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Tudo dependo do contexto e do objetivo.

Ás vezes ficar falando tudo abertamente (eu acho, talvez, eu penso assim, na minha opinião, etc) pode não ser bom em uma situação que exija firmeza e quando as pessoas esperam que você estabeleça algo com confiança plena no que diz...

Dificilmente algo é bom sempre, em todas as situações, o mais comum é que o melhor modo de agir sempre deve ser decidido após a análise do contexto em que vamos agir...

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Só pra não deixar de almeidar, tenho que falar um pouco de mulher, só pra esclarecer aquela situação da ex do meu amigo: desencanei total, não quero mais saber disso não, esse lance não ia prestar, to de boa, vou ficar friozão com ela, tratar que nem homem...

eu ri huauhauhhuahuahuau....

Conte nos o que te levou a desencanar meu caro! Ela fez algo? ou você refletiu e percebeu que realmente não valeria a pena? Enfim, que bom pra você! :)

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Conte nos o que te levou a desencanar meu caro! Ela fez algo? ou você refletiu e percebeu que realmente não valeria a pena? Enfim, que bom pra você! :)

Refleti... O lance é que a parada só poderia rolar se eu chegasse, óbvio, o homem tem que tomar a atitude, mas nesse caso, eu estava mais receoso da rejeição do que o normal, por que tenho certeza que ela ia contar pro pessoal que eu cheguei nela e daí ia ficar muito feio pra mim no nosso círculo social. Ou seja, eu só chegaria se tivesse 100% de certeza que iria rolar, e como não prevejo uma circunstância na qual possa ter tanta certeza, achei melhor desencanar total dessa história...

Querer pegar eu até queria né... mas não estou disposto a correr o risco de fazer papel de palhaço e todos meus amigos ficarem sabendo e eu ainda ficar com fama de traíra, vão pensar que eu já tava de olho na guria desde que ela namorava com meu amigo... enfim, não vale a pena...

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Refleti... O lance é que a parada só poderia rolar se eu chegasse, óbvio, o homem tem que tomar a atitude, mas nesse caso, eu estava mais receoso da rejeição do que o normal, por que tenho certeza que ela ia contar pro pessoal que eu cheguei nela e daí ia ficar muito feio pra mim no nosso círculo social. Ou seja, eu só chegaria se tivesse 100% de certeza que iria rolar, e como não prevejo uma circunstância na qual possa ter tanta certeza, achei melhor desencanar total dessa história...

Querer pegar eu até queria né... mas não estou disposto a correr o risco de fazer papel de palhaço e todos meus amigos ficarem sabendo e eu ainda ficar com fama de traíra, vão pensar que eu já tava de olho na guria desde que ela namorava com meu amigo... enfim, não vale a pena...

Porra, aí eu magoei! kkkkkkk

Jurava que tinha chegado a essa conclusão porque REALMENTE não valeria a pena, mas foi apenas por medo da negativa por parte dela e ter que encarar seus amigos como o "único culpado".

Na minha humilde opinião não vale a pena por todos motivos que já foram falados anteriomente, mas se vc diz que "até queria" então tenha atitude e faça! Só assim para vc ver o que acontece e tirar as lições que as suas escolhas tem a te oferecer (ou não).

Só repare na forma que vc está pesando. Tudo que vc fala vc BASEIA nos outros. Tudo são os outros, mas eu te pergunto: e vc? quando vai começar a fazer as coisas pensando em si mesmo?

Postado (editado)

É óbvio que o problema do Almeida nesse caso é o ego.

Eu fiz um post para o 2sasi há um tempinho que valeria completamente para esse caso também.

É tudo sobre uma preservação sem sentido da imagem. Encanação com o que vão pensar. Medo de se pôr em situações em que podem haver julgamentos e apontar de dedos.

A máxima no entanto permanece: até quando você vai se contentar em ter meia liberdade? Até quando vai deixar um possível julgamento exterior afetar suas atitudes? Até quando vai pensar mais nos outros do que em você mesmo?

Fica nessa de postergar a saída da zona de conforto e quando você vê está com 30 anos e ainda é um completo beginner. Não quero dizer que atitude nesse caso deveria ser tomada, mas pelos argumentos explanados é evidente que em toda situação que se faça necessária a energia masculina em forma de atitude haverá todo esse mimimi.

