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Como Se Tornar Um Culturista - A Série


vicbelletti

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paciencia galera.. se eu postar tudo de uma vez nao tem graça

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Creditos - por Miguel Chain

Episódio VI – A Namorada de Leo

Semanas haviam passado desde que eu comecei a ajudar o Leo e que a aposta foi feita. A mudança em seu físico era totalmente visível a esse ponto do jogo. Leo estava um pouco maior do que era e alguns vestígios de veias brotavam em seus ante-braços. O que mais havia mudado em Leo, não era seu físico, mas sua mente. Eu consegui mostrar para ele que para obter resultados com a musculação, devemos ter a mente muito forte. Determinação, dedicação e disciplina devem ser exacerbados. Justamente o que ainda faltava no Leo. Ainda falta muita coisa para o meu pupilo se tornar um Homem, mas ele está chegando lá.

A cada semana Leo melhorava um pouco, tanto nos treinos quanto visualmente. Só agora, depois de semanas, que eu estava conseguindo desenhar os treinos dele de acordo com suas necessidades. Ele tem um defeito gravíssimo e que é muito freqüente hoje em dia. Ele não dominava nada, nenhum exercício básico. Nem Agachamento livre, nem Levantamento Terra, remada curvada. Começamos a colocar todos estes exercícios e outros bem devagar. Para se ter idéia, a forma com a qual ele executa o agachamento só está se tornando “aceitável” agora. É muito difícil criar um físico denso, com maturidade muscular, se a pessoa não treina com pesos livres e só usa máquinas. E é muito difícil ensinar um exercício desses depois que o cara já tem treinado há anos. Ele nunca quer começar do começo, com cargas mais baixas a fim de aprender o movimento com perfeita técnica.

Nas duas últimas semanas, Leo estava bem estranho. Chegava atrasado aos treinos. Bem, na verdade ele estava chegando mais atrasado do que de costume. Quando a minha intenção era chegar as 10:30 hs da manhã na academia, eu combinava dez em ponto com o Leo. Ele sempre chegava as 10:30 hs. Ultimamente ele sempre se atrasava quando o treino era pela manhã. Ele vivia cansado, em resumo, estava bem esquisitão.

A gota d`água aconteceu na útima Terça-Feira. Marcamos 9:00hs da manhã, eu cheguei as 9:30hs e ele chegou as 10:30hs!!!

“Miguel, você já começou o treino?”

“Eu já estou terminando o meu treino, comecei eram 9:40hs. Só porque você quer eu ia ficar te esperando.” Eu disse tudo isso a ele em um tom ríspido. Ele pareceu nem ligar e deu um sorrisão. Estava com cara de Bobo.

“Miguel, o que você vai fazer neste final de semana?”

“Não fala comigo agora. Estou treinando!” Estranho, o Leo não costumava fazer estas coisas, conversar durante o treino. Logo após terminar fui falar com ele, já ele ainda estava na esteira se aquecendo. ” Leo, o que está acontecendo? Você está distante, fora de órbita, chega atrasado aos treinos.”

“Vamos sair juntos no Fim de semana. Leva sua namorada. Quero te apresentar alguém. Vamos na boate.” Bem que eu estava achando esse cara bem esquisito. Ele com certeza estava se encontrando com alguma pessoa. Só nos restava saber quem era.

Como fiquei muito curioso e isso estava claramente afetando o rendimento de nosso herói nos treinos, resolvi ficar lá e conversar direitinho com ele sobre a tal moça.. Precisava saber quem era esta pessoa. Leo me confessou que estava saindo com essa “Mônica” há algumas semanas. Ele estava gostando muito dela e eles estavam se encontrando com grande freqüência. Fiquei preocupado, pois muitas vezes o maior inimigo de um culturista não é o cara gigante e fibrado de sunga de competição ao lado dele no palco, mas sim aquele mulher com com coxas grossas e que fica de calcinha ao lado dele na cama.

Eu conhecia o Leo o bastante para saber que a personalidade dele era não muito forte e que se a menina fosse já um pouco espertinha, iria fazer o que quisesse com ele. Ele me garantiu que não. Que tinha o controle total da situação. Fiquei mais tranqüilo. Pedi a ele que não se atrasasse mais nos treinos.

