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Bolsonaro Candidato À Presidencia


cone

  

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    • Jair Bolsonaro
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    • Filha Dilma Mae
      64
    • Aecio Neves
      84
    • Marina Silva
      48
    • Eduardo Campos
      51

Esta votação está fechada para novos votos


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1 hora atrás, Faabs disse:

 

 

Citar

LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997.

 

Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional."

"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

 

Editado por Rychtová
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Publicidade

Eu não acho exagero,aqui vão algumas semelhanças entre Bolsonaro e Hitler:

 

Ambos foram membros efetivos dos exércitos regulares dos seus respectivos países;

Ambos têm a xenofobia como marca maior dos seus discursos;

Ambos questionam o papel da mulher na sociedade;

Ambos descriminam os negros;

Ambos descriminam os ciganos;

Ambos descriminam homossexuais e outras minorias;

Ambos se aproveitam do momento de instabilidade política, social e
econômica das suas respectivas Nações para firmar seus discursos totalitários;

Ambos defendem um Estado totalitário como forma de “salvar” o país;

Ambos declaram ser favoráveis à tortura como forma de “arrancar” a verdade;

Ambos pregam o ódio aos refugiados de guerra;

Ambos tiveram ascensão ao Parlamento graças aos seus discursos nacionalistas e sectários;

Ambos são contra os direitos humanos;

Ambos praticam crimes de racismo;

Ambos dispõem de grande número de simpatizantes;

Ambos utilizam uma retórica convincente e bem elaborada para atrair “seguidores”;

Ambos utilizam de modernos aparelhos midiáticos para disseminarem suas ideias;

Ambos são favoráveis que as polícias matem mais (PM e Gestapo);

Ambos são dotados de grande inteligência.

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51 minutos atrás, Faabs disse:

Eu não acho exagero,aqui vão algumas semelhanças entre Bolsonaro e Hitler:

 

O nazista aqui é você cara. Para de ficar inventando mentira e ficar acessando essas páginas imbecis de esquerda, o Nazismo é derivado do Comunismo, você sabia disso? 

 

----

A página lixo e porca que cometeu o crime de associar a imagem do Bolsonaro com este simbolo já foi denunciada, espero que o dono seja preso e que os imbecis que compartilharam também.

 

Abraços e FIQUEM COM DEUS!

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6 minutos atrás, NewbieTrack disse:

O nazista aqui é você cara. Para de ficar inventando mentira e ficar acessando essas páginas imbecis de esquerda, o Nazismo é derivado do Comunismo, você sabia disso? 

 

----

A página lixo e porca que cometeu o crime de associar a imagem do Bolsonaro com este simbolo já foi denunciada, espero que o dono seja preso e que os imbecis que compartilharam também.

 

Abraços e FIQUEM COM DEUS!

AH sim,eu que sou nazista agora kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Editado por Faabs
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Um tempo atrás os dois usuários mais burros do fórum começaram a falar asneiras sobre o período da idade média e o período de transição entre ela e o da idade moderna. Imbecilidades já refutadas como 'a igreja católica impedia o avanço das ciências', 'o geocentrismo foi refutado por galileu', 'olavo astrólogo' e coisas assim, com preguiça de tamanha prova de demência - como eles demonstrar a cada linha de seus posts - simplesmente bloqueei-os pra não gastar mais meu tempo com uma coisa que realmente não agrega nada pra mim e que no final das contas acaba sendo uma luta de egos. Mas, deêm uma olhada nisso aqui e tirem suas conclusões:

 

'Mas a história – sobretudo a história da ciência, da cultura [1:20] – está tão cheia de falsidade, de burrada, que eu acho que vai ser preciso fazer tudo de novo. Porque quando você pega as melhores obras há certos erros tão gritantes que modificam o conjunto da interpretação que o sujeito está criando. Eu dou um exemplo: está aqui um autor pelo qual tenho uma apreciação enorme, Georges Gusdorf, filósofo francês. Sua obra magna se chama As Ciências Humanas e o Pensamento Ocidental, que é uma obra em treze volumes onde ele escreve toda a história das ciências humanas. Quando chega ao volume 3, parte 1 (são 13 volumes, mas alguns são subdivididos em mais volumes – é uma coisa monstruosa), ele diz:


“A revolução copernicana, tal como a realizou Galileu, consagra a derrota dos fazedores de horóscopos.”

 

Espera aí! Os horóscopos entraram na moda depois disto, e adquiriram uma autoridade formidável, desde a Renascença até o século XVIII, quando começou a acabar essa autoridade. Eu digo “como é? Você está deslocando Galileu para o século XVIII ?”. Aqui tem um erro de dois séculos. Um erro assim é como o samba do crioulo doido. É dizer, por exemplo, que o rei Luiz XIV proclamou a República no Brasil.

 

Eu conheço, estudei a história da astrologia. Há uma obra muito boa do Nicholas Campion, História da Astrologia, onde se vê que a moda da astrologia veio junto com a modernidade, e não antes. Curioso é que, na mesma linha, Gusdorf diz:

 

“A revolução copernicana, tal como a realizou Galileu, consagra a derrota dos fazedores de horóscopos. Ela arranca do domínio dos doutrinários o domínio experimental do saber positivo.”

 

Então quer dizer que caiu tudo junto: a astrologia e a autoridade dos escolásticos.

 

Eu digo “ah, não sabia que os escolásticos eram astrólogos”. Ao contrário: conforme eu expliquei na aula passada, durante o período de predomínio escolástico havia uma espécie de consenso entre os grandes escolásticos a respeito do negócio da astrologia. Por um lado, eles acreditavam que existia uma influência planetária, que havia algum fenômeno a ser estudado, coisa na qual Copérnico, Galileu, Newton, Bacon, e todos os demais, acreditavam igualmente. Por outro lado, eles condenavam abertamente a horoscopia, ou seja, a leitura de horóscopo, por ser baseada em uma técnica inexistente. Quer dizer, do fato de você desconfiar que exista uma relação entre os fenômenos planetários e os terrestres não se deduz que você conheça tudo a respeito e tenha uma técnica suficiente para aplicar em cada caso individual e fazer a leitura de horóscopo por horas. Bom, nós sabemos que existe alguma relação entre uma coisa e outra, mas não sabemos qual seja. Podemos ter uma dica ou outra como, por exemplo, nos foi dada por essa pesquisa Gauquelin. Nós sabemos que é possível identificar certos grupos profissionais conforme o seu horóscopo de nascimento. Eu acho que até o momento, isso é tudo o que se sabe em astrologia; a única coisa que foi mesmo testada é isso. Você pega o horóscopo de um sujeito que tem o horóscopo de médico, e você verá que muito provavelmente ele é médico. Pronto, acabou a sessão astrológica. Quem vai pagar por isso? O sujeito fala “não, eu vou casar, vou comer a fulaninha, vou ficar rico” e o astrólogo vai dizendo “blá-blá-blá, blá-blá-blá”. Isso é encheção de lingüiça. Os escolásticos tinham a posição equilibrada, científica e certa a respeito: o fenômeno existe ou parece que existe, mas não temos uma técnica suficiente para dizer tudo isso que os astrólogos estão dizendo com base nesse pretenso conhecimento.

 

Ora, o que acontece na modernidade? Primeiro (eu expliquei na aula passada), com a Reforma protestante, surgiu a ambição de criar novas interpretações bíblicas, independente do que os escolásticos tinham desenvolvido. E uma das primeiras linhas de interpretação foi comparar a cronologia profética com a cronologia astrológica.

 

Segundo fenômeno: aconteceu com a formação dos Estados nacionais. A cultura européia, que tinha certa unidade determinada pela unidade lingüística e pela unidade das universidades – vejam que na Idade Média, por exemplo, no mesmo lugar lecionavam pessoas das mais diferentes origens, como Santo Alberto Magno, que era francês; Santo Tomás de Aquino, que era italiano; e Duns Scot, que era escocês. Todos eles falando latim. O corpo docente de uma universidade medieval era formado por gente de tudo quanto era lugar, e a idéia de nacionalidade simplesmente não existia. Quando se formam os Estados nacionais, aqueles governos, interessados em se sobrepor de um lado à Igreja , e de outro lado ao Império, se auto-constituem como imperadores, por assim dizes, e como fundadores de novas religiões. E criam as culturas nacionais, em línguas nacionais, e automaticamente a formação dessa nova classe de pessoas importantes alimenta a indústria dos horóscopos porque reis, nobres, todo mundo, queria ter o seu horóscopo. Agora, imagine Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, saindo do mosteiro, da universidade, para consultar um astrólogo. Impossível!