Posts do Ice sobre felicidade como sempre muito instrutivos.

Abraço

Editado por Aroma
Postado (editado)

Pô Almeida, pega logo pô. Se não tem 100% de certeza que ela te quer, joga um verde.

Ice, meu problema não é que não tenho um sentido para a vida. Sou formado, tenho dois bons empregos, ganho bem, namoro há muito tempo. A questão é que meu namoro passou a ser a distância, e vai ser assim pelos próximos 2 anos, e meus dois empregos me fazem trabalhar mais de 70h por semana.

O problema é que às vezes me pergunto se preciso de tudo isso, se não seria melhor trabalhar as 44h, ganhar menos e ter tempo pra aproveitar outras coisas.

Editado por Deschain
Postado (editado)

Galera, como ser durão, mostrar não se intimidar com as pessoas?

Eu sei, postura e atitude é algo que sempre devemos mostrar ter, mas como ou o que vocês fazem pra melhorar nesses aspectos rumo ao estilo BAD ASS?

Já que minha altura não me ajuda...

Tem um cara da minha cidade que às vezes passa por aqui, o cara é igual o Charles Bronson (prisioneiro)

tumblr_kzcqt2RHRP1qaw8q0.jpg

O cara caminha na rua sem camiseta e ninguém ousa olhar no olho do cara HAHAHAHA

Detalhe que ele deve ter uns 1.60 e é gordo

O segredo está no bigode?

Editado por Emelianenko
Postado (editado)

Frankl diz que toda busca pela felicidade só gera frustração, insatisfação e fracasso.

Segundo ele, a verdadeira felicidade só é alcançada quando sua busca é abandonada e a pessoa se entrega de corpo e alma às suas atividades, sejam elas quais forem, pois só quando a pessoa encontra o sentido da sua vida e persegue seus objetivos de vida é que encontra a felicidade.

Mas este encontro da felicidade ocorre de maneira fortuita e imperceptível.

Tu disse que não leu nenhum livro do Olavo. No Mínimo, tem um artigo sobre o assunto que tu ia gostar. Na verdade, dois. Vou compartilhar aqui pq pode ser do interesse de mais alguém:

Redescobrindo o sentido da vida

Olavo de Carvalho

Primeira Leitura, novembro de 2005

Freud assegurava que, reduzido à privação extrema, o ser humano perderia sua casca de espiritualidade e poria à mostra sua verdadeira natureza, comportando-se como um bicho. Victor Emil Frankl, psiquiatra, judeu e austríaco como Freud, não acreditava nisso, mas não teve de inventar uma resposta ao colega: encontrou-a pronta no campo de concentração de Theresienstadt durante a II Guerra Mundial. Ali, reduzidos a condições de miséria e pavor que no conforto do seu gabinete vienense o pai da psicanálise nem teria podido imaginar, homens e mulheres habitualmente medíocres elevavam-se à dimensão de santos e heróis, mostrando-se capazes de extremos de generosidade e auto-sacrifício sem a esperança de outra recompensa senão a convicção de fazer o que era certo. A privação despia-os da máscara de egoísmo biológico de que os revestira uma moda cultural leviana, e trazia à tona a verdadeira natureza do ser humano: a capacidade de autotranscendência, o poder inesgotável de ir além do círculo de seus interesses vitais em busca de um sentido, de uma justificação moral da existência.

Uma recente viagem a Filadélfia, onde a Universidade da Pennsylvania comemorava com um ciclo de conferências o centenário de nascimento do criador da Logoterapia, trouxe-me a lembrança animadora de que na história das idéias tudo se dá como na vida dos indivíduos: mesmo a extrema indigência espiritual consolidada por séculos de idéias deprimentes não impede que, de repente, a consciência do sentido da vida ressurja com uma força e um brilho que pareciam perdidos para sempre. A evolução do pensamento moderno, de Maquiavel ao desconstrucionismo, é marcada pela presença crescente do fenômeno que denomino "paralaxe cognitiva": o hiato entre o eixo da experiência pessoal e o da construção teórica. Cada novo "maître à penser" esmera-se em criar teorias cada vez mais sofisticadas que sua própria vida de todos os dias desmente de maneira flagrante. A "análise existencial" de Frankl, a contrapelo do "existencialismo" de Heidegger e Sartre que é uma apoteose da paralaxe, recupera o dom de raciocinar desde a experiência direta, que ao longo da modernidade foi renegada pelos filósofos e só encontrou refúgio entre os poetas e romancistas.

