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Treinamento Funcional Nas Lutas


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Treinamento Funcional nas Lutas

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Por Leandro Paiva*

O método de treino denominado no Brasil de “Treinamento Funcional” (TF), também sinônimo algumas vezes de “CORE” e nos Estados Unidos de “Treinamento Não-Convencional” ou “Alternativo” (tradução livre), de fato, vem ganhando força no dia a dia das academias pelo baixo custo de implantação e forte apelo de marketing e mercadológico.

Contudo, nos últimos anos, o apelo mercadológico tenta abocanhar as Lutas e Artes Marciais, como se o “Treinamento Funcional” (TF) fosse o melhor e mais revolucionário método de preparação física para lutadores. Será que é mesmo?

Em primeiro lugar, é muito complicado designar a prática. Antes, em teoria, se considerava TF apenas os exercícios que pudessem aumentar a funcionalidade do indivíduo em referência ao trabalho almejado. De toda sorte, a caracterização inicial era formatada com base em exercícios realizados em superfícies instáveis ou situação de instabilidade: bola suíça; bosu; unipodal; prancha, etc.

Posteriormente, com a prospecção midiática e comercial da denominação “Treinamento Funcional”, praticamente todos os exercícios “não-convencionais” ampliaram a designação da prática: Kettlebell; Levantamento de Peso Olímpico; Treinamento Suspenso, etc.

Uma das falácias típicas dos propagadores do método no Brasil: a utilização de resistência elástica (ou elásticos) como meio de treinamento nas lutas sempre foi prática comum em rotinas de preparação física de lutadores. A metodologia é denominada pela terminologia tradicional na Educação Física há quase 50 anos como treinamento de/para potência e potência-resistência (dependendo do objetivo). Agora, pasmem, virou Treinamento Funcional.

Recentemente, ocorreu o mesmo com o Levantamento de Peso Olímpico (LPO) no Brasil – que antigamente era denominado de Halterofilismo -, mais uma vez, pasmem, estão designando de TF.

Em suma, a realidade prática no Brasil: TF tornou-se denominação generalizada englobando exercícios considerados “alternativos” ou “não-convencionais” aos tradicionalmente praticados em academias, questionando movimentos de abrir-fechar, puxar-empurrar, etc. (Musculação, principalmente…).

O maior problema é que, inicialmente, quando o método avançou no Brasil, carecia na literatura científica de estudos mais abrangentes comparando alguns dos exercícios propagados com os já tradicionalmente utilizados. Este cenário vêm mudando nos últimos anos. Adiante, apresentaremos alguns indícios.

O que alguns estudos mostram?

Behm et al. (2010), em seu estudo referente ao uso de instabilidade para treinar o CORE (considerada a região central do corpo, composta pela região abdominal, lombar e músculos acessórios e “profundos”) comparando atletas e não atletas, concluíram que a ativação do CORE é semelhante ou superior do que a alcançada em condições instáveis, com exercícios de Agachamento, Deadlift, Arranque e Arremesso.

Afirmaram que a adição de bases instáveis pode diminuir a força, potência, velocidade e amplitude de movimento, não sendo recomendados como meio de treinamento primário para o condicionamento atlético.

Em outro estudo para verificar o uso de instabilidade para treinar o CORE, Behm et al. (2010) concluíram que, embora os dispositivos instáveis fossem eficazes na redução de incidência da dor lombar, não são recomendados como exercícios primários para hipertrofia e resistência muscular, especialmente em atletas treinados.

No estudo realizado para comparar a utilização de Kettlebell versus treinamento com pesos livres, Otto et al. (2012) concluíram que, em curto prazo, o treinamento de força com pesos livres, assim como o kettlebell foram eficazes no aumento de força e potência. No entanto, o ganho de força por meio de exercícios de levantamento de peso foi maior do que com kettlebell.

Treinamento Funcional é funcional para lutadores?

Santaguêda e Santos (2011), resolveram prosseguir com um estudo para comparar um grupo de caratecas submetidos a um programa de treinamento funcional com outro grupo de caratecas submetidos a um programa de treinamento tradicional e, assim, verificar qual dos dois treinamentos seria mais producente para aumentar força e/ou potência em golpes típicos da modalidade.

Os atletas eram faixas marrom ou preta, praticantes regulares com no mínimo 5 anos de prática. Foi realizada análise cinemática para mensurar dados relacionados à velocidade e aceleração linear de punho desses atletas.

Os resultados demonstraram, segundo os autores, que a pesquisa não foi tão conclusiva, pois não houve diferenças entre os grupos tradicional e funcional.

No entanto, os autores afirmaram que tal conclusão pode ter se dado pelo pequeno número de sujeitos que finalizaram o estudo, inviabilizando análise estatística e/ou pelo pouco tempo para aplicação do treino, no qual, não se foi possível atingir boa adaptação neuromuscular para melhor implementação da carga.

Os treinamentos com a terminologia de “Treinamento Funcional” nas lutas seria uma nova proposta no Brasil e no Mundo?