 

A ascensão de um novo tipo social, de um novo tipo de autoridade, de prestígio, gera uma nova forma de lisonjear esse prestígio, que é lendo o horóscopo dos fulanos, e isso acontece justamente a partir dessa época. Ou seja, o momento que Georges Gusdorf assinala como o fim do prestígio dos horóscopos é justamente o momento em que está nascendo esse prestígio. Olhem que erro monstruoso e imperdoável. Não é nem um mico, é um orangotango, um King Kong da história da cultura. E, no entanto, esse erro está disseminado por toda parte, porque esses camaradas fazem história pela coerência dos estereótipos, baseados, sobretudo, em uma visão depreciativa.

 

O Gusdorf nem sempre faz isso, é claro; ele tenta ser compreensivo e honesto. Mas ele é um sujeito de origem protestante, e evidentemente a Igreja medieval é para ele tudo um bando de ignorantes. Ele acredita nessa história de que a autoridade eclesiástica sufocou o desenvolvimento das ciências. Eu já falei para vocês na semana passada do livro do Mordechai Feingold, que mostra que as descobertas científicas dos jesuítas somadas são em número igual ou maior que as dos seus opositores. Mas que estranha maneira de sufocar a ciência é essa, que é praticando e fazendo descoberta científica atrás de descoberta científica.
Mais ainda: tem gente que é ingênua ao ponto de acreditar que a autoridade eclesiástica medieval proibia os livros de ciência e colocava-os no Index Librorum Prohibitorum. Em primeiro lugar, o Index Librorum Prohibitorum surgiu em 1.500 e poucos; é da Modernidade, e não da Idade Média. Segundo: alguém já leu o Index para ver quais livros estão lá? Tem algum livro de Newton, de Descartes, de Copérnico? [1:30] Não, não tem livro de ciência lá. Tem, por exemplo, livro do Giordano Bruno, porque ele começa a tirar conseqüências teológicas de Copérnico que o próprio Copérnico não aceitaria, e daí entra no campo da teologia. Ou seja, se o sujeito está fazendo teologia católica, ele tem de seguir os cânones da Igreja Católica. E se, com o nome de teologia católica, ele faz uma teologia diferente, então ele entrou no campo da heresia. Agora, uma teoria astronômica, em si mesma, não pode ser nem herética e nem não-herética; não tem como. Então livros de ciência não eram sequer examinados; só eram examinados aqueles que tinham conteúdo teológico.

 

Eu acho que a criação do Index foi uma burrada, porque eu já assinalei que nessa época a Igreja perde a hegemonia intelectual na Europa, mas não pelos motivos assinalados por esses historiadores. Ela não perde a hegemonia porque a ciência superou a teologia católica, ou o pensamento escolástico; isso é uma estupidez. Se pegarmos no campo lógico, os escolásticos estão infinitamente além de tudo o que se descobriu em lógica até hoje. Agora os caras não lêem, e o que eles não leram para eles não existe, e fazem a história baseados no argumentum ad ignorantia, “aquilo que eu não sei não existe”.

 

A Igreja perde a hegemonia porque ela não sabe como enfrentar esses novos filósofos no campo da polêmica. Eu falei disso há algumas aulas: a polêmica católica dirigida contra esses camaradas estava completamente deslocada da realidade. O pessoal da Igreja não entendeu exatamente o que estava acontecendo; não percebeu a gravidade do que estava acontecendo em um primeiro momento. Quando percebeu a gravidade, ficou escandalizado e começou a acusá-los de ateístas. Mas para os acusados isso não fedia nem cheirava. Ao contrário: ajudava-os a afirmar a sua autoridade em um campo que era independente do dogma religioso, a ajudou a criar a identidade deles como porta-vozes da razão em lugar da fé, o que é uma falsidade, evidentemente. Mas a polêmica católica os ajudou a criar essa identidade, que é falsa.

Examinando isso retroativamente, eu vejo que a coisa mais fácil seria impugnar a autoridade desses camaradas como filósofos, por falta do domínio da técnica filosófica. Nenhum deles a possui: Newton, Descartes, Francis Bacon ou John Locke. Em termos de técnica filosófica eram absolutamente primários. Mas se você os aceitou como filósofos, daí para diante só resta discutir as teses deles ou acusá-los de ateísmo ou coisa assim. Se você discute as teses individuais deles, o que você está fazendo? Está discutindo em um campo que é independente dos pressupostos teológicos e está dando autoridade a eles nesse campo. Se você os acusa de ateístas, você os está expulsando para desse campo e criando um campo de conhecimento independente dos pressupostos teológicos. Foi aí que a Igreja perdeu a hegemonia, por não compreender o processo histórico, por interpretá-lo de maneira totalmente errada, o que acontece ainda hoje. Quando eu digo que a Igreja perdeu, não quer dizer que ela perdeu só naquela época. Ela perdeu naquela época e não recuperou até hoje, está perdendo cada vez mais.
Era uma inabilidade dos intelectuais católicos. E notem bem: àquela altura só existiam grandes intelectuais escolásticos na Espanha e em Portugal; na França, na Inglaterra e na Alemanha não tinha mais ninguém, tinha virado uma mediocridade geral. Os grandes, como Francisco Suárez, estavam na Espanha. Ora, havia um interesse geral em isolar a Espanha da Europa, porque a Espanha era, por excelência, a representante da autoridade eclesiástica depois da Reforma.
Também, quando se promove a Contra-reforma e se cria a Companhia de Jesus, aparece a idéia de se criar uma sociedade melhor mediante a concentração do poder: essa é a idéia revolucionária. Ou seja, a Contra-reforma estava infectada de mentalidade revolucionária; deixou-se infectar. Quando você combate um inimigo sem entender exatamente o que ele está fazendo, você muitas vezes se torna parecido com ele. Assim, enquanto Lutero e Calvino estavam criando uma nova ordem estatal na Alemanha e na Suíça, baseada na concentração do poder, o que fez a Contra-reforma? Criou um mundo católico baseado na concentração do poder. E esse é um erro que se estendeu muito ao longo dos tempos, ao ponto de que os pensadores políticos católicos – digamos entre o século XIX até o fim da primeira metade do século XX – buscaram algum tipo de concentração do poder para criar uma sociedade cristã. E estão todos monstruosamente errados.'

 

'Veja, quando você lê livros de história da ciência o pessoal diz que o sistema copernicano e a descoberta de Kepler invalidaram a física de Aristóteles. Você lê isso em toda parte. Mas o que eles invalidaram da física de Aristóteles? Uma linha, que é onde Aristóteles diz que as órbitas planetárias são circulares, porque o círculo é a forma mais perfeita que existe. O que você percebe ter sido um lapso do próprio Aristóteles (pois quem disse a ele que os planetas têm de ser a forma mais elevada que existe e que, portanto, têm de ter uma forma perfeita?) Isso foi uma rateada de Aristóteles, evidentemente. Está vendo? O próprio Aristóteles comete erros. Ele não disse que as mulheres têm mais dentes do que os homens? Disse. O maior dos filósofos também dorme, também come, tem indigestão e dor de corno. Então, em algum momento, o sujeito vai fazer uma burrada. Mostrei uma do Zubiri, estou mostrando outra do próprio Aristóteles. Isso invalida a física aristotélica? Não, porque a física de Aristóteles não é uma física, é uma metodologia geral das ciências, a qual jamais foi refutada.

 

Quando dizem que o supra-sumo de metodologia da ciência hoje em dia é o método do Popper, ora, esse método é três linhas da dialética de Aristóteles. Tudo o que o Popper escreveu é três linhas da dialética de Aristóteles. Aquele método da refutabilidade, ou falseabilidade,é pura dialética de Aristóteles. O que o Popper inventou? Nada. Ele pegou um pedacinho de Aristóteles e fez daquilo um cavalo de batalha.

 

E os outros, quando pegam um pedacinho errado de Aristóteles, acham que o derrubaram. Mas quem eles pensam que são? Ninguém vai derrubar jamais Platão e Aristóteles. Isso é impossível, porque eles delimitaram o horizonte de pensamento filosófico possível; nós nos movemos dentro da esfera deles. Faça o que fizer, você é ou um platônico, ou um aristotélico, ou as duas coisas; não há mais nada. O Lovejoy tinha razão, eles, Platão e Aristóteles, escreveram aquilo e os caras ficaram botando um monte de nota de rodapé. Nas notas de rodapé é possível corrigir alguma coisa, mas dizer que com uma nota de rodapé você vai invalidar a obra inteira é tão ridículo que não merece ser levado em conta.'

 

'Na sua ânsia psicótica de “humilhar o OIavo de Carvalho”, que é o sonho mais excitante das suas vidas miseráveis, certos moleques se municiam rapidamente de cultura wikipédica e acabam caindo num ridículo sem fim.


