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  1. O Quê São Calorias? Parte 2 Por Lyle McDonald Na última vez, analisei os e-mails de um louco e suas afirmações de que as calorias não são uma coisa palpável e que o modelo de caloria de peso corporal não é válido. Eu enviei a ele uma tonelada de questões diferentes relacionadas aos conceitos de calorias. O que elas são, como são mensuradas, fui bastante pedante em relação ao vocabulário e o que elas representam ultimamente. O sumário final do que escrevi é que, enquanto for verdade que as calorias não são uma entidade física (não posso lhe dar uma garrafa de calorias), elas são válidas ao representarem uma quantidade definida de medida (a geração do calor) relacionada a como uma coisa que é real (alimentos ou nutrientes) é metabolizada dentro do corpo. Basicamente, calorias, assim como outros conceitos como watts ou cavalo-potência, são uma representação semântica para alguma coisa que de fato existe. E, enquanto nossa linguagem for imprecisa, é estupidez denegar o conceito baseado em imprecisão linguística. Não, nós não "comemos" calorias, nós comemos alimentos. A comida é metabolizada de uma forma que produz calor, o qual pode ser mensurado e definido em termo de calorias. Então, o quê tudo isso quer dizer em termos de caloria ou balanço energético? Bem, é sobre isto que vou tratar. Caloria/Balanço Energético: Parte 1 No nível mais básico, geralmente falamos sobre balanço calórico quando nos referimos à diferença entre ingestão calórica (da comida) e gasto calórico (a partir de uma variedade de componentes, como TMB, atividade e outros). Se a ingestão de calorias exceder o gasto calórico, nós ganhamos peso/gordura. Se a ingestão calórica equivaler ao gasto calórico, não ocorrem mudanças. Se a ingestão calória for menor do que o gasto calórico, perdemos peso. Tecnicamente, demonstramos assim: Gasto Calórico - Ingestão Calórica = Alteração na Energia Estocada no Corpo Por favor, observe que não usei o termo peso, mas energia estocada no corpo. Isto é explicado em um outro artigo, mas, conceitualmente, quer dizer que uma ingestão calórica que exceda o gasto calórico em, aproximadamente, 500kcal, será armazenada no corpo. Por extensão, se o contrário ocorrer, as 500kcal serão eliminadas do corpo (ou ele terá de ajustar a taxa metabólica para compensar). Voltando ao que foi tratado na parte 1 deste artigo, claramente não é verdade que as calorias não são uma entidade física que pode ser armazenada ou eliminada do corpo. Não é como dinheiro. Se eu ganhar 10 dólares a mais do que gasto, posso colocá-los sob meu colchão que o fisco não irá encontrá-los. Se eu, de repente, precisar gastar 10 dólares, posso tirá-los do colchão e usá-los. É uma entidade física que pode ser armazenada ou removida. Calorias não. Mas vou analisar isso com detalhes, porque, mais uma vez, a ideia de que calorias são armazenadas ou eliminadas do corpo é apenas uma abreviação semântica e uma representação para o que realmente está acontecendo (e salva muito tédio na hora de escrever). Breves Comentários Sobre Digestão Lembre-se de que, no final de tudo, comemos alimentos. Eles contêm macronutrientes em certas proporções e quantidades. Então, o que acontece quando nós comemos? Bem, os alimentos são mastigados em partes menores, começando a digestão antes mesmo da comida chegar ao estômago, onde as enzimas quebram as partes em moléculas. Parte da comida será perdida durante a digestão e sairá como fezes um ou três dias depois, mas nos preocuparemos apenas com o alimento realmente digerido e absorvido. Após esse vai e vem de aminoácidos, glicose e frutose sendo jogados na veia porta, onde vão até o fígado, enquanto o metabolismo lipídico é mais complexo do que eu quero descrever (basicamente: a maioria da gordura vai para o sistema linfático após ser reformulada e, eventualmente, acaba na corrente sanguínea). No entanto, basicamente, os alimentos que comemos geram nutrientes que entram na corrente sanguínea, onde poderão ser usados pelo corpo. De modo genérico, há dois destinos para os nutrientes no corpo após a digestão: podem ser queimados para energia ou armazenados em algum lugar (fígado, músculos, lipócitos ou permanecem na corrente sanguínea). Então, imagine que você comeu uma maçã que tinha 25 gramas de carboidratos digestíveis. Você mastiga, ela chega no estômago, onde é digerida, e, quando tudo tiver acabado, você terá 25 gramas de moléculas de carboidratos na corrente sanguínea. Parte delas será metabolizada pelo fígado ou músculo e usada imediatamente para energia, enquanto outra parte será armazenada para uso futuro no fígado (como glicogênio), músculo (como glicogênio ou triglicerídeo intramuscular) ou lipócitos (como triglicerídeo). Por favor, observe que os carboidrato são raramente convertidos em gordura para armazenamento. Balanço de Nutrientes Agora, deve ser óbvio que, apesar de todos os macronutrientes (proteína, carboidrato, lipídeo e álcool) que consumimos poderem gerar calor durante o metabolismo (medido em calorias) no corpo, eles não são idênticos. Diferem, primeiramente, nas funções