“Sem problemas Miguel. Vou me esforçar mais. Mas então, combinado Sabadão a noite? Vamos levar as mulheres para a Boate?” Ele era insistente. Concordei, não havia outro jeito. Além do mais eu poderia conhecer essa mocinha de perto.

No Sábado a tarde eu estava dando uma volta de carro pela cidade com a minha namorada. Estávamos na Avenida São Carlos. Existe um sinal em uma esquina e bem nessa esquina fica o McDonalds. Haviam alguns carros parados na nossa frente, esperando o sinal ficar verde. O destino as vezes nos coloca em situações dificeis. Por coincidência, ou não, fui forçado a parar o carro bem na saída do “Drive Thru” do McDonalds. Adivinhem quem eu vejo saindo de lá? Leonel e Mônica!

Quando vi que eram eles, e vi o que eles estavam comendo, desci do carro e fui até o seu carro. “Seu Animal! Ta tomando Milk-Shake de novo? Pode jogar esse copo fora agora!” Leo se assustou, pois ele nem havia me visto ainda. Só percebeu que era eu depois que um dois tapas na capô do carro. Foi uma cena grotesca, meu carro parado no meio da Avenida, fechando uma das faixas, os carros atrás todos buzinando. “Sai daí e para ali na frente. Vou te esperar lá. Ah e você deve ser a Mônica? Muito prazer!” Estendi a mão para cumprimenta-la, mas a menina estava travada com o susto. Nem se mexeu.

“Leo, desde quando você está autorizado a tomar Milk-Shake? E pelo que eu saiba o seu preferido é o do Bob´s.” O nosso herói estava paralisado pelo susto e pela situação constrangedora.

“Espere um minuto Miguel, veja bem…”

“Veja bem nada, meu amigo. Nós temos um trato, uma aposta, e você não está cumprindo. Isso está ficando fora do controle. E você não venha querendo falar alto aqui só por que sua namoradinha está perto. Você está errado e sabe disso.” Acho que nessa eu fui duro demais. Mas ele merecia. Neste momento a menina interveio.

“Você que é o Miguel, certo? O Leo tem me falado muito de você. Olha aqui, não é justo o que você faz com ele. Você o proíbe de comer doces, pipoca, pizza. A gente não pode fazer nada juntos pois sempre existe algo que o proíbe de fazer. Isso não é modo de viver.” Essa Mônica era uma baixinha, loirinha e gordinha. Ela veio com o dedo em riste e me disse tudo isso e muito mais. “Isso que vocês fazem é ruim para a saúde, o Leo está todo dia com dores por todo o corpo. Não vejo isso com bons olhos e não concordo com o que vocês fazem.” Alguém sentiu um preconceito no ar?

“Mônica, o que fazemos ou não, não é da sua conta. Se você gosta do Leo, vai ter que aceita-lo assim. Você tem todo o direito de não gostar desse esporte, mas ele também temo direito de gostar. Isso é uma escolha dele, você não deveria intervir.” Eu até que fui educado, minha vontade era pegar aquela baixinha e jogar no bueiro.

A noite fomos para a tal Boate. Chegamos lá era 1:30 da manhã. Há muito tempo eu não ia a um lugar destes. Não gosto mais de ir a boates e ficar tendo que brigar por cada centímetro quadrado de espaço com um monte de gente bêbada.

“Miguel, vou até o bar, o que você quer beber?” Respondi que queria duas Coca-Colas Zero.

Depois de uns minutos ele me aparece com o meu refrigerante, o da minha namorada e mais duas caipirinhas. “Leo, você vai tomar essa caipirinha?”

“É uma para mim e uma para a Moniquinha!” Ele se derretia quando falava dela. Era claro que a menina estava exercendo uma péssima influencia sobre o Leo. Quando se está seguindo uma dieta como ele está, tomar caipirinha é suicídio. Álcool e açúcar juntos. Agora tudo começava a se encaixar na minha cabeça. Todas aquelas vezes que ele havia se atrasado, era por que ele estava nas noitadas com ela.

