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Meirelles montou "time dos sonhos", diz economista

 

São Paulo - Economistas reagiram de forma positiva aos nomes da equipe econômica anunciada hoje por Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.

"Um verdadeiro dream team de gente muito qualificada e com experiência muito relevante e rica, quer no setor público, quer no setor privado. Gente certamente à altura dos desafios", diz Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs.

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/meirelles-montou-time-dos-sonhos-diz-economista

 

Tá saindo melhor que a encomenda.

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Postado (editado)

No momento que algum governo disser(e tomar medidas em direção a isso) que vai:
-Privatizar e desregulamentar(e não só privatizar, transformando um monopólio público em monopólio privado como FHC fez, por exemplo).
-Impedir que o Banco Central imprima dinheiro ad libitum, reduzindo artificialmente as taxas de juros e desvalorizando a moeda(ou seja, parar de estimular o aumento da inflação).
-Facilitar a abertura de empresas(na Nova Zelândia, por exemplo, empreendedores abrem uma empresa em menos de 1 dia, no Brasil a média em 2014 era 100 e poucos dias).
-Acabar com essa porcaria de protecionismo.
-Abolir o salário mínimo.
-Garantir que o contrato empregado-empregador esteja acima do que diz a CLT.
-Finalmente, reduzir extraordinariamente os impostos.

Ai dá pra ficar mais otimista em relação ao governo. Infelizmente me parece um sonho distante, quase impossível.

 

Editado por pahe
Postado (editado)

Esse ministro da saúde ta fodendo o país inteiro,liberou a "pílula do cancer",quer diminuir o SUS,agora isso:

 

Ministro da Saúde quer igrejas no debate sobre aborto

http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,ministro-quer-igrejas-no-debate-sobre-aborto,10000051686

 

ESTADO LAICO TOMOU UM TIRO NO PEITO 

 

vou deixar + essa imagem como reflexão:

 

13250583_834262370013187_699965687_n.jpg

Editado por Faabs
Postado

Já tem plano de aposentadoria privada? Se näo tem, vá correndo fazer!

Reforma da Previdência só para quem entra no mercado é má solução, diz Meirelles

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/05/1772467-reforma-da-previdencia-so-para-quem-entra-no-mercado-e-ma-solucao-diz-meirelles.shtml

Postado
14 horas atrás, pahe disse:

No momento que algum governo disser(e tomar medidas em direção a isso) que vai:
-Privatizar e desregulamentar(e não só privatizar, transformando um monopólio público em monopólio privado como FHC fez, por exemplo).
-Impedir que o Banco Central imprima dinheiro ad libitum, reduzindo artificialmente as taxas de juros e desvalorizando a moeda(ou seja, parar de estimular o aumento da inflação).
-Facilitar a abertura de empresas(na Nova Zelândia, por exemplo, empreendedores abrem uma empresa em menos de 1 dia, no Brasil a média em 2014 era 100 e poucos dias).
-Acabar com essa porcaria de protecionismo.
-Abolir o salário mínimo.
-Garantir que o contrato empregado-empregador esteja acima do que diz a CLT.
-Finalmente, reduzir extraordinariamente os impostos.

Ai dá pra ficar mais otimista em relação ao governo. Infelizmente me parece um sonho distante, quase impossível.

 

perfeito

Postado (editado)
3 horas atrás, Faabs disse:

Esse ministro da saúde ta fodendo o país inteiro,liberou a "pílula do cancer",quer diminuir o SUS,agora isso:

 

Ministro da Saúde quer igrejas no debate sobre aborto

http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,ministro-quer-igrejas-no-debate-sobre-aborto,10000051686

 

ESTADO LAICO TOMOU UM TIRO NO PEITO 

 

vou deixar + essa imagem como reflexão:

 

13250583_834262370013187_699965687_n.jpg

 

 

- Me explica como a liberaçao da pílula do cancer fode um país inteiro. 

- Hoje até troca de sexo é feita SUS. Talvez pra um país que enfrente a PIOR crise fiscal e econômica da sua história seja válido cortar gastos fúteis.

