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Primeiro Cego Faixa-Preta Do Mundo Conta Como Jiu-Jitsu “Salvou” Sua Vida


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Postado (editado)

Gilberto Moyano compete com atletas não deficientes e ainda dá aulas em São Paulo

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O lutador ensina um aluno como aplicar um triângulo - Arquivo pessoal

Apesar de ter nascido cego, vítima de catarata congênita, o paulista Gilbert Moyano não deixou que essa limitação prejudicasse a sua vida. Aos 13 anos, quando acompanhava a novela “Malhação”, ficou interessado na história do personagem de Claudio Heinrich, que interpretava o “Dado” e era praticante de jiu-jitsu. O adolescente então foi em busca de uma academia na cidade de Bragança Paulista, interior de São Paulo, e teve o primeiro contato com a arte, que treze anos mais tarde se tornaria mestre e o levaria a competir com atletas não deficientes.

“Só sabia que era uma luta no chão, e mais nada, me lembro como se fosse hoje, me deu um frio na barriga. Lembro-me que depois da primeira aula, na terça, mal pude dormir as três noites até o treino de sexta, tamanha a ansiedade era para voltar ao tatame”.

Se um jovem adolescente comum já ficaria nervoso ao ingressar em uma turma de artes marciais, as preocupações de um jovem deficiente visual eram muito maiores.

“Quando cheguei, achei que eu poderia atrapalhar, e isso para quem é deficiente, é horrível. Mas os professores foram ótimos e me deram a maior atenção, além dos meus colegas de treino, me deram a maior força. A previsão deles, era que eu começasse a rolar dentro de uns três meses, mas comecei na terceira aula, e nos três meses que eles falaram, já estava disputando o meu primeiro campeonato”, comemora.

A superação de uma fobia através do jiu-jitsu

Até os dez anos de idade, “Giba” levou a sua deficiência numa boa, mas com a chegada da adolescência a insegurança foi tomando conta do jovem, que tinha medo que seus colegas de turma lhe sacaneassem, já que ele não podia ver o que estava acontecendo.

“O jiu-jitsu me ajudou muito, me deu uma estrutura psicológica boa para enfrentar essa fase. Eu tinha uma fobia de ficar sozinho, acho que por não enxergar, tinha medo de alguém vir me zoar, ou me bater, e as artes marciais me ajudaram muito neste lado psicológico, me dando maior confiança. Consegui encontrar o meu lugar, quando eu era pequeno, era ‘café com leite’. Quando conheci o jiu-jitsu aos treze anos, consegui me sentir como qualquer um”.

Gilberto Moyano mora desde 2009 na Praia Grande, litoral de São Paulo, tem 30 anos, é casado com Lívia, é pai de Kawê, de nove anos, de seu primeiro casamento e mora com esposa e enteados. O lutador também é praticante de Judô e gosta de competir contra atletas não deficientes na arte suave.

A estreia como professor de jiu-jitsu aconteceu em 2003, na cidade de Bragrança Paulista, quando assumiu os treinos matinais na academia de seu professor Mário Dias, mas antes disso, Giba já se aventurara puxando uns treinos.

No final de 2008, Moyano assumiu uma academia em parceria com um amigo e ficou um período dando aulas. Seis meses após se mudar para a cidade de Praia Grande, em 2010,o lutador alugou um cantinho para morar e começou a dar aulas independentemente. Mas para encarar o novo desafio só com o incentivo de sua maior incentivadora.

“Confesso, que a minha esposa quem foi incentivou, pois eu tinha certo receio em dar aula em um lugar que ninguém me conhecia, e imagina, um cego dando aula de jiu-jitsu! Nem eu acreditei, pois o primeiro treino que fizemos foi comigo a minha esposa e o meu enteado. Já no segundo dia, apareceu um aluno, e foi assim, a cada dia foi aparecendo cada vez mais, e graças a Deus, hoje estou com mais de quarenta alunos”.

A conquista da faixa-preta e o reconhecimento do mestre

Giba recebeu a graduação máxima na arte suave em julho de 2008, pelas mãos do professor Mario Dias e do mestre Marco Barbosa, tornando-se o primeiro cego de que se tem notícia a receber a faixa preta de jiu-jitsu.

“É o retorno de quem é persistente, tem força de vontade e não desiste do seu sonho. Ele é o retrato da pessoa que não desiste, de quem corre atrás. É um exemplo. Com certeza pode inspirar muitas pessoas pela sua força de vontade e garra”, disse Barbosa.

Além de competir e praticar jiu-jitsu e judô, o atleta ainda arruma tempo para malhar e fazer faculdade de Educação Física. Tudo isso praticamente sem a ajuda de sua esposa Lívia ou de terceiros.

“Dentro de casa me viro bem com todos afazeres, só não curto limpar a casa, mas quanto a fazer comida, me viro bem. Na academia de musculação é tranquilo, pois consigo mapear as máquinas. Às vezes, o Carlinhos, dono da academia, muda os aparelhos de lugar e eu tenho que fazer o mapeamento todo novamente (risos)”, descontraiu “Giba”

Com uma turma de alunos não deficientes e uma vida inspiradora, Gilberto ainda não se sente completamente realizado.

“Todos os meus alunos enxergam, mas adoraria ter algum aluno deficiente visual para passar as técnicas da arte suave do jeito que eu aprendi, que foi meio na raça, ou seja, sem alguma referência para me adaptar”.

O lutador, que nunca deixou a cegueira atrapalhar sua vida não dispensa programas com sua esposa Lívia, com quem anda a cavalo, vai ao teatro e a praia, seu hobbie favorito. Mas essa confiança só veio com a prática do esporte.

“Nem gosto de pensar na minha vida sem o jiu-jitsu, pois provavelmente, estaria como muitos cegos, fechado em um quarto, ouvindo música e assistindo TV. Precisamos mostrar a importância da atividade física para as pessoas, pois vemos pessoas de trinta e cinco anos, já com hipertensão e outros problemas de saúde. E as artes marciais nos dão muito condicionamento e controle psicológico”, disse Moyano, que fez um convite aos sedentários.

“Venha você também experimentar esta arte marcial, que nos fascina”, convocou.

E aí, vai amarelar ou comprar um quimono?

http://esportes.br.msn.com/lutas/primeiro-cego-faixa-preta-do-mundo-conta-como-jiu-jitsu-%E2%80%9Csalvou%E2%80%9D-sua-vida

Editado por Wallking

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