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danilorf

Levantador Olímpico
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Tudo que danilorf postou

  1. Anti-social, cheio de querer, metido!
  2. Não sei se já postaram aqui: Perguntada sobre a 'cultura transgênere', a Camille responde (a partir dos 12:00): - Bem, muitas vezes disseram que sou identificada como transgênero. Não há dúvida que eu, desde o começo - nasci no fim dos anos 40 e cresci nos conformistas anos 50, quando os papéis sexuais eram muito polarizados; uma garota era uma garota e um garoto, um garoto - eu não me identifiquei com meu gênero. Eu definitivamente tive uma grande disfunção de gênero e me vestia com roupas masculinas o máximo que podia - isso só era permitido no dia das bruxas, roupas masculinas no dia das bruxas. Mas ainda acredito que existam fundamentalmente dois sexos que são determinado biologicamente. Há uma área cinzenta no meio. E, comecei a escrever sobre androginia - a mistura dos limites entre homem e mulher - na faculdade. Gostava muito do assunto, o encontrava em todo lugar: nas obras de Shakespeare, o travestismo de Rosalind em 'Como Gostais'... Quando cheguei à pós-graduação, isso foi o tema de minha tese. O título original, 'Sexual Persona', eram as categorias de andróginos que se tornou o subtítulo de minha tese. Fiz pesquisa na biblioteca, fui à faculdade de medicina, pesquisei sobre biologia reprodutiva e aprendi sobre essa área cinzenta entre gêneros. Mas é um número muito pequeno de casos, um número diminuto - está bem? - de gêneros autênticos que são ambíguos. Acho que a propaganda dos transgêneros faz alegações muito infladas sobre a multiplicidade de gêneros. E a cirurgia de redesignação sexual, mesmo hoje, com todos os seus avanços, não pode mudar o sexo de ninguém. Você pode se identificar como um homen 'trans' ou como uma mulher 'trans, ou ainda como uma das novas definições. Mas, por fim, toda célula do corpo humano - o DNA dessa célula segue codificado para seu nascimento biológico. Então, muitas mentiras são propagadas atualmente que eu acho que não é do melhor interesse de ninguém. O que me preocupa é a popularidade e a disponibilidade da cirurgia de redesignação sexual. Alguém que está se sentindo... Que não sente que pertence ao gênero biológico - as pessoas estão sendo encorajadas a intervir no processo. Pais estão sendo encorajados a submeter a criança a procedimentos que acredito ser uma forma de abuso infantil: hormônios para desacelerar a puberdade, manipulações cirúgicas, etc. Acho isso errado. Acho que as pessoas devem esperar até terem idade para dar consentimento. Pais não deveriam fazer isso com seus filhos. E acho que até na adolescência é cedo demais para esse salto. As pessoas mudam, crescem e se adaptam. Me preocupa... Em meu estudo histórico em 'Sexual Persona', sempre falo sobre as fases mais avançadas de cultura - sempre fui mais atraída pelas fases mais avançadas ou decadentes da cultura. Oscar Wilde é um dos grandes expoentes no fim do século 19 - ele é uma das minhas maiores influências na juventude. E, descobri, em meu estudo, que a história é cíclica. Em qualquer lugar do mundo você encontra esse padrão. Em períodos antigos, quando uma cultura começa seu declínio, você tem um surgimento de fenômenos transgêneros. Isso é um sintoma do colapso de uma cultura. Então, ao invés das pessoas elogiarem o liberalismo humanitário que permite todas essas possibilidades transgêneras de aparecerem ou serem encorajadas, eu ficaria preocupada com como a cultura ocidental está se definindo para o mundo. Porque, na verdade, esse fenômeno está inflamando os irracionais e quase psicóticos opositores da cultura ocidental, na forma do ISIS e outros jihadistas. Nada define melhor a decadência do ocidente, para os jihadistas, do que nossa tolerância à homossexualidade aberta e essa mania transgênere. Acho que qualquer visão de futuro... O futurismo da ficção científica do fim do século 19 e começo do século 20, normalmente projetou que homens e mulheres, no espaço distante, começarão a se adaptar em gênero - você vê isso em 'Star Wars', o gênero começa a ser apagado, homens e mulheres começam a trabalhar lado a lado quase como em uma máquina, há algo de mecânico fazendo desaparecer as diferenças de gênero. Sim, cada vez mais o masculino é visto como retrógrado, algo paleolítico, algo que pertence ao passado. No entanto, sigo avisando que a possibilidade de desastre de qualquer tipo, o desastre político, guerras, fome, mas também problemas climáticos muito severos - não o aquecimento global cujas alegações são totalmente infladas; acho que a mudança climática é inerente à história da Terra - e todo tipo de coisas podem acontecer. Erupções solares inesperadas, vulcões entrando em erupção e mandando cinzas para a atmosfera mudando o clima tão gravemente durante décadas que a produtividade agrícola no mundo todo seja afetada... Todo tipo de coisa pode acontecer. E o aviso... Se estudar a história, é prevísivel: como Roma caiu, o ocidente também caíra. E o que nos restará? Dependeremos dos homens de novo. Precisaremos de homens. As mulheres e crianças ficarão em casa e os homens terão de sair e caçar animais selvagens com as mãos, cortar a carne e fazer o trabalho pesado. E, de repente, o masculino voltará. Então, acredito que o gênero é fluído em um respeito. Tirando isso, existem certos fatos fundamentais que a atual teoria de gênero se recusa a admitir: que a maioria dos homens tem de 8 a 10 vezes mais de nível de testosterona, o hormônio masculino, que qualquer mulher, está bem? Existem diferenças profundas que surgem no cérebro ao banhar-se os tecidos nesse hormônio masculino. Não vejo a testosterona como a inimiga da humanidade como tantas feministas vêem. Acho que essa energia ativa e agressiva dos homens criou civilizações. A mulher moderna se beneficiou tremendamente desses grandes sistemas que o homem criou. E nesses sistmas protetores nós tomamos o poder, temos voz, temos proeminência, etc. Me parece muito ingrato a mulher moderna negar todo o trabalho [que o homem fez], e o trabalho que continua a fazer. O homem segue fazendo, no mundo todo, o trabalho sujo e sem glamour com as mãos. Sair após uma tempestade, com cabos elétricos caídos porque as árvores os derrubaram, desafiando a morte... Eles saem no meio da noite. Não vejo mulheres clamando para sair no meio da noite para consertar a rede elétrica. Não vejo mulheres clamando para misturar o asfalto quente e colocar nos tetos. Ou para consertar as redes de esgoto - algo que vi há duas semanas atrás; uma rede de esgoto se rompeu numa cidade vizinha e as pessoas que estavam lá fazendo o trabalho sujo eram todos homens, aos quais deveríamos agradecer. Acredito que com a mudana das culturas, sim, existem definições distintas de homem e mulher. Em culturas mais sofisticadas os sexos se unem, mas então há um grande colapso, recomeçamos a história humana e existe a separação de sexos de novo.
  3. Cara, quanto ao do anencéfalo, acho que já ficou meio claro meu posicionamento. Agora quanto aos outros eu prefiro não opinar. Aí meu saco, nego cai de paraquedas na discussão e repete argumentos que já foram refutados - e mais! - usa como fonte wikipédia... Eu nem vou mais xingar, porque vocês já sabem do que eu ia chama esse ser que não se desenvolveu para exercer as faculdades mentais e espirituais. Engraçado, e nisso eu e Norton devemos ser unânimes, quem vocês acham que financiam todos esses estudos com estatísticas criativas? Quem financia todas essas campanhas pró-aborto? Mas é óbvio! McArthur, Rockfellers, Rothschilds, Fundação Ford e outras instituições ligadas a elas.
  4. É realmente incrível ver como a burrice é a regra geral entre as pessoas com o suposto "maior nível de educação" - e eu fico mais chocado ainda vendo o Norton tomando uma posição igual a minha numa questão tão importante como essa. 1º - A ciência não tem autoridade nenhuma pra dizer quando se dá ou não o início da vida. NENHUMA. A ciência apenas descreve o fenômeno da gravidez. Ela é DESCRITIVA. Ela não responde o porquê de nada, ela não chega a essência do ser de nada. E, ainda que a ciência tivesse alguma autoridade mínima pra se manifestar sobre o assunto, essa autoridade seria diluída entre as diversas teorias que existem hoje: uma diz que o ínicio da vida se dá na 3ª semana, outra diz que se dá com a nidação do embrião no útero, outra diz que se dá quando se forma o sistema nervoso, ainda outra diz que se dá quando o sistema pulmonar está completo... Então, só dessa confusão de teorias científicas já dá pra ver que a ciência em si não pode ser o critério pra julgar a validade das teorias científicas existentes. Se Aristóteles saísse do túmulo dele e visse o que todos os cientistas disseram a respeito do início da vida, ele simplesmente diria: "- Véi, deixa de ser animal. Vocês cientistas estão apenas descrevendo COMO se dá o processo da gravidez, ou seja, vocês estão lidando apenas com causas eficientes. É óbvio que se o embrião não se fixar no útero não haverá vida humana, simplesmente porque isso é um passo necessário para que o processo de evolução do embrião para o feto ocorra; do mesmo jeito que se o pulmão ou o sistema nervoso não se formarem, uma vez que nenhum ser humano sem sistema nervoso ou sem pulmão saiu por aí andando. Todas essas etapas do processo de gravidez são causas eficientes dela. E você, seu cientista de pensamento cartesiano energúmeno, me pergunta: mas então, se não há um ponto em que eu possa dizer que a partir de momento 'x' o embrião tem vida, como eu explico o início dela? E eu te respondo, idiota, que primeiro você deve ter em mente que a essência (ou substância) do ser humano é como se fosse um logarítimo que já contém todas as formas possíveis que ele vai (ou pode) atingir no decorrer da sua vida. E que também, a causa final da existência do homem é exercer as faculdades superiores mentais e espirituais. Todas as transformações que ocorrem, desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, até a sua morte já estão dadas na essência do homem, e o que as impulsiona e atrai é a sua causa final de existir, como o primeiro-motor imóvel impulsiona a existência de tudo o que é (e, no fim, também é a causa final de existirmos). A causa final e o primeiro-motor móvel não estão lá empurrando o embrião para que ele se divida, nem empurrando ele pra que se forme o sistema nervoso ou pulmonar; eles atuam por via da atração. Todas essas transformações que ocorrem já estão dadas na substância do ser humano e, mais uma vez, são assim porque nós fomos criados para exercermos as nossas capacidades superiores. A partir do momento em que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, depois do ato sexual, então é aí mesmo que se dá o início da vida, uma vez que já há em potência no embrião a forma humana que ele irá atingir na maturidade. O embrião contém a essência do que é ser humano, assim como a criança, o jovem, o adulto e o velho. Em todas essas fases a essência do ser humano é a mesma - e todas essas possibilidades se tornaram possíveis na realidade porque na essência mesma de nós elas já estavam contidas. Então, tendo em vista que a sua ciência lida apenas com causas eficientes, a única conclusão possível a se chegar é a de que se, por ações deliberadas, a mulher conscientemente pratica uma conduta que visa interromper esse processo, ela está impedindo que um ser humano substancial venha a se desenvolver plenamente e possa realizar todas as potências que carrega em si. Se, no caso, como eu vi que um de vocês citaram a possibilidade do feto vir a ser anencéfalo, a mulher interromper o processo de gravidez, esse ato dela não foi o que causou o impedimento do desenvolvimento do ser humano substancial, uma vez que este não irá realizar todas as suas potências porque não possui cérebro. Logo, após constatado que o feto realmente não possui cérebro e que não irá atingir a maturidade, não se pode dizer que a conduta do aborto que foi a causa eficiente da interrupção do processo de sua maturação." 2º - Eu sou pessoalmente contra à pena de morte, mas o argumento que usam de há uma diferenciação ética no tratamento de um criminoso que sofre a pena de morte e a de um fato que não cometeu nenhuma conduta criminosa é simplesmente "JENIAL", pra não dizer estúpida. Uma regra ética só é válida se aplicada para todos, logo, o criminoso só seria condenado a pena de morte - no caso de ela ser válida num determinado território - após a prática da conduta penal. O feto simplesmente não foi condenado a morte porque, adivinhem "JÊNIOS" ele não praticou nenhuma conduta criminosa. Quando ele se desenvolver e atingir a maturidade, e após isso ele vier a praticar uma conduta criminosa, a norma penal seria igualmente válida pra ele como seria pra qualquer um que viesse a incorrer na mesma situação. O criminoso, até não praticar o tipo penal apenado de morte, não estava condenado a ela, assim como o feto também não estava. Assim como se o feto conscientemente, por absurdo dos absurdos e extrapolando qualquer senso de razoabilidade na imaginação de hipóteses desproporcionadas, comesse os órgãos internos da mãe e disso decorresse a morte dela também incorreria na mesma pena da que a de um homicida qualquer. O fato de ser preciso explicar isso de trás pra frente e de frente pra trás já mostra que realmente o brasileiro sofre da maioria das deficiências da inteligência descritas por Feuerstein.
