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Arnold Schwarzenegger explica como ganhava dinheiro antes da fama

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Postado

O DINHEIRO QUE JOE ME PAGAVA NUNCA durava muito. Eu vivia tentando encontrar maneiras de

ganhar mais. À medida que meu inglês foi melhorando e pude começar a explicar como

treinar, passei a dar seminários na Gold’s e em outras academias. Cada um deles me rendia

500 dólares.

Também criei um negócio de vendas por correspondência com sede no meu próprio

apartamento. Tudo começou por causa das cartas de fãs que eu recebia. As pessoas queriam

saber como era meu treinamento para os braços ou o peito e me perguntavam como elas

próprias poderiam entrar em forma. Eu não conseguia responder a tantas cartas, então, no

início, pedi aos redatores da revista que me ajudassem a elaborar alguns modelos que eu

pudesse enviar. Foi assim que tive a ideia de vender uma série de apostilas.

Ao contrário da Europa, nos Estados Unidos não havia um milhão de obstáculos para se

abrir um negócio. Eu só tive que ir à prefeitura e pagar 3,75 dólares por um alvará, depois

alugar uma caixa postal para receber os pedidos. Em seguida precisei ir ao Conselho de

Uniformização Fiscal do estado da Califórnia e à Receita Federal. Eles me perguntaram:

– Quanto o senhor acha que vai ganhar?

– Mil dólares por mês, assim espero.

Então paguei 320 dólares, valor estimado da primeira parcela de impostos. Não houve

nenhum interrogatório. Os funcionários eram educados, gentis e prestativos. Quando Franco e

eu abrimos uma empresa de serviços de pedreiro, foi a mesma coisa. Saímos balançando a

cabeça e ele comentou: “É por isso que chamam este país de terra das oportunidades.”

Estávamos felicíssimos.

As apostilas eram, basicamente, os artigos que eu vinha escrevendo para Joe e que os

redatores e fotógrafos me ajudavam a aprimorar acrescentando detalhes e fotos. Fizemos uma

para braços, outra para peito, uma para costas, uma para panturrilhas e coxas, sempre

explicando como obter um corpo mais simétrico, como ganhar peso, como posar e assim por

diante. Foram 10 apostilas no total. Era possível encomendar a série inteira por 15 ou 20

dólares, ou então escolher qualquer volume avulso por 1 ou 2 dólares cada um. As pessoas

também pediam fotografias minhas, de modo que mandei imprimir um álbum com as minhas

preferidas. Joe Weider tinha um grande negócio de venda por correspondência, é claro, mas

ele na verdade não considerava seus fisiculturistas concorrentes. Eu o convenci a me ceder

espaço publicitário de graça nas suas revistas. “Você poderia começar a me pagar por me usar

nos seus anúncios”, falei, “mas prefiro que me dê essa oportunidade.” Achava que Joe fosse

aceitar, porque ele sempre odiava gastar dinheiro. Ele não só concordou como nos deu total

apoio: disse que eu poderia começar com uma página inteira e que, se o negócio deslanchasse

mesmo, poderíamos passar para uma página dupla.

Muitos fisiculturistas fracassaram nas vendas por correspondência porque recebiam o

dinheiro mas não conseguiam se organizar para enviar o produto. Pela lei, era preciso entregar

as encomendas dentro de determinado prazo. Se o correio recebesse reclamações, sua caixa

postal era confiscada e seu negócio ia para o espaço. Você podia até pegar cadeia. Mas eu era

supereficiente. Tirei as portas do armário do meu quarto para criar um nicho e pedi a um

amigo que fizesse prateleiras e uma pequena escrivaninha dobrável para mim. Cada apostila

tinha seu próprio escaninho numerado, e havia cestos para correspondência recebida, cheques,

envelopes e encomendas a serem enviadas.

Minhas apostilas foram um sucesso. Em pouco tempo, acrescentei um cinturão para

musculação com a marca Schwarzenegger e outros produtos, o bastante para um anúncio de

página dupla. Isso atraiu ainda mais clientes. O negócio foi aumentando tanto que eu pude

contratar uma secretária para trabalhar alguns dias por semana e atender à maior parte dos

pedidos.

Antes de publicar os anúncios na revista, eu sempre os mostrava a Joe, porque ele era um

verdadeiro rei do merchandising. Ele dissecava meu texto quase palavra por palavra. “Por

que não escrever: ‘Pedido atendido em poucos dias’?”, perguntava ele. “Ponha isso no

anúncio! As pessoas querem saber que podem confiar em você. E deveria colocar também:

‘Apostila com tiragem limitada.’ Todo mundo adora tiragens limitadas!”

Eu estava adorando ser um empreendedor americano. Com as vendas por correspondência,

estava trilhando o mesmo caminho de Charles Atlas!

