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Caros,

Permitam abusar da experiência dos colegas com relação ao uso do Tamoxifeno.

Utilizado muito no meio do fisiculturismo, o tamoxifeno, que até usei em determinado período, para evitar a ginecomastia.

Acontece que minha mãe vem tratando um CA de mama em fase bem inicial; extraiu, vai fazer apenas 25 aplicações de radiação, como forma de segurança. Todavia, vem se recusando a usar o Tamoxifeno, também indicado como evento de segurança, num tratamento de 05 anos tomando 10mg ao dia. Segundo ela e algumas opiniões, há um % de surgimento de CA de fígado, ou em outro canto, esta ligado ao uso do Tamoxifeno.

Os colegas foristas não teriam algum estudo de uso prolongado x efeitos colaterais do Tamoxifeno ??

Expliquei para ela que o uso desta substância era corriqueiro no mundo do fisiculturismo, e nunca tinha visto correlações do Tamoxifeno x CA. Todavia, ela aquela pessoa medrosa pacas, se atem muito as bulas dos remédios, enlouquecendo com a parte dos possíveis efeitos colaterais.

Como sempre observo aqui uma moçada experiente no quesito uso de derterminadas vitaminas e afins, recorro a experiência de quem por ventura tenha se aprofundado no estudo do Tamoxifeno e seus efeitos colaterais.

Valeu

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velho o TAMOX inicialmente é indicado diretamente pra cancer de mama e nao pra ciclos --'

Pessoal que descobriu q era bom pra TPC. Ou tu acha q farmacia vende tamox pra finalidade da galera usar numa TPC? O uso prolongado quanto ao cancer de mama desconheco, mais conheco de alguns tratamentos onde individuos utilizam pra combater a ginecomastia, o uso seria de 3 meses a 4 meses, o uso seria todos os dias 10mg e outros estudos utilizam 20mg, sem colaterais exagerados.

Postado (editado)

velho o TAMOX inicialmente é indicado diretamente pra cancer de mama e nao pra ciclos --'

Pessoal que descobriu q era bom pra TPC. Ou tu acha q farmacia vende tamox pra finalidade da galera usar numa TPC? O uso prolongado quanto ao cancer de mama desconheco, mais conheco de alguns tratamentos onde individuos utilizam pra combater a ginecomastia, o uso seria de 3 meses a 4 meses, o uso seria todos os dias 10mg e outros estudos utilizam 20mg, sem colaterais exagerados.

Exato Spy, isso que expliquei para ela: usado muito por fisiculturista, usuários de alguns ae's, na tentativa de evitar uma possível "ginecomastia".

Aí que entra alguém que conheça algum estudo feito em grupo de pessoas, e as correlações, fatos, evidências. Se alguém souber, irei imprimir e levar para tentar convece-la.

Valeu

Editado por Tio Trinca
Postado (editado)

Não entendi o pq dela nao querer tomar? Ela não tem medico? Vc ta fazendo tratamento na sua mae por conta propria?

1. Medo dos colaterais, incluindo manifestação do CA em outros locais, em detrimento do uso.

2. Esse um dos problemas, fica consultando vários ao mesmo tempo, opiniões divergentes. A exemplo, Dr. Drauzio Valela falou que para o caso dela, não precisava do tamoxifeno, só a radiação. Contudo a grande parte, tem 05 anos de uso do tamoxifeno como protocolo.

3. rsrsrsrsrsrsrs, ou louco meu.

Encontrei um estudo e levei para ela ler. Se quiserem podem excluir.

Alexandre Otavio Chieppe

1. Introdução

O tamoxifeno é uma substância anti-estrogênica não-esteroidal utilizada na terapia adjuvante do câncer de mama. Seu uso foi aprovado em 1978. É a principal terapia endócrina adjuvante em pacientes com câncer de mama e também vem sendo utilizado na prevenção do câncer em pacientes saudáveis sob alto risco.

Apesar de ser uma substância primariamente anti-estrogênica, parece exercer alguns efeitos estrogênicos em determinados tecidos do corpo, particularmente o endométrio. Uma das complicações mais importantes do tratamento com tamoxifeno é, portanto, o desenvolvimento de câncer de endométrio.