Como fazia muito tempo que eu não ia a uma balada dessas, eu havia me esquecido com os jovens andam bebendo. Bebe-se muito hoje em dia. E o Leo e a Mônica não estavam muito diferentes. Eles estavam enchendo o caneco. O Leo até estava dançando. Eu nunca imaginava ver uma cena dessas.

“Três horas da manhã. Leo, vamos embora?” Eu já sonolento, perguntava ao meu pupilo. Quando disse isso minha namorada ficou feliz, ela também já não agüentava mais aquilo.

“Ah Miguel, me deixa ver com a Mônica o que ela acha.” Eu não acredito que ele vai perguntar a ela. “Miguel, nós vamos ficar mais um pouquinho, ta? Pode ir se quiser. Nos falamos amanhã.” Nos despedimos do casal e fomos para casa.

No Domingo depois do almoço liguei para o Leo e o intimei para um treino extra. Geralmente não treino e não indico que ninguém treine aos Domingos. É só uma opção psicológica. Acho que devemos ter um dia para nos desligarmos totalmente de algumas coisas de nosso cotidiano.

O telefone chamava e depois de muitos toques, meu pupilo atendeu. “Alô?” Uma voz rouca, de sono, estava do outro lado da linha. “Oi Miguel. O que você quer esta hora da manhã?”

“Já são duas e meia da tarde, meu amigo. Sai da cama, lava o rosto e vem treinar.”

“Treinar? Não posso. Estou com a maior ressaca, dor de cabeça. Não dá pra ir.”

“Vamos fazer pernas hoje! Venha logo, não me obrigue a ir te buscar.”

“Você é fod*# às vezes!” A voz ainda continuava mole e rouca. Ele ia sofrer muito hoje.

Lá na academia me sentei ao lado de meu pupilo e expliquei toda a situação. Aquela menina estava atrapalhando os planos dele. O culturismo é um estilo de vida de certa forma radical. Muitos casais têm o interesse por esse esporte em comum, treinam juntos, fazem dieta juntos. Se isso funcionar, muito bom. Muitos casais não compartilham esse estilo de vida. Às vezes o homem treina e a mulher não, outras vezes o contrário acontece. Quando temos casais assim, também pode ser bom, pois um ajuda dar um equilíbrio na vida do outro. O que nunca pode acontecer é um relacionamento com o de Leo e Mônica. Ela não respeitava nem um pouco a vida e as vontades, aspirações de nosso herói. Ela só estava interessada nela mesma e achava que todo esse lance de musculação, dieta, era uma total besteira. De um modo geral, a falta de respeito dentro um casal é uma coisa grave, mas nesse caso, a coisa fica pior ainda. Não há forma de os dois se darem bem dessa maneira.

“Miguel, toda essa historia que você me contou, eu já havia pensado nisso. Concordo plenamente com você sobre o respeito entre o casal.”

“E porque você não toma uma atitude Leo?”

“Eu já tomei. Logo após vocês irem embora ontem, eu terminei com a Moniquinha. Hoje sou um homem solteiro de novo. Vamos treinar logo? Quero ir pra casa tomar outro banho.”

“Não Leo, vamos pra casa. Tem um bom jogo de rugby na TV hoje. E além do mais, você já sofreu bastante esse fim de semana. Amanhã treinamos pela manhã.”

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sao 10 capitulos essa série.. a outra tambem eram pra ser 10, mais por enquanto só tem 2...

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Creditos - por Miguel Chain

Episódio VII – A Guerra Vai Começar

Depois do incidente com a última namorada do Leo, a vida foi seguindo para mim e meu pupilo. A confiança de Leo em si mesmo aumentava a cada semana. Isso fazia com que eu confiasse muito mais no sucesso dele do antes. Mas ainda existia uma coisa que me atormentava. O excesso de confiança de Leo dava um ar de arrogância ao menino as vezes. É claro que isso é muito comum entre as pessoas, especialmente entre culturistas. É muito complicado diferenciar arrogância de auto-confiança excessiva.