Logo criei outro negócio, dessa vez com Franco. Sua ideia era que trabalhássemos na

construção civil, porque ele já tinha atuado nesse ramo tanto na Itália quanto na Alemanha e

acreditava que as pessoas iriam querer contratar dois caras fortes. Quando fomos ao sindicato,

porém, descobrimos que poderia levar meses para nos inscrevermos.

“Por que não criamos a nossa própria empresa?”, perguntei a Franco. Ele tinha experiência

no ofício de pedreiro, e eu na administração de um negócio. Então, foi o que fizemos. Pusemos

um anúncio no jornal dizendo: “Pedreiros europeus. Especialistas em mármore e pedra.” Não

demoramos a conseguir nosso primeiro trabalho: construir um muro para um cara cuja casa,

em Venice, pertencera ao astro do cinema mudo Rodolfo Valentino.

Franco e eu tínhamos percebido que os americanos adoravam tudo o que era estrangeiro:

massagens suecas, design italiano, ervas chinesas, engenhosidade alemã. Decidimos que

devíamos ressaltar o fato de sermos europeus. O detalhe de Franco ser italiano era

particularmente útil. Veja o Vaticano! A arquitetura italiana é imbatível. Eu também já havia

reparado que os americanos gostam de pechinchar um pouco e de ter a impressão de estar

fazendo um bom negócio – ao contrário dos alemães, que se mostram mais dispostos a aceitar

o preço pedido. Assim, Franco e eu bolamos uma cena. Eu levava uma trena, tirava medidas e

fazia um orçamento. Para aumentar a aura europeia de mistério, as medidas eram sempre em

metros e centímetros, em vez de polegadas e pés. Então mostrava os números a Franco e

começávamos a bater boca em alemão na frente do cliente.

– O que está acontecendo? – perguntava o cliente.

– Bom, o senhor sabe como são os italianos – dizia eu, revirando os olhos. – Não entendo

por quê, mas Franco acha que a sua varanda vai custar 8 mil dólares. Ele quer encomendar x

tijolos, muito mais que o necessário. Sério, cá entre nós, eu acho que podemos fazer tudo por

7 mil. Vão sobrar vários tijolos, que podemos devolver para pedir os mil dólares de volta.

E assim o cliente começava a confiar em mim na mesma hora.

– Quanta gentileza a sua tentar me fazer o melhor preço.

– Bom, nós queremos ser competitivos. O senhor com certeza pediu outros orçamentos, não

é?

– Pedi, claro.

– Está vendo, Franco? – dizia eu.

Então batíamos boca em alemão mais um pouco e o cara saía todo feliz depois de fecharmos

o serviço por 7 mil.

Adorávamos trabalhar como pedreiros e tínhamos a sensação de ser muito produtivos. Mas

também nos divertíamos bastante. Certa vez, uma mulher apresentou o orçamento de um

concorrente nosso: ele cobrara 5 mil para trocar a chaminé da casa dela, e nesse preço

estavam inclusos os mil dólares para demolir a antiga.

– Mil dólares? – estranhou Franco. – Me deixe dar uma olhada.

Ele subiu no telhado, apoiou as costas nas telhas e, como se estivesse no aparelho de leg

press da academia, fez um movimento com as pernas que arrancou a chaminé inteira. Esta

quase foi parar em cima da mulher, que assistia a tudo lá do chão. Em vez de se zangar,

porém, ela ficou agradecida.

– Ah, muito obrigada por me ajudar! Que perigo! Essa chaminé poderia ter caído na cabeça

de alguém.

Ela não só nos contratou para o serviço como nos deixou ficar com os tijolos velhos, que eu

vendi para outro cliente dizendo que eram “tijolos vintage”.

Outro cliente queria refazer o muro em volta da sua casa. Chegamos à conclusão de que

demolir o muro antigo seria um trabalho pesado o suficiente para valer como nosso treino do

dia. Alugamos os maiores martelos que conseguimos encontrar e eu disse a Franco para

transformarmos aquilo em uma disputa. “Você começa daquele lado e eu começo deste aqui”,

sugeri. “Vamos ver quem chega ao meio primeiro.” Começamos a martelar feito uns doidos, e

eu teria ganhado caso uma lasca de muro não tivesse voado e quebrado a janela de vitral

antiga do cliente. Lá se foi nosso lucro.

Fazia menos de um ano que Franco e eu tínhamos aberto a empresa quando um grande

terremoto atingiu o Vale de São Fernando, no dia 9 de fevereiro de 1971. Varandas ficaram

deformadas, paredes racharam, chaminés despencaram dos telhados. Era a melhor

oportunidade que poderíamos ter tido. Logo pusemos nosso anúncio no Los Angeles Times e

arrumamos tanto serviço que trabalhávamos dia e noite. Contratamos alguns dos fisiculturistas

da praia para nos ajudar – em determinado momento, chegamos a ter 15 deles misturando

cimento e carregando tijolos. Era uma visão bem engraçada, mas não podíamos depender

daqueles homens. Eles simplesmente não eram capazes de trabalhar diariamente. Joe tinha

razão: alguns deles eram uns preguiçosos caras de pau.

