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  • Supermoderador
Postado

E aí Bruno,

muito boa análise do estudo e em geral sobre jejum.

Com relação ao estudo, foram 4 dias de jejum total. A ingestão calórica foi zero (apenas água foi ingerida durante as 84h do estudo). Com isso obviamente em todos os dias os indivíduos estavam com um déficit calórico massivo, perdendo gordura e massa magra.

Realmente há uma diminuição no gasto calórico à medida que se emagrece. O simples fato de comer menos diminui uma parcela do gasto calórico - o efeito térmico da comida (embora isso possa ser equilibrado aumentando-se a ingestão de proteínas e diminuindo a de gorduras e carboidratos, uma vez que o corpo gasta em torno de 20% das calorias das proteínas para digerí-las; para carboidratos e gorduras o gasto é quase zero).

Essa redução do gasto calórico tem dois componentes principais. O primeiro é uma relação direta com o peso. Diminuindo o peso o gasto calórico diminui, isso é fato. O segundo componente é o que se chama de termogênese adaptativa (adaptive thermogenesis no termo em inglês). Essa redução é aquela à qual o pessoal se refere quando fala "o corpo vai se acostumar com o déficit calórico e vai parar de perder gordura". É a adaptação do seu corpo à redução de calorias, de forma que a redução no metabolismo é menor do que a esperada considerando-se apenas a perda de peso.

No entanto, esse componente adaptativo é bem menor do que se imagina. Mesmo naquele famoso estudo de Minnesota, no qual os indivíduos baixaram de peso até atingirem níveis de BF muito baixos, após semanas de dieta muito restritiva, o componente adaptativo foi responsável por uma queda de 15% no metabolismo - os demais 25% (de um total de 40%) foram por causa da perda de peso.

Tudo bem que esses valores são médios, para uma pessoa específica o gasto calórico pode reduzir bastante, para outra pouco.

Mais ainda, tem um outro componente do gasto calórico que muita gente ignora: o NEAT (non exercise activity thermogenesis), ou gasto calórico em atividades físicas que não sejam exercícios - o que você gasta para caminhar de casa até o ponto de ônibus, por exemplo. Lembro de ter visto um estudo que mostrou que um dos motivos para a recuperação de parte do peso perdido após o término de uma dieta hipocalórica é a redução do NEAT. Aqui o James Krieger fala sobre esse estudo: http://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=415

The main reason why we have a greater-than-expected decrease in energy expenditure with weight loss is because we become less active. This doesn’t mean we exercise less, either, as exercise is a conscious choice. It means we unconsciously reduce our NEAT and spontaneous activity.

Voltando ao estudo, ele realmente mostra um aumento no gasto calórico, de cerca de 14%. Mas esse valor foi medido durante 1 hora, não dá pra afirmar com certeza que no resto do dia esse aumento se manteve.

Eu entendo que ele não serve para mostrar que "jejum emagrece" ou algo do tipo, mas mostra que o fato de ficar em jejum não vai te deixar em um estado de conservação de energia na qual você acumule gordura (um absurdo completo, vai acumular gordura de onde, se não está comendo? haha).

ah, aqui o fulltext (tem o link lá no abstract): http://ajcn.nutrition.org/content/71/6/1511.long

Abraços

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Postado

Exatamente Martin! Quer dizer, o cara pode ter gasto 14% mais energi naquele momento, mas em contrapartida, o fato de ele estar em provação de calorias muito provavelmente fez com que esse componente NEAT, ou seja, a atividade geral do corpo fique menor, o cara fica mais "lesado", mais "down", cansado etc...Até mesmo ticos que normalmente o cara poderia fazer como estralar dedos ou se alongar isso vai diminuir, e consequentemente diminuirá também o TOTAL ENERGY EXPENDITURE, ainda que o RESTING ENERGY EXPENDITURE tenha sido medido maior.

