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4set2010---as-atrizes-chinesas-rainie-ya

Muitos críticos têm comentado que o novo filme "Jurassic World" é suspeito cientificamente e até mesmo fantástico. Mas eles não perceberam uma das mais importantes maneiras em que o filme se descola das pesquisas estabelecidas. A heroína do filme foge de animais descontrolados usando sapatos de salto alto sem mexer um fio de cabelo ou torcer o tornozelo. Mas pesquisas sobre a biomecânica de usar salto alto, incluindo um novo estudo a respeito dos efeitos na força e no equilíbrio dos tornozelos, duvida de toda essa pose.

Obviamente, o que usamos nos pés afeta a maneira como nossos corpos se movem. As pessoas que correm descalças, por exemplo, têm mais propensão a colocar, a cada passada, primeiro a parte da frente dos pés no chão; já as que usam tênis de corrida normalmente pisam primeiro com o calcanhar.

Mas poucos calçados afetam a forma e o funcionamento dos pés tão drasticamente quando os de salto alto. De acordo com uma recente avaliação de pesquisas sobre sapatos, andar de salto pode "alterar a posição natural do conjunto pé-tornozelo e assim produzir uma reação em cadeia de efeitos que sobem dos membros inferiores pelo menos até a espinha".

No entanto, apesar de estar claro que os pés e tornozelos das mulheres que usam salto por longos períodos são diferentes daqueles das que usam sapato baixo, a progressão dessas mudanças ainda não foi bem compreendida.

Em um novo estudo publicado este mês no The International Journal of Clinical Practice, pesquisadores da Universidade Hanseo, da Coreia do Sul, avaliaram um grupo de recrutas que estava bem à mão: jovens da universidade que estudam para se tornar comissárias de bordo e que precisam ir de saltos altos à escola porque terão que usá-los se forem contratadas por uma empresa aérea da Coreia do Sul. A cada ano no curso, elas terão acumulado mais tempo de uso de sapatos de saltos altos, tornando mais fácil controlar as alterações fisiológicas.

Os pesquisadores chamaram dez jovens de cada período para o laboratório e testaram seu equilíbrio com um aparelho que possui uma placa bamba e a força dos músculos de seus tornozelos usando máquinas de exercício computadorizadas.

Comparadas com as alunas do primeiro ano, que normalmente não estavam muito acostumadas a usar saltos, as do segundo e terceiro anos mostraram mais força em alguns dos músculos em volta de seus tornozelos, especialmente aqueles na parte de dentro e de fora das juntas.

Essa diferença entre as novas usuárias e as já experientes sugere que "usar sapatos de saltos altos pode, à princípio, levar à adaptação e ao aumento de força" à medida que o tornozelo responde ao estresse a que é submetido pelos calçados pouco familiares, diz Jee Yong-Seok, professor de fisiologia do exercício da Universidade Hanseo, que liderou o estudo.

Entretanto, as alunas do quarto ano, que usaram saltos altos por mais tempo, apresentaram um enfraquecimento desses mesmos músculos, inclusive quando comparadas com as moças do primeiro ano, e também mostraram músculos muito mais fracos na frente e atrás do tornozelo, além de um equilíbrio bem pior.

Na verdade, todas as mulheres que estavam em anos mais avançados tiveram equilíbrio pior do que as novatas, mesmo aquelas com os músculos fortalecidos.
O que parece estar acontecendo, diz Yong-Seok, é que a relação de força entre os músculos das laterais dos tornozelos e os da frente e de trás tornou-se cada vez mais desequilibrada ao longo dos anos de uso de saltos, ajudando a causar problemas de instabilidade e de equilíbrio nos tornozelos e, eventualmente, levando a um declínio na potência mesmo dos músculos que por um tempo haviam se fortalecido.

Essa descoberta é um tanto preocupante, afirma Neil Cronin, professor de biologia da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia, que estuda o uso de saltos e escreveu a recente revisão das pesquisas sobre o assunto.

