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Postado (editado)
Em 12/09/2016 at 13:31, Shrödinger disse:

Foi questionado se havia alguma vantagem em uma dieta cetogênica sem refeed e como funcionaria a reposição de glicogênio nesse caso.

 

Quando a oferta de carboidratos é baixa o organismo se adapta a isso basicamente de duas formas: (1) formação de corpos cetônicos a partir de gorduras; e (2) quebra de parte das proteínas (58%) e gorduras (10%) em glicose. Depois de um período inicial de adaptação (costuma levar até 3 semanas) o corpo passa a utilizar gorduras como fontes primárias de energia (na prática consume-se mais gordura e queima-se mais gordura, o que não quer dizer que o saldo de queima de gordura seja maior que em outras abordagens dietéticas).

 

O cérebro precisa normalmente de 100g de glicose por dia, mas pode se adaptar a uma quantidade bem inferior a isso (me parece que cerca de 25g). Alguns outros órgãos precisam de glicose em quantidades pequenas, mas no geral é bem pouco. Esta glicose pode ser obtida a partir de gliconeogênese, sobretudo de proteínas.

 

Há portanto uma redução na necessidade de glicose, o que faz com que o corpo utilize menos proteína dos músculos pra fornecimento de energia. Assim, a ingestão de uma quantidade apenas moderada de proteínas será suficiente. Além disso, é importante manter o consumo baixo/moderado, pois uma alta ingestão pode retirar o corpo do estado de cetose.

 

O problema nesse cenário (cetogênica sem refeed) reside na reposição de glicogênio muscular, caso se realizem atividades que demandem muito deste substrato. Se pensarmos em uma abordagem meramente low carb, poderíamos simplesmente aumentar a ingestão de proteínas e o problema se resolveria. Entretanto, como mencionado acima, o excesso de proteína pode tirar o corpo da cetose. Portanto, em uma cetogênica sem refeed, o treino não deve ter muitas repetições e deve-se evitar aeróbicos de grande intensidade - pra preservar glicogênio muscular.

 

Não vejo vantagens em termos de hipertrofia nem tampouco de performance. A ingestão de proteínas pode ser insuficiente pra demanda de glicose e de síntese proteica. Entretanto, é possível que uma abordagem como essa permita que os ganhos de massa muscular (que serão mais moderados) sejam acompanhados de menos gordura. Além disso, tem a questão de estilo de vida: há quem goste e se sinta bem vivendo desta foma, sem carboidratos.

 

Portanto, cetogênicas podem ser uma ótima opção pra queima de gordura, subótima pra hipertrofia e talvez uma alternativa razoável pra quem visa recomposição corporal.

 

Abraços

Na verdade eu acredito que low carb ao ponto "cetogênica" (que se resumiria em algo em torno de 50g de carbo/dia) também pode encontrar limitações de queima de gordura no médio prazo, apesar de toda a força das cetonas para melhorarem os processos e homeostase a falta contante de refeed em uma ceto traria falta de oxaloacetato, mesmo pensando que este produto pode ser vindo não só de carbos (aminoácidos podem ajudar nisso) essa irrisória quantia seria utilizada em glicogênio hepatico, e ficaria faltando o "combustível" do próprio ciclo de Krebs.. em uma low carb normal (algo em torno de 150g de carbo/dia) isso depende mais da quantidade de treinamentos durante o dia e durante o período low carb para determinar um refeed, indivíduos em low (150g) com treino anaeróbico e aeróbico 5x por semana deveriam ter um refeed em torno de 20 dias, já para indivíduos em ceto (50g) nas mesmas condições de treinamento deveria ter uma recarga ao meu ver próximo de 7 ou 10 dias para continuar otimizando a queima de gordura.. 

a famosa frase: "as gorduras queimam em uma chama de carboidratos" nunca foi tão real, e um ceto deve ter isso em mente sempre..