Sobre a termogênese adaptativa, pesquei uma definição legal que gostaria de abordar:

"Adaptive Thermogenesis: This can be defined as the regulated production of heat in response to environmental changes in temperature and diet, resulting in metabolic inefficiency. For example, shivering when we are cold uses energy and this is an example of adaptive thermogenesis. (Alexander Bowring 24 / 04 / 2008)"

No estudo anterior, as medições por calorimetria indireta mostraram um aumento na produção de calor do corpo, que é justamente a prova de que o jejum criou uma termogênese adaptativa oriunda da dieta nesse caso, e não por causa de frio. Essa termogênese adaptativa é, portanto, uma ineficiência metabólica, ou seja, o nosso corpo perde mais energia para o ambiente em forma de calor, não quer dizer que queimamos menos gordura ou que pararemos de emagrecer por causa disso, muito pelo contrário, estaremos queimando mais gordura para manter a temperatura corporal e também para suprir a energia necessária para as funções vitais.

Infelizmente, com o tempo, o corpo passa a diminuir algumas funções menos importantes para a sobrevivência, como por exemplo a síntese protéica entre outras atividades que não saberia listar, mas isso acaba por diminuir o a taxa metabólica basal do corpo. Mas não acontece assim em 4 dias....talvez após algumas semanas de dieta.

PS: Olink pro fulltext eu não conseugi acessar pelo abstract, tava desligado não sei pq...mas valeu!
Postado (editado)

Esse estudo eu analisei ano passado para talvez apresentar no seminário do bioquímica da faculdade.

http://www.hipertrofia.org/forum/topic/89143-official-nutrition-study-reviews/page-4#entry1318454
Aqui eu objetivava direcionar a discussão para os efeitos do mesmo sobre a Tireoide e retenção líquida.
Já estou me movendo mais durante o dia e já notei diferenças... isso em 2 dias de aula.

Fui na biblioteca hoje pegar um livro de fisiologia do exercício e a unica info sobre tireoide que encontrei foi sobre o óbvio: aumento do mesmo sob prática de atividades física. Curiosamente, conversando com um graduado em fisiologia do exercício, ele me disse que não há eviência que a atividade exerça efeito sobre T3 e T4.

Vou conversar mais com ele e volto com o que ele disser.

Editado por lourensini
Postado

Esse estudo eu analisei ano passado para talvez apresentar no seminário do bioquímica da faculdade.

http://www.hipertrofia.org/forum/topic/89143-official-nutrition-study-reviews/page-4#entry1318454

Aqui eu objetivava direcionar a discussão para os efeitos do mesmo sobre a Tireoide e retenção líquida.

Já estou me movendo mais durante o dia e já notei diferenças... isso em 2 dias de aula.

Fui na biblioteca hoje pegar um livro de fisiologia do exercício e a unica info sobre tireoide que encontrei foi sobre o óbvio: aumento do mesmo sob prática de atividades física. Curiosamente, conversando com um graduado em fisiologia do exercício, ele me disse que não há eviência que a atividade exerça efeito sobre T3 e T4.

Vou conversar mais com ele e volto com o que ele disser.

Lourensini, sei que parece que eu estava desfocando com esse assunto, mas na verdade não. Veja só por exemplo o que diz aqui na wikipédia:

T3 and T4 regulation

"The production of thyroxine and triiodothyronine is regulated by thyroid-stimulating hormone (TSH), released by the anterior pituitary. The thyroid and thyrotropes form anegative feedback loop: TSH production is suppressed when the T4 levels are high.[18] The TSH production itself is modulated by thyrotropin-releasing hormone (TRH), which is produced by the hypothalamus and secreted at an increased rate in situations such as cold exposure (to stimulate thermogenesis). TSH production is blunted by somatostatin(SRIH), rising levels of glucocorticoids and sex hormones (estrogen and testosterone), and excessively high blood iodide concentration.

An additional hormone produced by the thyroid contributes to the regulation of blood calcium levels. Parafollicular cells produce calcitonin in response to hypercalcemia. Calcitonin stimulates movement of calcium into bone, in opposition to the effects of parathyroid hormone (PTH). However, calcitonin seems far less essential than PTH, as calcium metabolism remains clinically normal after removal of the thyroid (thyroidectomy), but not the parathyroids."