- Vc nao precisa ser religioso pra ser o contra aborto. Nem precisa distorcer o significado de Estado laico da forma como te convem.

 

21 minutos atrás, Torf disse:

Já tem plano de aposentadoria privada? Se näo tem, vá correndo fazer!

Reforma da Previdência só para quem entra no mercado é má solução, diz Meirelles

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/05/1772467-reforma-da-previdencia-so-para-quem-entra-no-mercado-e-ma-solucao-diz-meirelles.shtml

 

Por incrível que pareça 12 anos de dívida pública crescendo a ritmos alarmantes e políticas econômicas que desafiam a própria teoria são corrigidas com austeridade. 

 

Editado por MrCrowley
Postado
21 minutos atrás, MrCrowley disse:

 

 

 

Por incrível que pareça 12 anos de dívida pública crescendo a ritmos alarmantes e políticas econômicas que desafiam a própria teoria são corrigidas com austeridade. 

 

Pois é... E o primeiro lugar onde vai se buscar é na aposentadoria... Enfim, eu näo vou me aposentar no Brasil, näo sofrerei esse problema. Se você acha ok, "em nome da pátria" ter uma aposentadoria menor e aposentar-se mais tarde, que bom. Mas saiba que tanto o ministro quanto o presidente como os deputados que iräo votar a medida näo väo sofrer nada com isso. =) Já você, vai ter que trabalhar depois de velho. =)

Postado
3 minutos atrás, MrCrowley disse:

 

 

- Me explica como a liberaçao da pílula do cancer fode um país inteiro. 

- Hoje até troca de sexo é feita SUS. Talvez pra um país que enfrente a PIOR crise fiscal e econômica da sua história seja válido cortar gastos fúteis.

- Vc nao precisa ser religioso pra ser o contra aborto. Nem precisa distorcer o significado de Estado laico da forma como te convem.

 

 

1º-

O fiasco com a fosfoetanolamina mostra que “de boas intenções, o inferno está cheio”

Esclarecimento: após a publicação deste artigo, algumas pessoas criticaram o uso da palavra “fiasco” no título, achando que se isso se refere à fosfoetanolamina. Na verdade, eu quis dizer que a decisão dos políticos de aprová-la sem as devidas provas de que ela funciona é um fiasco, e não a substância em si.

Atualização: Hoje, 5 de abril, o STF decidiu proibir a fabricação de mais fosfoetanolamina, citando a falta de estudos (confiáveis) que atestem sua eficácia e segurança entre os motivos, que é exatamente o que abordo neste artigo. Parabenizo a lucidez do ministro Lewandowski!

Em 23 de março, o Senado aprovou a “produção, manufatura, importação, distribuição, prescrição, dispensação, posse ou uso da fosfoetanolamina sintética (…) independentemente de registro sanitário, em caráter excepcional, enquanto estiverem em curso estudos clínicos acerca dessa substância”. O projeto agora segue para sanção presidencial. Como farmacêutico-bioquímico, fiquei muitíssimo perturbado com essa decisão, pois ela vai contra os mais elementares princípios científicos e medidas de segurança de saúde pública, já que a substância não foi devidamente testada para que saibamos quais possíveis efeitos negativos ela pode ter, ou mesmo se ela realmente tem algum efeito curativo. O que é mais grave ainda, essa decisão abre um precedente para que mais substâncias que não tiveram sua eficácia e segurança comprovadas sejam novamente aprovadas para uso, e desta vez para doenças mais comuns e menos mortais que o câncer. Este é meu verdadeiro medo.

Nos próximos parágrafos, explicarei da forma mais simples possível tudo o que é necessário saber para entender esta questão. Meu objetivo é que você, leitor, mesmo que não tenha formação na área de saúde, possa entender perfeitamente por que aprovar essa substância em caráter excepcional para o tratamento de pessoas com câncer (que à primeira vista parece uma ação nobre e bem intencionada) na verdade é uma tragédia anunciada.

Antes de mais nada, é fundamental entender o que é o efeito placebo.