  5. Você é um analfabeto funcional mesmo... Nada mais típico da sua burrice. A questão dos índios realmente é uma coisa delicada para a soberania nacional, mas deixo que o deputado fale por si mesmo: "O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu teria muita honra de ser gaúcho, mas sou paulista eleito pelo Rio de Janeiro. Sr. Presidente, eu gostaria de tratar de dois assuntos. Nós estamos na reta final de elaboração e votação do relatório da reforma política, e há uma grande preocupação de que todo o nosso trabalho não dê em nada, tendo em vista os vários interesses partidários e individuais envolvidos. Assim sendo, eu acredito, Sr. Presidente, nobres pares, que a aprovação da Emenda n° 10 a essa PEC, por coincidência emenda de minha autoria, possa resgatar o que há de mais importante numa eleição democrática, que é a sua confiabilidade. A emenda permite o voto impressoao lado da urna eletrônica, ou seja, o eleitor digita o voto para Presidente até Deputado Estadual, por exemplo, aparece na tela o nome do candidato, ele aperta um botão e assim imprime em um pedaço de papel aquela relação. Então, o eleitor, para confirmar a escolha, aperta um botão e aquele voto impresso cai em uma urna de lona, uma urna como aquela do passado. Ao término das votações, às 17 horas, os votos são apurados eletronicamente e aquela urna de lona vai para o respectivo Tribunal Regional Eleitoral. Em havendo suspeição, qualquer Presidente de partido poderá pedir a recontagem, parcial ou total, dos votos. Pronto! Vejam como é preocupante a situação. Há poucas semanas, a nossa querida Dilma Rousseff esteve no Equador e assinou uns acordos na UNASUL — que não tem muita diferença do pessoalzinho do Foro de São Paulo —, criando uma unidade técnica de coordenação eleitoral para a América do Sul. Ou seja, a Esquerda descobriu que a maneira mais fácil de se perpetuar no poder é manter essa urna Smartmatic. Pronto, ponto final! (Palmas nas galerias.) Com o voto impresso, vocês vão ter a certeza de que votaram para Presidente da República, por exemplo, no Lula, no Aécio Neves, no Ronaldo Caiado, no Jair Bolsonaro, em seja quem for seu candidato em 2018. Assim vocês vão saber que votaram naquela pessoa e que aquele voto foi contado. Muito obrigado pelas palmas! Outro assunto, Sr. Presidente. Eu estive semana passada em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Fui muito bem recebido. Fui lápara receber uma medalha ofertada pela Polícia Militar do Estado. O Comandante da Polícia Militar, Coronel Oliveira, tratou-me muito bem. Foi uma festa maravilhosa. Maravilhosa! Eu aproveitei o momento, já que a imprensa estava lá e veio para cima com aquelas perguntas de sempre, a que estou cansado de responder, aproveitei o espaço que eu tive para mostrar que Mato Grosso do Sul tem problemas sérios, como, por exemplo, a indústria da demarcação de terras indígenas. As terras férteis de Dourados estão ficando inviabilizadas para a agricultura. Prejudica-se o agronegócio. A fronteira mais ao norte e o cerrado também. Por quê? Por causa das demarcações de terras indígenas. É um crime o que estão fazendo com o território nacional! Hoje nós já temos demarcada como terra indígena uma área maior do que a Região Sudeste. E tudo terra rica! Não tem área indígena em cima de terra pobre. Isso não existe! O índio não fala a nossa língua, não tem dinheiro, é um pobre coitado que está sendo tradado como animal de zoológico! Confina-se o índio lá dentro, e por pressões internacionais, em especial. Nessas terras demarcadas, nessas terras riquíssimas, com toda a certeza, mais cedo ou mais tarde, provocando-se a sua independência — hoje já chamadas de nações —, o Primeiro Mundo virá aqui explorar a nossa biodiversidade, os nossos minerais, a água potável e, o que é uma grande preocupação, os enormes espaços vazios dessas áreas! Por exemplo, a reserva ianomâmi, lá em Roraima, e um pedacinho no Amazonas, tem duas vezes o tamanho do Rio de Janeiro, para 9 mil índios! Isso é um crime! O Brasil tem que ser nosso! Empenho é o que eu peço a todos, para resgatar esse nosso território e integrar o índio à sociedade. Obrigado, Sr. Presidente. Mais uma vez, obrigado pelas palmas! (Palmas nas galerias.) O SR. PRESIDENTE (Francisco Floriano) - Obrigado, Deputado Jair Bolsonaro. Durante o discurso do Sr. Jair Bolsonaro, o Sr. Carlos Manato, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Francisco Floriano, nos termos do § 2ºdo art. 18 do Regimento Interno. " - http://www.camara.leg.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=3&nuSessao=087.1.55.O&nuQuarto=37&nuOrador=1&nuInsercao=0&dtHorarioQuarto=15:12&sgFaseSessao=PE%20%20%20%20%20%20%20%20&Data=28/04/2015&txApelido=JAIR%20BOLSONARO&txEtapa=Sem%20reda%C3%A7%C3%A3o%20final Veja que racista, né? Falando em integrar o índio à sociedade! Como pode isso?!
  6. Isso faz 14 anos. Confrontando a coisa com a conduta dele na câmara depois que o PT começou a governar acho que não fica muita dúvida que ele não tinha conhecimento do esquema Foro de São Paulo-Diálogo Interamericano. Até porque esse discurso que pegaram dele, ele fala contra o governo FHC - ok, pode ter gente que vai falar da estratégia das tesouras, já falo disso mais pra frente - e contra a indicação de um tal José Viegas que, pela transcrição do discurso, tinha ligações com Moscou e o tráfico de armas russo. Também ligou ele com a baixa na remuneração do exército e o enfraquecimento da número efetivo. Se você pega uma frase de 14 anos atrás de um sujeito e afirma que ele tem tal ou qual posição política, você tá caindo no mesmo erro de supor algo, porque simplesmente ignorou toda a trajetória que ele teve depois do fato e se apegou a um detalhe da biografia dele. É a mesma coisa que nego faz com o Olavo, falando que ele é muçulmano, que ele frequentava tariqas, que ele fazia consultas de astrologia - coisas de 30 anos atrás, e que se analisadas na biografia como um conjunto tem todo um significado. E o prof. mesmo não esconde nada disso e sempre comenta o que ele passou e como aquilo influenciou a trajetória intelectual dele. Outro exemplo seria o do Eric Voegelin que, se não me falha a memória, teve algo em torno de 2 ou 3 guinadas na sua obra. A mesma coisa Schelling, que teve 4 recomeços. Você não pode analisar as obras passadas e ignorar o que veio depois e todo o caminho que eles percorreram pra chegar lá. Se da mesma maneira que, enquanto oposição ao governo do FHC, ele acabava se juntando à membros do PT, e isso é um fato mesmo; da mesma maneira ele foi o único a continuar fazendo oposição de verdade quando o PT subiu ao poder - isso também é um fato e pode ser facilmente verificado. Mas de qualquer forma, eu acho bem válido alguém questionar esse ponto específico pra ele poder se explicar. Só pra explicitar de novo - porque quem fez essas duas imagens parece meio desonesto ao tentar passar uma imagem de que o Bolsonaro votou no Lula como candidato à presidente, o que não foi o caso: a coisa se deu em torno de uma indicação à ministro da defesa feita pelo FHC. "O SR. JAIR BOLSONARO (PPB-RJ. Sem revisão do orador.) – Nobre Deputada Vanessa Grazziotin, parabéns pelo pronunciamento. Realmente os banqueiros são muito privilegiados neste País, onde falta patriotismo. O Presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, nomeou Ministro da Defesa um advogado de banqueiro, Dr. Geraldo Quintão, que os defendeu por 38 anos. Apenas nos dois últimos anos esteve à frente da Advocacia-Geral da União. O Dr. Geraldo Quintão é o responsável pela quantia irrisória que nossos recrutas recebem: 153 reais por mês. É o que consta na última lei de remuneração dos militares. No momento em que se discute um salário mínimo de 220, 240 reais, S. Exa. mandou para esta Casa, segundo a Deputada Vanessa Grazziotin, uma proposta de pequena correção salarial para os recrutas. O general Gleuber Vieira mandou outros 44 mil para a rua, porque não havia verba para lhes dar alimentação e, para minha surpresa, negou-se a encontrar-se com Lula, servindo como porta-voz dos comandantes da Marinha e da Aeronáutica, porque tinha compromisso com Fernando Henrique Cardoso, e considerava ato de deslealdade encontrar-se com o Presidente eleito. Somente após o Presidente Fernando Henrique Cardoso lhes ter dado sinal verde, os três comandantes de Força vão se encontrar com Lula, no próximo sábado em São Paulo. O agendamento do encontro está sendo feito pelo Embaixador em Moscou, José Viegas, há 7 anos fora do Brasil, que quando estava no Peru tentou a todo custo — atenção, companheiros do PT! —conseguir asilo para Montesinos, o caixa dois de Fujimori. José Viegas está sendo cotado para ser Ministro da Defesa. Pasmem os senhores! Seu amigo íntimo, o irmão de Clóvis Carvalho, é revendedor de armamento russo. O objetivo do encontro com Lula é indicar Viegas para Ministro da Defesa. O pessoal do Clóvis Carvalho — conhecido por todos os membros do PT — tenta conseguir o Ministério da Defesa. O PT não pode aceitar isso. Confesso publicamente que votei no Lula no segundo turno, porque jamais votaria no candidato do Fernando Henrique Cardoso. No primeiro turno, trabalhei para Ciro Gomes, que perdeu. No segundo, escolhi a opção que considerava a melhor. Haverá brava crise pela frente, mas mantemos a esperança de dias melhores. Espero que o companheiro Lula — já que está na moda falar assim — consulte os quadros do PT, do PCdoB e de outros partidos para fazer suas escolhas. No Senado há gente competente, honesta e com caráter para assumir o Ministério da Defesa, que poderá ser entregue a um embaixadorzinho que já demonstrou, ao longo da vida, ser amigo íntimo do Fernando Henrique Cardoso — caso contrário, não estaria há sete anos fora do País. Ele também é o grande intermediário nessas negociatas. Querem transformar o Ministério da Defesa em Ministério dos negócios e das negociatas.R Não tenho como indicar alguém para o Ministério da Defesa. Não faço parte da equipe do Lula nem tenho poder de veto, mas tenho voz nesta Casa. Sugiro até mesmo o nome de José Genoíno, por quem não tenho grande amizade, mas reconheço sua competência. Não faria oposição à possibilidade de S.Exa. ir para o Ministério da Defesa. Também não me oporia se o eleito fosse Aldo Rebelo, do PCdoB. Ambos são competentes. Não quero falar sobre a história de ninguém. Temos de pensar apenas no Brasil daqui para a frente. Companheiros do PT, o encontro de sábado é um embuste. O general Gleuber Vieira não tem moral para dizer à tropa que apóia José Viegas para o Ministério da Defesa. Pretendo contar sua história na próxima semana. Vou falar de suas maracutaias — o Presidente eleito adora essa palavra — com a Assessoria Jurídica Bandeira de Melo, fazendo caixa dois para seus amigos. Tanto isso éverdade que ele mandou um oficial da ativa conversar com o Presidente do TCU para passar minha denúncia. Já estava com o voto pronto — e a confirmação está no contracheque de todos os militares. Ele denunciará este Governo a partir de janeiro e pediu que minha denúncia só fosse analisada no próximo ano, porque, de outro modo, não seria objeto de apreciação, mas arquivada. O general Gleuber Vieira não tem moral para apoiar ninguém para o Ministério da Defesa, porque trabalha agora com esse advogado de banqueiro que massacrou a tropa. E quer indicá-lo para quê? Para ser reconduzido como comandante da Força? Para continuar o trabalho de destruição que Quintão está fazendo, apoiado por Gleuber Vieira.Apelo para os companheiros do PT, do PCdoB, para pessoas de bom senso do futuro Governo que digam não a José Viegas, esse traidor, amigo de Clóvis, talvez até com metástase com a máfia russa de venda de armamento. Sr. Presidente, não quero ser Oposição no próximo ano. Não serei Situação pela situação. Desejo um País melhor. Quero evitar uma crise militar, com a possível indicação, na quota de Fernando Henrique Cardoso, de mais um incompetente para o Ministério da Defesa. Era o que tinha a dizer. "