Desequilíbrios de força nos músculos em torno de uma junta, diz ele, principalmente aqueles em volta do tornozelo, "são conhecidos por aumentar o risco de lesão em outros grupos de músculos", como aqueles dos posteriores das coxas.

No entanto, nem ele nem Yong-Seok afirmam que as mulheres devem renegar os saltos.

Yong-Seok recomenda que as mulheres que usam saltos altos constantemente devem fortalecer seus tornozelos sempre que possível com levantamentos simples de calcanhar, subindo na ponta dos dedos dos pés descalços repetidamente, e com rebaixamento de calcanhar, parando na beira de uma escada e lentamente descendo os calcanhares.

Cronin também sugere tirar os calçados de salto quando a pessoa está sentada, porque usá-los mesmo sem movimento "é capaz de alterar o comprimento em repouso dos músculos e tendões em volta do tornozelo", o que pode levar à desestabilização das juntas e aumentar o risco de lesões.

Ele também é terminantemente contra correr de saltos altos. As forças de impacto criadas "ficam concentradas em uma pequena parte dos pés, criando regiões em que a pressão é muito grande", explica, e causando dores. Além disso, o equilíbrio e a biomecânica acabam comprometidos, fazendo com que correr de salto seja "uma maneira muito pouco eficiente de se mover".

A lição para os fãs de "Jurassic World" é: não faça como a heroína. "Quando você estiver tentando fugir de um animal rápido e mortal", explica Cronin, "saltos altos são provavelmente a pior escolha de calçado. Melhor usar um par de tênis."

Referências:

M.-H. Kim, Y.-T. Choi, Y.-S. Jee, D. Eun, I.-G. Ko, S.-E. Kim, E.-S. Yi and J. Yoo Reducing the frequency of wearing high-heeled shoes and increasing ankle strength can prevent ankle injury in women 10.1111/ijcp.12684

Cronin NJ The effects of high heeled shoes on female gait: a review J Electromyogr Kinesiol. 2014 Apr;24(2):258-63. doi: 10.1016/j.jelekin.2014.01.004. Epub 2014 Jan 24

Editado por Torf

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Visitante Flex W.
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Editado por Flex W.
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Propriocepção baixa + falta de treino =

Uma das lesões mais comuns no meio esportivo é o entorse de tornozelo em inversão (ou lateral), e estima-se que entre 70-80% dos atletas acometidos por essa lesão sofrerão um entorse recorrente. Sinais de instabilidade residual ocorrem em 20-40% dos indivíduos após terem sofrido esse tipo de entorse, e essa instabilidade a longo prazo pode predispor ao surgimento de artrose na articulação do tornozelo(1). A instabilidade residual parece ser a principal causa da recorrência do entorse em inversão, sendo que essa instabilidade pode ser de origem mecânica ou funcional(2). A instabilidade mecânica ocorre quando existe uma anormalidade anatômica da articulação do tornozelo, como por exemplo uma frouxidão ou movimentação excessiva da articulação subtalar, talocrural ou tibiofibular, resultante de danos ligamentares da articulação(2). Já a instabilidade funcional é descrita como uma sensação de “falseios” ou instabilidade do tornozelo(3) que ocorre sem necessariamente uma lesão ligamentar, mas que pode estar relacionada com danos nos mecanoreceptores dos ligamentos laterais ou tendões de músculos adjacentes ao tornozelo, o que acaba interferindo negativamente no reflexo proprioceptivo. Mais da metade dos pacientes com instabilidade crônica do tornozelo não tem evidência clínica ou radiológica de instabilidade mecânica.

