Faabs 3771 Postado Março 28, 2016 às 20:03 Postado Março 28, 2016 às 20:03 (editado) 2 horas atrás, Danilo Z disse: Richard Dawkins...Drauzio Varella .. A MÍDIA e agora George Carlin ...PQP, só fonte inteligente e confiável !!! Vcs me denunciaram e eu tomei um gancho de 3 dias só porque chamei vcs de ''ignorantes'' achei que valeria pra todo mundo , mas pelo que vejo vale só pra mim . Eu não consigo debater ??? ah velho toma vergonha nessa cara rapaz, vira homem. VC não refutou NADA que eu falei e expus aqui, toma vergonha na cara e admita suas mentiras e falta de argumentos sólidos, porque vc não refuta eu...o danilorf... o enebt e os outros que discordam de vc aqui ???? Vc é um sofista ...mentiroso...e IGNORANTE nato. http://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/2320827/justica-autoriza-aborto-de-gemeos-siameses http://www.sonoticias.com.br/noticia/geral/cuiaba-justica-autoriza-aborto-para-salvar-vida-da-mae postei essas duas matérias,e vc falou "isso é mentira,não existe" Como vou debater com um cara assim? hahahahahahhahaha Citar 2 Vc quer ver inteligência de sujeitos que dão créditos a falas de imbecis como : George Carlin...Drauzio Varella...Richard Dawkins e que dá mais crédito a mídia do que a informações vindas de profissionais imparciais da area ??? Achar inteligência nesses caras é como achar chifre na cabeça de cavalo, eles sabem que são completos ignorantes e sem inteligência e ao invés de debater e refutar dados insistem nas mesmas asneiras e falácias, ao invés de atacar as informações eles atacam quem dá as informações , NINGUÉM refutou nem mesmo argumentou NADA que eu...vc danilorf ...enebt e demais contra aborto expuseram aqui e eles não vão fazer isso. "Dawkins foi agraciado com o título de Doctor of Science pela Universidade de Oxfordem 1989. Ele possui título honoris causa em ciências pela Universidade de Huddersfield, Universidade de Westminster, Universidade de Durham,[132]Universidade de Hull, Universidade da Antuérpia e pela Universidade de Oslo, e doutorado honoris causa pela Universidade de Aberdeen,[133] The Open University,Vrije Universiteit Brussel[11] e pela Universidade de Valência.[134] Também tem doutorado honoris causa em letras pela Universidade de St Andrews e pelaUniversidade Nacional Australiana (HonLittD, 1996), e foi eleito fellow da Royal Society of Literature em 1997 e da Royal Society em 2001. Ele é um dos patronos da Sociedade Científica da Universidade de Oxford.[11] Em 1987, Dawkins recebeu um prêmio da Royal Society of Literature e o Prêmio Literário do Los Angeles Times por seu livro O Relojoeiro Cego. No mesmo ano, recebeu o Sci. Tech Prize for Best Television Documentary Science Programme of the Year por seu trabalho no episódio The Blind Watchmaker, da série Horizon daBBC.[11] Seus outros prêmios incluem a Medalha de Prata da Sociedade Zoológica de Londres (1989), o Prêmio Finlay de Inovação (1990), o Prêmio Michael Faraday (1990), o Prêmio Nakayama (1994), o prêmio de Humanista do Ano da Associação Humanista Americana (1996), o quinto Prêmio International Cosmos (1997), oPrêmio Kistler (2001), a Medalha da Presidência da República Italiana (2001), a Medalha do Bicentenário de Kelvin da Sociedade Real Filosófica de Glasgow (2002)[11] e o Prêmio Nierenberg na categoria Ciência no Interesse Público (2009).[135] Dawkins liderou a lista dos 100 maiores intelectuais britânicos de 2004, decidida pelos leitores da revista Prospect, e recebeu o dobro de votos em relação ao segundo colocado.[136] [137] Em 2005, a Fundação Alfred Toepfer, com sede emHamburgo, Alemanha, concedeu-lhe o Prêmio Shakespeare, em reconhecimento à "apresentação concisa e acessível do conhecimento científico". Ele ganhou o Prêmio Lewis Thomas por Escrever sobre a Ciência em 2006, além do Prêmio Galaxy British Book de Melhor Autor do Ano em 2007.[138] No mesmo ano, foi classificado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes no mundo em 2007,[139] além de ficar na 20º posição na lista dos 100 maiores gênios vivos feita pelo The Daily Telegraph em 2007.[140] Ele foi agraciado com o Prêmio Deschner, em homenagem ao autor alemão anti-clerical Karlheinz Deschner.[141] Desde 2003, a Aliança Ateia Internacional tem premiado, durante sua conferência anual, um ateu cujo trabalho tem feito o máximo para sensibilizar o público sobre o ateísmo durante o ano; a premiação é conhecida como Prêmio Richard Dawkins, em homenagem aos esforços do próprio Dawkins.[142] Em fevereiro de 2010, foi nomeado membro honorário do conselho da fundação norte-americana Freedom From Religion.[143] Em 2012, ictiólogos no Sri Lanka honraram Dawkins criando o novo gênero Dawkinsia (anteriormente membros do gêneroPuntius). Explicando o raciocínio por trás do nome, o pesquisador Rohan Pethiyagoda afirmou: "Richard Dawkins tem, através de suas publicações, nos ajudado a entender que o universo é muito mais bonito e imponente do que qualquer religião imaginou [...] Esperamos que Dawkinsia sirva como um lembrete da elegância e da simplicidade da evolução, a única explicação racional que existe para a inimaginável diversidade da vida na Terra."[144]" ------------------------------------------- Mas Dawkins é burro,inteligente é vc,usuário do forum hipertrofia... -------------------------------------------------------------------------------- Outra leitura que recomendo: Antes de discorrer sobre alguns pontos específicos é necessária uma observação prévia. Penso que o ideal é que não houvesse o aborto. Ele deve ser a decisão última da mulher. O ideal seria que em frente a um imprevisto a mulher tivesse suporte afetivo e material para lidar com uma gestação. Entretanto isto está longe de ser uma realidade. Portanto, talvez o que mais me preocupa neste tema é a LIBERDADE de opção da mulher, que não pode ser tolhida em nome de um absolutismo moral. Logo, não creio que o aborto seja a primeira opção da mulher. É uma decisão difícil, mas é um julgamento final que cabe somente a ela. Atualmente a prática é vista como crime, e além de correr o risco de pegar sentença na cadeia, ela está se submetendo a um procedimento de risco em uma clínica clandestina. Salvo em algum momento que eu indique o contrário, durante o texto sempre que eu utilizar o termo “aborto” a referência estará relacionado ao ato da interrupção da gestação até aproximadamente oito ou dez semanas de gestação. Não tive acesso aos dados de em que momento da gravidez a mulher comete um aborto, então não incluo os números de aborto praticados no país. É necessário estipular este período em função dos argumentos que apresentarei mais adiante. Também penso que em um contexto de descriminalizarão a mulher teria acompanhamento médico e psicológico para melhor conduzir sua decisão. O critério de quando um indivíduo começa a existir não é tão arbitrário como algumas pessoas pensam. Desta forma, é necessário diferenciar embrião de feto. O primeiro diz respeito ao período em que ocorre a diferenciação orgânica, que vai da segunda até aproximadamente a sétima semana depois da fecundação. O segundo é relativo ao estágio de desenvolvimento intra-uterino, e que tem início após oito semanas de vida embrionária (1). Embora o cérebro esteja presente a partir da nona semana, este se encontra nono início do desenvolvimento e portanto em condições mínimas de operação (2); além disso, evidências apontam que a sensação de é inexistente antes do terceiro trimestre de gestação (3). Sendo assim, o cérebro só terá sua função completa no período fetal, e não no embrionário. Desta forma, quando se interrompe uma gravidez nas primeiras semanas está se interrompendo apenas o desenvolvimento de um conjunto de células, que não possuem nenhuma capacidade de sentir dor (justamente porque o sistema nervoso ainda não existe em completo desenvolvimento). Portanto, aborto e infanticídio são duas coisas completamente diferentes. Aborto, nesse sentido, nada mais é que interromper uma gestação nos primeiros estágios. Naturalmente que é a questão de em qual momento um organismo pode ser identificado como uma “vida” que muitos anti-abortistas tentam argumentar. Entretanto, uma crença pessoal, sobretudo neste tema, tem elevada chance de ser desprovida de justificação se não tiver consistência baseada nas evidências. Acerca do tema do aborto, penso que o Estado deveria seguir o que a ciência diz sobre quais os atributos que caracterizam a existência de um ser humano, e não o que uma crença específica julga ser verdadeiro (aqui me refiro acrença no sentido de crer em algo, do tipo “acho que…”, e não necessariamente uma crença religiosa). A medicina considera a morte cerebral como critério para dizer quando uma pessoa morreu. Sendo assim, é logicamente defensável que o Estado deveria considerar a formação do cérebro como nascimento de um indivíduo, E NÃO A FECUNDAÇÃO. Seria determinismo genético definir a existência de um indivíduo apenas por seus genes (Stephen Hawking é genial não apenas por seus genes, mas também por sua trajetória cultural e experiências de vida). Se alguém pensa que existe uma vida humana dotada de consciência em um conjunto de células desprovidas de sistema nervoso (ou seja, nas primeiras semanas de gestação) é o ônus da prova dessa pessoa demonstrar. Não é o que a ciência adota como referência. Não raro opositores do aborto desconsideram os dados mostrados pelas evidências ou eventos naturais do corpo da mulher. Estudos sugerem que a proporção de gravidezes resultando em aborto espontâneo pode chegar a 25% (4); outra inconsistência ocorre quando aqueles que são contra o aborto, porém fazem uso da pílula do dia seguinte. Tomando a pílula, a mulher também está evitando a gravidez, e disso nada tem de muito diferente de um aborto nas primeiras semanas de gestação (visto que neste estágio não passa de um aglomerado de células). Sendo assim, o argumento de “uma vida em potencial” não procede como defesa contra o aborto, uma vez que a masturbação masculina ou os óvulos que se perdem na menstruação feminina também poderiam ser considerados como uma vida em potencial de um indivíduo. Portanto, não vejo sentido lógico impedir a mulher de fazer o aborto caso seja sua vontade. O aborto é uma realidade no Brasil; mulheres estão morrendo diariamente ao fazerem uso de procedimentos perigosos e inadequados. Em face disso, a ONU já se manifestou para que o país tomasse medidas mais eficazes de proteção à mulher (5). Uma pesquisa realizada pela antropóloga Débora Diniz indica que “o aborto é tão comum no Brasil que, ao completar quarenta anos, mais de uma em cada cinco mulheres já fez aborto.” (6) A pesquisa também mostrou que a prática do aborto independe da crença religiosa, e, talvez o mais preocupante, que em cerca da metade dos casos ocorreu internação pós-aborto (para um esclarecimento mais rápido desses resultados ver a entrevista da referência 7). A atual prática de aborto no país prejudica mais a mulher com menos condições financeiras, e não é por acaso que a curetagem liderou os procedimentos do SUS entre 1995 e 2007 (8). O Estado continua impedindo o aborto, mas gasta uma quantia elevada para pagar cirurgias de reparo das mulheres que chegam ao SUS vindo de clínicas nas quais são tratadas com o mínimo de cuidado. É uma lógica contraproducente: o Estado proíbe, mas paga para fazer reparos daquilo que ele mesmo proíbe. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de mortalidade de abortos induzidos se situa na faixa de 0,2 a 1,2 mortes para cada 100 mil abortos onde a prática é permitida. Por outro lado, nos países onde o aborto não é permitido, o número de mortes pode chegar a 330 para cada 100 mil habitantes. Em outras palavras, em países onde a prática é proibida, a mortalidade devida a abortos é mais que 300 vezes maior (9). Em face desses dados, dizer que o aborto não é questão de saúde pública é tapar os olhos para o óbvio. Alguns tentam justificar sua posição anti-aborto através de uma opinião de que a prática não é ética nem mesmo humanista. Considero esta posição muito rasteira. Primeiro porque é uma tentativa vaga de encarar a situação de maneira unilateral; existem entidades declaradamente humanistas que são favoráveis ao aborto. Além disso, ética é uma disciplina da filosofia. Como exemplo, através do ponto de vista ético do utilitarista Peter Singer a prática do aborto pode ser plenamente defensável (10). Tomando o problema de outra forma, o filósofo Michael Tooley (11) também defende o aborto a partir de uma análise do que significa ter direito a algo. Reconheço a existência de outros filósofos na área que se opõem ao aborto, mas citei dois apenas para mostrar que não existe um consenso absoluto do tema. Os casos mais sensíveis são os anencéfalos. E apenas lembrando: má formação é muito diferente de anencefalia. No primeiro, dependendo do caso, o indivíduo pode viver tranquilamente – e em condições emocionalmente e materialmente satisfatórias eu não sugeriria ninguém a abortar se estivesse em pauta somente este motivo, mas, claro, a decisão última cabe somente para a mulher (e é este um direito que deve ser reconhecido para a mulher); no segundo, a chance de sobreviver é NULA (12). Sendo assim, penso ser uma crueldade OBRIGAR uma mulher a levar até o fim da gestação um feto que morrerá em poucas horas. Pelo menos neste caso nossos governantes já reconheceram que é bem menos custoso para mulher decidir pelo aborto nas primeiras semanas. Em suma, o cenário atual coloca o Estado como um agente proibitivo de uma decisão que cabe somente ao corpo de uma pessoa. A questão aqui não é a imposição, mas a liberdade de escolha. E o Estado, e nenhuma outra pessoa, devem ditar regras com relação ao que fazemos ao nosso próprio corpo. Ter decisão sobre o próprio corpo é reconhecer um direito natural das mulheres. Portanto, tal prática não deve continuar a ser vista como um crime. Referências (1) Klossner, N.J. – Introductory Maternity Nursing, 2006, pg.103 (2) http://en.wikipedia.org/wiki/Fetus#cite_note-11 (3) Lee, S.J. et al.; Fetal Pain – A Systematic Multidisciplinary Review of the Evidence; JAMA, 2005, Vol 296, n°8. (4) Wilcox et al. 1999, New England Journal of Medicine (5) http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,onu-cobra-brasil-por-mortes-em-abortos-de-risco,837576,0.htm (6) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000700002&script=sci_arttext Editado Março 28, 2016 às 20:43 por Faabs
Fraldexxx 244 Postado Março 28, 2016 às 21:46 Postado Março 28, 2016 às 21:46 O fato é que depende da avaliação da equipe médica; imaginem uma mulher em colapso circulatório tendo que levar a diante uma gestação que piora ainda mais isso, com um feto consumindo sangue e liberando mediadores quimicos que aumentam a vasodilatação. Essa é uma decisão médica; vai ter alguém suficientemente capacitado para assinar um documento e um prontuário assumindo responsabilidade por isso. Fiquem tranquilos. Um exemplo ainda mais palpável: uma mulher com cancer necessitando quimioterapia; não tem como adiar o tratamento por meses. Não faz sentido. Tem que tirar o bebê. Meio impossível acreditar que em situações tão extremas ainda se conteste uma decisão médica para ajudar uma pessoa. Para mim, isso é muito obscurantismo.
