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A famosa “concentração” é uma prática bem antiga que persiste até hoje. Dentre seus objetivos está o de manter o atleta longe do sexo no(s) dia(s) anterior(es) à competição. A favor dela estão os conservadores e contra estão, obviamente, os(as) atletas e respectivos(as) companheiros(as). É muito comum ouvirmos em noticiários que determinado jogador fugiu da “concentração” e causou transtornos para o time, ou que a atividade sexual do atleta foi a culpada pelo mal resultado na competição. Além do detrimento à performance também é muito comentado que a relação sexual prejudicaria a concentração e diminuiria os níveis de testosteronas, prejudicando, nesse caso, o processo de hipertrofia.

Em 1995 foi publicado um estudo dos pesquisadores americanos BOONE & GILMORE procurando verificar os efeitos da relação sexual na performance. Os autores usaram 11 homens como amostra, os quais foram testados em duas ocasiões: com ou sem relação sexual antes do teste. No caso do grupo experimental as relações eram mantidas 12 horas antes do teste, bem menos que o sugerido pelos treinadores, e mesmo assim não houve alterações negativas na performance durante os teste máximos para mensurar a potência aeróbia.

Um grupo de pesquisadores suíços foi ainda mais longe: usou atletas de alto nível em sua amostra, analisou também os níveis de testosterona, testou a capacidade de concentração e ainda esperou apenas 2 horas após a relação sexual para realizar os testes. De acordo com os resultados: no teste máximo no cicloergometro não houve prejuízo da performance; no teste para verificar a capacidade de concentração também não foi verificado prejuízo na performance; os níveis séricos de testosterona também não pareceram ser afetados (SZTAJZEL et al, 2000). Quanto à questão dos níveis de testosterona, pesquisadores italianos ousaram ao sugerir que os níveis de atividade sexual estão diretamente relacionados com os níveis de testosterona (JANNINI et al, 1999)

Vale ressaltar que a proibição do sexo não é defendida por todos, segundo consta na autobiografia de Bob Beamon. A única vez que ele teve relações sexuais na noite anterior à uma competição foi nas Olimpíadas do México em 1968, quando coincidentemente (ou não) quebrou o recorde mundial de salto em distância em sua primeira tentativa, com a marca de 8,9 metros, superando o recorde anterior em mais de meio metro, marca histórica que perdurou por mais de duas décadas, até que Mike Powell a superou em 1991.

Segundo conta a lenda, os alemães orientais já sabiam dos benefícios do sexo há algum tempo, tanto que às vésperas da Copa do Mundo de Atletismo de 1981, em Roma, eles levaram a equipe inteira a um cinema pornô e estimularam os atletas a formarem pares.

Em relação às mulheres também há controvérsia, porém apesar de não haver material suficiente para embasar afirmações é provável que as observações sejam as mesmas que para os homens.

Na minha opinião não é a relação sexual em si que pode trazer prejuízo a performance, mas sim o fato de se passar a noite em claro tendo a relação ou no processo de “caça”, que envolve muitas vezes o uso de “drogas sociais” como álcool e cigarro. Além disso a associação com a perda de concentração me parece ser justamente inversa, pois prender o atleta em seu quarto longe de sua(eu) companheira(o) me parece muito mais estressante do que passar a noite com essa pessoa. A opção mais racional seria vale-se do princípio da individualidade, deixando o atleta livre para o optar qual o procedimento que o deixaria mais apto para competição.

Referências Bibliográficas

BOONE T, GILMORE S. Effects of sexual intercourse on maximal aerobic power, oxygen pulse, and double product in male sedentary subjects.J Sports Med Phys Fitness. 1995 Sep;35(3):214-7.

SZTAJZEL J, PERIAT M, MARTI V, KRALL P, RUTISHAUSER W. Effect of sexual activity on cycle ergometer stress test parameters, on plasmatic testosterone levels and on concentration capacity. A study in high-level male athletes performed in the laboratory. J Sports Med Phys Fitness. 2000 Sep;40(3):233-9.

JANNINI EA, SCREPONI E, CAROSA E, PEPE M, LO GIUDICE F, TRIMARCHI F, BENVENGA S. Lack of sexual activity from erectile dysfunction is associated with a reversible reduction in serum testosterone. Int J Androl 1999 Dec;22(6):385

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