O que Frankl descobriu em Thesienstadt foi que além do desejo de prazer e da vontade de poder existe no homem uma força motivadora ainda mais intensa, a "vontade de sentido": a alma humana pode suportar tudo, exceto a falta de um significado para a vida. Ao contrário, dizia Frankl, "se você tem um porquê, então pode suportar todos os comos ". A privação de sentido origina um tipo de neurose que Freud e Adler não haviam identificado, e que é a forma de sofrimento psíquico mais disseminada no mundo de hoje: a neurose noogênica , isto é, de causa espiritual, marcada pelo sentimento de absurdo e vacuidade. A análise existencial é a redescoberta da lógica por trás do absurdo, a reconquista do estatuto espiritual humano que torna a vida digna de ser vivida. A logoterapia é a técnica psicoterápica que faz da análise existencial uma ferramenta prática para a cura das neuroses noogênicas.

Uma pesquisa da Biblioteca do Congresso mostrou que "Man's Search for Meaning", a mistura de autobiografia, análise filosófica e tratado psicoterápico em que Frankl expõe as conclusões da sua experiência no campo de concentração, é um dos dez livros que mais influenciaram o povo americano. Se, a despeito disso, a obra de Frankl ainda não alcançou o lugar merecido nas atenções do establishment acadêmico, é simplesmente porque este é o templo da paralaxe cognitiva.

* * *

Livros de Victor Frankl no Brasil:

Em Busca de Sentido (Vozes-Sinodal)

Psicoterapia Para Todos (Vozes)

A Questão do Sentido em Psicoterapia (Papirus)

Um Sentido para a Vida (Santuário)

Sede de Sentido (Quadrante)

Psicoterapia e Sentido da Vida (Quadrante)

A Presença Ignorada de Deus (Vozes-Sinodal)

A mensagem de Viktor Frankl

Olavo de Carvalho

Bravo!, novembro de 1997

No dia 2 de setembro [de 1997] morreu, aos 92 anos, um dos homens realmente grandes deste século. Acabo de escrever isto e já tenho uma dúvida: não sei se o médico judeu austríaco Viktor Frankl pertenceu mesmo a este século. Pois ele só viveu para devolver aos homens o que o século XX lhes havia tomado - e não poderia fazê-lo se não fosse, numa época em que todos se orgulham de ser "homens do seu tempo", alguém muito maior do que o século.

Viktor Emil Frankl, nascido em Viena em 26 de março de 1905, foi grande nas três dimensões em que se pode medir um homem por outro homem: a inteligência, a coragem, o amor ao próximo. Mas foi maior ainda naquela dimensão que só Deus pode medir: na fidelidade ao sentido da existência, à missão do ser humano sobre a Terra.

Homem de ciência, neurologista e psiquiatra, não foi o estudo que lhe revelou esse sentido. Foi a temível experiência do campo de concentração. Milhões passaram por essa experiência, mas Frankl não emergiu dela carregado de rancor e amargura. Saiu do inferno de Theresienstadt levando consigo a mais bela mensagem de esperança que a ciência da alma deu aos homens deste século.

O que possibilitou esse milagre singular foi a confluência oportuna de uma decisão pessoal e dos fatos em torno. A decisão pessoal: Frankl entrou no campo firmemente determinado a conservar a integridade da sua alma, a não deixar que seu espírito fosse abatido pelos carrascos do seu corpo. Os fatos em torno: Frankl observou que, de todos os prisioneiros, os que melhor conservavam o autodomínio e a sanidade eram aqueles que tinham um forte senso de dever, de missão, de obrigação. A obrigação podia ser para com uma fé religiosa: o prisioneiro crente, com os olhos voltados para o julgamento divino, passava por cima das misérias do momento. Podia ser para com uma causa política, social, cultural: as humilhações e tormentos tornavam-se etapas no caminho da vitória. Podia ser, sobretudo, para com um ser humano individual, objeto de amor e cuidados: os que tinham parentes fora do campo eram mantidos vivos pela esperança do reencontro. Qualquer que fosse a missão a ser cumprida, ela transfigurava a situação, infundindo um sentido ao nonsense do presente. Esse senso de dever era a manifestação concreta do amor - o amor pelo qual um homem se liberta da sua prisão externa e interna, indo em direção àquilo que o torna maior que ele mesmo.