*************

Como podemos ver, fatores externos como o frio (e por quê não a dieta?), influenciam o hipotálamo a secretar TRH, que por sua vez estimula a glândula pituitária anterior a secretar TSH, que por sua vez estimula a glândula tiréoide a produzir mais T3 e T4, para aumentar o metabolismo, provando que sim, fatores externos podem alterar o funcionamento da glândula tiréoide. Basta saber sob quais condições e em qual magnitude essa inflência pode chegar.

Isso é um indicativo também do que eu e o MArtin estávamos discutindo, a tal termogênese adaptativa, que no meu entendimento, é oriunda exatamente do maior ou menor funcionamento da tireóide.

De uma forma ou de outra, o estudo do efeito do jejum no metabolismo está ligado à T3 e T4. Afinal, a maior termogênese e a maior presença de maior número de catecolaminas no sangue não se devem, pelo menos em parte, a um aumento repentino na produção de T3 e T4?! Posso estar errado, mas aqui é onde reside o meu entendimento da relação de uma coisa com a outra.

Agora, não entendi qual a relação você acha que pode haver disso tudo com a retenção líquida....Poderia explanar um pouco mais sobre isso?

Abraço

Postado

Meu amigo respondeu a mensagem que deixei:


"Me desculpe, realmente o TSH, aumenta com o exercício em função do aumento da taxa metabólica basal fazendo com que T3 e T4 também aumentem. Me confundi e peço desculpas."

Um metabolismo desacelerado significa menor uso de glicose, e mais glicose presente na corrente sanguínea (principalmente durante o over).

Mis glicose significa desbalanço osmolar, e aí é preciso mais água para equilibrar a razao entre fluidos intersticial e extra celular, em razão da quantidade de plasma sanguíneo também. Logo, tem 3 coisas para serem controladas: fluido dentro dos capilares e vasos sanguíneos, fluido dentro da célula e fora da célula. A pressão sanguinea é realmente alterada na primeira semana de adaptação, e PA depende muito da densidade do plasma.

Tem umas coisas muito básicas para o corpo se readaptar durante esse período:

-sódio/potássio, que não está sendo fornecido constantemente

-pressão arterial, dependente de uma penca de fatores, ou melhor, de uma plantação inteira de fatores.

-acidez ocasionada pelo excesso de corpos cetônicos e ácidos graxos na corrente sanguínea.

Postado

PA é bem relativa mesmo

não dá para se ter uma PA certa

ela varia conforme o ambiente corporal

assim como os hormônios, como os eletrolitos, acho que como tudo no nosso organismo, tem seu aumento, sua diminuição, tudo isso buscando a homeostase

Postado

saint, a PA varia pouco em situações normais. Por isso que a gente mede ela, e se dá 12/8 a gente diz que tá bom. Se der queda de pressão ou aumento, u percebe (é pra perceber).

Gente, o shape já desembaçou, não estou mais tão retido (não estou retido, aliás), e a gordura acumulada durante as férias está sumindo.

Houve aumento em alguns pesos.

Ainda estou me perguntando sobre o processo de adaptação disso tudo. Por enquanto, naõ tenho nada a contribuir para o tópico

  • Supermoderador
Postado

Saint e Lourensini - eu acho que a pressão varia e bastante sim, principalmente devido a atividade física e psicológico, principal motivo termos que estar em repouso para medir a pressão. Se você estiver conversando durante o teste, já pode dar diferença. Se estiver caminhando e não esperar 5min, vai dar diferença. Se estiver correndo então, a pressão vai estar bem elevada. A pressão sobe bastante em um momento de estresse ou ansiedade, nervosismo. Se considerar "situações ideais", ela se comporta bem, mas no nosso dia-a-dia, ela varia bastante sim.

Lourensini, tu está ingerindo mais calorias que antes, eu acredito, não?

Postado

Obrigado pela correção em relação à pressão.

Quanto à pergunta, sim. Estou comendo mais, mas estou fazendo exercícios leves durante o dia.

SInto que o problema é ficar parado.

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