Nem sempre as pessoas interpretam de maneira correta o que queremos expressar. Dois grandes exemplos no culturismo desse binômio arrogância/auto-confiança excessiva são Arnold Schwarzenegger e Gustava Badell. Vejam estes caras e reparem nas semelhanças de seus atos. Arnold veio de um país na europa oriental, começou a vencer, ele sabia que venceria e estava disposto a fazer qualquer coisa em nome do sucesso. Ele sempre deixou claro em suas declarações que ninguém ficaria entre ele e os títulos, entre ele e o sucesso. Arnold era conhecido por sacanear os adversários antes das competições, por dominar psicologicamente até mesmo seus amigos mais próximos. Arnold nunca teve pudor em dizer que manipulava Franco Columbo ( um de seus melhores amigos) , ele enganou Frank Zane ( seu melhor amigo, uma das pessoas que o ajudou desde quando ele havia chegado da Europa) durante meses na preparação para o Olympia de 80. Neste ano Zane iria defender seu título, Arnold viajou com ele até a Austrália, local onde seria realizado o Campeonato naquele ano. Na última hora, Arnold apareceu de sunga atrás do palco e surpreendeu Zane, dizendo que iria competir. Adivinhem quem ganhou? Podemos notar que o Arnold foi o símbolo da arrogância, da falta de ética, da falta de companheirismo. Mas todos sempre dizem até hoje que Arnold era um determinado, uma pessoa que lutou sempre para vencer, ele era confiante em si mesmo.

O Outro exemplo é Gustava Badell, Badell veio do Caribe, ficou anos sem ganhar nada. De repente ele começou a ganhar títulos, venceu Ronnie Coleman no tão criticado posing round. Ele dizia que sempre treinava duro e por isso já esperava que iria ganhar, era bem confiante, nunca pisou ou enganou ninguém para conseguir algo em sua carreira, no entanto ele sempre tido como um cara extremamente arrogante.

Tendo isso em mente eu não conseguia perceber o que estava acontecendo com o Leo. Ele estava mais confiante? Isso faria dele uma pessoa arrogante e inescrupulosa? Não sei. De uns tempos para cá ele age de maneira um pouco estranha. Parece que não dá tanta importância para o que tenho a falar. Contei esta história do Arnold e do Badell para ele. Ele me agradeceu e disse que sempre seremos amigos e que sempre ouvirá o que tenho a dizer. “Mesmo que eu vire Mr Olympia um dia, nunca vou esquecer que sou seu amigo!” Essas eram as palavras de nosso herói.

Era claro que ele havia melhorado muito nos últimos meses, nem se parece com aquele antigo Leo que pediu minha ajuda naquela tarde fria. Os resultados eram impressionantes, seu percentual de gordura havia baixado muito, a massa muscular havia aumentado, os pontos fracos, principalmente pernas estavam melhorando. Mas era claro que ainda faltava muito para nosso pupilo poder lutar de igual para igual com os melhores do Brasil em sua categoria. Ele não parecia pensar assim.

“Miguel,andei vendo as fotos do Campeonato Brasileiro e percebi que os caras que competem lá na categoria Junior não são tão bons assim. Se eu conseguir diminuir mais minha BF, eu …” Imediatamente eu o interrompi.

“Espera, espera, espera! Diminuir o que?” Perguntei muito bravo.

“Dimimuir minha BF. BF é gordura corporal Miguel, não é?”

“Leo, você mora no Brasil, use termos em português por favor. BF quer dizer Body Fat, gordura corporal. Mas o termo em português é Percentual de Gordura. Não é tão bonito de se falar, nem tão fácil de se escrever, mas é assim que se fala aqui no Brasil. Por favor não cometa esse erro.” Não gosto muito e não acho correto que usemos termos em inglês, quando temos palavras para expressa-los em português.”

“Mas Miguel, olha só, vamos ao que interessa. Em oito semanas temos um campeonato lá em São Paulo. Eles terão categoria Junior. Se formos comparar o nível dos competidores do brasileiro, eu tenho boas chances de conseguir minha primeira vitória em campeonatos.”

