque é um dos maiores brigadores que já pegou em uma raquete e um dos tenistas que mais faz com o pouco talento que possui. E não sou só eu que o digo. Andy Roddick já confessou que Ferrer é o tenista que mais respeita no circuito por essa característica.

Ferrer pode correr o dia inteiro atrás de bolinhas e sempre demonstra ter fôlego para mais. E se alguém quiser vencê-lo é bom ir dormir a noite anterior pensando como arrancar a vitória de suas mãos – porque ele não a dá para ninguém.

Aqueles que acompanham minhas transmissões já me ouviram contando a história do rapaz, por isso um pouco de paciência ou curiosidade são necessárias daqui para frente.

Não sei mais onde ouvi a história, mas posso garantir que não a inventei, por mais que pareça.

Não tenho exatamente os detalhes e datas, mas a idéia geral é a seguinte:

Sei que ainda garoto, aos 15 anos, foi para Barcelona na academia de tênis da Catalunha. Mais tarde, foi treinar na Academia do Juan C. Ferrero, de onde voltou para Javea, sua cidade natal. Foi mais ou menos nessa época, logo após começar jogar alguns futures e começar a conhecer algumas das frustrações de quem não é lá tão talentoso, e até por isso encontra ainda mais dificuldades no começo da carreira, que aconteceu a seguinte história.

Ele tinha um temperamento um tanto difícil, algo que ainda aparece quando as coisas começam a não ir de seu jeito em uma partida. Começa a falar sózinho, xingar, jogar a raquete no chão e agir como um insano em quadra – geralmente sem perder o foco. A raiva parece o alimentar.

Na época o que aprontava era o bastante para endoidar seu técnico, Javi Piles, além de não treinar com o afinco necessário. Em certa ocasião Piles o trancou no quartinho onde guardava as bolas e ferramentas na academia. Ferrer usou o celular para ligar para companheiros de treino para o tirarem dali, mas foi solenemente ignorado. O técnico lhe disse que só sairia se treinasse direito.

Após o incidente Ferrer decidiu abandonar o tênis. Achava que era muito estresse e loucura para sua cabeça sem os resultados esperados. Como não tinha estudado, foi trabalhar de pedreiro em uma construção de um tio. Carregava tijolos, areia, pedras, enfim aquele serviço nada agradável que o servente é obrigado a fazer.

Enquanto fazia uma força danada, para ganhar seja lá o que for o salário de servente na Espanha, o que não deve ser lá grande coisa, teve tempo para repensar algumas coisas em sua vida. Uma delas, suponho, após fazer uso da aritmética básica que tinha aprendido algum dia, é que o salário de um pedreiro e o de um tenista são bem distintos – e não é a favor do pedreiro.

Talvez tenha pensado, depois de ouvir alguns berros do mestre de obras, que os berros do técnico não eram tão mais altos. Além disso, detalhe importante para um rebelde, o técnico nunca seria, de fato, o seu chefe.

Deve ter lhe ocorrido que se era para carregar pedras, tijolos e terminar o dia mais sujo do que pau de galinheiro, fazer isso em uma quadra de saibro correndo atrás de bolinhas não era tão pior.

Após gastar um tempo lembrando os prós e os contras das duas atividades, não seria impossível imaginar que tenha notado que as mulheres dos tenistas eram mais bonitas e cheirosas do que a dos pedreiros. O que, convenhamos, independente da idade do homem, é sempre uma questão importante.

Sei lá, talvez um dia ele tenha aberto o jornal e lido quanto foi o prêmio do Carlos Moya naquela semana, justamente no dia em que foi pegar seu checão com o patrão.

Um santo dia, David pegou sua raquete, voltou para a academia e convenceu – imagino as juras que fez – seu técnico que as coisas iriam mudar. O fato é que, pelo menos desde a primeira vez em que o vi jogar, o cabron Ferrer nunca mais largou uma bola, nunca mais fez pouco caso de um jogo, nunca mais choramingou, nunca mais agiu como se sua profissão não fosse importante. Aceitou o que Deus lhe deu e foi atrás do que o Mestre não lhe ofertou. Virou um operário do tênis e hoje, aos 28 anos, tem, só em premiação, mais de U$ 8 milhões. Quantos anos um operário teria que se matar para ganhar isso?

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/paulocleto/

Publicidade

Crie uma conta ou entre para comentar

Você precisar ser um membro para fazer um comentário

Criar uma conta

Crie uma nova conta em nossa comunidade. É fácil!

Crie uma nova conta

Entrar

Já tem uma conta? Faça o login.

Entrar Agora
×
×
  • Criar Novo...