danilorf 2051 Postado Março 28, 2016 às 21:55 Postado Março 28, 2016 às 21:55 Agora, danilorf disse: Esperando alguém debater no nível aristotélico. Nêgo enche a boca pra falar de ciência, mas não sabe porra nenhuma de história da ciência, filosofia da ciência, sociologia da ciência, método científico, camadas de significação de ciência, epistemologia... O pessoal, na real, só usa essa palavra pra pagar de sabichão e tentar manter uma pose de autoridade e de validade àquilo que falam - o que não é nenhum pouco perto de ser nem verossímil aos que argumentam a favor do aborto nesse tópico. Vide faaps, o rapaz que zoa os outros quando denunciam seus xingos, mas que quando é xingado não pensa duas vezes em denunciar - tanto que me denunciou logo depois de eu ter constatado fatos sobre suas capacidades morais e cognitivas. No mínimo isso mostra a natureza infantil da personalidade do sujeito e a falta de instrumentos cognitivos pra se refletir sobre a coerência da própria conduta, uma coisa muito simples, quem dirá discutir coisas com uma relevância como essa. Ah, já adianto pros abortistas, se forem tentar desqualificar Aristóteles, não usem da ciência, porque o método científico foi inventado por ele e até hoje nada de novo foi descoberto no campo. Vocês não podem impugnar a validade de um pressuposto a partir das consequências lógicas extraídas dele. Então botem essas cabecinhas de vento pra funcionar e inventem alguma coisa nova pra embasarem seus argumentos, se forem seguir nessa linha. Obrigado. De nada. Em 09/03/2016 at 20:28, danilorf disse: É realmente incrível ver como a burrice é a regra geral entre as pessoas com o suposto "maior nível de educação" - e eu fico mais chocado ainda vendo o Norton tomando uma posição igual a minha numa questão tão importante como essa. 1º - A ciência não tem autoridade nenhuma pra dizer quando se dá ou não o início da vida. NENHUMA. A ciência apenas descreve o fenômeno da gravidez. Ela é DESCRITIVA. Ela não responde o porquê de nada, ela não chega a essência do ser de nada. E, ainda que a ciência tivesse alguma autoridade mínima pra se manifestar sobre o assunto, essa autoridade seria diluída entre as diversas teorias que existem hoje: uma diz que o ínicio da vida se dá na 3ª semana, outra diz que se dá com a nidação do embrião no útero, outra diz que se dá quando se forma o sistema nervoso, ainda outra diz que se dá quando o sistema pulmonar está completo... Então, só dessa confusão de teorias científicas já dá pra ver que a ciência em si não pode ser o critério pra julgar a validade das teorias científicas existentes. Se Aristóteles saísse do túmulo dele e visse o que todos os cientistas disseram a respeito do início da vida, ele simplesmente diria: "- Véi, deixa de ser animal. Vocês cientistas estão apenas descrevendo COMO se dá o processo da gravidez, ou seja, vocês estão lidando apenas com causas eficientes. É óbvio que se o embrião não se fixar no útero não haverá vida humana, simplesmente porque isso é um passo necessário para que o processo de evolução do embrião para o feto ocorra; do mesmo jeito que se o pulmão ou o sistema nervoso não se formarem, uma vez que nenhum ser humano sem sistema nervoso ou sem pulmão saiu por aí andando. Todas essas etapas do processo de gravidez são causas eficientes dela. E você, seu cientista de pensamento cartesiano energúmeno, me pergunta: mas então, se não há um ponto em que eu possa dizer que a partir de momento 'x' o embrião tem vida, como eu explico o início dela? E eu te respondo, idiota, que primeiro você deve ter em mente que a essência (ou substância) do ser humano é como se fosse um logarítimo que já contém todas as formas possíveis que ele vai (ou pode) atingir no decorrer da sua vida. E que também, a causa final da existência do homem é exercer as faculdades superiores mentais e espirituais. Todas as transformações que ocorrem, desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, até a sua morte já estão dadas na essência do homem, e o que as impulsiona e atrai é a sua causa final de existir, como o primeiro-motor imóvel impulsiona a existência de tudo o que é (e, no fim, também é a causa final de existirmos). A causa final e o primeiro-motor móvel não estão lá empurrando o embrião para que ele se divida, nem empurrando ele pra que se forme o sistema nervoso ou pulmonar; eles atuam por via da atração. Todas essas transformações que ocorrem já estão dadas na substância do ser humano e, mais uma vez, são assim porque nós fomos criados para exercermos as nossas capacidades superiores. A partir do momento em que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, depois do ato sexual, então é aí mesmo que se dá o início da vida, uma vez que já há em potência no embrião a forma humana que ele irá atingir na maturidade. O embrião contém a essência do que é ser humano, assim como a criança, o jovem, o adulto e o velho. Em todas essas fases a essência do ser humano é a mesma - e todas essas possibilidades se tornaram possíveis na realidade porque na essência mesma de nós elas já estavam contidas. Então, tendo em vista que a sua ciência lida apenas com causas eficientes, a única conclusão possível a se chegar é a de que se, por ações deliberadas, a mulher conscientemente pratica uma conduta que visa interromper esse processo, ela está impedindo que um ser humano substancial venha a se desenvolver plenamente e possa realizar todas as potências que carrega em si. Se, no caso, como eu vi que um de vocês citaram a possibilidade do feto vir a ser anencéfalo, a mulher interromper o processo de gravidez, esse ato dela não foi o que causou o impedimento do desenvolvimento do ser humano substancial, uma vez que este não irá realizar todas as suas potências porque não possui cérebro. Logo, após constatado que o feto realmente não possui cérebro e que não irá atingir a maturidade, não se pode dizer que a conduta do aborto que foi a causa eficiente da interrupção do processo de sua maturação." 2º - Eu sou pessoalmente contra à pena de morte, mas o argumento que usam de há uma diferenciação ética no tratamento de um criminoso que sofre a pena de morte e a de um fato que não cometeu nenhuma conduta criminosa é simplesmente "JENIAL", pra não dizer estúpida. Uma regra ética só é válida se aplicada para todos, logo, o criminoso só seria condenado a pena de morte - no caso de ela ser válida num determinado território - após a prática da conduta penal. O feto simplesmente não foi condenado a morte porque, adivinhem "JÊNIOS" ele não praticou nenhuma conduta criminosa. Quando ele se desenvolver e atingir a maturidade, e após isso ele vier a praticar uma conduta criminosa, a norma penal seria igualmente válida pra ele como seria pra qualquer um que viesse a incorrer na mesma situação. O criminoso, até não praticar o tipo penal apenado de morte, não estava condenado a ela, assim como o feto também não estava. Assim como se o feto conscientemente, por absurdo dos absurdos e extrapolando qualquer senso de razoabilidade na imaginação de hipóteses desproporcionadas, comesse os órgãos internos da mãe e disso decorresse a morte dela também incorreria na mesma pena da que a de um homicida qualquer. O fato de ser preciso explicar isso de trás pra frente e de frente pra trás já mostra que realmente o brasileiro sofre da maioria das deficiências da inteligência descritas por Feuerstein. Estou esperando. Só de bônus: "[...]ele acaba se colocando, meio às tontas, a serviço da causa que mais nitidamente caracteriza a política do Anticristo sobre a Terra: investir o Estado de autoridade espiritual, restaurar o culto de César, banir deste mundo a liberdade interior que é o reino de Cristo. Essa causa é geralmente associada ao comunismo. Mas ela foi incorporada pelas três formas do Estado moderno: comunista, nazifascista e liberal. As três procuraram com igual afinco substituir-se à Igreja na condução espiritual dos povos: a primeira, pela violência física e psicológica, proibindo cultos, fuzilando religiosos, institucionalizando nas escolas o ensino do ateísmo, fechando templos, nomeando cardeais biônicos para ludibriar os poucos fiéis restantes. A segunda, de maneira ainda mais ostensiva, pelo culto obrigatório da Nação e do Estado. Mas o Estado liberal, que professa nominalmente a liberdade religiosa, é dos três o mais eficiente no combate à religião, como se vê pelo fato de que as massas, tendo conservado sua fé religiosa sob a opressão nazifascista e comunista, facilmente cedem ao apelo das “novas éticas” disseminadas pela indústria de espetáculos nas modernas democracias, e abandonam, junto com a religião, até mesmo os preceitos mais óbvios do direito natural: exercendo livremente seus “direitos humanos” sob a proteção do Estado democrático, as mulheres que praticam nos EUA um milhão e meio de abortos por ano logo terão superado as taxas de genocídio germano-soviéticas. Muito mais eficiente do que a tirania de Hitler e Stálin é o regime que, legalizando e protegendo todas as exigências tirânicas e autolátricas de cada ego humano, produz milhões de pequenos Stálins e Hitlers. De outro lado, compensando astuciosamente o desequilíbrio que a liberação desenfreada dos desejos poderia causar, o Estado neoliberal produz novos códigos repressivos que, descarregando a reação violenta do superego em alvos moralmente inócuos (o fumo, os beijos roubados, as cantadas de rua, o machismo, o vocabulário corrente, as piadas), dão um Ersatz de satisfação ao impulso natural da moralidade humana, impedindo-o de expressar-se numa condenação frontal de um estado de coisas marcado pela impostura obrigatória e universal. Uma sociedade, com efeito, que pune um olhar de desejo e dá proteção policial ao assassinato de bebês nos ventres das mães é, de fato, a mais requintada monstruosidade moral que a humanidade já conheceu. É claro, ademais, que o Estado neoliberal não faz isso por meios ditatoriais, mas com o apoio e até por exigência dos eleitores no pleno gozo de seu direito de exigir e legislar. Pairando acima de todos, sem nada impor, ele apenas regula sabiamente os conflitos de interesses, que, excitados até à exasperação pelo estímulo incessante ao espírito reivindicatório, só se tornam governáveis mediante o nivelamento por baixo, que termina pela instauração da moral invertida. É claro, ademais, que toda nova reivindicação resulta em novas leis, que cada nova lei resulta em nova extensão da burocracia governante, fiscal e judiciária, e que, assim, passo a passo, movido pela dialética infernal do reivindicacionismo, o Estado, sem deixar de ostentar o prestígio da lenda democrática, acaba por se imiscuir em todos os setores da vida humana, por regulamentar, fiscalizar e punir até mesmo olhares, risos e pensamentos. E, no instante em que regula a vida interior dos indivíduos, eis que o Estado neoliberal, enfim, cumpre à risca o programa hegeliano, instaurando-se como suprema autoridade espiritual, moral e religiosa, reinando sobre as almas e as consciências com o novo Decálogo dos direitos humanos e do politicamente correto. Beaux draps que constituem a essência da herança hegeliana." - Olavo de Carvalho - O jardim das Aflições, 3ª Edição Vide Editorial.