Aproveitando-se da oportunidade áurea do meu bloqueio no Facebook, um dos múltiplos fakes que falam em nome do sr. Daniel Portes está cantando vitória com duas afirmaçõezinhas perfeitamente bobocas:

 

1) Leibniz, ao contrário do que diz Olavo, tinha também um diploma de filosofia. Humilhamos Olavo de Carvalho.
ERRADO. Leibniz obteve uma habilitação em filosofia pela Universidade de Leipzig, como etapa do Doutorado EM DIREITO, que acabou lhe sendo negado por essa universidade e que ele obteve depois pela Universidade de Altdorf.

 

2) Olavo diz que antes do século XIII ninguém na Europa conhecia as obras científicas de Aristóteles, mas o tradutor Gerardo de Cremona, “nascido no bojo da civilização européia” (sic) é a prova de que no século XII a civilização européia já havia absorvido a “Física” de Aristóteles. Humilhamos Olavo de Carvalho.
ÉRRADÍSSIMO. Gerardo viveu e trabalhou em Toledo, no coração da Espanha muçulmana, que só na cabeça de um iletrado presunçoso pode ser “o bojo da civilização européia”. “Civilização européia da Idade Média” e “Civilização cristã” são sinônimos. O século XII foi palco de DUAS Cruzadas (1147–1149 e 1189–1192), o que já basta para dar a medida da incompatibilidade entre a Europa cristã e o enclave muçulmano.


Pior: Gerardo de Cremona fez muitas versões de textos gregos lidos nessa língua ou em árabe, mas, de todos os escritos de Aristóteles, só traduziu uma obra menor, “Dos Céus”, não a “Física”, que era o livro do qual eu estava falando. Esta e as outras obras de ciências naturais de Aristóteles não se disseminaram na Europa cristã antes de descobertas na Biblioteca de Constantinopla pelas tropas cristãs da IV Cruzada (1204) e introduzidas no currículo da Universidade de Paris a partir dessa data, devendo sua difusão maior ao “succès de scandale” gerado pela sua proibição em 1227, seguida pelo monumental esforço de defesa empreendido, já na segunda metade do século, por Sto. Alberto Magno e Sto. Tomás de Aquino, que as integrou definitivamente na cultura européia.
N.B. O primeiro ponto, sobre Leibniz, é um detalhe irrisório, mas o segundo demonstra a completa ignorância dos sagüis alucinados num assunto importante em que pretendem posar de grandes eruditos e juízes infalíveis.'

 

'Diz o Fabiano Viana: “Pegar o mapa astral de cem pessoas e adivinhar a profissão dessas pessoas com precisão de 80% já seria um feito notável.”
Obviamente ele não sabe que isso já foi feito com uma amostragem não de cem casos, mas de 50 mil. zv.:http://astrologynewsservice.com/…/the-gauquelin-controversy/'

 

'No meu tempo não havia o Carl Sagan, mas havia o Fritz Kahn, que até escrevia melhor. Era divertido e educativo, mas quem quer que o citasse como autoridade num debate intelectual se exporia ao ridículo. Hoje a molecada cita o Carl Sagan e nem percebe o mico.'

 

'No debate com o astrônomo Ronaldo Freitas Mourão, nacionalmente reconhecido como autoridade científica, ele afirmou que todos os filósofos escolásticos negavam a influência dos astros.
— Cite um, solicitei.
Não veio nenhum.
Então citei vários que afirmavam taxativamente a existência desse fenômeno.
Ele saiu do debate prometendo que nunca mais tocaria no assunto. Cumpriu a palavra. Isso vai para mais de trinta anos, quando os meus atuais “debatedores” nem tinham nascido.'

 

'Ciência é confrontação de hipóteses no terreno dos fatos. Se, dada uma hipótese, sugerir a hipótese oposta é intolerável “inversão do ônus da prova”, toda investigação científica se torna automaticamente impossível. Estou com o saco cheio de discutir com “cientistas” que não têm a menor idéia do que é ciência.'

 

'Pensem bem: Qual a probabilidade estatística de que o ambiente cósmico em torno NÃO exerça nenhuma influência sobre o organismo psicofísico humano? Quando pergunto isso, vem sempre um idiota e diz que é inversão do ônus da prova — mostrando que confunde método científico com debate judicial.'

 

'“influência dos astros” é um fenômeno objetivo que existe ou não existe. “Astrologia” é um conjunto inabarcável de idéias, práticas, mitos, especulações, fantasias, tradições culturais, intuições, tudo misturado numa mixórdia indeslindável que NINGUÉM poderá jamais reduzir a uma teoria unificada passível de ser discutida. Por que sei isso? Porque estudei os dois assuntos e sei que são dois — coisa que os palpiteiros “científicos” não percebem nem mesmo em sonhos.'

 

'Essa turma de palpiteiros vagabundos quer entrar na discussão sem apreender nem mesmo a distinção elementar entre “astrologia” e “influência dos astros”. Essa distinção é tão antiga e tão básica que todos os grandes filósofos cristãos de Sto. Agostinho a Sto. Tomás condenavam a astrologia ao mesmo tempo que aceitavam a influência dos astros sobre a conduta humana.'

 

'É incrível. Gente que não leu NADA a respeito vem brandir diante de mim a autoridade de… Carl Sagan, que é autor para adolescentes.'

 

'Se você não quer pagar mico, nunca entre num debate sem conhecer o “status quaestionis”. O debate astrológico do século XX foi prodigiosamente rico de idéias, hipóteses, sugestões e argumentos. Ao mudar para os EUA me desfiz de mais livros sobre astrologia — que não podia transportar e podia facilmente recomprar aqui se necessário — do que provavelmente você já leu sobre quaisquer assuntos ao longo de toda a sua vida. Se você quer dar palpite a respeito, faça uma pesquisa bibliográfica e, por caridade, diga algo que eu não saiba.'

 

'Trinta e tantos anos atrás tive na TV Cultura do Rio um debate sobre astrologia com o astrônomo Lineu Hoffmann. Antes do programa anunciei à minha então assistente, Stella Caymmi, todos os argumentos que ele iria apresentar:
1) Precessão dos equinóxios.
2) Gêmeos astrais.
3) Influência à distância.
4) Determinismo e livre arbítrio.
etc.
Ele repetiu tudo com exatidão milimétrica. A mesma coisa sucedeu depois num debate com o Rogério Freitas Mourão no programa da Márcia Peltier.
Pois até hoje vem gente me apresentar esses e outros argumentos padronizados, mais velhos do que cagar pelo cu, como se estivessem me revelando alguma coisa.'

 

'Newton nunca disse que os objetos mais leves giram em torno dos mais pesados. Disse que todos giram em torno do CENTRO DE MASSA. Como não sei onde fica o centro de massa da porra do universo, não sei também o que está girando em torno do quê, e, enquanto aguardo para os próximos milênios a solução desse probleminha, considero o debate heliocentrismo versus geocentrismo provisoriamente indecidível, o que com certeza me torna um fanático religioso geocentrista.'

 

'Se você isolar abstrativamente o sistema solar do resto do universo, terá às vezes a impressão de que a Terra gira em torno do Sol, às vezes a impressão oposta. É por isso que, geometricamente, os dois sistemas funcionam. É óbvio que essa questão, portanto, não pode ser decidida na pura escala do sistema solar. E tão logo partimos para uma escala maior surge a questão do centro de massa, cuja solução eu e a torcida do Flamengo ignoramos.'

 

'Ernst Mach e Albert Einstein disseram que a visão heliocêntrica e a geocêntrica dos movimentos celestes são igualmente válidas. Mas, se eu digo a mesma coisa, fica provado não só que contestei Mach e Einstein, mas que sou uma besta quadrada.


Sem saber isso, ninguém merece um DIPROMA'

 

'Uma vez provado que a Pepsi-Cola não usou fetos abortados “como” adoçante, e sim “no processo de fabricação” do adoçante — uma diferença essencial e decisiva, sobretudo do ponto de vista dos fetos –, cai por terra a tese fundamental da filosofia do Olavo de Carvalho e toda a sua obra vai para o ralo.'

 

'Quando digo que uma questão é INDECIDÍVEL, estou afirmando, taxativamente, que NÃO TENHO NENHUMA OPINIÃO A RESPEITO; que, por maior que seja o meu interesse no assunto, e aliás por isso mesmo, deixo todas as opiniões em suspenso até maiores esclarecimentos, que talvez não venham no prazo de uma vida. Mas basta eu afirmar isso e já aparecem milhares de pirrôlas, bagos e tutti quanti contestando a opinião que acabo de dizer que não tenho, como se não apenas eu a tivesse mas a defendesse com ardor fanático.