Mens sana, corpore sano

“Placebo” é como é chamado um comprimido (ou pílula, ou líquido, ou qualquer outra forma pela qual um medicamento possa ser administrado) que não contém qualquer substância curativa, mas que tem a exata aparência do medicamento contendo essa substância, de forma que o paciente não tem como saber se o que ele está tomando contém a substância curativa ou não. Quando alguém toma um placebo crendo ser o medicamento real, e isso provoca alguma melhora perceptível no estado do paciente, dizemos que ocorreu o “efeito placebo”.

Suponhamos que você está com dor e eu digo que irei te dar uma cápsula de dipirona (um analgésico). Porém, eu abro a cápsula e substituo o pó branco contendo dipirona por farinha (que também é um pó branco) sem que você veja, e dou para você tomar. Incrivelmente, você provavelmente relatará em breve que sua dor passou! Isto ocorre porque você acredita no efeito do remédio, e esta crença faz com que seu corpo libere substâncias que reduzem a dor. É muito provável que sua dor não teria diminuído se eu te contasse que eu troquei a dipirona por farinha, pois aí você não teria mais motivos para crer no remédio. O mais fascinante é que efeito placebo funciona para praticamente qualquer tipo de doença, inclusive o câncer e infecções (casos nos quais se supõe que a crença na cura fortaleça o sistema imunológico para combater as células cancerosas e micro-organismos invasores, respectivamente), e funciona também para outros procedimentos que não a tomada de um remédio, como por exemplo, a crença na ajuda de uma divindade (tenho fortes suspeitas de que pelo menos grande parte dos “milagres de cura” observados em cultos de igrejas sejam devidos ao efeito placebo).

O efeito placebo é tão poderoso e importante que as empresas farmacêuticas gastam bilhões de dólares todos os anos dando placebos para os pacientes, através dos chamados estudos (ou ensaios) clínicos, apenas para tentar provar que seus remédios funcionam e que não é o efeito placebo que está provocando a melhora observada. Isto é, remédios que passam por estudos clínicos e eventualmente são introduzidos no mercado para consumo geral da população são mais eficazes que o efeito placebo por si só.

A importância dos estudos clínicos

Toda empresa farmacêutica que quiser que um novo medicamento que ela desenvolveu seja aprovado para comercialização em um determinado país precisa antes provar para a agência regulatória de saúde daquele país (que no caso do Brasil é a Agência de Vigilância Sanitária, ANVISA) que esse medicamento é mais eficaz do que o placebo. Isto é feito através de estudos clínicos, que geralmente duram mais de 10 anos e envolvem milhares de pacientes, ao custo de muitos milhões de dólares cada.

Suponhamos que uma empresa farmacêutica queira aprovar o Parkisonix®, um novo medicamento que supostamente reduz os sintomas da doença de Parkinson. Antes de poder administrar o medicamento a qualquer ser humano, é exigido por lei que ele seja administrado a várias espécies de animais. Se qualquer delas tiver sintomas muito graves, a continuação do processo é barrada, o medicamento é considerado arriscado demais e a empresa é forçada a abandonar seu desenvolvimento.

Tendo passado nessa fase inicial com animais, o medicamento é administrado a alguns poucos voluntários humanos saudáveis (sem Parkinson). Infelizmente, já aconteceu de medicamentos novos terem se mostrado completamente inofensivos em ratos, camundongos, cães, chipanzés e outros animais testados na fase inicial, mas que provocaram reações alérgicas gravíssimas quando foram aplicados aos voluntários humanos, inclusive matando-os. Assim, como você pode imaginar, a ocorrência dessas coisas em seres humanos saudáveis também acaba com quaisquer chances do medicamento ser lançado.

A próxima fase é administrar o medicamento a voluntários doentes. No caso de Parkinsonix®, isso envolveria recrutar centenas ou milhares de pacientes com doença de Parkinson, administrar o medicamento a eles, e registrar se houve alguma melhora em seus sintomas. Porém, em geral, metade desses pacientes não recebe Parkisonix®, mas sim placebo. E relembrando que elas não terão forma de saber se é placebo ou não. Não adianta nem tentar perguntar para os funcionários do estudo que têm contato direto com os pacientes, pois eles também não saberão! A empresa farmacêutica não informa aos funcionários que cuidam dos pacientes quem está recebendo placebo ou não, para evitar quaisquer possibilidades de eles revelarem essa informação ao paciente, mesmo sem querer. Essa técnica de experimentação é chamada de “duplo-cego”, onde “duplo” significa “tanto o paciente quanto os médicos”.