Não! Nas guerras, era utilizado (sem esta denominação na época…) pelos soldados da cidade-estado grega de Esparta desde a antiguidade.

O que ocorre é que a terminologia tradicional na Educação Física classifica os exercícios de específicos e/ou especiais. Agora, pela terceira vez, pasmem, os marketeiros de TF mantiveram as mesmas metodologias, mas passaram a designar, ressignificar e englobar como “Treinamento Funcional”.

O que se designa e utiliza como TF, de fato, deveria ser, prioritariamente, apenas resgatar os meios de treinamento esquecidos e largamente utilizados durante décadas por atletas de alto rendimento de países do antigo bloco comunista. Exercícios específicos e especiais que se provaram na prática com elevado índice de sucesso com lutadores campeões regionais, nacionais, mundiais e, principalmente, olímpicos (Platonov & Bulatova, 2003).

Martin Rooney (Rooney, M., 2004; Rooney, M., 2008), em suas viagens para escrever seus dois livros intitulados “Training for Warriors”, constatou que, em praticamente todos os continentes, por todas as academias em que visitou de Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate, os meios de treinamentos mais funcionais e que são utilizados por, aproximadamente, 95% de todos os lutadores campeões são nada mais, nada menos, que os próprios exercícios típicos de lutas.

Viu mais. Constatou que, neste aspecto, o básico era o “pulo do gato”, provando gerar elevada adaptação e transferência positiva (quando o exercício aumenta a performance da atividade-alvo) para diversas artes marciais e modalidades esportivas de combate. Dentre elas, em especial para o Jiu-Jítsu e o MMA. Isto, sim, deve ser classificado como o verdadeiro Treinamento Funcional para Lutadores.

Aquele que observamos constantemente em vídeos no site YouTube, no máximo, poderia ser utilizado e classificado em sua totalidade como “exercícios acessórios” e (se e quando) aplicados, distantes (bem distantes) da data da luta competitiva. Adiante, podemos observar alguns exercícios específicos (o verdadeiro “Treinamento Funcional” para Lutadores), utilizados na Rússia, Estados Unidos e Japão, respectivamente.

Conclusão

O intuito deste longo artigo foi alertar e instruir aos incautos sobre a “nova onda” e moda de “Treinamento Funcional” e se exercícios em bases instáveis, além de profilaxia e melhora de dor lombar, poderiam ser superiores ou não a outros exercícios especiais e específicos para lutadores, comprovadamente eficazes em décadas de uso. Portanto, maior discernimento e cuidado ao analisar alguns exercícios utilizados para lutadores e publicados em vídeos no Youtube e, muito mais, no tal “Treinamento Funcional” “marketiado”, maquiado e ressignificado no Brasil. Lembre-se, de acordo com a “ótica positivista”, tudo é funcional. Depende para que…

Referências:

Behm et al. Canadian Society for Exercise Physiology position stand: The use of instability to train the core in athletic and nonathletic conditioning. Appl Physiol Nutr Metab. 2010 Feb;35(1):109-12. (2010);

Behm et al. The use of instability to train the core musculature. Appl Physiol Nutr Metab. 2010 Feb;35(1):91-108;

Otto et al. Effects of Weightlifting vs. Kettlebell Training on Vertical Jump, Strength, and Body Composition. J Strength Cond Res. 2012 Feb 15;

Platonov, V.; Bulatova, M. A preparação física. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2003;

Rooney, M. Training for Warriors: the team Renzo Gracie workout. 1.ª edição. New Jersey: Publicado pelo autor, 2004;

Rooney, M. Training for Warriors: the Ultimate Mixed Martial Arts Workout. 1.a edição. New York: Harper Collins Publishers, 2008;

Santaguêda e Santos. Alterações cinemáticas do guyaku tsuky induzidas por um programa específico de treinamento funcional. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011.

* - Colaborador especial da TATAME, autor do livro Pronto Pra Guerra, mantém um Blog diário e possui um canal de TV abordando todos os aspectos da preparação de lutadores.

Fonte: Tatame

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Citando o Joe DeFranco: "Qualquer treinador pode te deixar cansado, mas somente um verdadeiro profissional irá deixá-lo mais forte, ágil e flexível". Sair cansado do treino nunca foi sinônimo de qualidade do mesmo, a fadiga é apenas uma consequência, não causa.

Exatamente o que mais me irrita! Vejo muitas pessoas elogiarem absurdamente "profissionais" que, ao meu ver, não fazem a mínima ideia do que estão fazendo, pq simplesmente passa um treino que as deixa cansadas....

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Exatamente o que mais me irrita! Vejo muitas pessoas elogiarem absurdamente "profissionais" que, ao meu ver, não fazem a mínima ideia do que estão fazendo, pq simplesmente passa um treino que as deixa cansadas....

Se v mt isso...eu na mao de professores d luta ja fiz mt coisa q me deixava com pé atras...

Tem um conhecido meu q diariamente posta video dele botando gente p fazer agachamento em cima d bola, os comentários sao todos empolgados d elogio ao cara, ele posta assim : Treinamento funcional!!!!!

Editado por escrubles1
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