  7. O nazismo foi usado como ponta de lança do regimes comunista. O regime de Stálin que fornecia armamentos e treinamentos para as tropas nazistas no território soviético antes da guerra estourar, você fala tanto em revisionismo, mas isso é só mais um sintoma de que você é um analfabeto funcional e nem percebe que você é o revisionista que ignora o tratado de ribentrop-molotov. Até o porra do trotsky quando estava no exílio escrevia abertamente contra a passividade de Stálin contra o massacre dos comunistas na Alemanha no período em que o nazismo vinha crescendo. Você não entende merda nenhuma da práxis dialética e ainda tem coragem de se dizer socialista - no máximo você leva o título de socialista de salão. Um comunista de verdade iria rir da sua cara. "A Segunda Guerra Mundial foi preparada e provocada deliberadamente pelo governo soviético desde a década de 20, naquilo que constituiu talvez o mais ambicioso, complexo e bem-sucedido plano estratégico de toda a história humana. O próprio surgimento do nazismo foi uma etapa intermediária, não de todo prevista no esquema originário, mas rapidamente assimilada para dar mais solidez aos resultados finais. Os documentos dos arquivos de Moscou reunidos pelos historiadores russos Yuri Dyakov e Tatyana Bushuyeva em "The Red Army and the Wehrmacht" (Prometheus Books, 1995) não permitem mais fugir a essa conclusão. Reduzida à miséria por indenizações escorchantes e forçada pelo Tratado de Versalhes a se desarmar, a Alemanha sabia que, para ter seu Exército de volta, precisaria reconstruí-lo em segredo. Mas burlar a fiscalização das potências ocidentais era impossível. A ajuda só poderia vir da URSS. Enquanto isso, Stálin, descrente dos movimentos revolucionários europeus, pensava em impor o comunismo ao Ocidente por meio da ocupação militar. Nessa perspectiva, a Alemanha surgia naturalmente como a ponta-de-lança ideal para debilitar o adversário antes de um ataque soviético. Foi para isso que Stálin investiu pesadamente no rearmamento secreto da Alemanha e cedeu parte do território soviético para que aí as tropas alemãs se reestruturassem, longe da vigilância franco-britânica. De 1922 até 1939, a URSS militarizou ilegalmente a Alemanha com o propósito consciente de desencadear uma guerra de dimensões continentais. A Segunda Guerra foi, de ponta a ponta, criação de Stálin. O sucesso do nazismo não modificou o plano, antes o reforçou. Stálin via o nazismo como um movimento anárquico, bom para gerar confusão, mas incapaz de criar um poder estável. A ascensão de Hitler era um complemento político e publicitário perfeito para o papel destinado à Alemanha no campo militar. Se o Exército alemão iria arrombar as portas do Ocidente para o ingresso das tropas soviéticas, a agitação nazista constituiria, na expressão do próprio Stálin, "o navio quebra-gelo" da operação. Debilitando a confiança européia nas democracias, espalhando o caos e o pânico, o nazismo criaria as condições psicossociais necessárias para que o comunismo, trazido nas pontas das baionetas soviéticas com o apoio dos movimentos comunistas locais, aparecesse como um remédio salvador. Para realizar o plano, Stálin tinha de agir com prudente e fino maquiavelismo. Precisava fortalecer a Alemanha no presente, para precipitá-la num desastre no futuro, e precisava cortejar o governo nazista ao mesmo tempo em que atiçava contra ele as potências ocidentais. Tarimbado na práxis dialética, ele conduziu com espantosa precisão essa política de mão dupla na qual reside a explicação lógica de certas contradições de superfície que na época desorientaram e escandalizaram os militantes mais ingênuos (como as sutilezas da estratégia do sr. José Dirceu escandalizam e desorientam a sra. Heloísa Helena). Por exemplo, ele promovia uma intensa campanha antinazista na França, ao mesmo em tempo que ajudava a Alemanha a se militarizar, organizava o intercâmbio de informações e prisioneiros entre os serviços secretos da URSS e da Alemanha para liquidar as oposições internas nos dois países e recusava qualquer ajuda substantiva aos comunistas alemães, permitindo, com um sorriso cínico, que fossem esmagados pelas tropas de assalto nazistas. A conduta aparentemente paradoxal da URSS na Guerra Civil Espanhola também foi calculada dentro da mesma concepção estratégica. Mobilizando batalhões de idiotas úteis nas classes intelectuais do Ocidente, a espetaculosa ostentação estalinista de antinazismo -cujos ecos ainda se ouvem nos discursos da esquerda brasileira, última crente fiel nos mitos dos anos 30- serviu para camuflar a militarização soviética da Alemanha, mas também para jogar o Ocidente contra um inimigo virtual que, ao mesmo tempo, estava sendo jogado contra o Ocidente. Hitler, que até então era um peão no tabuleiro de Stálin, percebeu o ardil e decidiu virar a mesa, invadindo a URSS. Mas Stálin soube tirar proveito do imprevisto, mudando rapidamente a tônica da propaganda comunista mundial do pacifismo para o belicismo e antecipando a transformação, prevista para muito depois, do antinazismo de fachada em antinazismo armado. Malgrado o erro de cálculo logo corrigido, o plano deu certo: a Alemanha fez seu papel de navio quebra-gelo, foi a pique, e a URSS ascendeu à posição de segunda potência mundial dominante, ocupando militarmente metade da Europa e aí instalando o regime comunista. Na escala da concepção estalinista, o que representam 40 milhões de mortos, o Holocausto, nações inteiras varridas do mapa, culturas destruídas, loucura e perdição por toda parte? Segundo Trótski, o carro da história esmaga as flores do caminho. Lênin ponderava que sem quebrar ovos não se pode fazer uma omelete. Flores ou ovos, o sr. Le Pen, mais sintético, resumiria o caso numa palavra: "Detalhes". Apenas detalhes. Nada que possa invalidar uma grandiosa obra de engenharia histórica, não é mesmo? Por ter colaborado nesse empreendimento, o sr. Apolônio de Carvalho foi, no entender do ministro Márcio Thomaz Bastos, um grande herói. Mas, se o miúdo servo de Stálin tem as proporções majestosas de um herói, o que teria sido o próprio Stálin? Um deus?" OdeCarvalho. "Em ambos os sistemas há uma ideologia que tem a ambição de criar 'um novo homem'. Isto significa que ambos os sistemas não concordam com a natureza humana do jeito que ela é. Eles estão em guerra com a natureza - com a natureza humana. Isto é o caminho para o totalitarismo. Você encontrará em ambos. O nazismo é baseado ideologicamente numa falsa biologia, e o comunismo é baseado numa falsa sociologia. Mas ambos os sistemas têm a ambição de serem alicerçados em bases científicas." - 12:15, historiadora russa no documentário abaixo. "Eu não sei se muitas pessoas sabem, mas só o socialismo publicamente advogou o genocídio no século XIX e XX. É um fato bastante desconhecido e parece chocante se você mencionar. Eu lecionei aqui em outras universidades e sempre houve um certo sentido de choque. Primeiro apareceu em janeiro, 1849, no jornal de Marx, Nova Gazeta Renana. Engels escreveu sobre a guerra de classes nos termos marxistas: 'Quando a revolução socialista acontecer - a guerra de classes acontecer - haverão sociedades primitivas na Europa dois estágios atrás porque eles nem sequer eram capitalistas ainda.' Ele tinha em mente os bascos, os bretões, os escoceses, os sérvios, e ele os chamava de 'lixo racial'. Eles teriam que ser exterminados porque, estando dois estágios atrás na luta histórica, seria impossível trazê-los ao nível dos revolucionários." - 14:17 - outro historiador - não sei a origem. OBS: a partir daqui todas as citações ou são de estudiosos e historiadores da época - quando não for eu coloco o nome da pessoa. "Ele falava mal do hungarianismo e da 'imundície' dos povos eslavos. E ele pensava que a polônia não tinha razão para existir." - 15:46 "As classes e as raças fracas demais para conduzir as novas condições de vida devem deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto revolucionário - *Marx. People's paper. April 16, 1852.; ** Journal of the History of Ideas Vol. 42, No. 1, 1981. - 16:10 "Marx foi o ancestral do modelo político do genocídio. Eu não conheço nenhum pensador europeu anterior a Marx e Engels que tenha publicamente advogado um extermínio racial. Eu não consigo achar nada mais antigo." - 16:20 "Um ano depois da morte de Lênin, em 1924, o New York Times publicou um pequeno artigo que naquela época quase passou despercebido. Era sobre um novo partido estabelecido na Alemanha: 'O Partido Nacional-Socialista, o qual Hitler é patrão e pai, persiste em acreditar que Lênin e Hitler podem ser comparados.' Quem fala? Um certo Dr. Goebbels. 'Na afirmação do locutor, Lênin era um grande homem, apenas atrás de Hitler. E que a diferença entre o comunismo e a fé de Hitler era bastante pequena - uma guerra de facção aberta com um tim-tim entre copos de cerveja" - 16:55 " Como nós lemos [essa afirmação de Goebbels], não caiu muito bem com potenciais eleitores. Os seus pôsteres antigos de campanha desapareceram aos poucos; eles nunca mais publicamente enfatizaram as semelhanças com os comunistas. Mas no círculo fechado, contudo, os nazistas e Hitler falavam mais abertamente." - 17:57 "Hitler declarou que tinha aprendido muito do marxismo, por ler Marx. E que todo o nacional-socialismo foi baseado nele, mas doutrinalmente melhor." - 18:37 "As pessoas continuam esquecendo que o regime nazista na Alemanha também era socialista. Era oficialmente chamado de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães - é um ramo do socialismo; o socialismo soviético era internacional-socialista, na Alemanha era nacional-socialista. É a mesma coisa na verdade, com uma pequena diferença de interpretação." - 18:57 "Parte da esquerda apoiou Hitler - ao menos na França, parte dos socialistas tornaram-se defensores de Hitler." - 20:00 "O popular escritor britânico, Bernard Shaw, defendeu Hitler na grande mídia. A esquerda apoiou Hitler não porque ele os enganou, eles sabiam que ele iria matar, ele disse que iria. Na verdade, foi por isso que eles o apoiaram" - 20:15 "Vocês todos sabem que meia dúzia de pessoas que não têm utilidade neste mundo são mais um problema do que aquilo que valem [...] Apenas coloque-os lá e diga: Senhor ou senhora, agora você será doce o suficiente para justificar a sua existência. Se você não consegue justificar a sua existência, se você não está fazendo esforço suficiente, se você não está produzindo tanto quanto consome ou preferivelmente mais, então claramente nós não podemos usar uma grande organização da nossa sociedade no propósito de manter você vivo porque sua vida não nos beneficia e não pode ser muito útil para você mesmo." - 20:34, gravação em vídeo de Bernard Shaw discursando. "Eu apelo aos químicos para que descubram um gás humano que matará instantaneamente e sem dor. Que seja mortal, mas humano, não cruel..." - 21:47 - Listener, 7 Feb, 1934. "Deve ser dito que, além de Bernard Shaw, a maioria dos socialistas fundamentalmente se opuseram ao nazismo porque Hitler tinha distorcido o marxismo além do reconhecimento. Enviar pessoas para a câmara de gás baseando-se na nacionalidade era absolutamente indesculpável. A seleção deveria ser feita por classes. Hitler entendeu tudo errado, pessoas absolutamente diferentes deveriam ser exterminadas! O único e verdadeiro país marxista na Terra era a União Soviética, que exterminava estritamente de acordo com os ensinamentos de Marx: os inimigos de classe. No geral, o processo de extermínio era bastante similar ao extermínio dos judeus. Primeiramente, as vítimas eram ridicularizadas e publicamente humilhadas. E então elas eram assassinadas - milhões delas." - 22:25 "Em 1930, a tecnologia de assassínio a execuções fora introduzida. Cada divisão administrativa tinha uma área designada onde os cadáveres ficavam para serem enterrados." - 23:57 "Os fuzilamentos eram feitos nas prisões. Nos porões haviam câmaras especiais para fuzilamentos com paredes reforçadas e ralos para escoar o sangue" - 24:17 "Uma pessoa era levada pelo corredor para o 'canto vermelho'. Era a última verificação de identidade - a vítima tinha que se identificar. Depois era levada para aquela sala. Quando ela entrava, levava um tiro na nuca." - 24:27 "Sim, as pessoas eram mortas baleadas na cabeça. Sabemos que, em geral, eram mortas em massa, em grupos de uma centena ou muitas centenas, todas as noites. Logo depois, os cadáveres eram carregados nos caminhões que se dirigiam para cidades, e eram enterrados perto de florestas e parques." - 24:50 "Bykinva, Butovo, Leningrado, Vinitza, Karkhov - valas comuns disseminadas em todo o país." - 26:03 "Stalin autorizou, no meio da década de 1930 - porque ele tinha esse problema das crianças de rua -, ele autorizou que as crianças fossem mortas a partir dos 12 anos." - 26:46 "Pessoas eram fuziladas dia e noite no maior país do mundo. Stalin chegou ao ponto de mandar matar pessoas por quotas." - 27:05 "Kruschev pediu para aumentarem a sua quota [de pessoas a serem executados pela sua região administrativa]! Ele tinha permissão para matar 7 ou 8 mil inimigos, então ele pediu: 'por favor, aumentem minha quota para 17 mil'. E a quota adicional era dada." - 27:36 "Stalin estava mergulhado em sangue. Eu vi as sentenças de morte, ele assinou aos montes, junto com Molotov, Voroshilov, Kaganovich e Zhdanov. Eles eram os cinco mais ativos. Molotov sempre adicionaria: 'mude de 10 anos para execução'. - 28:04 "Como resultado, entre 1937 e 1941, 11 milhões de pessoas foram executadas. 