enebt 2372 Postado Março 28, 2016 às 23:46 Postado Março 28, 2016 às 23:46 Esperando o dia em que o Faabs for argumentar com no mínimo 5 linhas e com suas próprias palavras, sem textos de outras pessoas Phinx e Danilo Z reagiu a isso 2
Faabs 3771 Postado Março 29, 2016 às 02:03 Postado Março 29, 2016 às 02:03 (editado) 2 horas atrás, enebt disse: Esperando o dia em que o Faabs for argumentar com no mínimo 5 linhas e com suas próprias palavras, sem textos de outras pessoas Já argumentei com minhas palavras,mas esse tópico a cada 2 páginas as pessoas começam a argumentar a mesma coisa,fica esse looping infinito e ninguém chega a lugar nenhum. Então é mais fácil pegar textos que eu já li,e falam exatamente o que eu penso sobre o assunto,não tenho o dia todo pra ficar discutindo sobre aborto. Editado Março 29, 2016 às 02:04 por Faabs
danilorf 2051 Postado Março 29, 2016 às 02:27 Postado Março 29, 2016 às 02:27 Em 28/10/2015 at 21:56, Faabs disse: Engraçado,enquanto a criança nao nasceu,todo mundo fica defendendo ela,todos se importam,mas, depois que a criança nasce,todo mundo desaparece. Vcs nao vao ajudar a criar a criança,vcs nao irao ajudar aquela mae a pagar as contas dela,entao parem de ficar decidindo se ela vai ter o filho ou nao,afinal,quem vai ter que cuidar da criança é ela,nao quem fica opinando sobre oq ela deve fazer. Se vc nao quer abortar,nao aborte. O fato é que, o aborto vai continuar acontecendo,legalizado ou nao.Mas,como ainda nao é legalizado,muitas maes optam pelas clinicas clandestinas,e ao tentar tirar o feto,acabam perdendo a propria vida,pelas condiçoes precárias do lugar.Se o aborto fosse legalizado,elas iriam fazer isso em clínicas seguras e limpas,com profissionais adequados. E nao venham me falar "ah,mas se ela quis transar,entao aguente as consequencias" , todo mundo transa,agora imagine se é uma filha sua que fica gravida,e ela tenta abortar o feto em uma clinica clandestina,...provavelmente iria morrer,ou pegar alguma doença. Nao era melhor ela ter um ambiente seguro pra fazer isso? Em 29/10/2015 at 22:27, Faabs disse: Nossa cara,tentar conversar sobre aborto com vcs é a mesma coisa que conversar com uma parede,puta que pariu. É sempre o mesmo mimimi,nao vou nem perder o tempo respondendo isso Em 29/10/2015 at 22:51, Faabs disse: Ultrapassados sao vcs,em vários países ja é legalizado,mas o Brasil sempre tem que ser o último,em tudo. Em 29/10/2015 at 02:01, Faabs disse: Aborto é assassinato,entao punheta é assassinato também. Vc acha que a mulher que faz sexo sem camisinha é porque nao teve educação? Eu APOSTO com vc que a sua filha vai dar pra caralho sem camisinha,vc dando educação pra ela ou nao. E ainda tem a coragem de falar que quem fica grávida é pq nao teve educação também HAHAHAHAHAHAHHA,nao sei se vc sabe,mas a camisinha pode estourar,a pílula pode falhar,nenhum método é 100% eficaz. Esse seu tipo de pensamento sobre gravidez me assusta. " O termo direito à vida é um excelente exemplo de buzz word, elaborado para inflamar ao invés de iluminar. Não há hoje na Terra direito à vida em qualquer sociedade , e nem houve em qualquer tempo passado (com umas poucas e raras exceções, como o jainismo na Índia). Nós criamos animais em fazendas para matá-los; destruímos florestas; poluímos rios e lagos até que nenhum peixe possa viver no local; caçamos cervos e alces por esporte, leopardos por sua pele, e baleias para ração de cachorros (). Todas essas bestas e vegetais são tão vivas quanto nós. O que é protegido em muitas sociedades humanas não é vida, mas vida humana. E mesmo com essa proteção, travamos guerras modernas contra populações civis, com número de mortos tão grande que (a maioria de nós) temos medo de pensar seriamente sobre essa questão. ()Da mesma forma, o argumento sobre o potencial para se tornar humano me parece particularmente fraco. Qualquer óvulo ou esperma humano, sob circunstâncias apropriadas, tem o potencial para se tornar um ser humano. Ainda assim, a masturbação masculina e emissões noturnas são geralmente considerados atos naturais, e não causas para indiciamentos por assassinato. Em uma única ejaculação há esperma o bastante para a geração de centenas de milhões de seres humanos. Se existem outros organismos que compartilham a inteligência de seres humanos em útero mas completamente desenvolvidos, deveríamos pelo menos oferecê-los a mesma proteção contra assassinato que estamos dispostos a estender a seres humanos no final de sua existência uterina. Como a evidência da inteligência em golfinhos, baleias e símios é agora no mínimo moderadamente convincente, qualquer postura moral consistente em relação ao aborto deveria, eu penso, incluir firmes restrições contra pelo menos a matança gratuita desses animais. " - Carl Sagan sobre o Aborto. Em 29/10/2015 at 03:43, danilorf disse: O argumento é comparar vida animal e vegetal com a vida humana, e depois comparar uma PUNHETA com um óvulo fecundado. TA SERTO RATINHO!!!!!!!! Hauhauhauahuahua puta que pariu, eu tenho pena só. Isso é esquizofrenia, não é possível... A pessoa perdeu completamente qualquer senso de razoabilidade, proporcionalidade e comparação. E de quebra, no final, querer estender a criminalização do aborto aos animais, como se os animais fossem em clínicas abortar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! PUTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU UAHEUAHEAUHEAUEAUEHAUEHAUEHUAHE MIM DA UMA MACONHA AI Em 29/10/2015 at 10:47, Faabs disse: Recomendo que leia novamente o trecho que postei sobre Carl Sagan,me parece que vc nao entendeu,ou é muito ignorante pra entender. Esse seu tipo de pensamento me da nojo,por isso que eu falo que discutir com vc, é igual discutir com uma parede. Em 29/10/2015 at 11:00, danilorf disse: Não dá, faabs. Teus argumentos são totalmente fora da realidade. Você que tem algum tipo de psicopatologia e parece não entender a falta de qualquer proporção e de conexão com a realidade daquilo que você diz. Eu entendi muito bem o que você escreveu, mas você pelo visto não. Como sempre, você sai por aí repetindo chavões mas nem sabe direito o que eles significam. É um mero peido verbal pra você. Mas porque isso deve ser o que a maioria das pessoas do seu meio pensam, então você adere ao discurso pra fazer parte da patotinha. Em 29/10/2015 at 12:19, Faabs disse: Nao,não sao fora da realidade. Fora da realidade é o seu pensamento primitivo. Enfim,cansei de ficar dando murro em ponta de faca,passar bem. Faaps argumentando com "suas próprias palavras": EM TEMPO, ainda estou aguardando refutarem: Agora, danilorf disse: Agora, danilorf disse: Esperando alguém debater no nível aristotélico. Nêgo enche a boca pra falar de ciência, mas não sabe porra nenhuma de história da ciência, filosofia da ciência, sociologia da ciência, método científico, camadas de significação de ciência, epistemologia... O pessoal, na real, só usa essa palavra pra pagar de sabichão e tentar manter uma pose de autoridade e de validade àquilo que falam - o que não é nenhum pouco perto de ser nem verossímil aos que argumentam a favor do aborto nesse tópico. Vide faaps, o rapaz que zoa os outros quando denunciam seus xingos, mas que quando é xingado não pensa duas vezes em denunciar - tanto que me denunciou logo depois de eu ter constatado fatos sobre suas capacidades morais e cognitivas. No mínimo isso mostra a natureza infantil da personalidade do sujeito e a falta de instrumentos cognitivos pra se refletir sobre a coerência da própria conduta, uma coisa muito simples, quem dirá discutir coisas com uma relevância como essa. Ah, já adianto pros abortistas, se forem tentar desqualificar Aristóteles, não usem da ciência, porque o método científico foi inventado por ele e até hoje nada de novo foi descoberto no campo. Vocês não podem impugnar a validade de um pressuposto a partir das consequências lógicas extraídas dele. Então botem essas cabecinhas de vento pra funcionar e inventem alguma coisa nova pra embasarem seus argumentos, se forem seguir nessa linha. Obrigado. De nada. Em 09/03/2016 at 20:28, danilorf disse: É realmente incrível ver como a burrice é a regra geral entre as pessoas com o suposto "maior nível de educação" - e eu fico mais chocado ainda vendo o Norton tomando uma posição igual a minha numa questão tão importante como essa. 1º - A ciência não tem autoridade nenhuma pra dizer quando se dá ou não o início da vida. NENHUMA. A ciência apenas descreve o fenômeno da gravidez. Ela é DESCRITIVA. Ela não responde o porquê de nada, ela não chega a essência do ser de nada. E, ainda que a ciência tivesse alguma autoridade mínima pra se manifestar sobre o assunto, essa autoridade seria diluída entre as diversas teorias que existem hoje: uma diz que o ínicio da vida se dá na 3ª semana, outra diz que se dá com a nidação do embrião no útero, outra diz que se dá quando se forma o sistema nervoso, ainda outra diz que se dá quando o sistema pulmonar está completo... Então, só dessa confusão de teorias científicas já dá pra ver que a ciência em si não pode ser o critério pra julgar a validade das teorias científicas existentes. Se Aristóteles saísse do túmulo dele e visse o que todos os cientistas disseram a respeito do início da vida, ele simplesmente diria: "- Véi, deixa de ser animal. Vocês cientistas estão apenas descrevendo COMO se dá o processo da gravidez, ou seja, vocês estão lidando apenas com causas eficientes. É óbvio que se o embrião não se fixar no útero não haverá vida humana, simplesmente porque isso é um passo necessário para que o processo de evolução do embrião para o feto ocorra; do mesmo jeito que se o pulmão ou o sistema nervoso não se formarem, uma vez que nenhum ser humano sem sistema nervoso ou sem pulmão saiu por aí andando. Todas essas etapas do processo de gravidez são causas eficientes dela. E você, seu cientista de pensamento cartesiano energúmeno, me pergunta: mas então, se não há um ponto em que eu possa dizer que a partir de momento 'x' o embrião tem vida, como eu explico o início dela? E eu te respondo, idiota, que primeiro você deve ter em mente que a essência (ou substância) do ser humano é como se fosse um logarítimo que já contém todas as formas possíveis que ele vai (ou pode) atingir no decorrer da sua vida. E que também, a causa final da existência do homem é exercer as faculdades superiores mentais e espirituais. Todas as transformações que ocorrem, desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, até a sua morte já estão dadas na essência do homem, e o que as impulsiona e atrai é a sua causa final de existir, como o primeiro-motor imóvel impulsiona a existência de tudo o que é (e, no fim, também é a causa final de existirmos). A causa final e o primeiro-motor móvel não estão lá empurrando o embrião para que ele se divida, nem empurrando ele pra que se forme o sistema nervoso ou pulmonar; eles atuam por via da atração. Todas essas transformações que ocorrem já estão dadas na substância do ser humano e, mais uma vez, são assim porque nós fomos criados para exercermos as nossas capacidades superiores. A partir do momento em que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, depois do ato sexual, então é aí mesmo que se dá o início da vida, uma vez que já há em potência no embrião a forma humana que ele irá atingir na maturidade. O embrião contém a essência do que é ser humano, assim como a criança, o jovem, o adulto e o velho. Em todas essas fases a essência do ser humano é a mesma - e todas essas possibilidades se tornaram possíveis na realidade porque na essência mesma de nós elas já estavam contidas. Então, tendo em vista que a sua ciência lida apenas com causas eficientes, a única conclusão possível a se chegar é a de que se, por ações deliberadas, a mulher conscientemente pratica uma conduta que visa interromper esse processo, ela está impedindo que um ser humano substancial venha a se desenvolver plenamente e possa realizar todas as potências que carrega em si. Se, no caso, como eu vi que um de vocês citaram a possibilidade do feto vir a ser anencéfalo, a mulher interromper o processo de gravidez, esse ato dela não foi o que causou o impedimento do desenvolvimento do ser humano substancial, uma vez que este não irá realizar todas as suas potências porque não possui cérebro. Logo, após constatado que o feto realmente não possui cérebro e que não irá atingir a maturidade, não se pode dizer que a conduta do aborto que foi a causa eficiente da interrupção do processo de sua maturação." 2º - Eu sou pessoalmente contra à pena de morte, mas o argumento que usam de há uma diferenciação ética no tratamento de um criminoso que sofre a pena de morte e a de um fato que não cometeu nenhuma conduta criminosa é simplesmente "JENIAL", pra não dizer estúpida. Uma regra ética só é válida se aplicada para todos, logo, o criminoso só seria condenado a pena de morte - no caso de ela ser válida num determinado território - após a prática da conduta penal. O feto simplesmente não foi condenado a morte porque, adivinhem "JÊNIOS" ele não praticou nenhuma conduta criminosa. Quando ele se desenvolver e atingir a maturidade, e após isso ele vier a praticar uma conduta criminosa, a norma penal seria igualmente válida pra ele como seria pra qualquer um que viesse a incorrer na mesma situação. O criminoso, até não praticar o tipo penal apenado de morte, não estava condenado a ela, assim como o feto também não estava. Assim como se o feto conscientemente, por absurdo dos absurdos e extrapolando qualquer senso de razoabilidade na imaginação de hipóteses desproporcionadas, comesse os órgãos internos da mãe e disso decorresse a morte dela também incorreria na mesma pena da que a de um homicida qualquer. O fato de ser preciso explicar isso de trás pra frente e de frente pra trás já mostra que realmente o brasileiro sofre da maioria das deficiências da inteligência descritas por Feuerstein. Danilo Z reagiu a isso 1
Born4Run 2165 Postado Março 29, 2016 às 11:52 Postado Março 29, 2016 às 11:52 (editado) Não pretendo discutir, Mas...Johann Friedrich Miescher já sabia alguma coisa a respeito em pleno XIX. Spoiler Sou contra o aborto. Editado Março 29, 2016 às 16:05 por Born4Run
Danilo Z 2734 Postado Março 30, 2016 às 13:17 Postado Março 30, 2016 às 13:17 Em 28/03/2016 at 17:03, Faabs disse: Antes de discorrer sobre alguns pontos específicos é necessária uma observação prévia. Penso que o ideal é que não houvesse o aborto. Ele deve ser a decisão última da mulher. O ideal seria que em frente a um imprevisto a mulher tivesse suporte afetivo e material para lidar com uma gestação. Entretanto isto está longe de ser uma realidade. Portanto, talvez o que mais me preocupa neste tema é a LIBERDADE de opção da mulher, que não pode ser tolhida em nome de um absolutismo moral. Logo, não creio que o aborto seja a primeira opção da mulher. É uma decisão difícil, mas é um julgamento final que cabe som... mais mentiras...dados distorcidos...falácias... TUDO está explanado neste vídeo: e nesse : Estou esperando vc refutar o danilorf também, porque eu vc não consegue , seus dados são baseados em falácias...mentiras...dados distorcidos... besteiras... e notícias de mídia sem pé nem cabeça.