2. O Tamoxifeno

O tamoxifeno é considerado, primariamente, um antagonista estrogênico. Parece exercer seu efeito através do bloqueio do sítio de ligação do estrogênio no receptor tecidual. Entretanto, dependendo da orientação de sua cadeia lateral (alquilaminoetóxi), pode apresentar tanto atividade agonista como antagonista - na conformação trans é anti-estrogênico e na conformação cis tem atividade estrogênica predominante.

Além disso, seu efeito parece depender do estado do receptor estrogênico, dos níveis de estrogênios circulantes e do tecido alvo.

É comercializado como um isômero trans puro, na dosagem de 10mg. Após a administração oral, apresenta concentração sérica máxima em torno de quatro a sete horas. O principal metabólito é o N-desmetil-tamoxifeno. A excreção é predominantemente nas fezes, sendo a excreção urinária mínima.

Os principais efeitos colaterais incluem ondas de calor, náuseas e vômitos, observados em até 25% dos pacientes. Outros efeitos colaterais observados com menos freqüência são irregularidade menstrual, sangramento vaginal, prurido vulvar, dermatite, hipercalcemia, edema periférico, anorexia, depressão, trombocitopenia, leucopenia, cefaléia, doença tromboembólica, retinopatia, carcinoma hepático e carcinoma de endométrio.

3. Princípios do uso de tamoxifeno na prevenção e tratamento do câncer de mama

A influência do estrogênio sobre o câncer de mama já está bem estabelecida. A observação de que a ooforectomia ou a menopausa actínica reduzem a incidência de câncer de mama em até 75% é bastante sugestiva do efeito estrogênico na gênese do câncer de mama.

Além disso, estudos epidemiológicos relacionam o câncer de mama a outros fatores que afetam os hormônios ovarianos - idade da menarca, idade da menopausa, idade da primeira gestação e paridade.

O tamoxifeno reduz a incidência de câncer de mama contralateral nas mulheres com história de câncer de mama e é efetivo no tratamento deste tipo de câncer, como terapia adjuvante. Além disso, reduz a mortalidade por doenças cardiovasculares e a incidência de osteoporose, o que o torna superior à ooforectomia.

4. Tamoxifeno e câncer de endométrio

O tamoxifeno tem efeitos estrogênicos no trato genital feminino, particularmente no tecido endometrial. Vários estudos relacionam o uso de tamoxifeno ao desenvolvimento de pólipos, hiperplasia e câncer de endométrio.

Uma alta percentagem de pólipos endometriais é encontrada em grupos tratados com tamoxifeno (36%) quando comparados com grupos-controle (10%).

Como os pólipos endometriais geralmente contêm glândulas endometriais hiperplásicas, a presença de atividade estrogênica endógena ou exógena é reforçada.

O primeiro relato de câncer de endométrio relacionado ao uso de tamoxifeno foi descrito por Killackey e colaboradores em 1985. A partir deste, inúmeros outros casos foram descritos.

Observa-se um aumento de cerca de quatro a seis vezes no risco relativo (RR) de câncer de endométrio nas pacientes em uso de tamoxifeno (dose média de 20 a 40mg/dia), com um risco máximo após cinco anos de uso.

Qualquer consideração, entretanto, a respeito do risco de desenvolvimento de câncer de endométrio deve dar importância aos benefícios do uso do tamoxifeno no tratamento do câncer de mama, na redução da recorrência e do aparecimento de câncer na mama contralateral.

Diversos estudos (IBIS-International Breast Cancer Intervention Study; NSABP-National Surgical Breast and Bowel Project) têm fornecido subsídios para concluir que os benefícios do tratamento do câncer de mama com tamoxifeno sobrepõem o aumento potencial do risco de câncer de endométrio.

As mulheres em uso de tamoxifeno estão sob risco aumentado de desenvolvimento de câncer endometrial de alto grau, que apresenta um prognóstico pior.