11 milhões! Você consegue imaginar a escala de repressão contra seu próprio povo?" - 29:07 "Eu não acredito que o mundo, nem a Europa, nunca tenha visto aquele tipo de assassinos, tanto em números quanto em natureza" - 29:25 "Havia um homem na Europa que acompanhava de perto a situação da Rússia: Hitler. Matar milhões de pessoas em tão pouco tempo era realmente notável. O Holocausto era ainda uma idéia na cabeça dele." - 29:40 "A idéia era destruir toda a ordem na Europa - esta era a grande idéia de Stalin. Deixe Hitler ser mau, ele vai destruir toda a ordem na Europa. Não haverá poderes, não haverá sindicatos, nem exércitos, nem governos. Então, Stalin surgiria como o libertador. Milhões de pessoas estariam em campos de concentração esperando para serem libertadas, e Stalin e o exército vermelho viriam como libertadores. Este era seu plano." - 30:55 "Então, em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stalin assinaram um pacto que assegurava a Alemanha a segurança nas fronteiras do leste, e muitos suprimentos de recursos estratégicos para serem providos em acordos econômicos posteriores. Em 24 de agosto, o ministro das relações exteriores nazista, Ribbentrop, informou Hitler sobre sua visita a Moscou: Hitler regojizou-se! Agora ele tinha tudo para iniciar uma guerra mundial." - 31:34 "1 de setembro de 1939, Hitler ataca a Polônia à oeste. A Polônia desesperadamente resiste aos nazistas mas, em 17 de novembro, ela é ataca ao leste pela União Soviética." - 32:07 "Segundo todas as normas da lei internacional, invadir a Polônia era um ato claro de agressão." - 32:27 "Bombardeiros da Luftware atacavam cidades polonesas, e o transmissor soviético, em Minsk, guiou-os até aos alvos." - 32:49 "O Exército Vermelho parecia diferente àquela época. Eles entraram na Segunda Guerra Mundial lado-a-lado com as SS. A população local, às vezes, não podia dizer a diferença entre ambos, então, para ter certeza, eles colocaram adereços nazistas e comunistas." - 33:17 "O exército alemão encontrou com o exército vermelho no meio da Polônia, então, os dois monstros totalitários - alemães e soviéticos - dividiram o país entre eles." - 33:43 "A imprensa soviética disseminou que tudo aquilo era uma luta contra o fascismo polonês. Os amantes da paz e do amor - a Alemanha nazista e a União Soviética - estavam lutando contra o agressivo fascismo polonês. Mas o mundo não sabia que os dois ditadores tinham concordado em dividir mais do que a Polônia. Num protocolo secreto assinado no Krelim, uma semana antes da guerra começar, Hitler e Stalin tinham concordado em dividir a Europa." - 34:00 "Não havia este protocolo inicialmente na proposta de Ribbentrop. Contudo, por estranho que pareça, o iniciador deste protocolo secreto foi Stalin. Mas nós o negamos porque era muito agressivo - o partido comunista não poderia ter assinado. Então nós negamos isso até a morte!" - 34:33 "Pelo protocolo secreto, Hitler deu sinal verde para Stalin ocupar vários países europeus. O primeiro na lista foi a Finlândia." - 35:11 "Os primeiros aviões vieram bombardear Helsinque no outono, em novembro de 1939. Os finlandeses pensaram que os bombardeiros russos estavam perdidos - que haviam bombardeado Helsinque por engano." - 35:25 "Moscou rotulou a Finlândia de regimes fascista, e lançou um grande ataque por terra. Foi um desastre. Os russos perderam cerca de 300 mil homens entre mortos (congelados e por ferimentos). A pequena Finlândia estava milagrosamente resistindo ao maior exército do mundo, mas o custo foi enorme." - 35:55 "Pela agressão brutal contra a Finlândia a URSS foi expulsa da Liga das Nações. A retórica do Kremlin de lutar contra o fascismo finlandês não foi levada à sério. Apenas três países tinham sido rotulados de agressores pela Liga: Japão militarista, Itália fascista e Alemanha nazista. Agora eles tinham se juntado à União Soviética. Na Europa, a União Soviética só tinha um aliado sobrando: Hitler." - 37:28 "A Noruega foi invadida com a ajuda direta da União Soviética. Stalin forneceu aos nazistas a base naval perto de Murmansk, de onde Hitler lançou seu ataque à Noruega." - 38:18 "Quando Berlim tomou a decisão de usar aquela base, o Almirante Reder mandou uma carta para o comandante da marinha soviética, Kuznecov, expressando a profunda gratidão pelos serviços prestados à Marinha Alemã." - 38:30 "Stalin escreveu para o ministro das relações exteriores, Ribbentrop: 'A amizade entre a União Soviética e Alemanha nazista foi selada por sangue.' - 38:57 "A União Soviética tornou-se o principal fornecedor de recursos para a máquina de guerra nazista. Milhares de toneladas de combustível, ferro, materiais de construção; até mesmo trens soviéticos carregados de grãos eram mandados para o exército alemão. Cidadãos soviéticos passavam fome, mas seu governo estava mandando comida para Hitler. A União soviética foi mais além, persuadiu os partidos comunistas da Europa para sabotar o movimento de resistência e apoiar os nazistas." - 39:50 "É reconfortante ver em prisioneiros-trabalhadores falando com soldados alemães como amigos, nas ruas ou nos cafés de esquina. Muito bem, camaradas, continuem assim, mesmo que isto desagrade a classe média! A irmandade dos homens não permanecerá para sempre na nossa esperança, irá transformar-se em uma realidade viva - isto foi dito pelo partido comunista francês em julho de 1940." - 40:38 "Hoje, o partido comunista diz que fez parte da resistência. Antes de 1941, quando a União Soviética foi atacada, na verdade, eles estava em luta contra o governo do Marechal Pétain, mais do que os alemães." - 41:10 "O presidente americano, Roosevelt, considerou a União Soviética como uma potência do eixo. Era evidente para todo mundo que Stalin estava no campo fascista." - 42:17 "O primeiro ministro soviético, Molotov, foi à Berlim para discutir a ordem mundial pós-guerra. Ele chegou com uma lista de territórios que a URSS estava interessada. Enquanto Hitler e Molotov estavam discutindo, os outros camaradas soviéticos deleitavam-se com a companhia de Goebbels, que devem ter falado das vantagens do nazismo, porque foi o primeiro ministro Molotov, e não Goebbels, quem alertou para o Ocidente não lutar contra a ideologia nazista. Mais do que isso, quando ele se dirigiu ao Conselho Supremo Soviético, no Kremlin, Molotov declarou que lutar contra a ideologia nazista era, na verdade, um crime. Isto foi publicado em todos os grandes jornais soviéticos. Mais tarde, essa página desapareceria das bibliotecas públicas da URSS, junto de muitas outras declarações pró-nazistas do governo soviético. Mas por que lutar contra o nazismo era um crime na visão soviética? Porque o extermínio em massa em campos de concentração foi baseado naquela ideologia - "O trabalho te liberta! [Campos nazistas]", "O trabalho é uma honra! [Campos soviéticos]. Se alguém quisesse lutar contra a ideologia por detrás deles, acabaria também por lutar contra o regime soviético. Molotov sabia disso. Além do mais, ele foi aquele que pessoalmente monitorou o extermínio de 7 milhões de ucranianos; Himmler monitorou o extermínio de judeus. Ambos concordam que para o bem-comum, certos grupos precisam simplesmente ser eliminados." - 42:35 "Winston Churchill não fazia segredo que, para ele, nazismo e comunismo eram bem parecidos. Na sua visão, o nazismo era uma forma de despotismo comunista. O odiável despotismo comunista - foi como Churchill chamou em 1940. Ele, eventualmente, venceu com a ajuda dos aliados." - 44:25 "Muitos judeus voaram para a URSS para serem protegidos de Hitler. Então, Stalin fez algo inimaginável: ele os juntou e os mandou de volta para a Gestapo, como um gesto de amizade." - 46:11 "As SS nazista e a NKVD soviética - polícia de segurança de Stalin - cooperaram intensamente. Documentos antigos revelaram a enorme escala desta cooperação. Listas e listas de comunistas alemães e judeus que os soviéticos estavam entregando aos nazistas." - 47:01 "Mas a parceria entre a SS e a NKVD não era limitada somente à extradição de inimigos comuns. A NKVD treinava a Gestapo. A maquinaria soviética de terror já operava há vinte anos antes dos nazistas sequer começarem. A delegação da Gestapo alemã e a SS vieram até a União Soviético para aprender como construir campos de concentração. Os oficiais soviéticos foram até a Cracóvia ocupada pelos nazistas para encontrar os colegas da SS. A questão judaica era a principal pauta do encontro. Oficiais soviéticos coordenaram pessoalmente a deportação de judeus com o 'Brigadeführer' Otto Wätcher, um dos ideólogos do Holocausto. Ele deslocou os judeus para o gueto da Cracóvia e, depois, fez os preparativos para o extermínio em câmaras de gás. O fato dos soviéticos colaborarem com as SS não é mais negado pela Rússia. O que continua a ser negado é que esta colaboração baseava-se num acordo escrito." - 47:42 "Este é em alemão. Assinatura de Beria [mostrando o documento]. [Apontando para o documento] Reichsfürer SS, Chefe do Escritório Central de Segurança, Berlim, 3 de novembro, 1938. Com este certificado, meu representante Standartführer SS Mueller recebe a autoridade para assinar um acordo em Moscou para coordenar atividades entre a NKVD e o Escritório Central de Segurança da Alemanha, nas quais temos grandes expectativas relacionadas ao fortalecimento da paz e a segurança entre nossos países. Gruppenführer SS Heydrich. Anexado ao documento principal: Lavrenty Beria. Este documento foi contrabandeado do Arquivo Presidencial, em Moscou, por um dos seus trabalhadores. Apareceu na televisão russa. Mais tarde, esta gravação desapareceu dos arquivos da TV. Diferente da posição oficial do Kremlin, os ex-oficiais soviéticos que tinham acesso ao Comitê Central - agora arquivo presidencial - afirmam a existência de tal acordo." - 49:03 "[Vladimir Karpov, ex-coronel da inteligência, duas vezes herói da União Soviética, membro do Comitê Central e dos altos líderes do conselho soviético.] Um acordo secreto foi assinado entre a KGB - NKVD na época - e a Gestapo. Sobre uma colaboração. Eles acusam-me de mentir, dizem que não é verdade porque éramos internacionalistas e não poderíamos assinar tal acordo" - 51:12 "Esta contradição é incrível! Por um lado, foi aceito que o regime de Stalin era criminoso; mas por outro, a exceção é feita às relações internacionais. Se um regime é criminoso, então seus atos serão criminosos em todas as áreas, incluindo relações internacionais. Isto deveria ser aceito de uma vez por todas!" - 51:36 "[Mostrando o documento] A NKVD irá propor ao governo soviético um programa para reduzir a participação dos judeus no corpo do Estado, e proibir judeus e a prole judaica ao casamento inter-racial, nas áreas da cultura e educação. Assinado pelo Chefe da Administração Central de Segurança de Estado (GUGB); o Comissariado para Assuntos Internos, Beria; e o Representante do