Este é um post popular. danilorf 2051 Postado Março 31, 2016 às 00:59 Este é um post popular. Postado Março 31, 2016 às 00:59 (editado) Atenção, em todos os momentos das minhas respostas nesse post, estou me dirigindo exclusivamente ao autor do texto, retirado, segundo nosso querido e cultíssimo faaps, desta fonte - Biliões e Biliões. Lisboa : Gradiva, 1998, p.180-196. Se vocês quiserem estender os xingamentos para que realmente leva a sério esses argumentos, como certas pessoas por aqui, façam por sua conta e risco. Eu nunca, de maneira alguma, faria isso. Vamos começar: Citar A humanidade gosta de pensar em termos de extremos opostos. É dada a formular as suas convicções em termos de ou-ou, entre os quais não identifica possibilidades intermédias. Quando se vê obrigada a reconhecer que não é possível influenciar os extremos, continua inclinada a defender que em teoria eles têm razão, mas que, quando se trata de questões práticas, as circunstâncias nos empurram para o compromisso. JOHN DEWEY, Experiência e Educação, I (1938) Citar A questão tinha sido decidida anos antes. O tribunal tinha optado pela posição intermédia. Pensou-se que a luta tinha acabado. Em vez disso, há comícios gigantescos, ataques à bomba e intimidações, assassínios de trabalhadores de clínicas de aborto, prisões, intensas acções de sensibilização de órgãos do poder, dramatização legislativa, audições no Congresso, decisões do Supremo Tribunal, grandes partidos políticos que quase se definem em função da questão e clérigos que ameaçam os políticos com o inferno. Os que são a favor brandem acusações de hipocrisia e crime. Invoca-se do mesmo passo a intenção da Constituição e a vontade de Deus. Exibem-se argumentos duvidosos como se fossem certezas. As facções em confronto fazem apelo à ciência para reforço das suas posições. As famílias dividem-se, marido e mulher concordam em não discutir o assunto, velhos amigos deixam de se falar. Os políticos consultam as sondagens mais recentes em busca de ditames de consciência. No meio de tanta gritaria, os adversários mal conseguem ouvir-se. As opiniões polarizam-se. As mentes fecham-se. 1 – Legal, já começa citando John Dewey. O cara que começou as reformas educacionais nos EUA na década de 60. Detalhe, a partir dessa data, o índices das escolas de lá despencaram. Leiam Maquiavel Pedagogo e vão entender que tipo de “educação” ele propõe. Apenas indução comportamental por meio de técnicas psicológicas e lavagem cerebral. Citar Será errado abortar uma gravidez? Sempre? Às vezes? Nunca? Como decidir? Escrevemos este artigo para melhor compreendermos os pontos de vista em confronto e para vermos se conseguíamos chegar a uma posição que satisfizesse a ambos. Não há meio termo? Tivemos de avaliar a consistência dos argumentos de ambos os lados e apresentar casos para teste, alguns dos quais meramente hipotéticos. Se no caso de alguns desses testes dermos a idéia de que vamos longe de mais, pedimos ao leitor que tenha paciência conosco — o que queremos é forçar as várias posições até ao ponto de ruptura para lhes detectarmos os pontos fracos e ver onde falham. 2 – Não é necessário fazer nenhum comentário ainda. Citar Nos momentos de meditação, quase toda a gente reconhece que a questão não é totalmente unilateral. Verifica-se que muitos defensores de pontos de vista diferentes sentem algum desconforto quando se confrontam com o que está na base dos argumentos opostos. (É em parte por isso que se evitam esses confrontos.) E não há dúvida de que o problema toca em questões de fundo: quais são as nossas responsabilidades para com os outros e vice-versa? Devemos permitir que o Estado se intrometa nos aspectos mais íntimos e pessoais das nossas vidas? Onde estão os limites da liberdade? O que significa ser humano? 3 – Idem 2. Citar Dos muitos pontos de vista existentes, a idéia generalizada — em especial na comunicação social, que raramente tem tempo ou vontade de fazer distinções subtis — é a de que só há dois: "pró-escolha" e "pró-vida". É assim que gostam de ser chamados os dois principais campos beligerantes, e é assim que vamos chamar-lhes aqui. Na caracterização mais simplista, um pró-escolha defenderá que a decisão de abortar uma gravidez só pertence à mulher, que o Estado não tem direito a interferir. E um pró-vida defenderá que, a partir do momento da concepção, o embrião ou feto tem vida, que essa vida impõe a obrigação moral de a preservar e que aborto é igual a crime. Ambos os nomes — pró-escolha e pró-vida — foram escolhidos com a intenção de influenciar aqueles que ainda estão indecisos: não há muita gente disposta a ser considerada contrária à liberdade de escolha ou oposta à vida. Com efeito, liberdade e vida são dois dos valores mais queridos, mas aqui parecem estar em conflito irredutível. 4 – Na verdade os ‘pró-escolha’ argumentam justamente que a vida não se dá na concepção do feto e por isso a liberdade de escolha. Então, sim, só é possível duas posições nessa questão: ou você acha que o início da vida se dá na concepção, ou você diz que não e relativiza o aborto até determinado período com base em alguma das teorias “científicas” existentes sobre o início da vida. Entre algumas dessas teorias temos as seguintes: a) Teoria concepcionista (detalhe, essa não me parece ser a corrente da teoria da concepção filosófica, que eu já falei um pouco sobre, uma vez que se atém apenas aos aspectos legais da lei; também não é uma corrente científica): Para os adeptos dessa teoria, a vida humana é amparada juridicamente desde o momento da fecundação natural ou artificial do óvulo pelo espermatozóide, cujo amparo legal seria encontrado nos artigos 2º, CC/02 (art. 4º CC/16); e 124 a 128 do CP. b.) Teoria embriológica: Por essa teoria, a vida começa na 3ª semana de gestação, quando o embrião adquire individualidade. Essa visão permite o uso de contraceptivos como a pílula do dia seguinte. c) Teoria neurológica: Aplica a definição de morte para marca o início da vida: se a morte é o fim das ondas cerebrais, então vida é o início dessa atividade, o que ocorreria somente após a 8ª semana de gestação. d) Teoria da nidação: A vida começa com a fixação do embrião no útero – o único ambiente em que se poderá desenvolver. Como a nidação só acontece a partir do 40º dia, essa é uma visão bastante defendida por pesquisadores de células-tronco em embriões congelados. e) Teoria ecológica: A vida começa quando o feto pode viver fora do útero. Para isso, é preciso que os pulmões estejam prontos, o que ocorre por volta da 25ª semana de gestação. f) Teoria fisiológica: A vida humana começa quando o indivíduo nasce e se torna independente da mãe, com seu sistema circulatório e respiratório. g) Teoria metabólica (essa já está mais voltada para o aspecto filosófico da coisa, apesar de levar a exageros e absurdos, como a de um certo idiota que eu li por aí, dizendo que punheta é aborto e querer comparar um hipotético inicío da vida em geral – portanto, do ser, filosoficamente – com um início concreto e definido da vida de um ser humano): A vida é um processo contínuo. Portanto, não faz sentido discutir seu início já que o óvulo e o espermatozóide são apenas o meio da cadeia vital. h) Teoria do reconhecimento: A vida começa quando o ser humano reconhece a diferença entre si e os demais, mas o que se daria ao longo dos primeiros meses após o nascimento. Da problematização porca (e que não existe, na verdade) que esse cara quis fazer já dá pra ver o nível do rapaz. Analisemos separadamente cada uma destas posições absolutistas. Um bebê recém-nascido é seguramente o mesmo ser que era imediatamente antes de nascer. Há boas provas de que um feto em fim de período responde ao som — inclusive à música, mas especialmente à voz da mãe. É capaz de chuchar no dedo ou dar uma cambalhota. De vez em quando gera ondas cerebrais de adulto. Há pessoas que se lembram do seu nascimento, ou mesmo do ambiente uterino. Talvez no ventre se pense. É difícil defender que no momento do parto se dá abruptamente uma transformação em pessoa plena. Assim sendo, será aceitável que seja crime matar uma criança no dia a seguir a ter nascido e não no dia antes de ter nascido? Citar Em termos práticos, isso não é muito importante: menos de 1% de todos os abortos constantes dos registros nos Estados Unidos terão ocorrido nos três últimos meses de gravidez (e, quando analisados em mais pormenor, a maior parte deles resultam de perda involuntária ou erro de cálculo). Mas os abortos no 3.º trimestre constituem um teste aos limites da posição pró-escolha. O "direito natural da mulher a dispor do seu próprio corpo" incluirá o direito a matar um feto em fim de tempo, que é, para todos os efeitos e fins, idêntico a uma criança recém-nascida? Citar Estamos convencidos de que esta questão assalta, pelo menos de vez em quando, muitos dos defensores da liberdade de reprodução. Mas têm relutância em suscitá-la porque ela é o princípio de uma encosta escorregadia. Se não é permissível abortar uma gravidez que vai no nono mês, que dizer do oitavo, sétimo, sexto...? Se aceitarmos que o Estado possa interferir numa altura da gravidez, não decorrerá daí que o Estado pode interferir sempre? 5 – Prestem bem atenção onde ele vai chegar logo no começo do próximo parágrafo. Citar Isto faz levantar o espectro de legisladores, predominantemente homens, predominantemente ricos, a dizerem a mulheres pobres que têm de dar à luz e criar sozinhas filhos que não podem sustentar, a obrigarem raparigas a darem à luz filhos para os quais não estão emocionalmente preparadas, a dizerem a mulheres com aspirações a uma carreira que têm de abdicar dos seus sonhos, ficar em casa e criar filhos e, o que é o pior de tudo, a condenarem vítimas de violação e incesto a levarem por diante e alimentarem o filho de quem contra elas atentou(*). As proibições do aborto pela via legislativa suscitam a suspeita de que a sua real intenção seja controlar a independência e a sexualidade das mulheres. Por que hão-de os legisladores terem algum direito de qualquer espécie de dizer às mulheres o que podem fazer com o seu corpo? Privá-las da liberdade de reprodução é humilhá-las. As mulheres estão fartas de humilhações. (*) Dois dos mais fervorosos arautos do pró-vida de todos os tempos foram Hitler c Estaline — que logo que chegaram ao poder criminalizaram o aborto, até então legal. Mussolini, Ceausescu e inúmeros outros ditadores nacionalistas fizeram o mesmo. É claro que isto não constitui por si só um argumento a favor da escolha, mas é, pelo menos, um alerta para a possibilidade de a posição contrária ao aborto nem sempre ser sinônima de um profundo respeito pela vida humana. 6 - Ideologia travestida de ciência. Primeiro, mulheres votam nos legisladores e podem se candidatar à serem legisladoras também. Há muito tempo que isso é assim. Portanto, a maioria dos legisladores serem não é nenhum tipo de imposição que possa ser sequer alegada como argumento contrário ao aborto, só visa endossar a narrativa feminista de uma opressão patriarcal inexistente. Veja a forma ridícula que ele argumenta em favor do aborto, portanto “pró-escolha”, mesmo tendo dito que iria analisar a coisa sob uma terceira via que não a “pró-escolha” ou a “pró-vida”, vejam o viés ideológico que o autor do texto não conseguiu esconder logo no início do texto. Segundo, tomando o caso do Brasil, por exemplo, você pode dizer a posição contra o aborto é sexista, uma vez que, segundo pesquisas, 7 em cada 10 pessoas são contra essa prática, e que as classes mais pobres que esse imbecil diz defender são justamente as que são mais avessas à isso, até mesmo nos casos em que há estupro? Vejam: Citar “A agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research acaba de divulgar uma pesquisa mostrando que o Brasil está longe da fama de libertário que o País tem pelo mundo. Segundo o levantamento feito com mil pessoas com mais de 16 anos em 70 cidades de todas as regiões e classes sociais, sete em cada dez brasileiros são contra a qualquer forma de aborto. Percentualmente, esse número se traduz em 72% dos entrevistados se posicionando contra a medida. Somente 15% deles se colocam a favor. Mas o dado mais chocante da pesquisa é outro: 44% dos brasileiros são contra o aborto nos casos em que a mulher foi estuprada. Mostrando uma divisão de opinião em relação ao tema, 44% são favor da medida em casos de vítimas dessa grave violência. Nas classes D e E se encontram as pessoas mais avessas ao aborto (51% em casos de estupro e 75% em qualquer situação). No recorte da pesquisa por idade, a população mais jovem apresenta uma posição mais progressista. Entre os mais velhos, o sentido é inverso. Fonte: http://delas.ig.com.br/comportamento/2015-05-07/44-dos-brasileiros-sao-contra-o-aborto-em-caso-de-estupro-diz-pesquisa.html” Citar “Legalização do aborto: 79% são contra, segundo pesquisa nacional do Ibope. Fonte: http://www.tribunahoje.com/noticia/130699/cidades/2015/02/01/legalizaco-do-aborto-79-so-contra-segundo-pesquisa-nacional-do-ibope.html” Terceiro, olha só que coincidência. Exatamente esses dias eu copiei um excerto do Olavo comentando a subversão moral e espiritual que acontece em países com regimes democráticos-liberais que não pregam abertamente a intolerância à religião, em oposição ao que ocorreu em países que sofreram nas mãos de governos totalitários que lutaram abertamente contra ela. Vou colar aqui de novo: Citar "[...]ele acaba se colocando, meio às tontas, a serviço da causa que mais nitidamente caracteriza a política do