Se a metade dos pacientes que recebeu Parkisonix® não tiver melhora nos sintomas significativamente maior que a metade que recebeu placebo, concluir-se-á que Parkisonix®não funciona, e a empresa potencialmente terá gasto anos de trabalho e centenas de milhões de dólares para nada.

Mas por que recrutar tantos pacientes? Por dois motivos principais: 1) Cada organismo é diferente, e algumas pessoas podem ter um metabolismo tão diferente da média que o medicamento não funciona direito para elas. Um grande número de pacientes significa que há maior probabilidade do estudo recrutar um desses pacientes “exceção”, e assim poder determinar se um aumento ou redução da dose faria o medicamento funcionar melhor para essas pessoas; e 2) Para tornar os dados estatisticamente mais confiáveis. Quanto maior o número de pacientes no estudo, menor a probabilidade que os resultados positivos observados (o medicamento funciona melhor que o placebo) sejam resultado apenas do acaso. Em outras palavras, quanto mais pacientes houver no estudo, maior a confiança com que se pode dizer que os resultados observados no estudo correspondem à realidade.

 

Em resumo, todo este longo, caro e elaborado processo serve para garantir que a nova substância não é muito perigosa, que ela funciona, e que ela não tem efeitos indesejados muito graves mesmo após um longo tempo de uso. A fosfoetanolamina, no entanto, foi aprovada sem passar por nada disso. É possível que constataremos,  daqui a alguns anos, que 90% das pessoas que tomaram a fosfoetanolamina desenvolveram cirrose do fígado, por exemplo. Se ela houvesse passado por um estudo clínico como todas as outras substâncias candidatas a tratamento, essa situação haveria sido detectada e muitas vidas poderiam ter sido salvas. Assim, fica fácil perceber como essa aprovação da distribuição é um grave atentado à saúde pública e aos princípios científicos mais elementares.

“Pílula do câncer” é um termo extremamente cretino

A fosfoetanolamina vem sendo referida na mídia, de forma totalmente irresponsável, como a “pílula do câncer” ou mesmo “a cura do câncer”. Pergunto: qual câncer? Ao contrário do que comumente se pensa, “câncer” não é uma única doença, mas o nome que se dá a um conjunto de doenças completamente distintas. Os tratamentos que funcionam para o câncer de fígado podem não fazer qualquer efeito no câncer de tireoide, ou podem mesmo piorar a situação do paciente. Como explica o médico oncologista Dráuzio Varella em seu vídeo sobre a fosfoetanolamina, mesmo o câncer de mama tem mais de 20 subtipos, cada qual com suas características específicas, e portanto tratamentos específicos. Dizer que a fosfoetanolamina é a “cura do câncer”, sem dizer para qual exatamente das dezenas de tipos e subtipos de câncer ela serve, é de uma ignorância absurda. Esperar que uma substância cure qualquer câncer é tão válido quanto esperar que uma única substância cure a depressão, hipertensão arterial, vertigem, artrite, deficiência de vitamina D, pneumonia, hepatite e esquizofrenia, e ainda tire unhas encravadas.

Mas é claro, não dá para saber para qual câncer a fosfoetanolamina serve, porque não deu tempo disso ser estudado antes dos políticos a aprovarem!

Perguntas que os leitores provavelmente farão e suas respostas

Uma pessoa que conheço usou a fosfoetanolamina e teve melhora em seu câncer, isso não é prova de que a substância funciona?
Não. Relatos de melhora de algumas pessoas não valem como prova de nada, pois tal melhora pode muito bem ter ocorrido devido ao efeito placebo, ou mesmo por aleatoriedade (a melhora teria ocorrido de qualquer forma sem a pessoa tomar nada). Além disso, é comum que a doença dessas pessoas volte a piorar depois, ou a substância provoque algum efeito indesejado muito grave após certo tempo, e isso infelizmente não costuma ser espalhado aos quatro ventos como as histórias de melhora são. Somente após um estudo clínico ao longo de vários anos e com centenas de participantes é possível tirar conclusões válidas sobre a eficácia e segurança de uma substância.