Chefe do Escritório Central de Segurança da Alemanha, SS Mueller." - 52:20 "[O ex-ministro da defesa russo, Radionov, justificando o documento acima] Isso foi uma ameaça real, uma guerra contra o fascismo judaico dentro do país." - 53:26 "Litvinov [judeu e ministro das relações exteriores da União Soviética em 1939] foi removido. O ministro foi rendido pelas tropas da NKVD, tanques. E Stalin deu a ordem para limpar a sinagoga - o que não é algo agradável a se dizer. Se espera isso de Hitler, mas Stalin era igualmente capaz de tamanho preconceito." - 54:08 "O líder comunista exilado, Leon Trotsky, alertou o mundo sobre o anti-semitismo stalinista e que, na realidade, Hitler e Stalin estavam conspirando." - 54:40 "[Trotsky falando] A polícia de Stalin - a GPU - caiu ao nível da Gestapo nazista." - 54:49 OBS: Não preciso dizer o que aconteceu com ele, não é? Picaretada na cabeça. Leiam o livro 'O homem que amava os cachorros - Leonardo Padura' e vocês vão ver a coisa. Bom, no total, a Rússia comunista matou mais de 20 milhões de homens, mulheres e crianças, e vem um imbecil desse como o Norton achando que esses demônios realmente tem alguma superioridade moral e que de fato fizeram alguma coisa na luta pelo bem da humanidade. Esse cara deveria largar a faculdade que ele faz - se é que faz alguma, e se faz, esse lixo institucional deveria ser fechado, porque pelo nível intelectual do Norton você já imagina o tipo de professor e de alunos que existe ali - e ir plantar batata em algum canto escondido aí do estado dele, seja qual for. Por favor, se você leu isso até o fim, quota o que esse energumeno postou por último e dá uma zoada nele. Por mim, por nós, por todos os que morreram pela ideologia que esse babaca defende. Abraços. Fontes áudiovisuais utilizadas: British Pathe/ ITN Source ITN Source ITN Source/ Reuters Bundessarchiv-filmarchiv Audiovisual Service of The Council of European Union Nato Public Diplomacy Division Media Library National Television Company of Ukraine Press Service of The President of Russia Latvian State Archive Film, Photo and Audio Records LTV (Latvian National Television) Archive TV Company Video TV Company Vid Chronos-Media GMBH Transit Film GMBH Video Archive of The Museum of The Occupation of Latvia Butugychag Footage Provided by Sergey Melnikoff, IPV NEWS USA Fontes históricas de documentos, jornais e fotografias mostradas: Political Archive of The Ministry of Foreign Affairs of Germany Deustches Historiches Museum State Prosecutor's Office of Latvia Archive of The State Security Service of Ukraine Bibliothek der Friedrich-Ebert-Stiftung, Bonn Memorial Society, Russia Memorial Society, Ukraine Photo Archive of The Museum of The Occupation of Latvia National Library of Latvia, Riga Uppsala University Library Sergey Melnikoff, IPV NEWS USA Corbis Photo Archive Selga Berzina Drawings of Danzig Baldajev (courtesy of Valentina Baldajev) Audio fragment of Viktor Baturin interview is from Radio Echo Moskvi Agradecimento especiais: Austris Grasis Ilze Kaktina Janis Plaudis Lelde Neimane Taiga Koknevica Irina Tisko Volodimir Sergiychuk Evdokia Thkachuk Melania Isravchuk Nadezda Balinchuk Victor Deriugin Sergey Kanev Vladimir Pribilovsky Alexander Guryanov Gerhard Keiper Ingrida Liege George Watson Irena Hamiltone Vladimir Bukovsky
  8. 'Eu vou ler três linhas de um livro majestoso, Radical Enlightenment, de Jonathan Israel, o primeiro volume de uma série, cada um com mil páginas, que em matéria de coleção de fatos dificilmente se encontrará algo melhor — embora nem sempre possamos concordar com as avaliações dele. Ele diz o seguinte: “Após 1650, um processo geral de racionalização e secularização instalou-se, o qual rapidamente derrubou a velha hegemonia da teologia no mundo dos estudos e lentamente, mas com segurança, erradicou a magia e a crença no sobrenatural da cultura intelectual européia”. Isso é um entendimento geral do que houve no período geralmente chamado O Iluminismo. Quer dizer, a crença na magia foi afastada, junto com a hegemonia da teologia, e se instalou um processo de racionalização e secularização. Como isso se deu em termos de guerra cultural? Havia representantes de uma cultura tradicional que se incorporava na Igreja e nas universidades, e surge aí uma nova classe de autores e pensadores que rapidamente se sobrepõe aos anteriores e conquistam a hegemonia. Conquistam a hegemonia a tal ponto que hoje a interpretação corrente que se dá ao que aconteceu naquela época é precisamente a que os próprios novos autores e filósofos davam de si mesmos. Ou seja, a auto-imagem que eles transmitiam foi a que se impregnou nas gerações seguintes. Nós averiguamos até que ponto essa auto-imagem pode ser falsa quando baixamos dessas grandes generalizações históricas para a análise dos fatos concretos, uma espécie de micro história, e descobrimos, por exemplo, que a apologia da liberdade civil e política veio junto com uma nova concepção do homem que o explicava como uma máquina, sujeita a determinismos que tornava a sua liberdade praticamente inexistente. Não é uma coisa estranha? Provam que o homem é um bichinho, ou pior ainda, uma máquina, que toda a conduta dele está pré-determinada por leis mecânicas, e em seguida reivindicam para esta criatura, assim descrita, liberdade civil e política. Você pode reivindicar a liberdade para a sua bicicleta, por exemplo? Para o seu computador? “O meu computador tem liberdade civil e política, direito de ter opinião e dizê-la, de tomar decisões, de casar e de exercer profissão, tudo conforme bem entenda.” Não faz sentido! Se você demonstrou que o homem é uma máquina inteiramente determinada por leis mecânicas, a idéia da liberdade civil e política não faz o menor sentido. Ao escavar um pouco mais nós descobrimos que alguns dos filósofos dessa época tinham perfeita consciência disso e diziam, como Voltaire: “é preciso mentir como um diabo e não só em momentos particulares, mas sistematicamente e sempre”. Ora, não houve autor que influenciasse mais esse período do iluminismo do que Voltaire. Ele é como Maquiavel, que disse: “eu nunca escrevo a verdade e quando descubro alguma eu trato de escondê-la o melhor que posso” — claro que ele não disse isso em público, mas em sua correspondência privada. Declarações do mesmo teor são muito freqüentes entre autores do mesmo período, como Diderot, d’Holbach e outros. Foi essa gente que removeu a cultura antiga “baseada na crença na magia etc.” e inaugurou a nova era baseada na racionalidade. Tudo isso está muito esquisito. Nós podemos nos perguntar: se esses camaradas eram assim, como Voltaire e outros, como foi que eles levaram vantagem tão facilmente na disputa com os seus adversários? Nós sabemos, por exemplo, que existe uma imagem pública da ordem jesuítica que foi consagrada por praticamente todos os historiadores até os anos 50. Tal imagem dizia que a ordem jesuítica foi um fator de atraso no progresso da ciência, porque enquanto já se tinham as idéias de ciência experimental, racionalidade etc., eles estavam com a velha teologia, oprimindo todo mundo e não deixando ninguém pesquisar coisíssima nenhuma. Foi somente nos últimos trinta anos que alguém se lembrou de perguntar se tinha sido assim mesmo. Quando você vai ver, descobre que as contribuições dos jesuítas no desenvolvimento das ciências durante os séculos XVII e XVIII foram maiores de que a de qualquer outro, e não consta um único caso em que alguma pesquisa científica tenha sido inibida pela ordem jesuítica. Ou seja, uma mentira histórica se impregnou, se tornou de domínio público e agora todos acreditam nela piamente. Isso é repetido por historiadores profissionais, autores de livros didáticos que vão parar na escola, jornalistas; isso vai parar até no cinema. A imagem do jesuíta empedrado nas suas crenças obscurantistas e impedindo o progresso da ciência é uma coisa de domínio público. Isso significa que um dos lados se tornou hegemônico na disputa. Mas o que aconteceu? Se havia tantos homens de ciências e filósofos na Igreja, sobretudo na ordem jesuítica, como é que os outros acabaram por se sobrepor? Sobretudo uma coisa que me chama a atenção é que quando estudamos os escolásticos (S. Tomás de Aquino, Duns Scott e outros) e depois os comparamos com os primeiros filósofos da modernidade (como Descartes, Bacon etc.), estes últimos se mostram de uma inabilidade filosófica verdadeiramente pueril. Schelling observou que a entrada da modernidade reduziu a filosofia a um nível pueril. Como é possível que pessoas tão filosoficamente desarmadas acabassem por sobrepujar pessoas que tinham uma formação muito mais aprimorada que a deles? E que, ademais, dominavam as mesmas ciências que a eles dominavam. Observando aquele período nós vemos que o combate que os representantes da ordem antiga moveram aos novos filósofos consistiu em duas coisas: [01:00] (a) primeiro consistiu denunciá-los como ateístas ou pró-ateístas — às vezes o sujeito não era formalmente ateu, como Descartes não era, mas a sua filosofia favorecia o ateísmo a longo prazo; então, descobrir as raízes do ateísmo nas obras desses camaradas e denunciá-los por isso foi uma das principais ocupações dos polemistas antiiluministas e antimodernistas entre os séculos XVII e XVIII. O segundo modo de combatê-los foi (b) discutir certos pontos específicos das suas doutrinas. Quando você compra um exemplar das Meditações de Filosofia Primeira de Descartes, geralmente vêm as meditações e depois as objeções e respostas (um monte de objeções). Essas raízes do ateísmo foram logo denunciadas na filosofia de Galileu, Newton, Descartes, Francis Bacon e, sobretudo, Spinoza. A mesma reação que os cristãos tiveram diante de Descartes os judeus tiveram diante de Spinoza — eles olharam e viram que aquilo poderia desmoraliazar a sua religião.' 'Na discussão entre São Roberto Belarmino e Galileu, o primeiro estava léguas acima do segundo. Ele entendeu Galileu muito melhor do que Galileu entendeu a si mesmo. Galileu afirmava que o sol era o centro do universo, enquanto São Roberto Belarmino usava argumentos einsteinianos para explicar isso: “No universo, tudo depende das posições. Não se pode demarcar um centro. É impossível demarcar um centro absoluto.” Mas quem hoje lê as objeções de São Roberto Belarmino? Só historiadores profissionais e um ou outro estudioso como eu. Eu o li e percebi que o homem estava montado na razão. A idéia einsteiniana da relatividade das posições já estava dada ali; era uma realização científica fora do comum, muito maior do que a de Galileu. Por que Galileu entrou para a História como o pioneiro e até como vítima e mártir, quando não foi nem uma coisa nem a outra? O processo de Galileu, como diríamos hoje, acabou em pizza, pois ele era afilhado do papa e ninguém lhe faria mal algum. Disseram-lhe: “Faça uma declaração pró-forma, depois pode voltar para a universidade e ensinar a mesma coisa sem aperreio.” Foi exatamente o que aconteceu. A opressão de Galileu foi menor do que a do Lula, que ficou trinta dias na cadeia (muito bem tratado, jamais apanhou...). Galileu não ficou nem um dia; foi tudo combinado. “Seu tio mandou fazer isso aqui para apagar o vexame. Depois você pode continuar a ensinar a mesma coisa.” De fato ele continuou. Esses novos filósofos não tinham a mais mínima [1:10] condição de entrar num debate filosófico técnico com os escolásticos; eles não dominavam a técnica filosófica. A sua maneira de colocar os problemas, comparada com a finura da técnica escolástica, era realmente pueril; Schelling tinha razão. Por exemplo, n’As Meditações sobre Filosofia Primeira, de Descartes — que eu já examinei num texto que se chama “René Descartes e a Psicologia da Dúvida” —, tudo aquilo que ele apresenta como sendo um experimento intelectual efetivamente realizado é impossível de se realizar. Aquilo é uma ficção, uma obra de ficção. Só que dela ele tira conclusões que pretende que sejam adequadas à descrição da realidade. Há quem diga que Bacon “criou um novo método para a Ciência.” O Novum Organum se divide em duas partes: (a) a parte em que ele copia o método de Aristóteles