Anticristo sobre a Terra: investir o Estado de autoridade espiritual, restaurar o culto de César, banir deste mundo a liberdade interior que é o reino de Cristo. Essa causa é geralmente associada ao comunismo. Mas ela foi incorporada pelas três formas do Estado moderno: comunista, nazifascista e liberal. As três procuraram com igual afinco substituir-se à Igreja na condução espiritual dos povos: a primeira, pela violência física e psicológica, proibindo cultos, fuzilando religiosos, institucionalizando nas escolas o ensino do ateísmo, fechando templos, nomeando cardeais biônicos para ludibriar os poucos fiéis restantes. A segunda, de maneira ainda mais ostensiva, pelo culto obrigatório da Nação e do Estado. Mas o Estado liberal, que professa nominalmente a liberdade religiosa, é dos três o mais eficiente no combate à religião, como se vê pelo fato de que as massas, tendo conservado sua fé religiosa sob a opressão nazifascista e comunista, facilmente cedem ao apelo das “novas éticas” disseminadas pela indústria de espetáculos nas modernas democracias, e abandonam, junto com a religião, até mesmo os preceitos mais óbvios do direito natural: exercendo livremente seus “direitos humanos” sob a proteção do Estado democrático, as mulheres que praticam nos EUA um milhão e meio de abortos por ano logo terão superado as taxas de genocídio germano-soviéticas. Muito mais eficiente do que a tirania de Hitler e Stálin é o regime que, legalizando e protegendo todas as exigências tirânicas e autolátricas de cada ego humano, produz milhões de pequenos Stálins e Hitlers. De outro lado, compensando astuciosamente o desequilíbrio que a liberação desenfreada dos desejos poderia causar, o Estado neoliberal produz novos códigos repressivos que, descarregando a reação violenta do superego em alvos moralmente inócuos (o fumo, os beijos roubados, as cantadas de rua, o machismo, o vocabulário corrente, as piadas), dão um Ersatz de satisfação ao impulso natural da moralidade humana, impedindo-o de expressar-se numa condenação frontal de um estado de coisas marcado pela impostura obrigatória e universal. Uma sociedade, com efeito, que pune um olhar de desejo e dá proteção policial ao assassinato de bebês nos ventres das mães é, de fato, a mais requintada monstruosidade moral que a humanidade já conheceu. É claro, ademais, que o Estado neoliberal não faz isso por meios ditatoriais, mas com o apoio e até por exigência dos eleitores no pleno gozo de seu direito de exigir e legislar. Pairando acima de todos, sem nada impor, ele apenas regula sabiamente os conflitos de interesses, que, excitados até à exasperação pelo estímulo incessante ao espírito reivindicatório, só se tornam governáveis mediante o nivelamento por baixo, que termina pela instauração da moral invertida. É claro, ademais, que toda nova reivindicação resulta em novas leis, que cada nova lei resulta em nova extensão da burocracia governante, fiscal e judiciária, e que, assim, passo a passo, movido pela dialética infernal do reivindicacionismo, o Estado, sem deixar de ostentar o prestígio da lenda democrática, acaba por se imiscuir em todos os setores da vida humana, por regulamentar, fiscalizar e punir até mesmo olhares, risos e pensamentos. E, no instante em que regula a vida interior dos indivíduos, eis que o Estado neoliberal, enfim, cumpre à risca o programa hegeliano, instaurando-se como suprema autoridade espiritual, moral e religiosa, reinando sobre as almas e as consciências com o novo Decálogo dos direitos humanos e do politicamente correto. Beaux draps que constituem a essência da herança hegeliana." - Olavo de Carvalho - O jardim das Aflições, 3ª Edição Vide Editorial. Continuando com o artigo em questão... Citar E, no entanto, por consenso, todos pensamos que deve haver leis contra, e penas para o homicídio. Seria fraca defesa se o homicida alegasse que o que fez foi entre ele e a vítima e o Estado não tinha nada a ver com isso. Se matar um feto é efectivamente matar um ser humano, não será obrigação do Estado preveni-lo? Uma das funções primordiais do governo é efectivamente proteger os fracos dos fortes. Se não nos opusermos ao aborto em alguma fase da gravidez, não haverá o perigo de desprezarmos uma categoria inteira de seres humanos por indignos da nossa protecção e respeito? E não será esse desprezo o timbre do sexismo, do racismo, do nacionalismo e do fanatismo religioso? Não deverão aqueles que se dedicam à luta contra tais injustiças ter um cuidado escrupuloso para não pactuarem com outra injustiça? 7 – Olha só o salto que o infeliz tenta dar nesse pedaço: ele começa falando que se a pessoa não se opõe ao aborto em uma fase determinada durante a gravidez, uma categoria inteira de seres humanos não estaria protegida (aqueles que não tivessem atingido uma determinada maturidade estariam sujeitos ao aborto). Daí ele interroga se isso não um desprezo imotivado, sexista (já foi comentado sobre a narrativa feminista que o autor tenta usar aqui), racista, nacionalista e fundamentalismo religioso. Ele com certeza quer jogar a questão pra uma falsa oposição entre fé e ciência e colar na religião outros adjetivos como racista, nacionalista e coisas do tipo. Mas se você para pra analisar a coisa, a mesma pseudo-ciência que esse cara usa foi a que foi usada pra criar a teoria de raça que Hitler usou pro extermínio de judeus. Durante a história, a evolução da ciência, em grande parte, apenas criou justificações e meios para que determinados indivíduos controlassem outros. Não lembro se já cheguei a comentar isso aqui, mas algum filósofo escolástico já dizia que o conhecimento da existência de Deus não é matéria de fé; é matéria de conhecimento. Essa oposição inexistente começou na modernidade com o surgimento dos “filósofos” modernos como Newton, Descartes, Galileu, Francis Bacon, Giordano Bruno e etc. Eles confrontaram intelectualmente a igreja dizendo que a sua autoridade (a dos “filósofos”) não se baseava em uma fé irracional e que estaria apenas no campo das idéias. A igreja que já estava ficando debilitada intelectualmente naquele período, simplesmente não conseguiu transcender a situação e compreender o que estava em jogo, e acabaram caindo na besteira de acusar os caras de ateístas – o que não fazia a menor diferença para eles, até ajudava – e discutir as “filosofias” deles seriamente. O discurso da modernidade e do iluminismo é de que essa seria uma época de progresso, conhecimento racional, liberdade humana e libertação espiritual do homem frente à igreja. Mas analisando a coisa profundamente, não se atendo ao discurso de auto-justificação dos integrantes desse movimento, vemos que a coisa foi totalmente inversa. O tal do conhecimento racional que eles bradavam aos quatro cantos não passava de uma mistificação. No início da modernidade e com a reforma protestante o ocultismo e o esoterismo se alastraram pela Europa. O protestantismo começou a usar de técnicas astrológicas para tentar interpretas as profecias bíblicas e criar uma tradição religiosa independente a da igreja católica, e daí os estudantes de humanidades (ou seja, de autores da antiguidade, latinos e gregos) gostaram da coisa e também começaram a entrar na putaria. Engraçado que, durante a idade média, a igreja católica condenava abertamente a prática do horoscopismo, apesar de reconhecer que o fenômeno das influências dos planetas (corpos maiores) nos seres da terra (corpos menores) existir, mas não chegando a aprofundar a questão. Newton, que teve contribuições pontuais para a ciência da física com a descoberta da lei da gravidade (a da inércia não, porque ela já estava dada em Aristóteles, e não contradiz em nenhum sentido a teoria do repouso deste), tentou integrar essa e outras descobertas pontuais em um sistema metafísico criado por ele, que buscava justificar a existência de um Deus unitário, mais ou menos aos moldes do Deus islâmico. Para isso, além da física, que foi a menor parte do trabalho dele, ele escreveu muitas coisas mais sobre alquimia, astrologia e tudo o que seria considerado “irracional” hoje. Mais ainda, todo esse sistema metafísico dele era um lixo. Mas uma coisa ele não teve culpa, a filosofia mecanicista não foi ele que criou realmente. Alguns “jênios”, entusiasmados com algumas invenções mecânicas da época como o relógio, começaram a fazer uma analogia do universo como sendo idêntico à uma máquina. Pegaram alguns pedaços do que Newton escreveu, e criaram essa aberração – que é mais ou menos dizer que tudo no universo tem um fundamento físico-mecânico e pode ser analisado atomisticamente. Descartes também cria um monte de aberrações como a “dúvida integral” que é uma experiência impossível de ser realizada – e que foi falsificada; ele tentou dar ares científicos à coisa, mas tudo não passou de um sonho que ele teve com o capeta que fez com que ele duvidasse de tudo; engraçado que nas cartas pessoais dele, ele mesmo diz que Deus não faria uma coisa ruim como um coisa que o capeta sugeriu para ele - e o “cogito ergo sum”, que é a mesma coisa que dizer que se nada existisse além de você pensando isso seria verdade, ainda que nem mesmo o universo existisse. Nele já se tem as raízes do subjetivismo e do relativismo que ainda hoje contaminam as cabeças de certos faaps. Bacon, o suposto inventor da ciência moderna, copia Aristóteles letra por letra, ou então ataca espantalhos deste para depois dizer o que o grego já havia dito e sair com ares de inovação. Galileu no final da vida reconheceu a posição de São Roberto Belarmino de que, realmente, a questão geocentrismo e heliocentrismo era muito relativa e que dependia da escala em que você enfocasse os corpos celestes, uma vez que você não sabe onde há um ponto fixo no universo com a maior massa de todas e na qual tudo gira em torno. Outra coisa, toda a polêmica com a igreja se deu justamente por que ele começou a tirar consequências teológicas disso. A partir do momento que ele reconheceu publicamente o erro, foi deixado em paz para continuar fazendo o que sempre fez. Ele era sobrinho do papa, ninguém acreditava que algo iria acontecer com ele, foi mais uma manifestação pró-forma. Giordano Bruno nunca teve as publicações científicas censuradas mas, a partir do momento em que começou a tirar conseqüências teológicas e querer interferir na doutrina católica e, mesmo advertido não cessou a conduta, acabou sendo queimado na fogueira. Por fim, um dos grandes filósofos da humanidade já disse que a passagem da idade média para a idade moderna foi caracterizada com a queda das discussões filosóficas e intelectuais para um nível pueril. Outra coisa muito interessante de se notar desse período é que os defensores da liberdade da época, principalmente os iluministas franceses, não acreditavam que ela realmente existia. Você percebe que todo mundo acreditava num tipo de determinismo fisiológico e psicológico irrevogável, o que é incompatível com a idéia de liberdade. E também que esses iluministas franceses estavam plenamente conscientes disso, porque em suas cartas pessoais, Voltaire dizia aberta e claramente que ele mentia, e que era preciso mentir sempre e sistematicamente como um diabo. Diderot também rachava o bico nas cartas pessoais dele contando das suas mentiras sobre a estória que ele inventou da monja que supostamente foi presa pela igreja católica num convento. Ele sabia que ela tinha as chaves e poderia sair de lá a hora que quisesse. Depois foi descoberto que durante a revolução, ela ficou no local para defender a igreja e acabou sendo morta pelos revolucionários. Mas acontece que todas essas coisas foram varridas para debaixo do tapete. Uma era que supostamente foi uma era iluminada, foi o oposto disso. Foi uma época em que surgiram diversas pseudo-ciências e teorias pseudo-científicas com base em doutrinas esotéricas e ocultistas como a teoria da evolução do próprio Darwin, que foi baseado em uma doutrina esotérica do tio-avô dele. E gente imbecil como certas pessoas do fórum ficam cagando regra sobre a autoridade da ciência; fé vs. religião; e toda essa baboseira que foi inventada durante aquele período. Citar Em nenhuma sociedade à face da Terra há hoje, nem nunca houve em tempo algum (com poucas e raras excepções, como os Jainas da Índia), direito à vida: criamos animais domésticos para matança; destruímos florestas; poluímos rios e lagos até ao ponto de os peixes não conseguirem lá viver; matamos veados e alces por desporto, leopardos pela pele e baleias para adubos; aprisionamos golfinhos, que arfam e se debatem, em grandes redes de atum; espancamos até à morte crias de focas; extinguimos uma espécie por dia. Todos estes animais e vegetais são tão vivos como nós. O que (supostamente) é protegido não é a vida, mas sim a vida humana. 8 – Sim, jênio, a questão do aborto gira justamente em torno da vida humana, e não da vida dos animais ou vegetais. Veja o ponto de debilidade mental do sujeito. Nesse parágrafo esta lançado as sementes da relativização da vida humana em comparação com a de animais e vegetais. Não vou entrar em detalhes sobre isso, mas qualquer frentista de posto iria dar risada de um sujeito que falasse isso para ele. Citar E mesmo com tal protecção o homicídio não premeditado é um lugar-comum na vida urbana e travamos guerras "convencionais" saldos de vítimas tão terríveis que quase todos nós temos medo de pensar nisso a fundo. (É significativo que as chacinas organizadas pelos Estados sejam normalmente justificadas pela reclassificação dos nossos adversários — por questões de raça, nacionalidade, religião ou ideologia — como sub-humanos.) Essa protecção, esse direito à vida, ignora as 40 000 crianças com menos de 5 anos que morrem diariamente de fome, desidratação, doença e negligência no nosso planeta e que podiam ser, todas elas, evitadas. 