Claro que ele estava iludido. Apesar de todas as mudanças apresentadas nesses meses, ele ainda precisava de um ano ou dois para chegar a um nível competitivo. Ele havia visto os competidores por fotos. É muito difícil sair bem em fotos. Mesmo os IFBB Pro podem parecer pequenos dependendo do ângulo e iluminação das fotos. Tentei explicar ao meu pupilo mas ele parecia não querer entender.

“Mas Miguel, qual o problema se eu entrar nesse campeonato? De qualquer forma a minha dieta estava programada para terminar uma semana antes do campeonato. É só a gente continuar por mais alguns dias.”

Não queria ser duro demais com o Leo, mas precisava explicar que ainda não era hora de competir. Se ele pelo menos fosse competir sabendo que não iria vencer, que a competição seria somente para ganhar experiência, acho até que seria válido. Mas não. Ele estava totalmente convencido que poderia ficar entre os três primeiros colocados.

Conversamos bastante nos dias que se seguiram, expliquei a ele a dificuldade de uma competição e que ele deveria ir apenas para sentir como é. Não deveria ir esperando uma vitória.

“Mas então você não confia em mim?”

“Claro que não é isso. Confio muito em você, mas tudo tem a hora certa e temos que ser realistas. Você ainda não tem as ferramentas necessárias para vencer um campeonato.”

Precisamos ser sinceros com as pessoas. Não estava tentando desencorajar o Leo, só queria mostrar a ele a realidade. Eu tenho experiência nesse ramo de competições e atletas. Sei quando um atleta tem chances ou não em um campeonato.

Depois de muita conversa parece que convenci nosso herói a pensar neste campeonato como apenas uma preparação, uma experiência para os que virão no futuro. Vamos tentar prepara-lo da melhor forma possível. Precisaríamos melhorar mais ainda algumas coisas como suas pernas, seu abdome. Mas o menino estava decidido mesmo a competir e era isso que ele iria fazer.

“Miguel, o que vamos precisar mudar em meus treinos e dieta para que fique pronto a tempo para o campeonato?”

“Você ainda tem muita gordura para perder. Temos só oito semanas e você precisaria de umas dez ou onze semanas para queimar toda essa gordura. Vamos ter que acelerar seu aeróbio e tentar diminuir um pouco suas calorias.”

“Você está louco Miguel? Aumentar o aeróbio e diminuir as calorias? Vou catabolizar desse jeito. Deve haver outra maneira.”

Nesse caso não havia outra maneira. Ele iria catabolizar um pouco? Iria com certeza. Isso é o certo? Não. Alguém que pensa em competir deveria fazer isso. Não. Mas o Leo era teimoso e não iria sossegar enquanto não me convencesse a deixa-lo competir. Outra pergunta é: O treinador deve ceder aos desejos de seu atleta como eu cedi? Provavelmente não, mas essa será uma parte importante no processo de aprendizado de Leo. Ele é muito novo ainda e talvez precise tomar umas pancadas no campeonato para colocar a cabeça no lugar e se dedicar mais ainda para o próximo ano.

“Leo, A preparação se tornará muito mais penosa a partir de agora. Nada poderá passar, nenhuma refeição poderá ser perdida, nenhum treino mal-feito. Aeróbio sempre, nem pense em pular esta parte. Teremos que ser muito mais sérios do que já éramos. Você está pronto para isso?” A pergunta foi incisiva e a expressão no rosto de Leo não me animou muito, ele fez uma cara de espanto e dúvida.

“Eu topo Miguel! Estou pronto! Que venha a preparação. Esperei por isso a vida toda.” Agora a expressão em seu rosto era de raiva, de confiança. Agora sim estamos prontos.

O Ricardo, dono da academia estava ao nosso lado e ouviu toda a conversa. Ele é um cara muito ponderado e não abriu a boca durante toda a conversa. Quando terminamos ele perguntou a mim e ao Leo se estávamos prontos para o Campeonato.

“Miguel e Leo, vocês têm pouco tempo, menos do que o necessário. Essa preparação será uma verdadeira Guerra.” Ele disse isso com o dedo em riste e com um tom austero na voz. Olhei para o Leo nessa hora e disse:

“Então a Guerra vai começar!”

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