e (b) a parte em que cria tantos novos preceitos e complica tanto a guerra que o método se torna inaplicável. Ninguém jamais usou o método de Bacon, nem o próprio Bacon; não dá. E o que era o seu novo método científico? Confrontação experimental de hipótese: isso é a Dialética de Aristóteles. Não há diferença nenhuma. O que inventaram de novo? Nada. O único ponto que introduziram foi a observação matematizada, que, no tempo de Aristóteles, não fazia sentido, pois a matemática não estava suficientemente desenvolvida para tal. Já quando entram em cena Newton, Galileu etc. já havia novos instrumentos matemáticos que permitiam matematizar uma parte das ciências naturais. As filosofias de todos esses filósofos que apareceram (Newton, Descartes, Spinoza etc.), como conjuntos, são desastres totais. Tornaram-se importantes na História por certas contribuições específicas à Filosofia ou à Ciência; mas são monstrengos dos quais se aproveita uma parte. No caso de Descartes, por exemplo, se aproveitam a Geometria Analítica e mais algumas coisinhas. Sabemos hoje que a totalidade do estudo feito pelo autor da obra mais majestosa da época, a Física de Newton, sobre a gravitação universal, era um capítulo de um imenso sistema metafísico que ele estava construindo, um sistema metafísico e teológico que visava instaurar uma espécie de monoteísmo absoluto de tipo islâmico, em que se abolia a Santíssima Trindade. O conceito que ele tem de Deus é exatamente o islâmico: Allah, a unidade absoluta. Isso quer dizer que toda aquela parte dos estudos teológicos e alquímicos de Newton não são coisas separadas a que ele se dedicou por extravagância. Não. Isso ocupou a maior parte da sua vida. Está muito claro que sua gravitação era apenas uma peça do sistema. Quando tentamos ver o sistema em sua totalidade, percebemos que não faz o menor sentido. E o que é exatamente a Física de Newton? É a descrição de um conjunto de aparências matematicamente medido de tal modo que uma repetição, uma regularidade, uma constância de um certo fenômeno da natureza é captada. O que é aquilo tudo? A descrição de um conjunto de fenômenos (isto é, aparências) feita de tal modo a captar a regularidade dos fenômenos e sua repetitividade. É isso que se chama de lei física. Porém, na hora em que se descobriu que a matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias, descobriu-se apenas um fato da ordem física. Qual é a inteligibilidade disso? O que significa? Dentro da tradição anterior, uma coisa era tida como conhecida quando suas implicações filosóficas também eram conhecidas; ou seja, o mero conhecimento do fato não significava nada, as implicações filosóficas e teológicas tinham de ser consideradas. Aquilo tinha de ser encaixado dentro de uma cosmovisão inteira, senão não havia o entendimento. Tudo que é isolado e fragmentado não faz sentido. A ciência antiga buscava a inteligibilidade e o sentido de tudo; claro que errava em muitas coisas, mas o esquema geral de inteligibilidade permanecia. Newton descobriu apenas um fenômeno — de importância extraordinária, é claro —, mas se perguntarmos: o que ele significa? Quais suas conseqüências filosóficas e teológicas? Não se pode deduzir nada daquilo. Nada. A lei da gravitação universal é compatível com qualquer conseqüência filosófica que se queira tirar dela; é apenas um fato. Na verdade, Newton tentou integrá-la dentro de um conjunto inteligível, que é o seu sistema metafísico. Mas esse sistema estava totalmente errado e era maluco, misturado com tantas crendices inaceitáveis de tal modo que toda a metafísica newtoniana foi jogada no lixo, sobrando apenas aquele pedaço. O que aconteceu em seguida? Tentou-se fazer com que aquele pedaço (que era um mero fato) se tornasse um fundamento filosófico, e daí surgem todas as filosofias mecanicistas. É claro que isso não faz o menor sentido. A Mecânica de Newton é tanto um fundamento de nada que ele teve de criar toda uma metafísica para fundamentá-la. No entanto, pessoas que não eram capazes de entender a complexidade do pensamento de Newton apegaram-se à lei da gravitação e fizeram dela um novo fundamento. Criaram a filosofia mecanicista, à qual provavelmente o próprio Newton jamais teria aderido. Isso foi chamado — por um autor cujo nome esqueci — de o casamento espúrio de Newton com John Locke. É claro que a filosofia mecanicista é cem por cento falsa e o próprio Newton sabia disso. Reduzir-se tudo a uma máquina é uma mera figura de linguagem. Reduzir certos conjuntos de fenômenos a uma relação mecanicista é um expediente usado para se fazerem certas medições. É um expediente a tal ponto que, para construir sua gravitação, Newton teve de postular duas premissas absurdas: (a) o que chamava de espaço absoluto e (b) o tempo absoluto. [1:20] O que é o espaço absoluto? O espaço sem nada dentro. Ora, mas o que é o espaço? A possibilidade da compresença das coisas. Essa possibilidade considerada em si mesmo e sem as coisas é apenas um conceito teórico e não uma coisa existente. Do mesmo modo, o que é o tempo? A ordem da sucessão do que acontece; se nada acontece, não há sentido falar em tempo. Newton teve de postular esses dois conceitos inteiramente absurdos porque queria criar um instrumento de medição para descrever o comportamento dos corpos macroscópicos no espaço. Isso é perfeitamente legítimo. Instrumentos de medição são inventados arbitrariamente, como fizeram na Inglaterra, onde usaram o braço, o pé e o polegar do rei. O polegar do homem era o dobro do nosso; o seu pé era enorme. Poderia ter sido um cara baixinho; se o rei fosse baixinho, as medidas seriam outras. Quando inventaram o metro, foi a mesma coisa; supuseram o diâmetro da Terra e dividiram por não sei quanto. Por que por não sei quanto? Porque quiseram. Toda unidade de medida é arbitrária. Medir é comparar uma coisa com outra. Newton, ao postular o espaço e o tempo absolutos, estava fisicamente certo, porque criava um instrumento de medição de que precisava para fazer o que queria fazer. Mas havia o seguinte: ele acreditava naquilo. Por isso, a física newtoniana é um pedacinho racional de um imenso conjunto irracional. Esse pedacinho, por sua vez, não tinha por si mesmo significado filosófico algum; era apenas uma descrição. “Nós medimos as coisas e vemos que se passam assim e se passam sempre assim.” É claro que aquilo abriu a possibilidade de se fazerem milhões de outras medições e se descreverem milhões de outros fatos, mas a coisa não tem significado filosófico em si; é apenas um dado empírico, muito bem medido, muito bem escrito e constante até certo ponto. Se Newton fora um filósofo de segunda categoria, embora fosse um grande matemático, os seus sucessores foram de terceira, quarta e quinta categoria; transformaram a mecânica de Newton na base de uma nova filosofia, onde tudo tem de funcionar mecanicamente. É uma coisa tão estúpida que o próprio Newton jamais pensou nela. A analogia mecânica é a analogia com a máquina, criada pelo ser humano; você inventa um negócio e depois o usa para explicar tudo que existia antes. Isso é uma figura de linguagem. Por que as máquinas? Por que não se fez uma analogia com, por exemplo, o mercado, as leis da economia? Por que não se fez uma analogia com as línguas, como mais tarde se fez? Por que não se fez uma analogia com o vestuário? Poder-se-ia fazer uma analogia com qualquer coisa, mas eles gostaram das maquininhas, sobretudo dos relógios, que eram uma novidade. Quando pararam de usar relógio de areia e começaram a construir relógio mecânico eles pensaram: “Que maravilha! Então o universo deve ser assim.” É a mesma coisa que se faz hoje em dia com os computadores. Inventamos o computador e dissemos: “Ah, e se o universo funcionar assim?” É claro que ele funciona assim, porque qualquer analogia sempre funciona de algum modo. Se uma analogia for cem por cento falsa, não é uma analogia e se for cem por cento verdadeira, não é uma analogia e sim uma identidade.' 'Ora, vejamos o livro de Mordechai Feingold, intitulado Jesuit Science and the Republic of Letters. É uma coletânea de estudos sobre a contribuição jesuítica à ciência. E você chega a conclusão de que, de todas as pessoas que ele está falando, ninguém ajudou tanto o progresso da ciência quanto os jesuítas. Por outro lado, essas descobertas científicas feitas por Newtow, por Galileu, pelo próprio Descartes, não estão vinculadas à nova filosofia mecanicista. Elas podem se encaixar em qualquer filosofia. Por isso, a ilusão de que a nova filosofia fomentou o progresso da ciência contra a anterior é absolutamente falsa. O que aconteceu foi simplesmente que o lado que estava montado na razão não compreendeu exatamente do que se tratava, não pegou o truque; sobretudo porque acreditou nos novos filósofos nos termos que eles colocaram à discussão, quando era preciso ver algo que estava por atrás do que eles diziam. Por exemplo, vejamos o que diz Jonathan Israel: “Quando se eliminou a noção do crime de feitiçaria — a bruxaria deixou de ser crime, isto foi comemorado na Holanda em 1690 — cunharam-se moedas comemorativas da derrota de satanás.” Veja que coisa: porque pararam de perseguir as bruxas satanás foi derrotado. Isso é operação mágica. Os caras que fizeram isso eram cristãos. A partir da hora que dizem que a bruxaria não funciona mais, a bruxaria nunca funcionou, que não acreditam em bruxaria, na mesma hora acreditam que satanás foi derrotado. Em outras palavras: “agora que legalizamos a bruxaria, satanás não age mais sobre nós”. Isso é o raciocínio mágico mais louco que já vi na minha vida. [1:40] E, no entanto, na época isso pareceu perfeitamente racional. Nós sabemos hoje que os fundadores da Royal Society, que é o templo da ciência moderna, eram todos alquimistas, astrólogos e macumbeiros de modo geral, sabemos que há um submundo da ciência moderna que não se conta. O que é o mecanicismo senão uma operação mágica, pela qual se impregna na mente das pessoas uma imagem de que elas funcionam mecanicamente e, instantaneamente, elas cessam de perceber tudo aquilo que nelas não possa ser explicado mecanicamente. Isso é pura magia. Isso quer dizer que a modernidade foi uma vasta operação de magia que enganou até os seus opositores mais radicais. Uma tremenda ilusão sustentada por algumas descobertas científicas que eram absolutamente independentes desta filosofia e que se arrogando a autoridade destas descobertas, faz delas o pseudofundamento de uma nova filosofia, que justamente abdica da investigação do sentido. No mundo mecanicista não faz mais sentido perguntar o sentido do que quer seja. Na fase anterior, qualquer fato científico descoberto só era considerado compreendido quando se conseguia captar o seu sentido dentro de uma cosmovisão inteira. Agora não há mais isso, há apenas investigação mecanicista, a qual se substitui à investigação do sentido. Você agora não procura mais o sentido, mas o “como funciona”. A ciência virou “manual do usuário”. Essa porcaria é chamada de ciência até hoje, quando isso evidentemente não é a ciência, é um pedaço da ciência. Hoje em dia, começamos a sair desse pesadelo. Gradativamente os historiadores vão descobrindo toda a mistificação que ficou escondida. O coeficiente de irracionalidade nesse “iluminismo” começa a aparecer, tal como o coeficiente de mentira, de ocultação proposital, de propaganda, de guerra cultural. Mas é claro que junto com isso nós percebemos a limitação da cultura tradicional antiga. Todos esses defensores da ordem tradicional cristã não entenderam o que estava acontecendo.' 