9 – Seguindo o raciocínio desse idiota até as últimas consequências, se o homicídio é lugar-comum na vida, deveríamos legalizar, já que ele acontece. Mas o que ele quis dizer mesmo foi que, “olha só homicídios são normais, acontecem; guerras também acontecem e ninguém fica chocado com isso, as criancinhas pobres também morrem de fome e ninguém fala nada, e por que toda essa polêmica em cima do aborto?” Primeiro, já há penas para o homicídio, e ninguém acredita que ele vá deixar de existir por haver a punição, o que não significa que ele deve deixar de ser punido. Segundo, as maiores guerras que a humanidade teve foram criadas por grupos políticos que basearam suas ideologias com elementos científicos. As guerras religiosas de todas as épocas da história da humanidade não chegaram perto da quantidade de pessoas mortas por regimes ateus em períodos de paz e guerra causadas por esses mesmos regimes. Segundo, ninguém acha que o aborto vai acabar só porque ele é punido criminalmente, mas isso não significa que ele deva ser liberado e deixar de ser punido, assim como no caso de homicídio. Vocês percebam que aqui nesse pedaço é possível distinguir uns traços de gnosticismo, de que a existência é um mal em si mesma, incognoscível e hostil (essa é uma experiência básica que gera várias doutrinas gnósticas, e que com o decorrer dos séculos culminou com a revolta contra a realidade e os movimentos de massa revolucionários); e que, abortando, estaríamos poupando seres humanos que viessem a existir de sofrerem. Essa experiência aparece para nós bem cedo em nossas vidas, mas para explicar isso eu tenho que falar rapidamente de outra coisa. Eu não sei ao certo se foram os escolásticos que disseram isso, mas o ser humano possui três níveis em que ele forma juízos acerca das coisas. O primeiro é o juízo da percepção sensível. Os órgãos sensoriais captam os dados sensíveis do universo (cor, paladar, cheiro, tato, som) e a partir deles eles formam um juízo do objeto ser totalmente agradável e totalmente desagradável (obviamente, estes sendo extremos opostos de uma escala). Poderíamos aprofundar a questão e discutir como o ser humano reconhece a unidade de um objeto por meio dos variados estímulos sensíveis que ele emite, uma vez que cada um deles é percebido por um órgão sensorial diferente e que é incomunicável com o objeto de percepção dos outros órgãos. Por exemplo, você vê um cachorro e ouve ele latir. Como você saberia que o cachorro que você está vendo é o mesmo cachorro que late? Você percebe a figura do cachorro com os olhos e o som que ele emite com os ouvidos, mas cada um desses dados captados são incomunicáveis entre si – o olho não pode captar o som, e o ouvido não pode captar uma imagem. A função que capta essa unidade dos objetos do mundo se chama imaginação. Não vou aprofundar aqui, talvez depois em outro tópico. O segundo nível de juízo da estimativa. Ele nos informa sobre presenças que não estão materialmente e presentemente corporificadas num objeto, mas que estão em iminência (ou latência) de acontecer, ou da utilidade que esses objetos podem ter com vistas a determinado fim prático, sem levar em consideração o juízo de agradável-desagradável da percepção sensorial. Como exemplo do juízo da estimativa, podemos citar o exemplo do copo e o do cachorro: quando você vê um copo bem num campo da mesa, você percebe que ele vai cair, mesmo que ele não tenha caído ainda; ou então quando você vê um cachorro vindo em sua direção rosnando, você percebe que ele está na iminência de te atacar, mesmo que não tenha atacado ainda. Como exemplo do juízo da utilidade é só pensarmos em uma ferramenta qualquer: ela não necessariamente é bonita ou agradável em nenhum aspecto sensorial, mas nos é útil para consertar as coisas. Aqui fazemos um juízo de útil ou não-útil, hostil ou não. Por último temos o juízo da inteligência, que se refere ao juízo que fazemos de bom ou mau acerca dos entes do ser, abstratamente. Os dois juízos anteriores se referem a objetos concretos e individuais. Aqui julgamos coisas como a amizade em abstrato. A amizade é boa ou má? A amizade em si é boa, pode ser que você tenha feito um julgamento errado e considerado algum inimigo como amigo. Enxergar é bom ou ruim? Enxergar só pode ser bom. Reparem que todos esses juízos dependem de uma relação entre sujeito e objeto. E que, ainda que em muitos casos, principalmente nos casos do juízo da percepção sensorial e da estimativa, muitas coisas vão ser relativas. No juízos da inteligência há coisas que são relativas também, mas mesmo assim há relações que são universais e imutáveis. Acontece que quando nós nascemos, nós imediatamente começamos a perceber o mundo a nossa volta, e imediatamente fazemos juízos sobre as coisas que nos rodeiam. Mas não possuímos nenhum conceito de bom ou mal, agradável ou desagradável, útil ou não, hostil ou não. Nós percebemos que nós existimos dentro de um universo que não depende de nós, e que existimos junto com outras coisas. Mas ainda que não tenhamos nenhum conceito na cabeça, nós jogamos todas as experiências que temos para a inteligência, e acabamos tendo uma noção de que existir pode ser bom (quando temos experiências agradáveis) ou ruim (quando temos experiências desagradáveis). E, obviamente, isso é errado, mas é uma confusão que todos os bebês, sem exceção fazem e pouquíssimas pessoas conseguem escapar disso durante a vida. Só para deixar claro, quando bebês, percebemos o existir e as coisas que nos afetam de uma maneira agradável ou não, mas por não termos conceitos formados em nossas cabeças, nós fazemos um juízo de inteligência sobre o existir em si. Só depois que percebemos que nem sempre o agradável é bom e o desagradável é ruim, e assim também com a descoberta dos conceitos dos outros juízos. Mas algumas pessoas acabam ficando presas nessa experiência inicial de que a existência em si é má, e isso é a origem de todo o gnosticismo. A existência em si não pode ser boa e nem má, no sentido do juízo da inteligência. Existir é indiferente. Mas em última análise, o existir em si só pode ser bom, porque algo que não existe não pode alcançar as coisas boas que existem. Logo, para você alcançar algo bom que exista, você precisa existir também. Enfim, viajei demais, mas deu para entender. Citar Aqueles que afirmam um "direito à vida" são (quando muito) a favor, não de toda e qualquer manifestação de vida, mas sim a favor — em particular e exclusivamente — da vida humana. Por isso, também eles, tal como os que são pró-escolha, têm de decidir o que distingue o ser humano dos outros animais e quando surgem, durante a gestação, as qualidades exclusivamente humanas — sejam elas quais forem. 10 – Olha só, jegue, é realmente preciso dizer o que distingue um ser humano de um animal? Talvez você, por ser um animal, não consiga reconhecer a diferença entre um e outro, mas eu, como ser humano, consigo distinguir perfeitamente. O ser humano é o único ser no universo que tem a consciência da própria consciência e da eternidade, mesmo tendo uma vida limitada dentro dessa eternidade. E que, a causa final de existir do ser humano é exercer suas capacidades intelectuais e espirituais, a dos outros animais, não. Toda e qualquer transformação que ocorre no ser humano já está em sua substância e ela é impulsionada (não no sentido de estar lá empurrando, funcionaria mais como uma via de atração) por essa causa final. Aqui eu vou colar de novo o que eu escrevi sobre Aristóteles e o surgimento da vida humana: Citar “A ciência não tem autoridade nenhuma pra dizer quando se dá ou não o início da vida. NENHUMA. A ciência apenas descreve o fenômeno da gravidez. Ela é DESCRITIVA. Ela não responde o porquê de nada, ela não chega a essência do ser de nada. E, ainda que a ciência tivesse alguma autoridade mínima pra se manifestar sobre o assunto, essa autoridade seria diluída entre as diversas teorias que existem hoje: uma diz que o ínicio da vida se dá na 3ª semana, outra diz que se dá com a nidação do embrião no útero, outra diz que se dá quando se forma o sistema nervoso, ainda outra diz que se dá quando o sistema pulmonar está completo... Então, só dessa confusão de teorias científicas já dá pra ver que a ciência em si não pode ser o critério pra julgar a validade das teorias científicas existentes. Se Aristóteles saísse do túmulo dele e visse o que todos os cientistas disseram a respeito do início da vida, ele simplesmente diria: - Véi, deixa de ser animal. Vocês cientistas estão apenas descrevendo COMO se dá o processo da gravidez, ou seja, vocês estão lidando apenas com causas eficientes. É óbvio que se o embrião não se fixar no útero não haverá vida humana, simplesmente porque isso é um passo necessário para que o processo de evolução do embrião para o feto ocorra; do mesmo jeito que se o pulmão ou o sistema nervoso não se formarem, uma vez que nenhum ser humano sem sistema nervoso ou sem pulmão saiu por aí andando. Todas essas etapas do processo de gravidez são causas eficientes dela. E você, seu cientista de pensamento cartesiano energúmeno, me pergunta: mas então, se não há um ponto em que eu possa dizer que a partir de momento 'x' o embrião tem vida, como eu explico o início dela? E eu te respondo, idiota, que primeiro você deve ter em mente que a essência (ou substância) do ser humano é como se fosse um logarítimo que já contém todas as formas possíveis que ele vai (ou pode) atingir no decorrer da sua vida. E que também, a causa final da existência do homem é exercer as faculdades superiores mentais e espirituais. Todas as transformações que ocorrem, desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, até a sua morte já estão dadas na essência do homem, e o que as impulsiona e atrai é a sua causa final de existir, como o primeiro-motor imóvel impulsiona a existência de tudo o que é (e, no fim, também é a causa final de existirmos). A causa final e o primeiro-motor móvel não estão lá empurrando o embrião para que ele se divida, nem empurrando ele pra que se forme o sistema nervoso ou pulmonar; eles atuam por via da atração. Todas essas transformações que ocorrem já estão dadas na substância do ser humano e, mais uma vez, são assim porque nós fomos criados para exercermos as nossas capacidades superiores. A partir do momento em que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, depois do ato sexual, então é aí mesmo que se dá o início da vida, uma vez que já há em potência no embrião a forma humana que ele irá atingir na maturidade. O embrião contém a essência do que é ser humano, assim como a criança, o jovem, o adulto e o velho. Em todas essas fases a essência do ser humano é a mesma - e todas essas possibilidades se tornaram possíveis na realidade porque na essência mesma de nós elas já estavam contidas. Então, tendo em vista que a sua ciência lida apenas com causas eficientes, a única conclusão possível a se chegar é a de que se, por ações deliberadas, a mulher conscientemente pratica uma conduta que visa interromper esse processo, ela está impedindo que um ser humano substancial venha a se desenvolver plenamente e possa realizar todas as potências que carrega em si. Se, no caso, como eu vi que um de vocês citaram a possibilidade do feto vir a ser anencéfalo, a mulher interromper o processo de gravidez, esse ato dela não foi o que causou o impedimento do desenvolvimento do ser humano substancial, uma vez que este não irá realizar todas as suas potências porque não possui cérebro. Logo, após constatado que o feto realmente não possui cérebro e que não irá atingir a maturidade, não se pode dizer que a conduta do aborto que foi a causa eficiente da interrupção do processo de sua maturação.” Continuando o artigo comentado... Citar Apesar das muitas afirmações em contrário, a vida não começa com a concepção: é uma cadeia ininterrupta que se estende quase até à origem da Terra, há 4,6 biliões de anos. E a vida humana também não começa na concepção: é uma cadeia ininterrupta que vem desde a origem da nossa espécie, há centenas de milhares de anos. Qualquer espermatozóide ou óvulo humano está, sem sombra de dúvida, vivo. Não são seres humanos, evidentemente. Mas o mesmo poderia dizer-se de um óvulo fertilizado. 11- Meu deus... ele não consegue nem distinguir que estamos falando do início de uma vida humana concreta no espaço e no tempo ao invés de um suposto surgimento da vida ou da existência como um todo (ou, filosoficamente, do ser). Sugiro o sujeito colocar um espermatozóide num prato e esperar nove meses e ver a evolução dele, ou até mesmo um espermatozóide dentro de um útero, sem ser fecundado com um óvulo. Eles, separadamente, não são nem seres humanos em potência, uma vez que não se desenvolvem espontaneamente, somente a partir do momento em que o óvulo é fertilizado, dando início a um processo que, se não sofrer interferências externas, vai invariavelmente resultar em um bebê. Citar Em certos animais, um ovo desenvolve-se até dar lugar a um adulto saudável sem necessitar de uma única célula de esperma. Mas isso não acontece, tanto quanto sabemos, entre os seres humanos. Um espermatozóide e um óvulo por fertilizar constituem em conjunto o mapa genético integral de um ser humano. Em certas circunstâncias, após a fertilização, podem desenvolver-se e dar um feto. Mas a maior parte dos ovos fertilizados abortam espontaneamente. O desenvolvimento para feto não está de modo nenhum garantido. Nem um espermatozóide e um óvulo separados, nem um óvulo fertilizado, são mais do que um bebé ou um adulto em potência. Por isso, se um espermatozóide e um óvulo são tão humanos como um óvulo fertilizado resultante da sua união, e se é crime destruir um óvulo fertilizado — apesar de não passar de um bebé em potência —, por que não há-de ser crime destruir um espermatozóide ou um óvulo? 