exercidas no corpo (proteína sendo essencial em termos estruturais e construção de novo tecidos, enquanto carboidratos e lipídeos fornecem, principalmente, energia ao corpo), como são metabolizados e até mesmo na probabilidade de serem armazenados ou queimados como energia. Mais preciso seria falar em termos de balanço de nutrientes do que balanço de calorias. É conceitualmente idêntico, com a diferença entre a ingestão e a queima de dado nutriente determinando a quantidade daquele nas alterações do corpo. Considere, por exemplo, o carboidrato. Balanço de Carboidrato = Ingestão de Carboidrato - Oxidação de Carboidrato Se a ingestão de carboidrato for maior do que a oxidação, o balanço será positivo e o carboidrato será armazenado no corpo e o mesmo, mais ou menos, se aplica aos demais nutrientes. Digo mais ou menos, porque há diferenças em quão bem ou quão mal os nutrientes são estocados ou utilizados como energia (não há armazenamento de álcool, que tem que ser queimado totalmente), mas mantenha o conceito em mente. Se a ingestão é maior do que a queima, estocamos; se a queima é maior do que a ingestão, perdemos. Se há equidade, não há alteração. O mesmo é verdadeiro para os outros nutrientes. Balanço de Proteína = Ingestão de Proteína - Oxidação de Proteína Balanço de Lipídeo = Ingestão de Lipídeo - Oxidação de Lipídeo Se você estiver se perguntando sobre o álcool, bem, ele é bizarro. Não há onde se estocar álcool no corpo e ele sempre será utilizado como energia. Balanço de Caloria/Energia: Parte 2 Então, vamos juntar tudo. Imagine que você está comendo 101 gramas de carboidrato por dia e queimando/oxidando 100 gramas, também diariamente. Pelo conceito de balanço de nutriente, isso quer dizer que 1 grama de carboidratos será armazenado em algum lugar do corpo. E aqui está o que acontece: uma vez que há um excesso de 1 grama de carboidrato na corrente sanguínea que não foi queimado, ele deverá ser armazenado. Agora, o corpo tem uma grama de carboidrato a mais do que tinha no dia anterior. No dia seguinte, vamos supor que você queime os mesmos 100 gramas de carboidrato, mas coma apenas 99 gramas do mesmo nutriente. O corpo irá agora puxar o grama extra do dia anterior e colocá-lo no processo metabólico que gera ATP, o qual, por sua vez, gera calor, que pode ser mensurado em calorias. Sabemos que durante este processo, calor suficiente será produzido a partir de metabolismo/oxidação da grama de carboidrato para gerar 4 calorias (tecnicamente, quilocalorias). Portanto, podemos dizer, com precisão, que no primeiro dia, o corpo estocou 4 calorias de carboidrato. E, no segundo dia, usou 4 calorias a partir do mesmo nutriente. Novamente, isto não quer dizer que literalmente 4 calorias foram armazenadas, uma vez que calorias não são uma coisa palpável. Ao contrário, apenas em termos finais, falando em calorias como somente uma representação, uma semântica prática que representa o que metabolicamente aconteceu. O 1 grama de carboidrato representa as 4 calorias de energia que podem ser geradas quando metaboliza-se. Armazene 10 gramas de carboidrato no corpo e terá estocado 40 calorias de energia; se necessário, o corpo irá quebrá-los e gerar 40 calorias de calor. Isso é estupidez semântica, de novo, focar nas palavras 'armazenar 4 calorias' ou 'queimar 4 calorias'. Não, você não está literalmente fazendo essas coisas, mas o armazenamento daqueles 10 gramas representam 40 calorias de energia potencial que podem ser geradas se forem metabolicamente oxidadas no corpo. Calorias são apenas uma representação para o que está acontecendo. Balanço de Caloria/Energia: Parte 2 Mais uma vez, referindo ao que foi exposto sobre calorias, trata-se apenas de uma abreviação semântica. Estamos armazenando nutrientes ou construindo tecidos, que são feitos com os nutrientes. E estes nutrientes/tecidos construídos representam um certo número de calorias potencial de energia proveniente do calor, quando e se forem quebrados para energia. É mais rápido e menos chato ficar escrevendo que "alguém tem um excedente de 500kcal" do que escrever "alguém tem um excedente de nutriente, resultando em armazenamento de excesso de nutrientes, que, por sua vez, representam a quantidade de energia estocada que elevaria uma determinada quantidade de água em certos números de graus Celsius se o corpo precisasse de oxidação para energia". É apenas uma abreviação semântica em que a geração de caloria potencial de um dado excedente é usada como representação para o que está acontecendo. Nós ingerimos a comida, a qual produz nutrientes, que podem ser queimados ou armazenados no corpo e que representam o potencial de gerar uma quantidade de calor que pode ser mensurado em calorias, se e quando os nutrientes são queimados. Logo, enquanto as calorias não são tecnicamente uma entidade física ou palpável, são uma representação para algo que é. E, enquanto não espero nenhum instante para que esse louco mude sua opinião, espero que todo mundo que leu tenha queimado muitas calorias fazendo isso. Entenderam? Fonte: bodyrecomposition.com
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