Editado por Felipefabri

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Postado

@Felipefabri esse lance que vc falou é bem bacana mesmo, e em certo ponto também tem haver com o TEF (assim como as prots XD)

Apesar do mesmo ter um TEF baixo (5-6%) em um ambiente considerado normal, ou seja, quando direcionado à reposição do glico ou uso imediato de energia, o mesmo acaba tendo um TEF maior quando essas reservas estão cheias e eles ficam de "bobeira" pelo corpo. Como esse excesso será estocado, essa conversão acaba tendo um custo maior, então o TEF deles aumenta consideravelmente (chegando em valores próximas da proteína, ~23%).

Segue um trecho do Lyle sobre isso

Citar

Carbohydrate converted to fat (which generally doesn’t happen in very significant amounts) uses up ~23% of the total calories as TEF. Most fats have a tiny TEF, maybe 2-3% (because they can be stored as fat in fat cells with minimal processing).

Fonte: http://www.bodyrecomposition.com/fat-loss/metabolic-rate-overview.html/

 

Como mencionou, nos dias de refeed (mesmo naqueles em que haja um superavit calórico) é interessante limitar as gorduras, já que os carbos estarão altos (e eles tem esse efeito poupador de gords e aminos), e do excesso de carbos e prots não serão todos eles que serão estocados.

 

se falei alguma bobeira pfv retifiquem =P

Postado

Por favor, se eu estiver falando besteira, gritem:

Só que uma coisa que eu SEMPRE pensei, falei (na minha roda de amigos) e sofri pedradas é em relação a isso. Eu sempre defendi uma escolha melhor dos carboidratos em bulking do que em cutting e o inverso para a proteínas (valor biológico). Escolha melhor no sentido de "lixar".

Em bulking, onde a insulina é alta e o efeito poupador (de prot e gord) está on, acho que devemos prezar pela melhora da sensibilidade à insulina, a partir de alguns pontos: escolha de carbos melhores + prestar atenção no timing + explorar algumas estratégias como EPOC, talvez + zerar carbo e atingir o superávit com prot e gord um dia ou outro + ... E, apesar da prot ter que ser alta, ela será inferior (qtdade de g) ao utilizada em cutt e - devido ao efeito poupador - pode até mesmo ser de um VB menor.

Já em cutting, onde há evidentemente o déficit calórico, a insulina é baixa (considerando a média do dia) e, por tanto, é indiferente a qualidade do carboidrato utilizado. Eu entendo que não há diferença em questão de resultados (composição corporal) de uma, por exemplo, tapioca contra uma batata doce (igualando os macros), até mesmo um carbo pior como algum lixo mesmo. A única diferença ao meu ver é a questão da saciedade e dos micros, em cutting as pessoas devem escolher um carbo melhor pela fome mesmo, mas se o déficit ainda é pequeno e os outros macros ainda estão altos, não vejo o porque de viver só com batata doce. Retenção? Talvez?
Sobre as proteínas, aqui elas precisam estar mais altas e com uma escolha melhor de VB, exatamente pelo aumento da degradação proteica pela "ausência" de insulina ao longo do dia. Questão de segurar massa magra mesmo.

Postado
6 minutos atrás, cotozin disse:

 

Exatamente, faz pouco ou nenhum sentido falar de VB de proteínas em dietas com carboidratos altos, já as escolhas dos carboidratos e até a periodização deles em si vão contribuir para composição corporal, sensibilidade a insulina e resistência a insulina, o que explica que carboidratos simples não devem ser usados com grande frequência ( eu diria em apenas café da manha (pós jejum) ou em um pós treino.. mas mesmo com uma dieta de 100% carbos complexos e um superávit o problema da sensibilidade pode acontecer, algumas alternativas interessantes para prevenir isso seriam o treinamento em jejum (ou IF mesmo), ciclo de carbos como você disse etc.. ciclar carboidratos além de essencial é quase uma regra para dietas de superávit calórico em pessoas que não treinam todos os dias.. até porque chega ser tanto desnecessário quanto sem sentido uma alta ingestão de carboidratos em dias off de treinos (domingos geralmente) ou em dias que pouco de usa sistema glicolítico (dias de cardios leves), já em um cutting proteínas de alto VB ( na verdade VB foi formulado para ser usados realmente em situações de escassez de alimentos) são de valia, e só ali mesmo, só em déficit..quanto aos carbos em deficit eu ainda não encontro nada que justifique não usar carbos simples (de forma isolada) nas mesmas condições (café da manhã = pós jejum ou pós treino) acho que uma refeição ideal em casos de cutting seria manter proporções de 40%Cho  30%Prt  30%Lip (pra quem não tiver em low carb, claro) isso ajudaria aumentar muito mais a saciedade ( grande problema em dietas de corte ) e também deixar em equilíbrio o eixo mais importante dessa conversa toda (insulina-glucagon)..  quebraria apenas essa proporção no pós treino, onde eu defenderia algo "zero gordura" e jogaria ali alguma besteira para ajudar no psico do cara em corte (doce de leite etc.) e claro, manter uma alta ingestão de carbos no pós, até porque aproveitar janela não é essencial como a maioria aprendeu a pregar, mas é de extrema importância sim..  