 

Como explicava o Cláudio Moura Castro — o melhor comentarista de educação que já houve na mídia nacional –, no Brasil as pessoas não lêem o que está escrito, mas o que gostariam de pensar que é a intenção secreta do autor. Como não entendem o que está escrito, interpretam o que não está.
O raciocínio subentendido na mente do analfabeto funcional que assim procede é que não ter uma opinião quando ele tem uma equivale a contestá-la, a negá-la peremptoriamente. Por esse simples fenômeno nota-se o quanto o ensino universitário deste país desconhece a idéia mesma de debate científico ou filosófico, a qual depende, na raiz, da suspensão provisória do juízo. Entusiastas do heliocentrismo, do evolucionismo, da física einsteiniana ou do aquecimento global não podem nem mesmo admitir que exista algum debate a respeito, pois isso implicaria colocar em dúvida as certezas inabaláveis que adquiram desde o ginásio. Para preservar essa certeza, abstêm-se cuidadosamente de informar-se a respeito de possíveis teses adversárias, e assim fazem da ignorância mais patética o fundamento da “autoridade científica” em que repousa a sua segurança intelectual e até existencial.

 

Por exemplo, quando eu era adolescente, li o livro de George Gaylord Simpson, “The Meaning of Evolution”, e me tornei um evolucionista devoto. Mais tarde, porém, li outros livros — de Giuseppe Sermonti, de Michael Behe, de David Berlinski — e entendi que só havia duas maneiras de sair da dúvida: (a) tornar-me um gênio da biologia e resolver todas as dificuldades; (b) optar por um dos partidos na base da pura simpatia e defendê-lo até à morte. Não tendo vocação para a primeira alternativa nem sendo vigarista o bastante para me contentar com a segunda, convivo perfeitamente bem com a dúvida até hoje, mas basta eu dizer que ela existe e os entusiastas do darwinismo já me enquadram no partido inimigo, achando que se não derem cabo da minha pessoa estarão prestando um grave desserviço à memória de Darwin.

 

É claro que, na totalidade dos casos, esses indivíduos não são gênios da biologia, não resolveram nenhuma das dificuldades e em geral nem tomaram conhecimento de que elas existem.

 

Por favor, entendam que não estou “brigando” com ninguém. Estou falando de um problema alarmante, medonho, temível. O analfabetismo funcional endêmico entre estudantes e jovens professores universitários é o problema MAIS GRAVE dentre todos os que empesteiam o nosso país no momento. Dentro de dez, vinte anos, esses meninos serão senadores, deputados, governadores, juízes, e a estupidez geral que reina na nossa vida pública, com todo o seu cortejo de fracassos e misérias, terá evoluído para a barbárie pura e simples.'

 

'Galileu abjurou do sistema heliocêntrico — não perante o Tribunal da Inquisição, mas muito tempo depois, logo antes de morrer. O documento em que ele faz essa declaração permaneceu escondido até 1989! “A falsidade do sistema copernicano não pode ser contestada por ninguém”, diz ele.'

 

'Newton admitia que um sistema geocêntico poderia ser verdadeiro caso houvesse em ação outras forças além da gravidade. Mas sou eu quem está “contestando Newton”, não é mesmo?'

 

' “Nenhum experimento jamais demonstrou que a Terra se move.” (Albert Einstein, 1949)
E sou eu quem está “contestando Einstein”, não é mesmo? '

 

'S. Roberto Belarmino prontificou-se a discutir com Galileu com muito mais presteza do que qualquer heliocentrista, hoje, aceita discutir com o dr. Robert Sungenis.'

 

'Outra certeza histórica inabalável: a Igreja, depois de alguma relutância, aceitou o heliocentrismo com um espírito de tolerância muito maior do que muitos heliocentistas, hoje, sabendo que sua teoria não é eficazmente sustentada por nenhuma prova experimental, se dispõem a encarar a hipótese geocêntrica com a dignidade que ela merece. A classe científica é muito mais apegada aos seus mitos fundadores do que a cristandade jamais o foi a idéias cosmológicas deduzidas da sua fé.'

 

'Qualquer que venha a ser o desenlace das futuras discussões sobre heliocentrismo e geocentrismo, uma coisa é historicamente certa: o heliocentrismo JÁ perdeu seus títulos de direito ao monopólio da verdade e hoje concorre com o seu antagonista em igualdade de condições. Isso quer dizer que TUDO o que conhecemos a respeito é o enunciado de uma contradição que não sabemos resolver.'

 

'Na controvérsia heliocentrismo-geocentrismo, as variáveis são tantas que, diante dela, só tenho dois meios de me livrar da dúvida:  (a) torno-me um gênio da astrofísica e resolvo todas as dificuldades; (b) aposto às cegas num dos partidos e o defendo até à morte. Similarmente ao que acontece na discussão do evolucionismo, não tenho vocação para a primeira alternativa nem sou vigarista o bastante para aceitar a segunda. Portanto convivo pacificamente com a dúvida há muitas décadas e não acredito que a humanidade esteja com a respiração suspensa à espera de que eu resolva a questão.'

 

'Pedro Werneck: Prof. Olavo, uma correção. Se o sr. está se referindo à carta de Galileo à Francesco Rinuccini, ela foi publicada em uma coletâna das obras de Galileo por Eugenio Alberti em 1856, e na coletânea de Antonio Favaro de 1909, depois que o Vaticano liberou o acesso aos arquivos.

 

Olavo de Carvalho: O original, com a assinatura de Galileu raspada pelo destinatário, só foi divulgado em 1989, salvo engano.

 

'De modo mais geral ainda, nenhuma ciência especializada pode provar a existência do seu próprio objeto.'

 

'A burrice dos nossos estudantes universitários de ciência é uma das maravilhas do universo. Eu estava revendo agora mesmo o vídeo no qual explico que é uma tolice a idéia popular de que tudo na ciência se descobre "por experiência". Dei ali como exemplo a noção newtoniana de "espaço absoluto", que é inteiramente apriorística, impossível de se obter por experiência, e da qual tudo o mais na teoria de Newton depende. Em resposta vieram várias mensagens enfezadas, num tom de superioridade infinita, todas de universitários, DEFENDENDO essa noção, como se eu a tivesse ATACADO. É analfabetismo funcional galopante.'

 

'Uma das mais interessantes discussões científicas do século XX foi o confronto entre Einstein e o físico americano Herbert Ives, que defendia a velha noção newtoniana de tempo absoluto, compreendida como simultaneidade universal. Nunca vi um estudante universitário brasileiro que tivesse a menor noção disso. Não é preciso compreender todos os passos matemáticos da demonstração para perceber o quão sérios eram os argumentos de Ives.'

 

'Três exemplos de falsificações que duraram séculos na história das ciências. 
 

1) Os escritos alquímicos e teológicos de Newton, escondidos até os anos 30 do século XX (descobertos por John Maynard Keynes).
2) A carta em que Galileu, já próximo da morte, abjura do copernicanismo, escondida até 1989.
3) O mito de Giordano Bruno como "martir da ciência", que durou até que o historiador Paul-Henri Michel, em 1962, demonstrou que Bruno ignorava TUDO da ciência natural da sua época.'

 

'Ainda sobre a expressão escrita. Vocês já repararam que nenhum dos meus odiadores de estimação jamais DISCUTE o que eu digo, limitando-se antes a roer pelas beiradas, seja falsificando as minhas palavras, seja me atribuindo crimes e vícios imaginários nos quais só outros iguais a eles acreditam?
 

É porque escrevo de modo a dissuadir antecipadamente os amantes de discussões ociosas, carregando nas tintas da obviedade ao ponto de que nenhuma objeção razoável lhes vem ao cérebro, só emoções toscas e fantasias pueris que mal conseguem expressar sem tropeços e incongruências de toda sorte. Isso me poupa trabalho, porque, no caso de uma investida mais ambiciosa, bastam cinco ou seis linhas de resposta para estourar um balão de muitas laudas. 
 

A limitação intrínseca dessa técnica literária é que ela não funciona com plateias de imbecis e analfabetos funcionais, mas isso não é um grande problema porque certamente não é nesse tipo de platéias que espero colher leitores e ouvintes.'

 

'Por isso não posso dizer que meus escritos são sempre construtivos, estimulando de maneira constante e invariável somente a inteligência dos inteligentes. Ao contrário: com igual constância estimulam também a imbecilidade dos imbecis, seja para revelá-la aos próprios olhos deles, curando-os, seja para enroscá-los nela até que se enforquem nas suas próprias tripas.'

