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Fraudes: Manipulando resultados de pesquisas científicas
krebz postou um tópico em Musculação em geral
Antes de tudo, isso não vai ser um guia para identificar todo tipo de problema em pesquisas pois tem muita coisa que pode ser feita e eu também não sou pesquisador para saber tudo. Os problemas mais comuns podem vir desde: · Design: Quantas pessoas(amostra)? Quais critérios medidos? Qual o controle de comparação? É randomizado? É duplo-cego? Qual os parâmetros de cálculos estatísticos? etc) · Foi feito revisão-por-pares (peer-reviewed) por outros cientistas/jornais? · Outros pesquisadores encontraram o mesmo resultado? · O jornal que aceitou ele é reconhecido? · Houve dinheiro de industrias na área? · O pesquisador pagou para ter a pesquisa publicada? E muito mais... Para interessados, eu já havia feito o post: Ou também sobre conflito de interesse (autores e pesquisadores que promovem produtos e livros E também financiam pesquisas para provar que estão certos). Pode ler mais aqui: Ou aqui diretamente (em inglês): https://sci-fit.net/investigation-keto-scientists-companies/ Vamos discutir como são feitas algumas manipulações de resultados em pesquisas científicas para sempre dar resultados positivos. Isso é extremamente comum em pseudociências (medicina alternativa como homeopatia, acupuntura, reflexologia, etc) e até na indústria médica e de suplementos. Comparação: A contra A + B Clássico método utilizado por medicina alternativa. Pense o seguinte: "A quantidade de dinheiro A+B sempre é maior que apenas A, a não ser que B seja negativa." Pode não fazer sentido agora, mas pense que ao comparar: “Tratamento convencional” contra “Tratamento Convencional + Medicina Alternativa”, o segundo sempre vai dar resultados levemente melhores pois não estamos descartando efeito placebo. A única possibilidade de dar um resultado pior é se o tratamento fizer mal no paciente. “Tratamento Convencional + Medicina Alternativa” sempre vai dar um resultado melhor, mesmo se a medicina alternativa for comprovada for placebo, afinal placebo é maior que nada. Fonte: http://edzardernst.com/2012/11/no-negatives-please-we-are-alternative/ Categoria “Inconclusivo” Outro clássico método utilizado por medicina alternativa. Geralmente as categorias de resultados para testes controlados são: Positivo e Negativo. Ou o tratamento testado funciona ou não funciona. Mas recentemente um artigo de homeopatia publicou que os resultados da homeopatia são praticamente os mesmos da medicina tradicional: … No final de 2014, 189 testes controlado randomizado (RCT) de homeopatia em 100 condições médicas diferentes medical foram publicados em jornais peer-reviewed. Destes, 104 papéis foram controlados com placebo e foram eleitos para uma resenha detalhada: 41% foram positivos (43 testes) – achados que homeopatia foi efetiva 5% foram negativos (5 testes) – achados que homeopatia não foi efetiva 54% foram inconclusivas (56 testes) E comparado com a medicina tradicional? Uma revisão sistemática de 1016 RCTs de medicina tradicional teve resultados semelhantes! Quais os problemas disso? Um teste clínico é uma ferramenta para testar hipóteses, algo como “o tratamento experimental gera os mesmos resultados que o tratamento no grupo de controle”. Se o teste não mostra diferença entre os resultados, a hipótese nula é confirmada, assim concluindo que o resultado foi negativo. Se o tratamento experimental foi melhor que o tratamento de controle, o resultado é positivo. Em outras palavras, testes clínicos podem apenas gerar resultados positivos e negativos, pois a hipótese pode ser apenas confirmada ou rejeitada. Mas para entusiastas da medicina alternativa isso cria um dilema, visto a quantidade absurda de resultados negativos e mostrando que o tratamento em questão não é efetivo. Por que não criar mais uma categoria para resultados negativos? Assim que nasce “inconclusivo”. Assim estudos positivos vão ser chamados de POSITIVO. Estudos aonde o tratamento experimental gera resultados piores que o do grupo de controle (geralmente placebo) serão chamados de NEGATIVOS. Estudos aonde o tratamento experimental teve resultados semelhantes ao placebo serão chamados de INCONCLUSIVOS. Então anteriormente em vez de falar que 57% foram resultados negativos, falamos que 5% foram negativos e 54% foram inconclusivos Segundo problema: Não é possível comparar um RCT (Teste Controlado Randomizado) com Revisão Sistemática de RCT. Revisão sistemática (systematic review) pode realmente gerar (e geralmente gera) resultados inconclusivos. Enquanto é possível ter RCT com resultado apenas positivo e negativo, quando se olha para revisão sistemática isso pode realmente gerar “inconclusivo” só pelo fato de de adicionar muitas pesquisas positivas e negativas na mesma revisão, isso por conta dos critérios estatísticos adotados. Fonte: https://www.editage.com/insights/a-young-researchers-guide-to-a-systematic-review http://edzardernst.com/2018/06/the-homeopathy-research-institute-bringing-unreliable-information-to-a-wide-international-audience/ Valor-p (p-value) Direto do wikipedia: Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Valor-p Pra ficar mais simples, pense o seguinte: Qual a chance que você teria os resultados que teve (ou resultados maiores) se sua hipótese não é verdadeira? Geralmente em medicina isso é relacionado ao efeito do tratamento, como por exemplo, a diferença de redução de dor entre placebo e um tratamento experimental. Esta diferença é estatisticamente significante? Um p-value de 0.05, tradicionalmente é utilizado como limite, significa que há uma chance de 5% que você obteria tal resultado sem ter um efeito real ocorrendo. Mas o p-value nunca foi desenvolvido para testar se um efeito é real ou não. Um estudo com p-value de 0.05 não significa que há 95% de chances que o efeito é real. Ainda pode ser apenas uma minúscula probabilidade que o efeito é real, dependendo de outros fatores. Manipular os resultados para mostrar valores menores que 0.05 é chamado “p-hacking”, isso é possível apenas forçando decisões comuns que os pesquisadores fazem, decisões que geralmente não são reportadas. Citando outro paragrafo: Fonte: https://sciencebasedmedicine.org/p-value-under-fire/ Mais sobre o assunto (em inglês): https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1182327/- 1 resposta
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