'É difícil encontrar algum autor que minta tão sistematicamente quanto Voltaire — nem o próprio Maquiavel, que também confessava ser um mentiroso, chega aos pés de Voltaire. Esta apologia que ele faz em público de direitos da humanidade, dignidade humana etc., na correspondência pessoal ele mostra que fez exatamente o contrário: total desprezo pela humanidade, considerando todos um bando de animais. O próprio estilo de Voltaire é uma coisa totalmente artificial, uma conversa de salão, não é um ser humano de verdade. Ele está sempre representando um papel o tempo todo. Isso aí já é uma etapa depois da Paralaxe Cognitiva, quando a paralaxe se consolida em falsificação estrutural. Eu já lhes contei a história de Diderot, da monja que ele inventou pedaço por pedaço. Ele conseguiu convencer a Europa inteira de que isto estava acontecendo: a monja estava presa no convento e queria abandoná-lo, mas os superiores não a deixavam. Era exatamente o contrário! Os superiores estavam sempre convidando as pessoas a ir embora. Essa monja tanto não poderia estar presa no convento porque ela era porteira do lugar, ela que tinha as chaves. Se ela quisesse ir embora, a coisa mais fácil era abrir a porta e se mandar. E ainda ela permaneceu no convento. Ela foi uma das vítimas da Revolução Francesa, enfrentou bravamente os seus executores e foi para guilhotina. Diderot estava mentindo o tempo todo, sabia disso, e falava daquilo às gargalhadas. Todo pessoal do Iluminismo francês é vigarista, do primeiro ao último. São pessoas que não deveriam merecer atenção, exceto como fenômenos de psicopatologia social. Se você voltar um pouco antes, os pensadores do Renascimento não eram assim, mas eram sérias vítimas de Paralaxe Cognitiva. Galileu dizia que não inventava hipóteses, mas não parava de inventá-las uma atrás da outra. Ele inventou um plano inclinado sem atrito. Onde ele viu um plano inclinado sem atrito? Foi ele que inventou, então era uma suposição, uma hipótese. Ali ainda é paralaxe cognitiva. Mas quando chega no século XVIII com o Iluminismo, não é mais paralaxe cognitiva; já é a falsificação estrutural. Mais tarde, tem a mentira industrializada, com o movimento comunista e marxista. Aí é a mentira em grande escala, planejada como um bom produto industrial.' 'Inúmeros manuais de história da cultura, história das idéias, história da filosofia demarcam esse período do início da modernidade como um período onde o pensamento teológico e mágico — eles já juntam as duas coisas — foi substituído pelo pensamento científico racional. E todo mundo repete isso sem cerimônia. Quando você vai ver a coisa substantivamente, você vê que todos ou quase todos os próceres da modernidade, os próceres da nova ciência — Newton, Francis Bacon e outros — não só continuaram apegados a certas práticas de pensamento mágico, supostamente ligados a um período anterior, como eles deram a estas modalidades de pensamento uma importância e um valor infinitamente maior do que tinham durante a Idade Média. A Astrologia é um exemplo. Qual era o posto da Astrologia dentro do pensamento Escolástico medieval? Não só Escolástico mas desde a Patrística. Se você pegar de Sto. Agostinho até Sto. Tomas de Aquino, passando por Sto. Boaventura, Duns Scot; o que eles pensavam de Astrologia? Eles pensavam duas coisas: primeiro, a influência dos astros sobre o ambiente terrestre é um fato, todos eles acreditavam nisso. Não sabiam que tipo de influência era essa, havia várias hipóteses e discussões; mas acreditavam na existência disso. Porém a técnica astrológica, a técnica que os astrólogos usam para astrologia preditiva em geral são charlatenescas, então é melhor afastar-se delas. Praticamente durante todo este período que vai desde a antiguidade até o início da modernidade — a Renascença e o Iluminismo —, praticamente todas as críticas que foram feitas à Astrologia foram feitas por pessoas que acreditavam nos fundamentos dela; praticamente não tem um que negasse isso completamente. No entanto, como não havia muitos meios de esclarecer que tipo de influência era aquela, que tipo de relação existia afinal de contas, então os escolásticos deixavam isso de lado como um problema que ia sendo ―empurrado com a barriga‖. A última e mais brilhante teoria enunciada foi a de Sto. Tomás de Aquino na Summa Contra os Gentios. Eu já dei vários cursos sobre isso e pretendo voltar; vou encaixar isso dentro deste curso pois esse é um elemento muito importante para nós. O raciocínio de Sto. Tomás de Aquino é muito simples. Ele diz: Deus move os corpos inferiores pelos corpos superiores, e os corpos superiores são superiores em volume e tamanho. Porém eles são corpos, eles não são pessoas, eles não são anjos, nem demônios; eles são corpos. Então, naturalmente, eles só podem agir por alguma via corporal. Isso quer dizer que se a posição dos astros no céu mexem alguma coisa com o ser humano, só pode mexer nele através do corpo, não é uma influência anímica, na alma, na psique. Sto. Tomás de Aquino voltava a subscrever a tese que era do próprio Sto. Agostinho, oito séculos antes. Sto. Agostinho abominava os astrólogos, mas ele dizia que muito provavelmente os astros, através da influência que exercem na formação embrionária humana, tem algo a ver com a forma do corpo humano e esta forma do corpo determina certas limitações à atividade psíquica — por exemplo através dos vários temperamentos ou caracteres herdados. Ele estava sub-entendendo alguma ligação dos astros com a genética, sugerindo que este problema só seria esclarecido quando eles tivessem uma idéia certa da ligação de uma coisa com a outra — ―não temos uma idéia, então fica aí um ponto de interrogação‖. E Sto. Tomas de Aquino também deixou um ponto de interrogação. Outro exemplo é a Reforma Protestante. Hoje em dia, se falamos de astrologia com qualquer protestante aí no Brasil e sobre tudo aqui nos Estados Unidos, eles falam "vá de retro, Satanás!", "isso é coisa do demônio." Eles abominam, condenam tudo e não querem nem que investigue. Porém quem foi que colocou a Astrologia em moda, na modernidade? Foram os Protestantes, o pessoal da Reforma. Lutero pessoalmente não gostava muito da coisa e não falou nada a respeito; mas o seu braço direito, chamado Melâncton, escreveu muita coisa a respeito de astrologia e criou a moda que se disseminou entre quase todos os pensadores reformistas, de tentarem interpretar as profecias bíblicas usando elementos de astrologia, sobretudo a cronologia a que a Astrologia dava base. Então a leitura astrológica dos profetas — da profecia de Daniel, Ezequiel etc. — virou moda entre os protestantes. Por que acontecia isso? Porque eles não aceitavam os cânones tradicionais de interpretação bíblica da igreja Católica, então eles tentaram inventar outra e a tiraram do lixo. Os protestantes que estão me ouvindo me desculpem, mas foi tirado do lixo. A maior parte daquele manancial de idéias astrológicas que circularam durante a Idade Média era lixo mesmo. Tinha alguns camaradas que estavam tentando descobrir seriamente o que era, mas o astrólogo não fazia isso, ele enunciava profecias com a maior facilidade e ganhava uma grana com isso. Os escolásticos os condenavam não porque não acreditavam na influência dos astros, mas porque achavam que aquilo ainda não dava base para uma técnica analítica preditiva. Então eles diziam: ―essa técnica foi toda inventada, é tudo maluquice, são resíduos de mitos pagãos; é claro que de vez em quando o sujeito pode acertar alguma coisa, mas nós não temos um critério ainda‖. A prova de que eles estavam conscientes de que não tinha um critério são os cinco capítulos importantíssimos da Summa Contra os Gentios nos quais Sto. Tomas de Aquino — depois de correr toda esta água entre Sto. Agostinho e ele — ainda estava tentando equacionar o problema, e vendo por onde ele deveria ser investigado. Enquanto Sto. Tomás de Aquino ainda estava tentando criar a clave classificatória para poder investigar o fenômeno, os astrólogos já estavam usando de uma ciência inexistente, de uma ciência do futuro, para fazer previsões etc. O pessoal da Reforma começou a usar esses critérios astrológicos para interpretar profecias e fazer profecias. Eles achavam que confluindo a profecia bíblica e os trânsitos planetários, juntando essas duas coisas, obtém-se a certeza absoluta. À luz dessas convergências, desses dois fatores, eles interpretavam até as suas próprias ações — a Reforma Protestante se auto-interpretou assim. Do ponto de vista do teólogo católico aquilo era de um puerilismo absurdo; eles estavam fazendo das tripas coração para ver se entendiam o sentido do texto e se, por outro lado, eles esclareciam que raio de coisa era a tal da influência dos astros. De repente os reformistas protestantes pegam uma ciência que não existe ainda, uma ciência que é meramente hipotética, e a aplicam à interpretação das profecias bíblicas para que concluir que eles eram os enviados. Eles são os precursores, os inauguradores da Nova Era. Se não fosse a Reforma Protestante não teria havido a moda de Astrologia na Renascença — claro que não são eles os únicos culpados. Os Humanistas também contribuiram para isso. Na Idade Média, o estudo das letras, dos textos, se dividiam em Letras Divinas e Letras Humanas. [2:20] Humanista era o sujeito que se interessava mais pelas Letras Humanas — os poetas, os historiadores etc. — da antiguidade. Então, dentro do seu culto da antiguidade greco-romana eles revalorizaram a astrologia greco-romana, e também espalharam uma onda de astrologia pelo mundo. Terceiro: a maioria dos grandes cientistas que começaram a Modernidade estava profundamente inspirada pelas idéias protestantes e queria criar uma nova teologia, que intregraria exatamente aqueles mesmos elementos que os teólogos protestantes estavam tentando integrar. Se você estudar a obra de Isaac Newton você verá que o propósito integral dele era isto: criar uma ciência universal baseada na profecia bíblica e em elementos astrológicos. Toda a teoria da gravitação universal era pra ele um capítulo da teologia, era um estudo, conforme ele entendia, do que seria o aparato sensório de Deus; o espaço-tempo era o aparato sensório de Deus. Então esse seria um dos fundamentos da teologia dele, a qual não tem pé nem cabeça. O único pedaço que tem pé e cabeça é a teoria da Gravitação Universal. Porém, tal como eu lhes expliquei, numa época anterior a teoria da Gravitação Universal não seria aceita como ciência, porque era apenas um mecanismo descritivo sem inteligibilidade intrínseca — não se sabe de fato o que quer dizer aquilo, sabe-se apenas que tem um fenômeno que acontece assim. Quando aquela mania astrológica e profética começou ―a fazer água‖, retroativamente os camaradas decidiram apagar a pista do que eles mesmos tinham feito e separaram da obra de Newton só aquele pedacinho que era matematicamente defensável e disseram: a nossa ciência é isto. Eles produziram esta imensa falsificação histórica que acaba jogando para a Idade Média a onda mágico-astrológica que os próprios próceres da modernidade criaram, e da qual a Igreja Católica não tem culpa nenhuma — ela foi contra tudo isso. Notem como um debate durante séculos pode não somente ser totalmente falseado em relação aquilo que está realmente acontecendo, falseado pela paralaxe cognitiva — o sujeito está fazendo uma coisa, mas está falando de outra completamente diferente —, mas uma falsidade pode, historicamente, se consolidar durante séculos e ser retransmitida no ensino à todas as criancinhas do mundo. Quando vejo hoje em dia um evangélico condenando a Astrologia, eu logo penso ―mas foram vocês que trouxeram isso, meu Deus do Céu! Você não lembra mais, mas foi seu bisavô, seu tetravô ideológico que inventou essa porcaria; não fomos nós, nós não temos nada a ver com isso‖. E, naturalmente, no meu caso específico, a coisa fica muito cômica porque eu tenho a certeza do que estou falando. Eu li praticamente tudo que havia para ler de Astrologia até os anos oitenta, quando eu trabalhei investigando essa área, depois eu parei por pura exaustão; eu acompanhei todo o debate astrológico do século XX e lhes garanto que não houve nenhuma tentativa séria de equacionar aquilo cientificamente. Houve tentativas de provar que a Astrologia é científica — o que é uma besteira fora do comum — e houve tentativas de provar que a Astrologia é uma pseudo-ciência. Se estiverem referindo à técnica astrológica que os astrólogos usam, isso é pseudo-ciência mesmo. Porém, o fenômeno das influências, das correlações astrais em si mesmo, não é pseudo-ciência, mas um problema científico a ser elucidado.' -OdeCarvalho
