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Gorduras – quanto ingerir

Este é um problema não-resolvido. Alguns recomendam que se coma pouca gordura, porque “gordura engorda” - está no nome. Outros, mais razoáveis, fazem a mesma recomendação, porque as gorduras são muito calóricas e de difícil digestão, além de poder diminuir a captação de colesterol pelos tecidos quando contiverem muito ácido graxo saturado.

A prescrição clássica sugeria que 30% das calorias de uma refeição equilibrada deveriam provir de triglicerídeos. Por medos bastante discutíveis tecnicamente, esse índice andou diminuindo bastante.

A qualidade da alimentação, também em termos de lipídios, muitas vezes é mais relevante do que a quantidade. Triglicerídeos com ácidos graxos insaturados podem ser ingeridos em porcentuais elevados das calorias totais, sem que apareçam malefícios: dietas com teores de gorduras entre 18% e 40% não determinaram diferença na saúde dos experimentados em qualquer estágio de concentração. Além disso, reduzir a quantidade de gordura abaixo de 30% não diminui o risco de lesão coronariana. Pela experiência, nada indica favoravelmente para uma menor porcentagem de ingestão lipídica insaturada.

Se poucas calorias da ingesta total vierem de gordura, muitas terão de vir obrigatoriamente dos carboidratos. O organismo terá então de fazer esforço para depositar o excesso de carboidratos, porém, a quantidade máxima de glicogênio armazenado, no melhor dos preparos físicos, não passa de 500g, volume glicídico que alguns atletas ingerem facilmente em um dia. Assim, a solução acaba sendo transformá-la em gordura e armazenar. Nessa transformação, 100g de carboidratos viram 36g de gordura. O único hormônio encarregado desta tarefa é a insulina.

Quando a ingestão de carboidratos é preferida em relação a de gorduras, aumenta a necessidade de gastar glicose, a lipogênese é acionada em grande intensidade e o pâncreas é muito exigido. Aberto o caminho enzimático desta rota metabólica, qualquer ácido graxo do sangue torna-se lipogênico, pois quem ativa as enzimas da lipogênese é a glicose por intermédio da insulina. Os ácidos graxos, por si só, não têm essa capacidade, porque suas mais altas concentrações no plasma acontecem durante o jejum, estágio alimentar em que a lipogênese sabidamente não funciona.

Assim, para se depositarem como triglicerídeos, os ácidos graxos mão podem dispensar a companhia dos carboidratos. Precisamente essas razões permitem afirmar que certo volume de gordura ingerido com muito pouco carboidrato não é capaz de engordar, e possivelmente capaz de fazer emagrecer. Permite dizer também que o mesmo volume de gordura ingerido com bastante carboidrato, principalmente de alto índice glicêmico, poderia engordar bastante. O exemplo clássico para este caso é a batata frita.

Muitos profissionais, em decorrência do avanço do conhecimento, estão gradativamente perdendo o medo das gorduras na alimentação, o que se tem mostrado benéfico em muitos casos. Muitos experimentos comprovaram que os carboidratos aumentam a LDL e diminuem a HDL, tudo o que não se gostaria que acontecesse. E tais efeitos podem tornar-se persistentes.

Colesterol

Quanto ao volume global de lipídios ingeridos, necessita ser repetidamente ressalvado que a gordura indicada é a insaturada. Segundo os especialistas, a parte saturada deverá ficar entre 6% e 8%. Cada vez que esse valor aumenta em 1%, o colesterol total aumenta em 3 mg/dL.

O assunto colesterol está mais ligado à sua origem endógena do que exógena. As causas exógenas são várias: ácidos graxos saturados, que bloqueiam os receptores para LDL e assim elevam o colesterol circulante; a quantidade de colesterol ingerida; teor alimentar de poliinsaturados, insistentemente mencionados como estimuladores dos receptores para captação de LDL; e carboidratos da dieta.

O colesterol endógeno deriva da acetilCoA, formada durante a lipogênese. Dessa maneira, o carboidrato da dieta, ao abrir por meio da insulina esse caminho metabólico, abre também o de síntese de colesterol. Insistir portanto em diminuir o consumo de gorduras em geral para diminuir o colesterol sanguíneo não tem qualquer suporte científico. Encaminhar-se para os carboidratos com medo das gorduras pode engordar, aumentar a LDL e diminuir a HDL.

fonte: "Bioquímica nutricional do exercício físico" - Romeo Ernesto Riegel

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