 

'Uma decorrência inevitável do analfabetismo funcional é a "ignoratio elenchi", a incapacidade de apreender qual o ponto em discussão. Os cretinos mergulham nela com entusiasmo e volúpia, caçando no fundo da sua própria confusão, que imaginam ser o texto lido, mil e um detalhes laterais, irrelevantes ou mesmo inexistentes, que possam alimentar discussões sem fim sem chegar jamais a qualquer refutacão eficiente daquilo que pretendiam demolir. 
Até hoje aparecem bobocas defendendo Isaac Newton contra aquilo que imaginam que eu disse "contra" ele. Como aprenderam no ginásio que "ciência é experiência", tosquíssima meia-verdade que absorveram como mandamento divino, sentem obscuramente que apontar qualquer elemento apriorístico numa teoria científica é uma tentativa de refutá-la, o que, no caso de Newton, os revolta e indigna até à apoplexia. É patético.'

 

' Talvez a mais grotesca mentira histórica ensinada às crianças nas escolas e reproduzida "ad nauseam" nos filmes e na TV, para gáudio e orgulho dos Pirrôlas da vida, seja a de que o advento da ciência moderna, no Renascimento, acabou com o sistema medieval de pseudociências e superstições. O Renascimento, foi, ao contrário, o período histórico de maior florescimento da alquimia, da astrologia e da magia, em doses que os medievais não poderiam nem mesmo imaginar. E com freqüência os pioneiros da ciência moderna, como Isaac Newton, Elias Ashmole e Johann Kepler foram eles mesmos os mais devotos praticantes das "superstições" alegadamente medievais. Isso é talvez o fato histórico mais abundantemente comprovado e o mais persistentemente ocultado.'

 

Citações de OdeCarvalho.

 

 

 

 

 

Editado por danilorf
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'Eu vou ler três linhas de um livro majestoso, Radical Enlightenment, de Jonathan Israel, o primeiro volume de uma série, cada um com mil páginas, que em matéria de coleção de fatos dificilmente se encontrará algo melhor — embora nem sempre possamos concordar com as avaliações dele. Ele diz o seguinte:

 

“Após 1650, um processo geral de racionalização e secularização instalou-se, o qual rapidamente derrubou a velha hegemonia da teologia no mundo dos estudos e lentamente, mas com segurança, erradicou a magia e a crença no sobrenatural da cultura intelectual européia”.

 

Isso é um entendimento geral do que houve no período geralmente chamado O Iluminismo. Quer dizer, a crença na magia foi afastada, junto com a hegemonia da teologia, e se instalou um processo de racionalização e secularização. Como isso se deu em termos de guerra cultural? Havia representantes de uma cultura tradicional que se incorporava na Igreja e nas universidades, e surge aí uma nova classe de autores e pensadores que rapidamente se sobrepõe aos anteriores e conquistam a hegemonia. Conquistam a hegemonia a tal ponto que hoje a interpretação corrente que se dá ao que aconteceu naquela época é precisamente a que os próprios novos autores e filósofos davam de si mesmos. Ou seja, a auto-imagem que eles transmitiam foi a que se impregnou nas gerações seguintes. Nós averiguamos até que ponto essa auto-imagem pode ser falsa quando baixamos dessas grandes generalizações históricas para a análise dos fatos concretos, uma espécie de micro história, e descobrimos, por exemplo, que a apologia da liberdade civil e política veio junto com uma nova concepção do homem que o explicava como uma máquina, sujeita a determinismos que tornava a sua liberdade praticamente inexistente. Não é uma coisa estranha? Provam que o homem é um bichinho, ou pior ainda, uma máquina, que toda a conduta dele está pré-determinada por leis mecânicas, e em seguida reivindicam para esta criatura, assim descrita, liberdade civil e política. Você pode reivindicar a liberdade para a sua bicicleta, por exemplo? Para o seu computador? “O meu computador tem liberdade civil e política, direito de ter opinião e dizê-la, de tomar decisões, de casar e de exercer profissão, tudo conforme bem entenda.” Não faz sentido! Se você demonstrou que o homem é uma máquina inteiramente determinada por leis mecânicas, a idéia da liberdade civil e política não faz o menor sentido.

 

Ao escavar um pouco mais nós descobrimos que alguns dos filósofos dessa época tinham perfeita consciência disso e diziam, como Voltaire: “é preciso mentir como um diabo e não só em momentos particulares, mas sistematicamente e sempre”. Ora, não houve autor que influenciasse mais esse período do iluminismo do que Voltaire. Ele é como Maquiavel, que disse: “eu nunca escrevo a verdade e quando descubro alguma eu trato de escondê-la o melhor que posso” — claro que ele não disse isso em público, mas em sua correspondência privada. Declarações do mesmo teor são muito freqüentes entre autores do mesmo período, como Diderot, d’Holbach e outros. Foi essa gente que removeu a cultura antiga “baseada na crença na magia etc.” e inaugurou a nova era baseada na racionalidade. Tudo isso está muito esquisito. Nós podemos nos perguntar: se esses camaradas eram assim, como Voltaire e outros, como foi que eles levaram vantagem tão facilmente na disputa com os seus adversários?

 

Nós sabemos, por exemplo, que existe uma imagem pública da ordem jesuítica que foi consagrada por praticamente todos os historiadores até os anos 50. Tal imagem dizia que a ordem jesuítica foi um fator de atraso no progresso da ciência, porque enquanto já se tinham as idéias de ciência experimental, racionalidade etc., eles estavam com a velha teologia, oprimindo todo mundo e não deixando ninguém pesquisar coisíssima nenhuma. Foi somente nos últimos trinta anos que alguém se lembrou de perguntar se tinha sido assim mesmo. Quando você vai ver, descobre que as contribuições dos jesuítas no desenvolvimento das ciências durante os séculos XVII e XVIII foram maiores de que a de qualquer outro, e não consta um único caso em que alguma pesquisa científica tenha sido inibida pela ordem jesuítica. Ou seja, uma mentira histórica se impregnou, se tornou de domínio público e agora todos acreditam nela piamente. Isso é repetido por historiadores profissionais, autores de livros didáticos que vão parar na escola, jornalistas; isso vai parar até no cinema. A imagem do jesuíta empedrado nas suas crenças obscurantistas e impedindo o progresso da ciência é uma coisa de domínio público. Isso significa que um dos lados se tornou hegemônico na disputa.

 

Mas o que aconteceu? Se havia tantos homens de ciências e filósofos na Igreja, sobretudo na ordem jesuítica, como é que os outros acabaram por se sobrepor? Sobretudo uma coisa que me chama a atenção é que quando estudamos os escolásticos (S. Tomás de Aquino, Duns Scott e outros) e depois os comparamos com os primeiros filósofos da modernidade (como Descartes, Bacon etc.), estes últimos se mostram de uma inabilidade filosófica verdadeiramente pueril.

 

Schelling observou que a entrada da modernidade reduziu a filosofia a um nível pueril. Como é possível que pessoas tão filosoficamente desarmadas acabassem por sobrepujar pessoas que tinham uma formação muito mais aprimorada que a deles? E que, ademais, dominavam as mesmas ciências que a eles dominavam. Observando aquele período nós vemos que o combate que os representantes da ordem antiga moveram aos novos filósofos consistiu em duas coisas: [01:00] (a) primeiro consistiu denunciá-los como ateístas ou pró-ateístas — às vezes o sujeito não era formalmente ateu, como Descartes não era, mas a sua filosofia favorecia o ateísmo a longo prazo; então, descobrir as raízes do ateísmo nas obras desses camaradas e denunciá-los por isso foi uma das principais ocupações dos polemistas antiiluministas e antimodernistas entre os séculos XVII e XVIII. O segundo modo de combatê-los foi (b) discutir certos pontos específicos das suas doutrinas. Quando você compra um exemplar das Meditações de Filosofia Primeira de Descartes, geralmente vêm as meditações e depois as objeções e respostas (um monte de objeções). Essas raízes do ateísmo foram logo denunciadas na filosofia de Galileu, Newton, Descartes, Francis Bacon e, sobretudo, Spinoza. A mesma reação que os cristãos tiveram diante de Descartes os judeus tiveram diante de Spinoza — eles olharam e viram que aquilo poderia desmoraliazar a sua religião.'