Se a fosfoetanolamina “furou a fila” em caráter excepcional, deve ser porque os estudos preliminares realizados até agora indicaram que ela pode funcionar, não é?
Infelizmente, não. Na verdade, é justamente o contrário! Testes preliminares em células tumorais in vitro (isto é, células mantidas vivas em um tubo de ensaio em um laboratório, fora de um organismo vivo) indicaram que a fosfoetanolamina não possui nenhuma atividade antitumoral significativa. Isto não quer dizer, porém, que ela não possa ter essa atividade dentro de um organismo vivo, pois nesse caso há vários fatores metabólicos que entram em jogo e podem alterar a ação de uma substância. Mas para determinar se isso ocorre, são necessários estudos clínicos!
A aprovação em caráter excepcional da substância não foi baseada em nenhum critério lógico ou científico. Simplesmente correram histórias de que ela estava funcionando para algumas pessoas (o que não é prova de nada, como respondido na pergunta acima). Isso gerou uma onda de esperança na comunidade de pacientes com câncer, que fez abaixo-assinados que foram entregues aos políticos, os quais não entendem nada do assunto. A decisão foi totalmente demagógica, e não científica, e nem sequer deveria ter sido feita pelos políticos, pois isso cabe à ANVISA! Em resposta a isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo tomou a corretíssima decisão de processar judicialmente e caçar a licença de médicos que prescreverem a fosfoetanolamina enquanto ela não for aprovada pela ANVISA.

Se a pessoa já tentou de tudo e mesmo assim seu câncer continua piorando, qual é o problema de experimentar a fosfoetanolamina?
A princípio não há grande problema, pois essa pessoa já terá tentado todos os procedimentos medicamente recomendados. A tragédia dos métodos alternativos e não validados de tratamento do câncer (urinoterapia, vitaminoterapia, homeopatia, cristaloterapia, florais de Bach, etc.) é que com alarmante frequência, os pacientes deixam de fazer quimioterapia, radioterapia ou outros tratamentos comprovadamente eficazes para tratarem-se APENAS com o novo método “milagroso”. Quando a pessoa finalmente percebe que o método não funciona, o tumor muitas vezes já terá crescido ou sofrido metástase (terá se espalhado para outras partes do corpo), e daí já será tarde demais para salvar o paciente.
E sem falar que esses métodos alternativos frequentemente são oferecidos por charlatães, que cobram fortunas por procedimentos que praticamente não custam nada para serem realizados, se aproveitando do desespero, desinformação e credulidade da vítima.

Isso tudo não seria um complô da indústria farmacêutica para evitar que a cura do câncer seja levada para frente, pois a indústria perderia muito dinheiro com os quimioterápicos que deixaria de vender?
Este é um argumento comum que, à primeira vista, até faz sentido lógico. Mas o que as pessoas não percebem é que a indústria pode lucrar muito mais com uma cura! Um exemplo recente disto é o sofosbuvir, novo medicamento contra o vírus da hepatite C. Dos 327 pacientes tratados com o sofosbuvir em um estudo clínico, 295 (90%) não tinham mais o vírus  detectável no sangue 3 meses após pararem de tomar o medicamento (ou seja, estavam curados), um resultado sem precedentes. Se o argumento título desta pergunta fosse verdade, o desenvolvimento do medicamento teria parado por aí. Mas a empresa que desenvolveu o sofosbuvir foi além e realizou vários estudos clínicos adicionais combinando-o com outros medicamentos já existentes, e descobriu que a combinação de sofosbuvir com um medicamento chamado velpetasvir curou, em um desses estudos clínicos*, 618 dos 624 pacientes, ou seja, mais de 99%! É importante observar que nenhum dos 116 pacientes que receberam placebo foi curado.
Um curso de tratamento completo com sofosbuvir + velpetasvir custa dezenas de milhares de dólares. Tendo em vista as 190 milhões de pessoas ao redor do mundo com hepatite C, o lucro potencial da empresa é de trilhões de dólares, muito mais do que ela ganharia vendendo medicamentos apenas paliativos.