Hupperets et al(4) conduziram um estudo com 522 atletas que sofreram entorse do tornozelo (256 no grupo intervenção e 266 no controle) e verificaram que um programa de exercícios proprioceptivos realizados em casa por 8 semanas reduziu em 35% o risco de recorrência do entorse.
Verhagen e colaboradores(5) acompanharam 116 equipes de voleibol durante a temporada de 2001-2002, sendo que do total 66 equipes fizeram parte do grupo intervenção e outras 50 foram do grupo controle. As equipes do grupo intervenção, além da rotina normal de treinamento, realizaram exercícios de equilíbrio no giro-plano (tábua de propriocepção). Ao final da temporada, quando comparado com o grupo controle, notou-se uma menor taxa de entorses de tornozelo no grupo que realizou treino proprioceptivo, entretanto essa redução no risco de entorse só foi significativa nos indivíduos com histórico prévio de entorses. Os resultados deste estudo levaram os autores a concluir que exercícios proprioceptivos no giro-plano apenas são eficazes para reduzir o risco de entorses recorrentes, mas não o primeiro entorse. Uma possível explicação para esse fato é que os exercícios de equilíbrio (propriocepção) apenas beneficiaram os jogadores com alterações nos mecanismos proprioceptivos.

McGuine e Keene(6) realizaram um estudo com objetivo de verificar a incidência de lesões no tornozelo de atletas escolares nas modalidades futebol e basquetebol quando submetidos a treino proprioceptivo. No total 765 atletas foram aleatoriamente direcionados para um dos dois grupos: o grupo intervenção (373 atletas) participou de um programa de treinamento de equilíbrio enquanto o grupo controle (392 atletas) manteve suas atividades desportivas rotineiras. Os resultados desse estudo demonstraram que a taxa de entorse de tornozelo foi significativamente menor nos indivíduos do grupo intervenção. Ao comparar indivíduos com história prévia de entorse de tornozelo, se percebeu que esses indivíduos tinham duas vezes mais chance de sofrer novo entorse, e quando eram submetidos ao treinamento proprioceptivo esse risco caia pela metade. A taxa de entorse de tornozelo em atletas sem história prévia de lesão foi menor após o treino proprioceptivo, entretanto não foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos controle e intervenção.

Uma meta-análise conduzida por Postle e colaboradores(7) concluiu que a adição de exercícios proprioceptivos durante um programa de reabilitação não foi capaz de prevenir lesões recorrentes em indivíduos com lesões ligamentares em tornozelo. Entretanto a inclusão de treinamento proprioceptivo reduziu de forma significativa a percepção de instabilidade no tornozelo e promoveu melhoras funcionais. Os autores desse estudo concluíram que ainda não existe um consenso na literatura acerca das vantagens em se incluir treino proprioceptivo na reabilitação do tornozelo.

Referências bibliográficas

1. Richie DH, Jr. Functional instability of the ankle and the role of neuromuscular control: a comprehensive review. The Journal of foot and ankle surgery : official publication of the American College of Foot and Ankle Surgeons. Jul-Aug 2001;40(4):240-251.
2. Hertel J. Functional instability following lateral ankle sprain. Sports Med. May 2000;29(5):361-371.
3. Freeman MA. Instability of the foot after injuries to the lateral ligament of the ankle. The Journal of bone and joint surgery. British volume. Nov 1965;47(4):669-677.
4. Hupperets MD, Verhagen EA, van Mechelen W. Effect of unsupervised home based proprioceptive training on recurrences of ankle sprain: randomised controlled trial. BMJ. 2009;339:b2684.
5. Verhagen E, van der Beek A, Twisk J, Bouter L, Bahr R, van Mechelen W. The effect of a proprioceptive balance board training program for the prevention of ankle sprains: a prospective controlled trial. The American journal of sports medicine. Sep 2004;32(6):1385-1393.
6. McGuine TA, Keene JS. The effect of a balance training program on the risk of ankle sprains in high school athletes. The American journal of sports medicine. Jul 2006;34(7):1103-1111.
7. Postle K, Pak D, Smith TO. Effectiveness of proprioceptive exercises for ankle ligament injury in adults: a systematic literature and meta-analysis. Manual therapy. Aug 2012;17(4):285-291.

  • 1 mês depois...
Visitante Flex W.
Postado

já ví mulheres reclamarem do salto alto causar um cascão enorme bem resistente na parte da frente da sola dos pés devido o peso ficar nessa região

é bem dolorido, como se fosse um calo gigantesco

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