Com o dinheiro que ganhamos, Franco e eu conseguimos comprar carros melhores e pagar

por aulas de melhor qualidade. Também pudemos fazer nosso primeiro investimento. Na

época, as companhias aéreas estavam planejando utilizar aviões supersônicos, e havia o

projeto de construir um aeroporto supersônico em Palmdale, logo depois das montanhas, uns

80 ou 100 quilômetros a nordeste de Los Angeles.

Eu queria ficar rico muito depressa. Quando descobri a história do aeroporto, pensei:

“Poderia ser um ótimo investimento.” Dito e feito: um ou dois meses depois, recebemos um

exemplar do jornal da região, o Antelope Valley Press , que trazia na primeira página um

magnífico desenho de como ficaria o aeroporto: imenso, bem futurista, exatamente como eu

imaginara que seriam os Estados Unidos. Aquilo, sim, era pensar grande! Em Graz, as

autoridades se preocupavam se o aeroporto deveria receber três ou quatro aviões por dia.

“Isso vai ser importante”, pensei.

Imaginei que, quando se constrói um aeroporto dessa magnitude, é preciso ter armazéns em

volta, além de shoppings, restaurantes, empreendimentos residenciais, prédios públicos –

mais e mais crescimento. Então disse a Franco: “Vamos descobrir se tem alguma coisa à

venda.” Não demorou muito para o Antelope Valley Press publicar outra matéria de capa

sobre como havia empresas comprando grandes terrenos que depois loteavam para revender.

Um senhor de uma dessas empresas nos levou para ver um terreno. Na época, o Vale dos

Antílopes era uma região abandonada, não passava de deserto. Levamos duas horas para

chegar lá, de ônibus, e o cara passou a viagem inteira falando sobre o projeto. Explicou como

iriam construir uma autoestrada até Palmdale e disse que o aeroporto seria internacional. No

futuro, poderia vir até a ser usado para aviões espaciais. Ficamos impressionados. Quando

chegamos, ele nos mostrou por onde chegariam a energia elétrica e a água, confirmando meu

instinto de que aquela seria uma boa oportunidade. Comprei 4 hectares de terreno por um total

de 10 mil dólares, e Franco, 2, bem ao lado de onde ficaria a pista de pouso e perto do local

onde haveria um complexo de arranha-céus. Não tínhamos 15 mil dólares em dinheiro vivo, de

modo que combinamos pagar 5 mil e mais 13 mil de principal e juros ao longo dos anos

seguintes.

É claro que nada disso levava em conta o problema do ruído supersônico e de como ele

afetaria as pessoas que morassem sob a rota dos aviões. A questão virou uma enorme disputa

no mundo inteiro, não apenas nos Estados Unidos. Os governos acabaram decidindo que as

companhias aéreas só poderiam fazer os aviões voarem numa velocidade superior à do som

quando estivessem acima dos oceanos – e Franco e eu acabamos com vários hectares de

deserto encalhados. O empreendedor insistia que tudo não passava de um obstáculo

passageiro. “Não vendam”, dizia ele. “Seus netos ainda vão aproveitar essas terras.”

Arnold Schwarzenegger

Postado

Isso foi tirado de algum livro, revista ou algo do gênero? Adoraria ler o resto (se existir) 

Curto muito essas histórias.

Postado
  • Autor

É da Autobiografia do Arnold: "A Inacreditavel Historia da Minha Vida".

Depois vou postar como ele conseguiu seu primeiro prédio de apartamentos, tudo isso antes de virar ator. Ele era bem esperto. Não é a toa que chegou onde chegou.

Postado
Em 28/07/2016 at 09:45, Porcolitico disse:

É da Autobiografia do Arnold: "A Inacreditavel Historia da Minha Vida".

Depois vou postar como ele conseguiu seu primeiro prédio de apartamentos, tudo isso antes de virar ator. Ele era bem esperto. Não é a toa que chegou onde chegou.

Esse livro é incrível, muito bem escrito e com conteúdo. Ele fala abertamente da vida dele, até mesmo assuntos mais polêmicos com o filho que teve com a empregada e outras aventuras. Muito bom.

Postado
1 hora atrás, TheBirl disse:

Esse livro é incrível, muito bem escrito e com conteúdo. Ele fala abertamente da vida dele, até mesmo assuntos mais polêmicos com o filho que teve com a empregada e outras aventuras. Muito bom.

O livro é realmente muito bom, o cara ficou milionário antes de ser famoso, tem uma personalidade incrível, já era fã dele por causa do cinema, fiquei muito mais depois do livro.

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