 

'Na discussão entre São Roberto Belarmino e Galileu, o primeiro estava léguas acima do segundo. Ele entendeu Galileu muito melhor do que Galileu entendeu a si mesmo. Galileu afirmava que o sol era o centro do universo, enquanto São Roberto Belarmino usava argumentos einsteinianos para explicar isso: “No universo, tudo depende das posições. Não se pode demarcar um centro. É impossível demarcar um centro absoluto.” Mas quem hoje lê as objeções de São Roberto Belarmino? Só historiadores profissionais e um ou outro estudioso como eu. Eu o li e percebi que o homem estava montado na razão. A idéia einsteiniana da relatividade das posições já estava dada ali; era uma realização científica fora do comum, muito maior do que a de Galileu. Por que Galileu entrou para a História como o pioneiro e até como vítima e mártir, quando não foi nem uma coisa nem a outra? O processo de Galileu, como diríamos hoje, acabou em pizza, pois ele era afilhado do papa e ninguém lhe faria mal algum. Disseram-lhe: “Faça uma declaração pró-forma, depois pode voltar para a universidade e ensinar a mesma coisa sem aperreio.” Foi exatamente o que aconteceu. A opressão de Galileu foi menor do que a do Lula, que ficou trinta dias na cadeia (muito bem tratado, jamais apanhou...). Galileu não ficou nem um dia; foi tudo combinado. “Seu tio mandou fazer isso aqui para apagar o vexame. Depois você pode continuar a ensinar a mesma coisa.” De fato ele continuou.

 

Esses novos filósofos não tinham a mais mínima [1:10] condição de entrar num debate filosófico técnico com os escolásticos; eles não dominavam a técnica filosófica. A sua maneira de colocar os problemas, comparada com a finura da técnica escolástica, era realmente pueril; Schelling tinha razão. Por exemplo, n’As Meditações sobre Filosofia Primeira, de Descartes — que eu já examinei num texto que se chama “René Descartes e a Psicologia da Dúvida” —, tudo aquilo que ele apresenta como sendo um experimento intelectual efetivamente realizado é impossível de se realizar. Aquilo é uma ficção, uma obra de ficção. Só que dela ele tira conclusões que pretende que sejam adequadas à descrição da realidade.

 

Há quem diga que Bacon “criou um novo método para a Ciência.” O Novum Organum se divide em duas partes: (a) a parte em que ele copia o método de Aristóteles e (b) a parte em que cria tantos novos preceitos e complica tanto a guerra que o método se torna inaplicável. Ninguém jamais usou o método de Bacon, nem o próprio Bacon; não dá. E o que era o seu novo método científico? Confrontação experimental de hipótese: isso é a Dialética de Aristóteles. Não há diferença nenhuma. O que inventaram de novo? Nada. O único ponto que introduziram foi a observação matematizada, que, no tempo de Aristóteles, não fazia sentido, pois a matemática não estava suficientemente desenvolvida para tal. Já quando entram em cena Newton, Galileu etc. já havia novos instrumentos matemáticos que permitiam matematizar uma parte das ciências naturais. As filosofias de todos esses filósofos que apareceram (Newton, Descartes, Spinoza etc.), como conjuntos, são desastres totais. Tornaram-se importantes na História por certas contribuições específicas à Filosofia ou à Ciência; mas são monstrengos dos quais se aproveita uma parte. No caso de Descartes, por exemplo, se aproveitam a Geometria Analítica e mais algumas coisinhas.

 

Sabemos hoje que a totalidade do estudo feito pelo autor da obra mais majestosa da época, a Física de Newton, sobre a gravitação universal, era um capítulo de um imenso sistema metafísico que ele estava construindo, um sistema metafísico e teológico que visava instaurar uma espécie de monoteísmo absoluto de tipo islâmico, em que se abolia a Santíssima Trindade. O conceito que ele tem de Deus é exatamente o islâmico: Allah, a unidade absoluta. Isso quer dizer que toda aquela parte dos estudos teológicos e alquímicos de Newton não são coisas separadas a que ele se dedicou por extravagância. Não. Isso ocupou a maior parte da sua vida. Está muito claro que sua gravitação era apenas uma peça do sistema. Quando tentamos ver o sistema em sua totalidade, percebemos que não faz o menor sentido. E o que é exatamente a Física de Newton? É a descrição de um conjunto de aparências matematicamente medido de tal modo que uma repetição, uma regularidade, uma constância de um certo fenômeno da natureza é captada. O que é aquilo tudo? A descrição de um conjunto de fenômenos (isto é, aparências) feita de tal modo a captar a regularidade dos fenômenos e sua repetitividade. É isso que se chama de lei física. Porém, na hora em que se descobriu que a matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias, descobriu-se apenas um fato da ordem física.

 

Qual é a inteligibilidade disso? O que significa?

 

Dentro da tradição anterior, uma coisa era tida como conhecida quando suas implicações filosóficas também eram conhecidas; ou seja, o mero conhecimento do fato não significava nada, as implicações filosóficas e teológicas tinham de ser consideradas. Aquilo tinha de ser encaixado dentro de uma cosmovisão inteira, senão não havia o entendimento. Tudo que é isolado e fragmentado não faz sentido. A ciência antiga buscava a inteligibilidade e o sentido de tudo; claro que errava em muitas coisas, mas o esquema geral de inteligibilidade permanecia. Newton descobriu apenas um fenômeno — de importância extraordinária, é claro —, mas se perguntarmos: o que ele significa? Quais suas conseqüências filosóficas e teológicas? Não se pode deduzir nada daquilo. Nada. A lei da gravitação universal é compatível com qualquer conseqüência filosófica que se queira tirar dela; é apenas um fato. Na verdade, Newton tentou integrá-la dentro de um conjunto inteligível, que é o seu sistema metafísico. Mas esse sistema estava totalmente errado e era maluco, misturado com tantas crendices inaceitáveis de tal modo que toda a metafísica newtoniana foi jogada no lixo, sobrando apenas aquele pedaço. O que aconteceu em seguida? Tentou-se fazer com que aquele pedaço (que era um mero fato) se tornasse um fundamento filosófico, e daí surgem todas as filosofias mecanicistas. É claro que isso não faz o menor sentido.

 

A Mecânica de Newton é tanto um fundamento de nada que ele teve de criar toda uma metafísica para fundamentá-la. No entanto, pessoas que não eram capazes de entender a complexidade do pensamento de Newton apegaram-se à lei da gravitação e fizeram dela um novo fundamento. Criaram a filosofia mecanicista, à qual provavelmente o próprio Newton jamais teria aderido. Isso foi chamado — por um autor cujo nome esqueci — de o casamento espúrio de Newton com John Locke. É claro que a filosofia mecanicista é cem por cento falsa e o próprio Newton sabia disso. Reduzir-se tudo a uma máquina é uma mera figura de linguagem. Reduzir certos conjuntos de fenômenos a uma relação mecanicista é um expediente usado para se fazerem certas medições. É um expediente a tal ponto que, para construir sua gravitação, Newton teve de postular duas premissas absurdas: (a) o que chamava de espaço absoluto e (b) o tempo absoluto. [1:20] O que é o espaço absoluto? O espaço sem nada dentro. Ora, mas o que é o espaço? A possibilidade da compresença das coisas. Essa possibilidade considerada em si mesmo e sem as coisas é apenas um conceito teórico e não uma coisa existente. Do mesmo modo, o que é o tempo? A ordem da sucessão do que acontece; se nada acontece, não há sentido falar em tempo. Newton teve de postular esses dois conceitos inteiramente absurdos porque queria criar um instrumento de medição para descrever o comportamento dos corpos macroscópicos no espaço. Isso é perfeitamente legítimo. Instrumentos de medição são inventados arbitrariamente, como fizeram na Inglaterra, onde usaram o braço, o pé e o polegar do rei. O polegar do homem era o dobro do nosso; o seu pé era enorme. Poderia ter sido um cara baixinho; se o rei fosse baixinho, as medidas seriam outras. Quando inventaram o metro, foi a mesma coisa; supuseram o diâmetro da Terra e dividiram por não sei quanto. Por que por não sei quanto? Porque quiseram. Toda unidade de medida é arbitrária. Medir é comparar uma coisa com outra.

