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"O FILME “Avatar“, de James Cameron, é melhor do que “2012“. “Avatar” também tem um ar apocalíptico, mas reúne elementos estéticos e de conteúdo mais elaborados do que “2012″ e seu besteirol maia.

Mesmo assim, “Avatar” acaba sufocado por outro tipo de besteirol que é seu romantismo para idiotas: a fé no povo da floresta que vive em harmonia com a natureza. Nenhum povo vive em harmonia com a natureza. A diferença na relação com a natureza sempre se definiu pela maior ou menor capacidade técnica de cada cultura em controlá-la.

Os índios brasileiros que cá estavam quando chegaram os portugueses (“nossos libertadores”) só viviam “em harmonia com a natureza” porque eram tão atrasados que nem conheciam a roda. Preste atenção: a relação com a natureza é de vida ou morte, ou ela ou nós. A expressão “lei da selva” não foi inventada pela avenida Paulista e seus bancos, mas sim como descrição da natureza e seu horror.

Isso não significa que não existam limites para a exploração da natureza, mas isso tampouco significa que exista uma coisa que seja “a doce Natureza”. Serpentes e barbeiros (os besouros da doença de Chagas, não seu cabeleireiro unissex) e câncer são tão naturais quanto os passarinhos.

O romantismo é uma escola literária de peso. Último grande grito contra a vida brutalizada pela fúria mercantil, ele reúne uma crítica contundente ao capitalismo tecnicista e sua crença brega na ciência – “a ciência é o grande fetiche da burguesia”, dizia o filósofo Adorno. Em “Avatar“, o romantismo degenera em conversa de retardado.

Revolucionários românticos sonhavam com uma vida que recuperasse “valores pré-modernos” identificados com uma vida em comunidade onde as pessoas não seriam monstros interesseiros. O problema desses revolucionários é que “comunidade pré-moderna” não é uma comunidade de hippies legais, mas um tipo de sociabilidade onde o padeiro da esquina sabe que sua mãe é amante do padre, que seu pai é brocha, e que nem você nem ninguém têm pra onde ir. A idealização do que seria uma comunidade é uma das marcas dos idiotas utópicos.

Ninguém está disposto a abrir mão da liberdade individual moderna em nome de qualquer comunidade, por isso toda tentativa de “re-fundar” comunidades fracassa, apesar da admiração de muito pós-moderno bobo por culturas que não conheciam a roda. Não basta ter um filtro de barro em sua casa na Vila Madalena pra você conseguir viver em paz na comunidade da deusa natureza.

O filme se passa num planeta (Pandora) tipo Amazônia, onde existe uma enorme riqueza mineral escondida sob o solo coberto por uma floresta tropical cheia de “monstrinhos e plantas que ascendem ao toque das mãos”, habitada por uma população linda de seres que muito se parecem com índios americanos. Pandora já remete à narrativa da “caixa de Pandora” e suas maldições.

O nome da raça que habita Pandora, os Na´vi, soa muito próximo da palavra hebraica para “profeta”, “navi” ou “nabi”. Os humanos gananciosos não são capazes de perceber como os Na´vi são seres em contato com a deusa cósmica. Os índios de Pandora são profetas da deusa.

O personagem humano principal é paraplégico, mas ao se tornar um Na´vi recupera as pernas: eis a metáfora da condição humana vista pelas lentes do romantismo degenerado.

Somos uns aleijados em comparação aos belos índios místicos donos da verdade cósmica. E qual é essa verdade? Que a natureza é um grande cérebro pensante e que devemos nos dobrar a ela porque assim a vida será bela.

Meu Deus, como ter paciência com esses aleijados mentais? Ninguém leu Darwin? Ninguém nunca observou a natureza de perto? Nunca sentiu o odor de sua violência? Numa cena, nosso herói escapa de uma fera. Esta mesma fera se oferecerá em seguida como montaria dócil para a heroína Na´vi a fim de combater os humanos gananciosos. Hipótese do filme: se um leão come a cabeça de uma mulher, isso é “bem cósmico”, mas diante da ganância humana, ele se oferecerá como montaria dócil e fará discernimento entre sua crueldade “do bem” e a “maldade humana”.

Noutra cena, na qual a heroína Na´vi salva o mocinho, ela dirá: “Eu tive que matar essas belas criaturas porque você fez barulho”.

Moral da história: se você não respirar e não andar, a natureza o amará pra sempre. Caso apareça um porco capitalista, os leões virarão gatinhos. Só um idiota pensaria isso."

por Luiz Felipe Ponde

muito boa a análise!

Postado

Po, só eu vi o filme, e fiquei com vergonha da raça humana? ;\

tambem senti isso , mas dai até ter depreçao é bem diferente.

a verdade é que o cara criou uma história totalmente exagerada para mostrar como é doentia a relaçao humana com a natureza.

eu achei o filme muito bom , a história é legal e a parte grafica é inacreditável , vale a pena ver em 3D.

Postado

essa analise pra mim tá meio exagerada, o filme se retrata pela natureza de OUTRO planeta, logo não se pode comparar com a natureza humana, onde num planeta todos estão ligados em um ''servidor'' unico , se conectando entre todos os seres. quem viu o filme percebeu isso. A natureza de pandora no filme é completamente diferente da natureza humana.