O sentido da vida, concluiu Frankl, era o segredo da força de alguns homens, enquanto outros, privados de uma razão para suportar o sofrimento exterior, eram acossados desde dentro por um tirano ainda mais pérfido que Hitler - o sentimento de viver uma futilidade absurda.

Frankl tinha três razões para viver: sua fé, sua vocação e a esperança de reencontrar a esposa. Ali onde tantos perderam tudo, Frankl reconquistou não somente a vida, mas algo maior que a vida. Após a libertação, reencontrou também a esposa e a profissão, como diretor do Hospital Policlínico de Viena.

Assim ele registra, no seu livro Man's Search for Meaning, uma das experiências interiores que o levaram à descoberta do sentido da vida:

"Um pensamento me traspassou: pela primeira vez em minha vida enxerguei a verdade tal como fora cantada por tantos poetas, proclamada como verdade derradeira por tantos pensadores. A verdade de que o amor é o derradeiro e mais alto objetivo a que o homem pode aspirar. Então captei o sentido do maior segredo que a poesia humana e o pensamento humano têm a transmitir: a salvação do homem é através do amor e no amor. Compreendi como um homem a quem nada foi deixado neste mundo pode ainda conhecer a bem-aventurança, ainda que seja apenas por um breve momento, na contemplação da sua bem-amada. Numa condição de profunda desolação, quando um homem não pode mais se expressar em ação positiva, quando sua única realização pode consistir em suportar seus sofrimentos da maneira correta - de uma maneira honrada -, em tal condição o homem pode, através da contemplação amorosa da imagem que ele traz de sua bem-amada, encontrar a plenitude. Pela primeira vez em minha vida, eu era capaz de compreender as palavras: 'Os anjos estão imersos na perpétua contemplação de uma glória infinita'."

Frankl transformou essa descoberta num conceito científico: o de doenças noogênicas. Noogênico quer dizer "proveniente do espírito". Além das causas somáticas e psíquicas do sofrimento humano, era preciso reconhecer um sofrimento de origem propriamente espiritual, nascido da experiência do absurdo, da perda do sentido da vida: "O homem, dizia ele, pode suportar tudo, menos a falta de sentido."

Das reflexões de Frankl sobre a experiência do absurdo nasceu um dos mais impressionantes sistemas de terapia criados no século dos psicólogos: a logoterapia, ou terapia do discurso - um conjunto de esquemas lógicos usados para desmontar os subterfúgios com que a mente doentia procura eludir a questão decisiva: a busca do sentido.

Mas o sentido não teria o menor poder curativo se fosse apenas uma esperança inventada. A mente não poderia encontrar dentro de si a solução de seus males, pela simples razão de que o seu mal consiste em estar fechada dentro de si, sem abertura para o que lhe é superior. Em vez de criar um sentido, a mente tem de submeter-se a ele, uma vez encontrado. O sentido não tem de ser moldado pela mente, mas a mente pelo sentido. O sentido da vida, enfatiza Frankl, é uma realidade ontológica, não uma criação cultural. Frankl não dá nenhuma prova filosófica desta afirmativa, mas o caminho mesmo da cura logoterapêutica fornece a cada paciente uma evidência inequívoca da objetividade do sentido da sua vida. O sentido da vida simplesmente existe: trata-se apenas de encontrá-lo.

Universal no seu valor, individual no seu conteúdo, o sentido da vida é encontrado mediante uma tenaz investigação na qual o paciente, com a ajuda do terapeuta, busca uma resposta à seguinte pergunta: Que é que eu devo fazer e que não pode ser feito por ninguém, absolutamente ninguém exceto eu mesmo? O dever imanente a cada vida surge então como uma imposição da estrutura mesma da existência humana. Nenhum homem inventa o sentido da sua vida: cada um é, por assim dizer, cercado e encurralado pelo sentido da própria vida. Este demarca e fixa num ponto determinado do espaço e do tempo o centro da sua realidade pessoal, de cuja visão emerge, límpido e inexorável, mas só visível desde dentro, o dever a cumprir.