* O estudo em questão: Sofosbuvir and Velpatasvir for HCV Genotype 1, 2, 4, 5, and 6 Infection. N Engl J Med 2015;373:2599-607. DOI: 10.1056/NEJMoa1512610

http://www.universoracionalista.org/o-fiasco-com-a-fosfoetanolamina-mostra-que-de-boas-intencoes-o-inferno-esta-cheio/

O cientista e a síndrome de Cassandra: o dia em que a política me calou

Primeiro vieram os shampoos que atuavam diretamente no DNA do seu cabelo. Mas eu não falei nada porque afinal, era só um shampoo. Eu ri muito do assunto com meus colegas do laboratório. Fizemos piadas de que o shampoo devia ser mutagênico, que deveria conter brometo de etídeo (um composto perigoso que atua realmente no DNA provocando mutações), comentamos como as pessoas são ingênuas de acreditar nessas bobagens, e até falamos do analfabetismo científico. Discutimos que se as pessoas soubessem que qualquer coisa que “atua no DNA” é perigosa, ninguém compraria o tal shampoo, e comentamos como as empresas usam a linguagem da ciência para vender. Mas logo voltamos ao trabalho, porque afinal, somos cientistas e temos mais o que fazer. E era só uma propaganda de shampoo. Que mal ia fazer?

Depois vieram as bananas maduras que curam o câncer porque têm fator de necrose tumoral nas manchas escuras. E eu não falei nada, porque afinal, era só uma banana. E novamente rimos muito no laboratório, comentando como as pessoas são ingênuas e acreditam em qualquer coisa que leem na internet. Muito cultos, citamos Umberto Eco, fizemos piada sobre o fator de necrose em célula vegetal, até comentamos a pesquisa do grupo japonês que teria dado origem a mais um mito de internet. Mas logo voltamos ao trabalho, porque afinal, somos cientistas e temos nossas pesquisas para tocar. E era só uma banana. Que mal ia fazer?

Então vieram as dietas detox, e eu não falei nada, porque afinal, era só uma dieta. Outra conversa na bancada do laboratório se seguiu, desta vez com um tom um pouco menos jocoso, um pouco mais preocupado, mas ainda assim nos perguntando como era possível alguém acreditar que ia eliminar toxinas do corpo seguindo uma dieta de frutas? Será possível que ninguém se perguntava que toxinas eram essas? Ninguém entendia qual a função do fígado no nosso organismo? E pior, por que alguém ia acreditar que, eliminando as toxinas que não existem, isso ia provocar emagrecimento? Alguns de nós até se aventuraram e tentaram explicar para a mídia que as pessoas estavam sendo enganadas. Que estavam gastando dinheiro à toa. Ficamos com inveja da quantidade de livros que foram vendidos sobre a dieta detox. Alguém certamente estava ganhando muito dinheiro à custa da ignorância da população. Mas logo voltamos ao trabalho. Era só uma dieta. Ninguém ia morrer de passar alguns dias só tomando suco de maçã com couve. Temos nossas pesquisas para tocar.

Vieram as terapias alternativas. Homeopatia, acupuntura, cura pelas mãos, reiki, cristais terapêuticos. Era tanta pseudociência junta que não valia nem a pena comentar. Exceto por alguns casos extremos, em geral essas terapias só faziam mal para os bolsos das pessoas. E não tinham nenhum grande impacto sobre o andamento da ciência. Ninguém cortou nossa verba. Desperdiçou-se um montante para comprovar o óbvio: terapias alternativas não funcionam. A comunidade até se posicionou quando outros países baniram a homeopatia da rede pública de saúde. Comemoramos. Mas não aproveitamos a onda para pressionar o Congresso a fazer o mesmo no Brasil. Ainda temos faculdades de Farmácia que ensinam homeopatia. Ainda temos a vacina homeopática da dengue sendo distribuída na rede pública de saúde. Mas seguimos com nosso trabalho, porque afinal, as pseudociências sempre vão existir. 