  • Supermoderador
Postado
48 minutos atrás, Felipefabri disse:

CARBOIDRATOS E A FAMOSA JANELA ANABÓLICA: 

ESSENCIAL/INDISPENSÁVEL? não
IMPORTANTE? muito. 

Mas porque não é necessario quer dizer que não é importante? Aí que tá, é importante e nunca deixou de ser, afinal a janela existe SIM, não dá forma como nos foi apresentada mas existe.. A janela que to falando é referente ao aumento da expressão da enzima glicogênio síntese, e ela vai estar sedenta por alimentação (isso se resume em melhor absorção) nas primeiras duas horas depois do treinamento com pesos"

 

(...) e um cara que não aproveita geralmente precisa usar carbos mais inteligentes até o próximo treino para ter a mesma performance que o primeiro (...)
 

 

Exatamente, o carboidrato é importante para ressíntese de glicogênio, que será utilizado no próximo treino.

 

Como é no próximo treino, não é necessário e nem importante que esta ressíntese ocorra nas horas imediatamente seguintes ao treino, se você não treinará novamente em um curto período de tempo.

 

Sobre a "Janela Anabólica" em um termo mais amplo (não apenas de ressíntese de glicogênio), este tópico é muito interessante:

 

 

 

  • 3 semanas depois...
Postado

High Fat Diets & Sporting Performance: Do they Work?

This is a topic that I discussed very recently on the Iraki Nutrition Podcast (link - https://goo.gl/GvRkOX).

The short answer: probably not. The reason being is that possibly the biggest drawback of high-fat, low-carbohydrate diets are their ability to impair glycolysis, despite the attempt to restore carbohydrate availability. What this means is that for any sport or event that requires high intensity efforts, you probably won't be able to get out of fourth gear. 

The long asnwer: I'd encourage you to check out this free full-text review paper by Louise Burke called, "Re-Examining High-Fat Diets for Sports Performance: Did We Call the ‘Nail in the Coffin’ Too Soon?". 

Here's a 'key point' summary:

"The current interest in low carbohydrate high fat (LCHF) diets for sports performance is based on enthusiastic claims and testimonials rather than a strong evidence base. Although adaptation to a LCHF (whether ketogenic or not) increases the muscle’s capacity to utilize fat as an exercise substrate, there is no proof that this leads to a clear performance advantage. In fact, there is a risk of impairing the capacity for high intensity exercise.
The current guidelines for carbohydrate intake in the athlete’s training diet appear to be poorly understood. Sports nutrition experts do not promote a ‘‘high carbohydrate diet’’ for all athletes. Rather, the evolving model is that athletes should follow an individualized approach, whereby carbohydrate intake is periodized throughout the training cycle according to the fuel needs of each workout, the importance of performing well in the session and/or the potential to amplify the adaptive response to exercise via exposure to low carbohydrate availability. There is a need for ongoing research and practice to identify a range of approaches to optimal training and competition diets according to the specific requirements of an event and the experience of the individual athlete."

 

Full-text link: https://goo.gl/E3WuW6

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