12 – Ler 9, 10 e 11. Citar Centenas de milhões de células de espermatozóide (velocidade máxima com a cauda a abanar: 12 centímetros por hora) são produzidas, em média, numa ejaculação masculina. Um jovem saudável pode produzir em uma ou duas semanas espermatozóides suficientes para duplicar a população humana da Terra. Então a masturbação será homicídio cm massa? E as emissões nocturnas do sexo vulgar? Quando os óvulos não fecundados são expelidos mensalmente, morreu alguém? Deveremos pôr luto por todos esses abortos? É possível, em laboratório, produzir muitos animais inferiores a partir de uma única célula. E é possível clonar células humanas (talvez o mais famoso seja o clone HeLa, assim chamado por causa da sua doadora, Helen Lane). À luz desta tecnologia de clonagem, estaríamos a cometer homicídios em massa ao destruirmos qualquer célula clonável? Ao deitarmos fora uma gota de sangue? 13 – Ler 9, 10, 11. Ainda, sugiro você deixar uma célula se auto-clonar. Ela sozinha e naturalmente não consegue fazer isso. E o próprio processo de clonagem necessita de um óvulo anuclear e de alguém que geste o embrião clonado depois do processo. A célula somática em si nunca vai gerar um clone. Porém, após ela ter sido artificialmente injetada em um óvulo anuclear, podemos sim falar em aborto. Citar Todos os espermatozóides e óvulos humanos são metades genéticas de seres humanos "potenciais". Fará sentido desenvolver esforços heróicos no sentido de os salvar e preservar integralmente, em toda a parte, por causa desse "potencial"? Não o fazer será imoral ou criminoso? É claro que existe uma diferença entre tirar uma vida e não a salvar. E existe uma grande diferença entre a probabilidade de sobrevivência de uma célula de espermatozóide e a de um óvulo fertilizado. Mas o absurdo de um exército de generosos preservadores de sémen leva-nos a pensar se o simples "potencial" de um óvulo fertilizado chegar a ser um bebé bastará para fazer da sua destruição um homicídio. 14 – O óvulo em si e o espermatozóide em si não são seres humanos em potencial, uma vez que sozinhos e separados não se desenvolvem espontaneamente. E o único idiota aqui salvador de sêmens é você. Não acredito que nenhum ser humano normal faça as comparações entre espermatozóide e embrião fecundado que você faz. E, tecnicamente, aborto e homicídio são dois crimes diferentes, com penas diferentes, qualificadoras e desqualificadoras diferentes, majorantes e minorantes diferentes, IMBECIL! Citar Os adversários do aborto receiam que, se for permitido o aborto imediatamente após a concepção, não haja mais nenhum argumento que o restrinja em qualquer fase posterior da gravidez. Daí que, temem eles, um dia seja permissível matar um feto, que é inquestionavelmente um ser humano. Tanto os que são pró-escolha como os que são pró-vida (pelo menos parte deles) são empurrados para posições absolutistas por receios paralelos da tal encosta escorregadia. 15 – Nada a comentar, apenas que ele tenta relativizar e achar uma terceira via que não existe. Como dito no 4), os ‘pró-escolha’ argumentam justamente que a vida não se dá na concepção do feto e por isso a liberdade de escolha. Então, sim, só é possível duas posições nessa questão: ou você acha que o início da vida se dá na concepção, ou você diz que não e relativiza o aborto até determinado período com base em alguma das teorias “científicas” existentes sobre o início da vida. Citar Encosta escorregadia é também aquela com que deparam os pró-vida dispostos a abrir uma excepção no caso angustiante de uma gravidez resultante de violação ou incesto. Mas por que há-de o direito à vida depender das circunstâncias da concepção? Se o resultado é igualmente uma criança, poderá o Estado decretar a vida para o fruto de uma união legítima, mas a morte para alguém que foi concebido pela força ou coacção? Que justiça é esta? E, se se abre uma excepção para um feto nestas circunstâncias, porquê recusá-la para qualquer outro feto? Esta é parte da razão pela qual algumas pessoas que são pró-escolha adoptam aquela que muitas outras consideram a postura excessiva de oposição ao aborto em todas e quaisquer circunstâncias — com a possível excepção do caso em que esteja em risco a vida da mãe(*). (*) Martinho Lutero, o fundador do protestantismo, recusava mesmo esta excepção: "Se elas ficarem cansadas ou mesmo morrerem de parto, não faz mal. Que morram de fecundidade — é para isso que elas existem" [Lutero, Vom Ebelichen Leben (1522)]. 16 – O ordenamento jurídico brasileiro não pune o aborto de gravidez advinda de estupro. Mas, seguindo nessa linha minha de raciocínio, sim, não há diferença entre um feto e outro. O que se poderia ser feito é a mãe não ser obrigada ao pátrio poder e não sofrer nenhuma sanção penal por isso. Sinceramente, não vejo como escapar disso. Já a questão vida da mãe vs. vida do feto, está em jogo duas vidas de duas pessoas distintas. Se algum bandido te pedir para escolher que seu pai ou sua mãe morra, como você vai decidir isso? Pois então, é a mesma coisa. Citar A razão mais frequente para abortar, à escala mundial, é de longe o controle da natalidade. Assim sendo, não deveriam os adversários do aborto andar a distribuir contraceptivos e a ensinar as crianças das escolas a usá-los? Seria um método eficaz de reduzir o número de abortos. Mas não é isso que se passa: os Estados Unidos estão muito atrás de outros países no desenvolvimento de métodos seguros c eficazes de controle do nascimento — em muitos casos a oposição a esse tipo de investigação (e à educação sexual) vem das mesmas pessoas que são contra o aborto(*). (*) E os que são pró-vida não deviam contar os aniversários de nascimento desde o momento da concepção? Não deviam fazer um interrogatório cerrado aos seus progenitores sobre a sua história sexual? É claro que iriam chegar a uma incerteza insanável: pode levar horas ou mesmo dias desde o acto sexual até acontecer a concepção (dificuldade acrescida para quem é pró-vida, mas quer estar de bem com a astrologia dos signos do Zodíaco). 17 – Ele tenta pagar de isentão, falando que se houvesse políticas públicas de prevenções o aborto não seria necessário, e vejam mais uma vez, o germe do Eros e Civilização aí no meio. Educação sexual nas escolas. Kit gay. Revolução. Já vi esse filme antes. Não vou nem comentar a parte do aniversário e das astrologia, é muita idiotice em uma pessoa só. Citar A tentativa de chegar a uma definição eticamente válida e inequívoca de quando, se em algum momento, é permissível o aborto tem raízes históricas profundas. Com muita frequência, em especial na tradição cristã, essas tentativas estiveram ligadas à questão do momento em que a alma entra no corpo — matéria que não é fácil de submeter a investigação científica e assunto de controvérsia mesmo entre teólogos eruditos. Já houve quem localizasse a entrada da alma no espermatozóide antes da concepção, no momento da concepção, na altura da "aceleração" (quando a mãe sente pela primeira vez o feto a mexer dentro dela) e no nascimento. Ou mesmo depois. 18 – Eu realmente queria que você me mostrasse as fontes disso. Porque eu não acredito que nenhum filósofo escolástico cometeria um deslize desses, e se cometeu, foi por não ter o conhecimento descritivo-científico de todo o processo de fecundação, gestação e concepção do feto. Citar Diferentes religiões têm doutrinas diferentes. No seio dos caçadores-recolectores não há normalmente limitações ao aborto, que na Grécia e Roma antigas era prática comum. Em contrapartida, os Assírios, mais severos, empalavam em estacas as mulheres que tentavam o aborto. O Talmude judaico ensina que o feto não é uma pessoa e não tem direitos. O Velho e o Novo Testamentos — ricos de proibições espantosamente pormenorizadas sobre trajos, dietas c palavras permissíveis — não contêm uma única palavra de proibição específica do aborto. A única passagem que vagamente lhe diz respeito (Exodus, 21, 22) decreta que, se houver uma luta e uma mulher circunstante for ferida por acidente e abortar, o autor tem de pagar uma multa. 19 – Gostaria muito de saber como os antigos praticavam o aborto. Ademais, com toda a teoria Aristotélica de forma e matéria, substância e acidente, o sistema de categorias, a dialética e a física; e, ainda, com todo o material científico-descritivo do processo de fecundação, gestação e concepção do feto, é impossível de se chegar a qualquer conclusão diferente da que o próprio Aristóteles chegaria se tivesse todas essas informações novas em mãos – se é que, mesmo sem elas, ele não chegou. Citar Nem Santo Agostinho nem São Tomás de Aquino consideravam homicídio o aborto cm início de termo (o segundo com base cm que o embrião não parece humano). Este ponto de vista foi adoptado pela Igreja no Concílio de Viena, em 1312, e nunca foi repudiado. A primeira colectânea de direito canónico, em vigor durante muito tempo (segundo o principal historiador da doutrina da Igreja sobre o aborto, John Connery, S. J.), defendia que o aborto só era homicídio depois de o feto já estar "formado" — mais ou menos no fim do 1." trimestre. Mas, quando, no século XVII, as células de esperma foram examinadas aos primeiros microscópios, achou-se que elas mostravam um ser humano completamente formado. Ressuscitou-se uma velha ideia do homúnculo — segundo a qual dentro de cada célula de esperma estava um minúsculo ser humano completamente formado, dentro de cujos testículos estavam inúmeros outros homúnculos, etc., ad infinitum. Em parte por causa desta interpretação errada de dados científicos, o aborto, em qualquer altura e por qualquer razão, tornou-se em 1869 motivo para excomunhão. A maior parte dos católicos e não católicos surpreendem-se quando descobrem que a data foi essa e não outra muito anterior. 20 – De novo, se eles realmente disseram isso, foi por não terem o conhecimento científico-descritivo do processo de gestação. Eu duvido que, tendo em mãos essas afirmações, eles não chegariam a uma conclusão diferente da minha. Spoiler Citar Desde os tempos coloniais até ao século XIX, a opção nos Estados Unidos foi pela mulher até à "aceleração". Um aborto no 1º ou mesmo no 2.º trimestre era, quando muito, má conduta. Raramente era pedida a condenação, que era praticamente impossível de obter, porque dependia inteiramente do testemunho da própria mulher sobre se tinha sentido a aceleração e porque aos juizes não agradava acusarem uma mulher por exercer o seu direito à escolha. Em 1800 não havia, tanto quanto se sabe, uma única lei sobre o aborto. Viam-se anúncios a drogas indutoras do aborto em praticamente todos os jornais e mesmo em muitas publicações religiosas — embora a linguagem usada fosse adequadamente eufemística, mas de fácil compreensão. Mas em 1900 já o aborto em qualquer altura da gravidez era interdito em todos os estados da União, excepto quando fosse necessário para salvar a vida da mãe. O que aconteceu para provocar tão grande reviravolta? A religião pouco teve a ver com ela. Drásticas conversões económicas e sociais transformaram este país de uma sociedade agrária numa sociedade urbano-industrial. A América estava a caminho de passar de uma das mais altas taxas de natalidade do mundo para uma das mais baixas. Sem dúvida, o aborto teve nisso um papel e estimulou as forças favoráveis à sua supressão. Dessas forças, uma das mais significativas foi a classe médica. Até meados do século XIX, a medicina era uma actividade que não era certificada nem vigiada. Qualquer pessoa podia pendurar à porta uma tabuleta e intitular-se doutor. Com a criação de uma elite médica nova, de formação universitária, desejosa de promover o estatuto c a influência dos médicos, constituiu-se a Associação Médica Americana. Na sua primeira década de vida, a AMA começou a fazer campanha de bastidores contra os abortos que não fossem praticados por médicos legalmente reconhecidos. Diziam os médicos que os novos conhecimentos de embriologia tinham demonstrado que o feto é humano mesmo antes da aceleração. O ataque que fizeram ao aborto era motivado, não pela preocupação com a saúde da mulher, mas sim, afirmavam, com o bem-estar do feto. Era preciso ser médico para saber quando o aborto era moralmente justificável, porque a questão dependia de factos científicos e médicos que só os médicos compreendiam. Ao mesmo tempo, as mulheres eram efectivamente excluídas das escolas médicas, onde tão secretos conhecimentos eram ministrados. Resultado: as mulheres não tinham a mínima palavra a dizer sobre a interrupção da sua própria gravidez. Cabia também aos médicos decidir se a gravidez constituía uma ameaça para a mulher e ficava ao seu inteiro critério determinar o que era e não era uma ameaça. Para a mulher rica, a ameaça podia ser uma ameaça à sua tranquilidade emocional ou mesmo ao seu estilo de vida. A mulher pobre era muitas vezes obrigada a recorrer à solução clandestina ou ao cabide. Foi assim a lei até aos anos 60, altura em que uma coligação de indivíduos e organizações, entre elas a AMA, se