O filme não diz que Caso apareça um porco capitalista, os leões virarão gatinhos, no filme a azulzinha lá mesmo diz, que a deusa [ natureza ] não escolhe lados, ela protege o equilibrio natural, e com os humanos a natureza foi ameaçada, se trata de uma ficçao po, não de uma critica ao modo de vida no planeta terra por inteiro, somente em partes que devemos ter a percepção que nem tudo é dinheiro, guerra e derivados, e que nosso pensamento ''capitalista não baseado em um modo de vida sustentavel levará nós mesmo á destruição.

na relação natureza em pandora, não é de vida ou morte, ou ela ou nós. porque nela , todos são um equilibrio que mesmo o ser morto, ele faz parte de uma ligação que conecta o planeta todo. ficticio, mas jogando a ideia que é possivel diminuir o desgaste com a natureza e procurar um modo sustentavel.

ou seja, essa analise foi feita por um capitalista como os outros, defedendo o modo de vida prejudicial á humanidade, mas não prejudicando a preciosa economia, mas ele esquece que sem os humanos, não terá economia, somente um vazio num planeta devastado por a propria especie que entrou em extinção.

phlopesjf ..

  • Administrador
Postado

Mesmo assim, “Avatar” acaba sufocado por outro tipo de besteirol que é seu romantismo para idiotas: a fé no povo da floresta que vive em harmonia com a natureza. Nenhum povo vive em harmonia com a natureza. A diferença na relação com a natureza sempre se definiu pela maior ou menor capacidade técnica de cada cultura em controlá-la.

Os índios brasileiros que cá estavam quando chegaram os portugueses (“nossos libertadores”) só viviam “em harmonia com a natureza” porque eram tão atrasados que nem conheciam a roda. Preste atenção: a relação com a natureza é de vida ou morte, ou ela ou nós. A expressão “lei da selva” não foi inventada pela avenida Paulista e seus bancos, mas sim como descrição da natureza e seu horror.

Isso não significa que não existam limites para a exploração da natureza, mas isso tampouco significa que exista uma coisa que seja “a doce Natureza”. Serpentes e barbeiros (os besouros da doença de Chagas, não seu cabeleireiro unissex) e câncer são tão naturais quanto os passarinhos.

O romantismo é uma escola literária de peso. Último grande grito contra a vida brutalizada pela fúria mercantil, ele reúne uma crítica contundente ao capitalismo tecnicista e sua crença brega na ciência – “a ciência é o grande fetiche da burguesia”, dizia o filósofo Adorno. Em “Avatar“, o romantismo degenera em conversa de retardado.

Revolucionários românticos sonhavam com uma vida que recuperasse “valores pré-modernos” identificados com uma vida em comunidade onde as pessoas não seriam monstros interesseiros. O problema desses revolucionários é que “comunidade pré-moderna” não é uma comunidade de hippies legais, mas um tipo de sociabilidade onde o padeiro da esquina sabe que sua mãe é amante do padre, que seu pai é brocha, e que nem você nem ninguém têm pra onde ir. A idealização do que seria uma comunidade é uma das marcas dos idiotas utópicos.

Ninguém está disposto a abrir mão da liberdade individual moderna em nome de qualquer comunidade, por isso toda tentativa de “re-fundar” comunidades fracassa, apesar da admiração de muito pós-moderno bobo por culturas que não conheciam a roda. Não basta ter um filtro de barro em sua casa na Vila Madalena pra você conseguir viver em paz na comunidade da deusa natureza.

O filme se passa num planeta (Pandora) tipo Amazônia, onde existe uma enorme riqueza mineral escondida sob o solo coberto por uma floresta tropical cheia de “monstrinhos e plantas que ascendem ao toque das mãos”, habitada por uma população linda de seres que muito se parecem com índios americanos. Pandora já remete à narrativa da “caixa de Pandora” e suas maldições.

O nome da raça que habita Pandora, os Na´vi, soa muito próximo da palavra hebraica para “profeta”, “navi” ou “nabi”. Os humanos gananciosos não são capazes de perceber como os Na´vi são seres em contato com a deusa cósmica. Os índios de Pandora são profetas da deusa.

O personagem humano principal é paraplégico, mas ao se tornar um Na´vi recupera as pernas: eis a metáfora da condição humana vista pelas lentes do romantismo degenerado.

Somos uns aleijados em comparação aos belos índios místicos donos da verdade cósmica. E qual é essa verdade? Que a natureza é um grande cérebro pensante e que devemos nos dobrar a ela porque assim a vida será bela.

Meu Deus, como ter paciência com esses aleijados mentais? Ninguém leu Darwin? Ninguém nunca observou a natureza de perto? Nunca sentiu o odor de sua violência? Numa cena, nosso herói escapa de uma fera. Esta mesma fera se oferecerá em seguida como montaria dócil para a heroína Na´vi a fim de combater os humanos gananciosos. Hipótese do filme: se um leão come a cabeça de uma mulher, isso é “bem cósmico”, mas diante da ganância humana, ele se oferecerá como montaria dócil e fará discernimento entre sua crueldade “do bem” e a “maldade humana”.

Noutra cena, na qual a heroína Na´vi salva o mocinho, ela dirá: “Eu tive que matar essas belas criaturas porque você fez barulho”.

Moral da história: se você não respirar e não andar, a natureza o amará pra sempre. Caso apareça um porco capitalista, os leões virarão gatinhos. Só um idiota pensaria isso."

por Luiz Felipe Ponde

Mais um caso de depressão pós-avatar kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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