 

Newton, ao postular o espaço e o tempo absolutos, estava fisicamente certo, porque criava um instrumento de medição de que precisava para fazer o que queria fazer. Mas havia o seguinte: ele acreditava naquilo. Por isso, a física newtoniana é um pedacinho racional de um imenso conjunto irracional. Esse pedacinho, por sua vez, não tinha por si mesmo significado filosófico algum; era apenas uma descrição. “Nós medimos as coisas e vemos que se passam assim e se passam sempre assim.” É claro que aquilo abriu a possibilidade de se fazerem milhões de outras medições e se descreverem milhões de outros fatos, mas a coisa não tem significado filosófico em si; é apenas um dado empírico, muito bem medido, muito bem escrito e constante até certo ponto. Se Newton fora um filósofo de segunda categoria, embora fosse um grande matemático, os seus sucessores foram de terceira, quarta e quinta categoria; transformaram a mecânica de Newton na base de uma nova filosofia, onde tudo tem de funcionar mecanicamente. É uma coisa tão estúpida que o próprio Newton jamais pensou nela. A analogia mecânica é a analogia com a máquina, criada pelo ser humano; você inventa um negócio e depois o usa para explicar tudo que existia antes. Isso é uma figura de linguagem. Por que as máquinas? Por que não se fez uma analogia com, por exemplo, o mercado, as leis da economia? Por que não se fez uma analogia com as línguas, como mais tarde se fez? Por que não se fez uma analogia com o vestuário? Poder-se-ia fazer uma analogia com qualquer coisa, mas eles gostaram das maquininhas, sobretudo dos relógios, que eram uma novidade. Quando pararam de usar relógio de areia e começaram a construir relógio mecânico eles pensaram: “Que maravilha! Então o universo deve ser assim.” É a mesma coisa que se faz hoje em dia com os computadores. Inventamos o computador e dissemos: “Ah, e se o universo funcionar assim?” É claro que ele funciona assim, porque qualquer analogia sempre funciona de algum modo. Se uma analogia for cem por cento falsa, não é uma analogia e se for cem por cento verdadeira, não é uma analogia e sim uma identidade.'

 

'Ora, vejamos o livro de Mordechai Feingold, intitulado Jesuit Science and the Republic of Letters. É uma coletânea de estudos sobre a contribuição jesuítica à ciência. E você chega a conclusão de que, de todas as pessoas que ele está falando, ninguém ajudou tanto o progresso da ciência quanto os jesuítas. Por outro lado, essas descobertas científicas feitas por Newtow, por Galileu, pelo próprio Descartes, não estão vinculadas à nova filosofia mecanicista. Elas podem se encaixar em qualquer filosofia. Por isso, a ilusão de que a nova filosofia fomentou o progresso da ciência contra a anterior é absolutamente falsa. O que aconteceu foi simplesmente que o lado que estava montado na razão não compreendeu exatamente do que se tratava, não pegou o truque; sobretudo porque acreditou nos novos filósofos nos termos que eles colocaram à discussão, quando era preciso ver algo que estava por atrás do que eles diziam.

Por exemplo, vejamos o que diz Jonathan Israel: “Quando se eliminou a noção do crime de feitiçaria — a bruxaria deixou de ser crime, isto foi comemorado na Holanda em 1690 — cunharam-se moedas comemorativas da derrota de satanás.” Veja que coisa: porque pararam de perseguir as bruxas satanás foi derrotado. Isso é operação mágica. Os caras que fizeram isso eram cristãos. A partir da hora que dizem que a bruxaria não funciona mais, a bruxaria nunca funcionou, que não acreditam em bruxaria, na mesma hora acreditam que satanás foi derrotado. Em outras palavras: “agora que legalizamos a bruxaria, satanás não age mais sobre nós”. Isso é o raciocínio mágico mais louco que já vi na minha vida. [1:40] E, no entanto, na época isso pareceu perfeitamente racional.

 

Nós sabemos hoje que os fundadores da Royal Society, que é o templo da ciência moderna, eram todos alquimistas, astrólogos e macumbeiros de modo geral, sabemos que há um submundo da ciência moderna que não se conta. O que é o mecanicismo senão uma operação mágica, pela qual se impregna na mente das pessoas uma imagem de que elas funcionam mecanicamente e, instantaneamente, elas cessam de perceber tudo aquilo que nelas não possa ser explicado mecanicamente. Isso é pura magia. Isso quer dizer que a modernidade foi uma vasta operação de magia que enganou até os seus opositores mais radicais. Uma tremenda ilusão sustentada por algumas descobertas científicas que eram absolutamente independentes desta filosofia e que se arrogando a autoridade destas descobertas, faz delas o pseudofundamento de uma nova filosofia, que justamente abdica da investigação do sentido. No mundo mecanicista não faz mais sentido perguntar o sentido do que quer seja.

 

Na fase anterior, qualquer fato científico descoberto só era considerado compreendido quando se conseguia captar o seu sentido dentro de uma cosmovisão inteira. Agora não há mais isso, há apenas investigação mecanicista, a qual se substitui à investigação do sentido. Você agora não procura mais o sentido, mas o “como funciona”. A ciência virou “manual do usuário”. Essa porcaria é chamada de ciência até hoje, quando isso evidentemente não é a ciência, é um pedaço da ciência.

 

Hoje em dia, começamos a sair desse pesadelo. Gradativamente os historiadores vão descobrindo toda a mistificação que ficou escondida. O coeficiente de irracionalidade nesse “iluminismo” começa a aparecer, tal como o coeficiente de mentira, de ocultação proposital, de propaganda, de guerra cultural. Mas é claro que junto com isso nós percebemos a limitação da cultura tradicional antiga. Todos esses defensores da ordem tradicional cristã não entenderam o que estava acontecendo.'

 

'É difícil encontrar algum autor que minta tão sistematicamente quanto Voltaire — nem o próprio Maquiavel, que também confessava ser um mentiroso, chega aos pés de Voltaire. Esta apologia que ele faz em público de direitos da humanidade, dignidade humana etc., na correspondência pessoal ele mostra que fez exatamente o contrário: total desprezo pela humanidade, considerando todos um bando de animais. O próprio estilo de Voltaire é uma coisa totalmente artificial, uma conversa de salão, não é um ser humano de verdade. Ele está sempre representando um papel o tempo todo. Isso aí já é uma etapa depois da Paralaxe Cognitiva, quando a paralaxe se consolida em falsificação estrutural. Eu já lhes contei a história de Diderot, da monja que ele inventou pedaço por pedaço. Ele conseguiu convencer a Europa inteira de que isto estava acontecendo: a monja estava presa no convento e queria abandoná-lo, mas os superiores não a deixavam. Era exatamente o contrário! Os superiores estavam sempre convidando as pessoas a ir embora. Essa monja tanto não poderia estar presa no convento porque ela era porteira do lugar, ela que tinha as chaves. Se ela quisesse ir embora, a coisa mais fácil era abrir a porta e se mandar. E ainda ela permaneceu no convento. Ela foi uma das vítimas da Revolução Francesa, enfrentou bravamente os seus executores e foi para guilhotina. Diderot estava mentindo o tempo todo, sabia disso, e falava daquilo às gargalhadas. Todo pessoal do Iluminismo francês é vigarista, do primeiro ao último. São pessoas que não deveriam merecer atenção, exceto como fenômenos de psicopatologia social.

 

Se você voltar um pouco antes, os pensadores do Renascimento não eram assim, mas eram sérias vítimas de Paralaxe Cognitiva. Galileu dizia que não inventava hipóteses, mas não parava de inventá-las uma atrás da outra. Ele inventou um plano inclinado sem atrito. Onde ele viu um plano inclinado sem atrito? Foi ele que inventou, então era uma suposição, uma hipótese. Ali ainda é paralaxe cognitiva. Mas quando chega no século XVIII com o Iluminismo, não é mais paralaxe cognitiva; já é a falsificação estrutural. Mais tarde, tem a mentira industrializada, com o movimento comunista e marxista. Aí é a mentira em grande escala, planejada como um bom produto industrial.'

 

'Inúmeros manuais de história da cultura, história das idéias, história da filosofia demarcam esse período do início da modernidade como um período onde o pensamento teológico e mágico — eles já juntam as duas coisas — foi substituído pelo pensamento científico racional. E todo mundo repete isso sem cerimônia. Quando você vai ver a coisa substantivamente, você vê que todos ou quase todos os próceres da modernidade, os próceres da nova ciência — Newton, Francis Bacon e outros — não só continuaram apegados a certas práticas de pensamento mágico, supostamente ligados a um período anterior, como eles deram a estas modalidades de pensamento uma importância e um valor infinitamente maior do que tinham durante a Idade Média. A Astrologia é um exemplo. Qual era o posto da Astrologia dentro do pensamento Escolástico medieval? Não só Escolástico mas desde a Patrística. Se você pegar de Sto. Agostinho até Sto. Tomas de Aquino, passando por Sto. Boaventura, Duns Scot; o que eles pensavam de Astrologia? Eles pensavam duas coisas: primeiro, a influência dos astros sobre o ambiente terrestre é um fato, todos eles acreditavam nisso. Não sabiam que tipo de influência era essa, havia várias hipóteses e discussões; mas acreditavam na existência disso. Porém a técnica astrológica, a técnica que os astrólogos usam para astrologia preditiva em geral são charlatenescas, então é melhor afastar-se delas. Praticamente durante todo este período que vai desde a antiguidade até o início da modernidade — a Renascença e o Iluminismo —, praticamente todas as críticas que foram feitas à Astrologia foram feitas por pessoas que acreditavam nos fundamentos dela; praticamente não tem um que negasse isso completamente. No entanto, como não havia muitos meios de esclarecer que tipo de influência era aquela, que tipo de relação existia afinal de contas, então os escolásticos deixavam isso de lado como um problema que ia sendo ―empurrado com a barriga‖. A última e mais brilhante teoria enunciada foi a de Sto. Tomás de Aquino na Summa Contra os Gentios. Eu já dei vários cursos sobre isso e pretendo voltar; vou encaixar isso dentro deste curso pois esse é um elemento muito importante para nós.