bateu pela sua revogação e pela restauração dos valores mais tradicionais que viriam a tomar corpo no caso Roe contra Wade. Matar por deliberação um ser humano chama-se assassínio. Matar por deliberação um chimpanzé — biologicamente o nosso parente mais próximo, com o qual partilhamos 99,6% dos nossos genes activos — pode ser qualquer outra coisa, mas assassínio não é. Até ver, assassínio aplica-se apenas ao acto de matar seres humanos. Daí que seja nuclear para a discussão do aborto a questão de saber em que momento começa a haver pessoa (ou, se quisermos, alma). Quando é que o feto se torna humano? Quando emergem as qualidades que são distinta e caracteristicamente humanas? Reconhecemos que especificar um momento preciso é passar por cima de diferenças individuais. Portanto, se temos de traçar uma linha, que seja conservadora — isto é, sobre o cedo. Há quem resista a ter de definir um limite numérico, e nós comungamos desse desconforto, mas, se tem de haver uma lei nesta matéria, e se queremos que ela estabeleça um compromisso prático entre as duas posições absolutistas, ela tem necessariamente de especificar, pelo menos aproximadamente, um tempo de transição para a pessoalidade. Todos nós começámos por sermos um ponto. Um óvulo fecundado é mais ou menos do tamanho do ponto com que se termina ortograficamente esta frase. O importante encontro de espermatozóide e óvulo ocorre normalmente numa das duas trompas-de-falópio. Uma célula divide-se em duas, duas transformam-se em quatro, e assim sucessivamente — sempre a multiplicar por 2. Ao décimo dia o ovo fertilizado transforma-se numa espécie de esfera achatada que parte para outro reino: o útero. Pelo caminho destrói tecidos. Suga sangue dos vasos capilares. Banha-se em sangue materno, do qual extrai oxigénio e nutrientes. Instala-se como uma espécie de parasita nas paredes do útero. À terceira semana, por altura da primeira falta de período menstrual, o embrião em formação tem cerca de 2 milímetros de comprimento e desenvolve várias partes do corpo. Só nesta altura começa a depender de uma placenta rudimentar. Tem mais ou menos o aspecto de um verme segmentado(*). (*) Várias publicações de direita e de cristãos fundamentalistas criticaram este argumento — dizendo que ele se baseia numa doutrina obsoleta, chamada recapitulação, de um biólogo alemão do século XIX. Ernst Haeckel defendia que os passos do desenvolvimento embrionário individual de um animal reconstituem (ou recapitulam) as fases do desenvolvimento evolutivo dos seus antepassados. A recapitulação foi exaustiva e cepticamente tratada pelo biólogo evolucionista Stephen Jay Gold (no seu livro Ontogenia e Filogenia, Cambridge, Massachusetts, Harvard University Prcss, 1977). Mas o nosso artigo não tinha uma palavra sobre a recapitulação, como o leitor deste capítulo poderá constatar. As comparações do feto humano com outros animais (adultos) baseiam-se na aparência do feto. A sua forma não humana, nada que diga respeito à sua história evolucionista, é a chave do raciocínio que expomos nestas páginas. Ao fim da quarta semana tem cerca de 5 milímetros de comprimento. É reconhecivelmente um vertebrado, o seu coração de forma tubular começa a bater e torna-se visível a presença de algo que faz lembrar as guelras de um peixe ou de um anfíbio e uma cauda pronunciada. Mais parece um tritão ou um girino. É o fim do primeiro mês volvido sobre a concepção. À quinta semana já se distingue o essencial das linhas de divisão do cérebro e o que mais tarde irão ser os olhos e surgem uns pequenos rebentos a partir dos quais irão formar-se os braços e as pernas. À sexta semana, o embrião tem 13 milímetros de comprimento. Os olhos ainda estão aos lados da cabeça, como na maioria dos animais, e a face de réptil apresenta fendas cerradas no lugar que irá ser o da boca e do nariz. Ao fim da sétima semana, a cauda praticamente desapareceu e já se detectam características sexuais (embora ambos os sexos pareçam femininos). A face é de mamífero, mas vagamente porcina. Ao fim da oitava semana, a face faz lembrar um primata, mas ainda não é completamente humana. Quase todas as partes do corpo humano estão presentes no essencial. Parte da anatomia do cérebro inferior está bem desenvolvida. O feto mostra alguma resposta reflexa a um estímulo delicado. À décima semana, a face tem feições iniludivelmente humanas. Começa a ser possível distinguir os machos das fêmeas. As unhas e as principais estruturas ósseas só aparecem ao terceiro mês. Ao quarto mês já se distingue a cara de um feto da de outro. A aceleração sente-se quase sempre ao quinto mês. Os bronquíolos dos pulmões só começam a desenvolver-se por volta do sexto mês e os alvéolos ainda mais tarde. Portanto, se só uma pessoa pode ser assassinada, quando é que o feto atinge a pessoalidade? Quando a sua face se torna nitidamente humana, perto do final do 1.º trimestre? Quando o feto começa a responder a estímulos, no fim do 1.º trimestre? Quando se torna suficientemente activo para se sentir acelerar, o que acontece, por norma, a meio do 2.º trimestre? Quando os pulmões atingem um estádio de desenvolvimento suficiente para que o feto possa, apenas por hipótese, ser capaz de respirar sozinho ao ar livre? O problema com estos marcos específicos de desenvolvimento não é apenas o facto de eles serem arbitrários. Mais preocupante é o facto de nenhum deles envolver características exclusivamente humanas — com excepção da questão superficial do aspecto da face. Todos os animais respondem a estímulos e se mexem por vontade própria. Muitos são capazes de respirar. Mas isso não de os exterminarmos aos biliões. Não são os reflexos, nem o movimento, nem a respiração, que fazem de nós humanos. Há outros animais que têm vantagem sobre nós em termos de velocidade, força, resistência, capacidades trepadoras ou rastejadoras, camuflagem, visão, olfacto ou audição, agilidade no ar ou na água. A nossa única grande vantagem, o segredo do nosso sucesso, é o pensamento — o pensamento caracteristicamente humano. Temos capacidade para pensarmos profundamente nas coisas, imaginarmos acontecimentos que ainda estão para vir, encontrar soluções. Foi assim que inventámos a agricultura e a civilização. O pensamento é a nossa bênção e a nossa maldição e faz de nós aquilo que somos. É claro que as coisas acontecem no cérebro — principalmente nas camadas superiores da "massa cinzenta" convoluta a que se chama córtex cerebral. Os cerca de 100 biliões de neurónios do cérebro constituem a base material do pensamento. Os neurónios estão ligados uns aos outros e as suas sinapses desempenham um papel fundamental no acto de pensar. Mas a interligação de neurónios em larga escala só começa entre a 24ª e a 27ª semanas de gravidez — o sexto mês. Através da colocação de eléctrodos inofensivos na cabeça de um paciente, os cientistas medem a actividade eléctrica produzida pela rede de neurónios existente dentro do crânio. Tipos diferentes de actividade mental produzem tipos diferentes de ondas cerebrais. Mas as ondas cerebrais de padrão regular características do cérebro humano adulto só são detectadas no feto por altura da 30ª semana de gravidez — à entrada do 3.º trimestre. Antes disso o feto não tem a necessária arquitectura cerebral. Ainda não pode pensar. Aceder a matar qualquer criatura viva, em especial uma que possa mais tarde transformar-se num bebé, é perturbador e doloroso. Mas nós rejeitámos os extremos do "sempre" e do "nunca" e isto coloca-nos — quer queiramos, quer não — na rampa escorregadia. Se nos obrigam a escolher um critério de desenvolvimento, então é aqui que traçamos a linha: mal se torna possível o começo do pensamento caracteristicamente humano. Trata-se, efectivamente, de uma definição muito conservadora: raramente se detectam em fetos ondas cerebrais regulares. Talvez mais investigação ajudasse. (Nos babuínos e nos fetos de ovinos as ondas cerebrais bem definidas também só começam no fim da gestação.) Se quiséssemos tornar o critério ainda mais rigoroso, prevendo a eventualidade de casos de desenvolvimento cerebral fetal precoce, podíamos traçar a linha aos seis meses. Por acaso foi aí que o Supremo Tribunal a traçou em 1973 — embora por razões completamente diferentes. A sua decisão no caso Roe contra Wade veio mudar a lei americana sobre o aborto. Permite o aborto a pedido da mulher sem restrições no 1.º trimestre e, com algumas restrições destinadas a proteger-lhe a saúde, no 2.º trimestre. Dá aos estados o direito de proibirem o aborto no 3.º trimestre, excepto quando existe uma ameaça séria à vida ou à saúde da mulher. No acórdão Webster de 1989, o Supremo Tribunal recusou-se a revogar explicitamente a doutrina do caso Roe contra Wade, mas na prática convidou os 50 órgãos legislativos estaduais a que decidissem por si próprios. Qual foi o raciocínio que prevaleceu no caso Roe contra Wade? Não foi atribuído qualquer peso legal ao que acontece às crianças depois de terem nascido ou à família. O que o tribunal deliberou foi que as garantias constitucionais de privacidade protegem o direito da mulher à liberdade de reprodução. Mas esse direito não é irrestrito. Há que ponderar a garantia de privacidade da mulher com o direito do feto à vida — e, quando o tribunal fez essa ponderação, deu prioridade à privacidade no 1.º trimestre e à vida no terceiro. A transição não foi decidida com base em nenhum dos considerandos que estamos a analisar no presente capítulo — nem quando se dá a "entrada da alma", nem quando o feto assume características humanas suficientes para ser protegido pelas leis contra o homicídio. Foi outro o critério: saber se o feto podia ou não viver fora da mãe. Chama-se a isto viabilidade e depende em parte da capacidade de respirar. Pura e simplesmente, os pulmões ainda não estão formados e o feto não consegue respirar — mesmo que o metam no mais sofisticado pulmão artificial — antes da 24ª semana, aproximadamente, portanto, no início do sexto mês. Por isso é que o acórdão de Roe contra Wade permite que os estados proíbam abortos no 3.º trimestre. É um critério muito pragmático. O argumento é o seguinte: no caso de o feto, em determinada fase da gestação, ser viável fora do útero, então o direito do feto à vida sobrepõe-se ao direito da mulher à privacidade. Mas o que significa exactamente "viável"? Nem um recém-nascido de fim de termo é viável sem uma grande quantidade de cuidados. No tempo em que não havia, há escassas décadas, os nascidos de sete meses eram, em princípio, inviáveis. Nessa altura teria sido permissível o aborto ao sétimo mês? Com a invenção das incubadoras, tornaram-se de repente imorais as interrupções voluntárias das gravidezes de sete meses? O que acontecerá se no futuro se desenvolver uma nova tecnologia que permita a um útero artificial sustentar um feto mesmo antes do sexto mês, ministrando-lhe oxigénio c nutrientes através do sangue — tal como a mãe faz através da placenta e do sistema de circulação sanguínea do feto? Admitimos que não é provável que essa tecnologia seja desenvolvida tão cedo nem tão cedo seja posta à disposição de muita gente. Mas, se estivesse, passava a ser imoral abortar antes do sexto mês quando antes era moral? É frágil uma moralidade que depende da tecnologia e com ela muda; há quem a considere, além de frágil, inaceitável. E por que razão, exactamente, deve a respiração (ou a função renal, ou a resistência à doença) justificar protecção legal? Se um feto demonstra que pensa e sente, mas não consegue respirar, será legítimo matá-lo? Damos mais valor à capacidade de respirar do que à de pensar e sentir? Os argumentos de viabilidade não podem, a nosso ver, determinar com coerência quando é que é permissível abortar. É preciso outro critério. Mais uma vez pomos à consideração a proposta de que esse critério seja o do primeiro sinal de pensamento humano. Dado que, em média, a actividade cerebral fetal ocorre ainda mais tarde do que o desenvolvimento pulmonar, o acórdão do caso Roe contra Wade é, em nossa opinião, uma decisão boa e prudente para uma questão complexa e difícil. Com a proibição de abortar no último trimestre — excepto em casos de grave necessidade médica — define um equilíbrio justo entre as reivindicações de liberdade e vida em conflito. 21 – O resto já foi refutado anteriormente aqui nos pontos passados. Comparar a vida humana à animal, falar em homicídio no lugar de aborto, ficar explicando as teorias científicas e usar um caso que foi uma farsa... Editado Março 31, 2016 às 01:14 por danilorf Radon, Danilo Z, NewbieTrack e 2 outros reagiu a isso 5
Jornal 615 Postado Março 31, 2016 às 02:05 Postado Março 31, 2016 às 02:05 Isso justificaria estupradores? Ninguém está te obrigando a penetrar uma vagina. Formas de sexo com 0% de chance de engravidar são várias: oral, anal, espanhola, punheta, siririca, e os variantes destes. Não é porque você tava afim de comer uma buceta que você deve ter o direito de assassinar um outro ser humano. Tirou palavras da minha boca. Alem dos métodos mais simples como camisinha, anticoncecional, pílula, diu, etc ainda existe a Opição de CIRURGIA(esqueçi o nome) no homem e na mulher. Sou contra o aborto, INDEPENDENTE da situação!!! Não importa quanto debater-mos, quem é a favor continua a favor, quem é contra continua contra...
Posts Recomendados
Crie uma conta ou entre para comentar
Você precisar ser um membro para fazer um comentário
Criar uma conta
Crie uma nova conta em nossa comunidade. É fácil!
Crie uma nova contaEntrar
Já tem uma conta? Faça o login.
Entrar Agora