Mas aí veio a fosfoetanolamina. A cura do câncer. E o que era pior: ela veio de dentro. Ela nasceu ali, na nossa Universidade. Ninguém viu, e quem viu se calou, porque afinal, era só um louco produzindo umas cápsulas para população local de uma cidade pequena. Mas a fosfo cresceu. E quando eu decidi falar, porque enfim a situação era séria e perigosa, eu procurei minha voz e não encontrei. Minha voz tinha sumido. Eu nem sabia, porque não estava acostumada a usá-la. E quando finalmente consegui falar, ninguém me ouviu. E por que ouviriam? Ninguém sabia quem eu era. Cientistas? Eles só querem mesmo é que a gente fique doente para comprar os remédios que eles inventam. Cientistas brasileiros? Eles não sabem nada, tem que mandar investigar nos EUA. Cientistas? Eles não querem ajudar a população. Eles estão com inveja do único cientista sério, esse que descobriu a pílula do câncer. Esse sim é cientista. Ouvi dizer que ele é professor na USP. Deve saber o que diz.

A população que não sabia o que era ciência, que não tinha como saber porque não foi educada para isso, adotou o “cientista” que sabia falar. Aquele que usou sua voz para fazer demagogia, para ludibriar, para dizer às pessoas o que elas queriam ouvir, porque afinal, quem não gostaria de saber que foi descoberta a “cura universal do câncer”, e, ainda por cima, na forma de uma pílula simples, basta tomar três por dia e pronto. Não precisa de hospital, não precisa de quimioterapia, não precisa de sofrimento. O cientista que vendia sonhos era muito mais atraente do que o cientista que vendia realidade.

Quando eu quis falar, era tarde demais. Era tarde, porque eu nunca tinha falado antes. Eu não construí uma relação de credibilidade com a população. Eu nunca tive a preocupação de mostrar o meu trabalho. De cuidar deles. De dar satisfação para eles do dinheiro que recebo do governo, recolhido dos impostos que eles pagam.

Silenciada pela demagogia política, a comunidade científica toda tentou falar. Mas é tarde. Já fomos todos acometidos pela síndrome de Cassandra. Não temos credibilidade. Ninguém acredita no que temos para dizer. Assim como Cassandra, nós tentamos alertar para o perigo de liberar uma substância que não foi devidamente testada. Todas as entidades de classe se posicionaram. A ANVISA recomendou o veto à presidente Dilma Roussef. A USP se pronunciou, assim como o INCA, a SBPC, a SBOC, o hospital AC Camargo, e tantos outros. Ninguém escutou.

Calados e desvalorizados por uma população que não entende a importância da ciência e da tecnologia para a sociedade, nos deparamos também com cortes em nossas verbas. Milhões são alocados para a fosfoetanolamina. Milhões são cortados de nossas bolsas e nossos projetos de pesquisa. Já não podemos voltar ao trabalho. Logo estaremos todos desempregados ou fora do Brasil.

Fechem a ANVISA. Cortem as bolsas. Cortem as verbas dos projetos de pesquisa. Deixem o Brasil ser dizimado por uma epidemia que poderia ter sido prevista e contida. Cortem os investimentos na educação. Deixem a população ser analfabeta e ignorante. Voltemos à idade das trevas. Usemos sanguessugas e sangria para tratar doenças. Combinaria perfeitamente com os sanguessugas que fazem ciência no Congresso Nacional. Já não somos necessários. A ciência brasileira está de luto. O Café na Bancada está de luto. Nós não falamos quando foi preciso. E agora não sobrou ninguém para falar por nós.

 

“Vivemos em uma sociedade extremamente dependente da ciência e da tecnologia, em que quase ninguém sabe nada 
sobre ciência e tecnologia. Isso é receita para o desastre.”  Carl Sagan

 

http://cafe-na-bancada.com.br/index.php/sindore-cassandra/

 

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2º já que é pra cortar gastos fúteis,que corte o salário dos deputados.O sistema de saúde no Brasil ja é precário,e esse boçal quer diminuir ainda mais a qualidade.

3º a Igreja nao deve opinar em nada sobre o que o estado deve fazer ou não.

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