 

O raciocínio de Sto. Tomás de Aquino é muito simples. Ele diz: Deus move os corpos inferiores pelos corpos superiores, e os corpos superiores são superiores em volume e tamanho. Porém eles são corpos, eles não são pessoas, eles não são anjos, nem demônios; eles são corpos. Então, naturalmente, eles só podem agir por alguma via corporal. Isso quer dizer que se a posição dos astros no céu mexem alguma coisa com o ser humano, só pode mexer nele através do corpo, não é uma influência anímica, na alma, na psique. Sto. Tomás de Aquino voltava a subscrever a tese que era do próprio Sto. Agostinho, oito séculos antes. Sto. Agostinho abominava os astrólogos, mas ele dizia que muito provavelmente os astros, através da influência que exercem na formação embrionária humana, tem algo a ver com a forma do corpo humano e esta forma do corpo determina certas limitações à atividade psíquica — por exemplo através dos vários temperamentos ou caracteres herdados. Ele estava sub-entendendo alguma ligação dos astros com a genética, sugerindo que este problema só seria esclarecido quando eles tivessem uma idéia certa da ligação de uma coisa com a outra — ―não temos uma idéia, então fica aí um ponto de interrogação‖. E Sto. Tomas de Aquino também deixou um ponto de interrogação.

 

Outro exemplo é a Reforma Protestante. Hoje em dia, se falamos de astrologia com qualquer protestante aí no Brasil e sobre tudo aqui nos Estados Unidos, eles falam "vá de retro, Satanás!", "isso é coisa do demônio." Eles abominam, condenam tudo e não querem nem que investigue. Porém quem foi que colocou a Astrologia em moda, na modernidade? Foram os Protestantes, o pessoal da Reforma. Lutero pessoalmente não gostava muito da coisa e não falou nada a respeito; mas o seu braço direito, chamado Melâncton, escreveu muita coisa a respeito de astrologia e criou a moda que se disseminou entre quase todos os pensadores reformistas, de tentarem interpretar as profecias bíblicas usando elementos de astrologia, sobretudo a cronologia a que a Astrologia dava base. Então a leitura astrológica dos profetas — da profecia de Daniel, Ezequiel etc. — virou moda entre os protestantes. Por que acontecia isso? Porque eles não aceitavam os cânones tradicionais de interpretação bíblica da igreja Católica, então eles tentaram inventar outra e a tiraram do lixo. Os protestantes que estão me ouvindo me desculpem, mas foi tirado do lixo. A maior parte daquele manancial de idéias astrológicas que circularam durante a Idade Média era lixo mesmo. Tinha alguns camaradas que estavam tentando descobrir seriamente o que era, mas o astrólogo não fazia isso, ele enunciava profecias com a maior facilidade e ganhava uma grana com isso. Os escolásticos os condenavam não porque não acreditavam na influência dos astros, mas porque achavam que aquilo ainda não dava base para uma técnica analítica preditiva. Então eles diziam: ―essa técnica foi toda inventada, é tudo maluquice, são resíduos de mitos pagãos; é claro que de vez em quando o sujeito pode acertar alguma coisa, mas nós não temos um critério ainda‖. A prova de que eles estavam conscientes de que não tinha um critério são os cinco capítulos importantíssimos da Summa Contra os Gentios nos quais Sto. Tomas de Aquino — depois de correr toda esta água entre Sto. Agostinho e ele — ainda estava tentando equacionar o problema, e vendo por onde ele deveria ser investigado.

 

Enquanto Sto. Tomás de Aquino ainda estava tentando criar a clave classificatória para poder investigar o fenômeno, os astrólogos já estavam usando de uma ciência inexistente, de uma ciência do futuro, para fazer previsões etc. O pessoal da Reforma começou a usar esses critérios astrológicos para interpretar profecias e fazer profecias. Eles achavam que confluindo a profecia bíblica e os trânsitos planetários, juntando essas duas coisas, obtém-se a certeza absoluta. À luz dessas convergências, desses dois fatores, eles interpretavam até as suas próprias ações — a Reforma Protestante se auto-interpretou assim. Do ponto de vista do teólogo católico aquilo era de um puerilismo absurdo; eles estavam fazendo das tripas coração para ver se entendiam o sentido do texto e se, por outro lado, eles esclareciam que raio de coisa era a tal da influência dos astros. De repente os reformistas protestantes pegam uma ciência que não existe ainda, uma ciência que é meramente hipotética, e a aplicam à interpretação das profecias bíblicas para que concluir que eles eram os enviados. Eles são os precursores, os inauguradores da Nova Era. Se não fosse a Reforma Protestante não teria havido a moda de Astrologia na Renascença — claro que não são eles os únicos culpados. Os Humanistas também contribuiram para isso. Na Idade Média, o estudo das letras, dos textos, se dividiam em Letras Divinas e Letras Humanas. [2:20] Humanista era o sujeito que se interessava mais pelas Letras Humanas — os poetas, os historiadores etc. — da antiguidade. Então, dentro do seu culto da antiguidade greco-romana eles revalorizaram a astrologia greco-romana, e também espalharam uma onda de astrologia pelo mundo.

 

Terceiro: a maioria dos grandes cientistas que começaram a Modernidade estava profundamente inspirada pelas idéias protestantes e queria criar uma nova teologia, que intregraria exatamente aqueles mesmos elementos que os teólogos protestantes estavam tentando integrar. Se você estudar a obra de Isaac Newton você verá que o propósito integral dele era isto: criar uma ciência universal baseada na profecia bíblica e em elementos astrológicos. Toda a teoria da gravitação universal era pra ele um capítulo da teologia, era um estudo, conforme ele entendia, do que seria o aparato sensório de Deus; o espaço-tempo era o aparato sensório de Deus. Então esse seria um dos fundamentos da teologia dele, a qual não tem pé nem cabeça. O único pedaço que tem pé e cabeça é a teoria da Gravitação Universal. Porém, tal como eu lhes expliquei, numa época anterior a teoria da Gravitação Universal não seria aceita como ciência, porque era apenas um mecanismo descritivo sem inteligibilidade intrínseca — não se sabe de fato o que quer dizer aquilo, sabe-se apenas que tem um fenômeno que acontece assim. Quando aquela mania astrológica e profética começou ―a fazer água‖, retroativamente os camaradas decidiram apagar a pista do que eles mesmos tinham feito e separaram da obra de Newton só aquele pedacinho que era matematicamente defensável e disseram: a nossa ciência é isto. Eles produziram esta imensa falsificação histórica que acaba jogando para a Idade Média a onda mágico-astrológica que os próprios próceres da modernidade criaram, e da qual a Igreja Católica não tem culpa nenhuma — ela foi contra tudo isso.

 

Notem como um debate durante séculos pode não somente ser totalmente falseado em relação aquilo que está realmente acontecendo, falseado pela paralaxe cognitiva — o sujeito está fazendo uma coisa, mas está falando de outra completamente diferente —, mas uma falsidade pode, historicamente, se consolidar durante séculos e ser retransmitida no ensino à todas as criancinhas do mundo. Quando vejo hoje em dia um evangélico condenando a Astrologia, eu logo penso ―mas foram vocês que trouxeram isso, meu Deus do Céu! Você não lembra mais, mas foi seu bisavô, seu tetravô ideológico que inventou essa porcaria; não fomos nós, nós não temos nada a ver com isso‖. E, naturalmente, no meu caso específico, a coisa fica muito cômica porque eu tenho a certeza do que estou falando. Eu li praticamente tudo que havia para ler de Astrologia até os anos oitenta, quando eu trabalhei investigando essa área, depois eu parei por pura exaustão; eu acompanhei todo o debate astrológico do século XX e lhes garanto que não houve nenhuma tentativa séria de equacionar aquilo cientificamente. Houve tentativas de provar que a Astrologia é científica — o que é uma besteira fora do comum — e houve tentativas de provar que a Astrologia é uma pseudo-ciência. Se estiverem referindo à técnica astrológica que os astrólogos usam, isso é pseudo-ciência mesmo. Porém, o fenômeno das influências, das correlações astrais em si mesmo, não é pseudo-ciência, mas um problema científico a ser elucidado.'

 

-OdeCarvalho

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