A presença de uma grande percentagem de adenocarcinomas e tumores serosos-papilíferos pouco diferenciados, juntamente com tumores mesodérmicos mistos nas pacientes que fizeram uso de tamoxifeno leva a especular um mecanismo diferente daquele da estrogenioterapia exógena para o desenvolvimento do câncer de endométrio.

Neste último caso, os tumores estão associados a tipos histológicos com prognóstico mais favorável.

5. Rastreamento do câncer de endométrio nas pacientes em uso de Tamoxifeno

O risco de câncer de endométrio associado ao uso de Tamoxifeno está aumentado, mas não parece ser suficiente para desencorajar seu uso nas pacientes com câncer de mama.

O grande dilema atualmente é a seleção de pacientes sob alto risco de câncer de mama que devem fazer uso da substância e qual deve ser o esquema de rastreamento do câncer de endométrio.

O rastreamento do câncer de endométrio nas pacientes em uso de Tamoxifeno ainda é tema de vários estudos. Um programa de rastreamento poderia identificar lesões pré-malignas, como a hiperplasia endometrial atípica, e lesões benignas, como os pólipos.

Entretanto, deveriam estas pacientes ser submetidas à curetagem uterina fracionada regularmente? A biópsia endometrial realizada no consultório seria suficiente para identificar qualquer lesão pré-maligna? A ultra-sonografia fornece informações confiáveis sobre as alterações endometriais a ponto de ser utilizada como método de screening?

Partindo do princípio que a quase totalidade das pacientes com câncer de endométrio relacionado ao uso de tamoxifeno apresentam sangramento transvaginal anormal, uma opção seria a realização da biópsia de endométrio ou a histeroscopia com biópsia nas pacientes com esta sintomatologia.

A ultrassonografia, por ser um método não-invasivo e indolor, ainda permanece como um método de rastreamento muito utilizado nestas pacientes, entretanto, seus achados devem ser avaliados criteriosamente.

O rastreamento das pacientes em uso de tamoxifeno ainda é controverso e longe de ser uma unanimidade. No momento, a principal recomendação é que estas pacientes devem ser encorajadas, no mínimo, a um exame ginecológico anual.

Na presença de qualquer sangramento anormal, toda a propedêutica deve ser realizada com o intuito de afastar o câncer de endométrio e lesões precursoras.

Bibliografia

1) Fornander T, Cedermark B, Mattsson A et al. Adjuvant tamoxifen in early breast cancer: ocurrence of new primary cancers. Lancet 1989; 21:117-120.

2) Lahti E, Blanco G, Kaupila A et al. Edometrial changes in postmenopausal breast cancer patients receiving tamoxifen. Obstet Gynecol. 1993; 81: 660-664.

3) Seoud MA-F, Johnson J, Weed JC. Gynecologic tumors in tamoxifen-treated women with breast cancer. Obstet Gynecol. 1993; 82: 165-169.

4) Van Leeuwen FE, Benraadt J, Coebergh JWW, et al. Risk of endometrial cancer after tamoxifen treatment of breast cancer. Lancet. 1994; 343: 448-452.

5) Corley D, Rowe J, Curtis MT, et al. Postmenopausal bleeding from unusual endometrial polyps in women on chronic tamoxifen therapy. Obstet Gynecol. 1992; 79:111-116.

6) Kedar RP, Bourne TH, Powles TJ, et al. Effects of Tamoxifen on uterus and ovaries of postmenopausal women in a randomised breast cancer prevention trial. Lancet 1994; 343: 1318-1321.

7) Copeland LJ. Update on endometrial cancer. Clin Obstet Gynecol 1996. Vol 39;3-628-640.

8) Tratado de Ginecologia - FEBRASGO. 2000. Ed. Revinter.

9) Gilman AG, Rall TW, Nies AS, Taylor P. As Bases Farmacológicas da Terapêutica - 8a edição - 1991. Ed Guanabara Koogan.

Editor de Ginecologia e Obstetrícia do MedCenter, Médico Residente do Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ, Médico do Hospital PROSAÚDE

Editado por Tio Trinca

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