Em vez de dissolver a individualidade humana nos seus elementos, mediante análises tediosas que arriscam perder-se em detalhes irrelevantes, a logoterapia busca consolidar e fixar o paciente, de imediato, no ponto central do seu ser, que é, e não por coincidência, também o ponto mais alto. Eis aí por que é inútil buscar provas teóricas do sentido da vida: ele não é uma máxima uniforme, válida para todos - é a obrigação imanente que cada um tem de transcender-se. Discutir o sentido da vida sem realizá-lo seria negá-lo; e, uma vez que começamos a realizá-lo, já não é preciso discuti-lo, porque ele se impõe com uma evidência que até a mente mais cínica se envergonharia de negar.

A logoterapia tem uma imponente folha de sucessos clínicos. Porém mais significativa do que suas aplicações médicas talvez seja a função que ela desempenhou e desempenha - a missão que ela cumpre - no panorama da cultura moderna. Num século que tudo fez para deprimir o valor da consciência humana, para reduzi-la a um epifenômeno de causas sociais, biológicas, lingüisticas, etc., Frankl nadou na contracorrente e ninguém conseguiu detê-lo. Ninguém: nem os guardas do campo nem as hostes inumeráveis de seus antípodas intelectuais - os inimigos da consciência. Frankl apostou no sentido da vida e na força cognoscitiva da mente individual. Apostou nos dois azarões do páreo filosófico do século XX, desprezados por psicanalistas, marxistas, pragmatistas, semióticos, estruturalistas, desconstrucionistas - por todo o pomposo cortejo de cegos que guiam outros cegos para o abismo. Apostou e venceu. A teoria da logoterapia resistiu bravamente a todas as objeções, sua prática se impôs em inúmeros países como o único tratamento admissível para os casos numerosos em que a alma humana não é oprimida por fantasias infantis mas pela realidade da vida. Por isto mesmo a crítica cultural de Frankl, parte integrante de uma obra onde o médico e o pensador não se separam um momento sequer, tem um alcance mais profundo do que todas as suas concorrentes. Desde seu posto de observação privilegiado, ele pôde enxergar o que nenhum intelectual deste século quis ver: a aliança secreta entre a cultura materialista, progressista, democrática, cientificista, e a barbárie nazista. Aliança, sim: seria apenas uma coincidência que o século mais empenhado em negar nas teorias a autonomia e o valor da consciência também fosse o mais empenhado em criar mecanismos para dirigi-la, oprimi-la e aniquilá-la na prática? Dirigindo-se a um público universitário norte-americano, Viktor Frankl pronunciou estas palavras onde a lucidez se alia a uma coragem intelectual fora do comum:

"Não foram apenas alguns ministérios de Berlim que inventaram as câmaras de gás de Maidanek, Auschwitz, Treblinka: elas foram preparadas nos escritórios e salas de aula de cientistas e filósofos niilistas, entre os quais se contavam e contam alguns pensadores anglo-saxônicos laureados com o Prêmio Nobel. É que, se a vida humana não passa do insignificante produto acidental de umas moléculas de proteína, pouco importa que um psicopata seja eliminado como inútil e que ao psicopata se acrescentem mais uns quantos povos inferiores: tudo isto não é senão raciocínio lógico e conseqüente." (Sêde de Sentido, trad. Henrique Elfes, São Paulo, Quadrante, 1989, p. 45.)

Com declarações desse tipo, ele pegava pela goela os orgulhosos intelectuais denunciadores da barbárie e lhes devolvia seu discurso de acusação, desmascarando a futilidade suicida de teorias que não assumem a responsabilidade de suas conseqüências históricas. Pois o mal do mundo não vem só de baixo, das causas econômicas, políticas e militares que a aliança acadêmica do pedantismo com o simplismo consagrou como explicações de tudo. Vem de cima, vem do espírito humano que aceita ou rejeita o sentido da vida e assim determina, às vezes com trágica inconseqüencia, o destino das gerações futuras.

Frankl era judeu, como foram judeus alguns dos criadores daquelas doutrinas materialistas e desumanizantes que prepararam, involuntariamente, o caminho para Auschwitz e Treblinka. Se ele pôde ver o que eles não viram, foi porque permaneceu fiel à liberdade interior que é a velha mensagem do Sentido em busca do homem: "SE ME ACEITAS, Israel, Eu sou o Teu Deus."

(Publicado na revista Bravo! de novembro de 1997, e reproduzido em "O Imbecil Coletivo II")

Editado por FrangoEctomorfo

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