  9. Um tempo atrás os dois usuários mais burros do fórum começaram a falar asneiras sobre o período da idade média e o período de transição entre ela e o da idade moderna. Imbecilidades já refutadas como 'a igreja católica impedia o avanço das ciências', 'o geocentrismo foi refutado por galileu', 'olavo astrólogo' e coisas assim, com preguiça de tamanha prova de demência - como eles demonstrar a cada linha de seus posts - simplesmente bloqueei-os pra não gastar mais meu tempo com uma coisa que realmente não agrega nada pra mim e que no final das contas acaba sendo uma luta de egos. Mas, deêm uma olhada nisso aqui e tirem suas conclusões: 'Mas a história – sobretudo a história da ciência, da cultura [1:20] – está tão cheia de falsidade, de burrada, que eu acho que vai ser preciso fazer tudo de novo. Porque quando você pega as melhores obras há certos erros tão gritantes que modificam o conjunto da interpretação que o sujeito está criando. Eu dou um exemplo: está aqui um autor pelo qual tenho uma apreciação enorme, Georges Gusdorf, filósofo francês. Sua obra magna se chama As Ciências Humanas e o Pensamento Ocidental, que é uma obra em treze volumes onde ele escreve toda a história das ciências humanas. Quando chega ao volume 3, parte 1 (são 13 volumes, mas alguns são subdivididos em mais volumes – é uma coisa monstruosa), ele diz: “A revolução copernicana, tal como a realizou Galileu, consagra a derrota dos fazedores de horóscopos.” Espera aí! Os horóscopos entraram na moda depois disto, e adquiriram uma autoridade formidável, desde a Renascença até o século XVIII, quando começou a acabar essa autoridade. Eu digo “como é? Você está deslocando Galileu para o século XVIII ?”. Aqui tem um erro de dois séculos. Um erro assim é como o samba do crioulo doido. É dizer, por exemplo, que o rei Luiz XIV proclamou a República no Brasil. Eu conheço, estudei a história da astrologia. Há uma obra muito boa do Nicholas Campion, História da Astrologia, onde se vê que a moda da astrologia veio junto com a modernidade, e não antes. Curioso é que, na mesma linha, Gusdorf diz: “A revolução copernicana, tal como a realizou Galileu, consagra a derrota dos fazedores de horóscopos. Ela arranca do domínio dos doutrinários o domínio experimental do saber positivo.” Então quer dizer que caiu tudo junto: a astrologia e a autoridade dos escolásticos. Eu digo “ah, não sabia que os escolásticos eram astrólogos”. Ao contrário: conforme eu expliquei na aula passada, durante o período de predomínio escolástico havia uma espécie de consenso entre os grandes escolásticos a respeito do negócio da astrologia. Por um lado, eles acreditavam que existia uma influência planetária, que havia algum fenômeno a ser estudado, coisa na qual Copérnico, Galileu, Newton, Bacon, e todos os demais, acreditavam igualmente. Por outro lado, eles condenavam abertamente a horoscopia, ou seja, a leitura de horóscopo, por ser baseada em uma técnica inexistente. Quer dizer, do fato de você desconfiar que exista uma relação entre os fenômenos planetários e os terrestres não se deduz que você conheça tudo a respeito e tenha uma técnica suficiente para aplicar em cada caso individual e fazer a leitura de horóscopo por horas. Bom, nós sabemos que existe alguma relação entre uma coisa e outra, mas não sabemos qual seja. Podemos ter uma dica ou outra como, por exemplo, nos foi dada por essa pesquisa Gauquelin. Nós sabemos que é possível identificar certos grupos profissionais conforme o seu horóscopo de nascimento. Eu acho que até o momento, isso é tudo o que se sabe em astrologia; a única coisa que foi mesmo testada é isso. Você pega o horóscopo de um sujeito que tem o horóscopo de médico, e você verá que muito provavelmente ele é médico. Pronto, acabou a sessão astrológica. Quem vai pagar por isso? O sujeito fala “não, eu vou casar, vou comer a fulaninha, vou ficar rico” e o astrólogo vai dizendo “blá-blá-blá, blá-blá-blá”. Isso é encheção de lingüiça. Os escolásticos tinham a posição equilibrada, científica e certa a respeito: o fenômeno existe ou parece que existe, mas não temos uma técnica suficiente para dizer tudo isso que os astrólogos estão dizendo com base nesse pretenso conhecimento. Ora, o que acontece na modernidade? Primeiro (eu expliquei na aula passada), com a Reforma protestante, surgiu a ambição de criar novas interpretações bíblicas, independente do que os escolásticos tinham desenvolvido. E uma das primeiras linhas de interpretação foi comparar a cronologia profética com a cronologia astrológica. Segundo fenômeno: aconteceu com a formação dos Estados nacionais. A cultura européia, que tinha certa unidade determinada pela unidade lingüística e pela unidade das universidades – vejam que na Idade Média, por exemplo, no mesmo lugar lecionavam pessoas das mais diferentes origens, como Santo Alberto Magno, que era francês; Santo Tomás de Aquino, que era italiano; e Duns Scot, que era escocês. Todos eles falando latim. O corpo docente de uma universidade medieval era formado por gente de tudo quanto era lugar, e a idéia de nacionalidade simplesmente não existia. Quando se formam os Estados nacionais, aqueles governos, interessados em se sobrepor de um lado à Igreja , e de outro lado ao Império, se auto-constituem como imperadores, por assim dizes, e como fundadores de novas religiões. E criam as culturas nacionais, em línguas nacionais, e automaticamente a formação dessa nova classe de pessoas importantes alimenta a indústria dos horóscopos porque reis, nobres, todo mundo, queria ter o seu horóscopo. Agora, imagine Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, saindo do mosteiro, da universidade, para consultar um astrólogo. Impossível! A ascensão de um novo tipo social, de um novo tipo de autoridade, de prestígio, gera uma nova forma de lisonjear esse prestígio, que é lendo o horóscopo dos fulanos, e isso acontece justamente a partir dessa época. Ou seja, o momento que Georges Gusdorf assinala como o fim do prestígio dos horóscopos é justamente o momento em que está nascendo esse prestígio. Olhem que erro monstruoso e imperdoável. Não é nem um mico, é um orangotango, um King Kong da história da cultura. E, no entanto, esse erro está disseminado por toda parte, porque esses camaradas fazem história pela coerência dos estereótipos, baseados, sobretudo, em uma visão depreciativa. O Gusdorf nem sempre faz isso, é claro; ele tenta ser compreensivo e honesto. Mas ele é um sujeito de origem protestante, e evidentemente a Igreja medieval é para ele tudo um bando de ignorantes. Ele acredita nessa história de que a autoridade eclesiástica sufocou o desenvolvimento das ciências. Eu já falei para vocês na semana passada do livro do Mordechai Feingold, que mostra que as descobertas científicas dos jesuítas somadas são em número igual ou maior que as dos seus opositores. Mas que estranha maneira de sufocar a ciência é essa, que é praticando e fazendo descoberta científica atrás de descoberta científica. Mais ainda: tem gente que é ingênua ao ponto de acreditar que a autoridade eclesiástica medieval proibia os livros de ciência e colocava-os no Index Librorum Prohibitorum. Em primeiro lugar, o Index Librorum Prohibitorum surgiu em 1.500 e poucos; é da Modernidade, e não da Idade Média. Segundo: alguém já leu o Index para ver quais livros estão lá? Tem algum livro de Newton, de Descartes, de Copérnico? [1:30] Não, não tem livro de ciência lá. Tem, por exemplo, livro do Giordano Bruno, porque ele começa a tirar conseqüências teológicas de Copérnico que o próprio Copérnico não aceitaria, e daí entra no campo da teologia. Ou seja, se o sujeito está fazendo teologia católica, ele tem de seguir os cânones da Igreja Católica. E se, com o nome de teologia católica, ele faz uma teologia diferente, então ele entrou no campo da heresia. Agora, uma teoria astronômica, em si mesma, não pode ser nem herética e nem não-herética; não tem como. Então livros de ciência não eram sequer examinados; só eram examinados aqueles que tinham conteúdo teológico. Eu acho que a criação do Index foi uma burrada, porque eu já assinalei que nessa época a Igreja perde a hegemonia intelectual na Europa, mas não pelos motivos assinalados por esses historiadores. Ela não perde a hegemonia porque a ciência superou a teologia católica, ou o pensamento escolástico; isso é uma estupidez. Se pegarmos no campo lógico, os escolásticos estão infinitamente além de tudo o que se descobriu em lógica até hoje. Agora os caras não lêem, e o que eles não leram para eles não existe, e fazem a história baseados no argumentum ad ignorantia, “aquilo que eu não sei não existe”. A Igreja perde a hegemonia porque ela não sabe como enfrentar esses novos filósofos no campo da polêmica. Eu falei disso há algumas aulas: a polêmica católica dirigida contra esses camaradas estava completamente deslocada da realidade. O pessoal da Igreja não entendeu exatamente o que estava acontecendo; não percebeu a gravidade do que estava acontecendo em um primeiro momento. Quando percebeu a gravidade, ficou escandalizado e começou a acusá-los de ateístas. Mas para os acusados isso não fedia nem cheirava. Ao contrário: ajudava-os a afirmar a sua autoridade em um campo que era independente do dogma religioso, a ajudou a criar a identidade deles como porta-vozes da razão em lugar da fé, o que é uma falsidade, evidentemente. Mas a polêmica católica os ajudou a criar essa identidade, que é falsa. Examinando isso retroativamente, eu vejo que a coisa mais fácil seria impugnar a autoridade desses camaradas como filósofos, por falta do domínio da técnica filosófica. Nenhum deles a possui: Newton, Descartes, Francis Bacon ou John Locke. Em termos de técnica filosófica eram absolutamente primários. Mas se você os aceitou como filósofos, daí para diante só resta discutir as teses deles ou acusá-los de ateísmo ou coisa assim. Se você discute as teses individuais deles, o que você está fazendo? Está discutindo em um campo que é independente dos pressupostos teológicos e está dando autoridade a eles nesse campo. Se você os acusa de ateístas, você os está expulsando para desse campo e criando um campo de conhecimento independente dos pressupostos teológicos. Foi aí que a Igreja perdeu a hegemonia, por não compreender o processo histórico, por interpretá-lo de maneira totalmente errada, o que acontece ainda hoje. Quando eu digo que a Igreja perdeu, não quer dizer que ela perdeu só naquela época. Ela perdeu naquela época e não recuperou até hoje, está perdendo cada vez mais. Era uma inabilidade dos intelectuais católicos. E notem bem: àquela altura só existiam grandes intelectuais escolásticos na Espanha e em Portugal; na França, na Inglaterra e na Alemanha não tinha mais ninguém, tinha virado uma mediocridade geral. Os grandes, como Francisco Suárez, estavam na Espanha. Ora, havia um interesse geral em isolar a Espanha da Europa, porque a Espanha era, por excelência, a representante da autoridade eclesiástica depois da Reforma. Também, quando se promove a Contra-reforma e se cria a Companhia de Jesus, aparece a idéia de se criar uma sociedade melhor mediante a concentração do poder: essa é a idéia revolucionária. Ou seja, a Contra-reforma estava infectada de mentalidade revolucionária; deixou-se infectar. Quando você combate um inimigo sem entender exatamente o que ele está fazendo, você muitas vezes se torna parecido com ele. Assim, enquanto Lutero e Calvino estavam criando uma nova ordem estatal na Alemanha e na Suíça, baseada na concentração do poder, o que fez a Contra-reforma? Criou um mundo católico baseado na concentração do poder. E esse é um erro que se estendeu muito ao longo dos tempos, ao ponto de que os pensadores políticos católicos – digamos entre o século XIX até o fim da primeira metade do século XX – buscaram algum tipo de concentração do poder para criar uma sociedade cristã. E estão todos monstruosamente errados.' 'Veja, quando você lê livros de história da ciência o pessoal diz que o sistema copernicano e a descoberta de Kepler invalidaram a física de Aristóteles. Você lê isso em toda parte. Mas o que eles invalidaram da física de Aristóteles? Uma linha, que é onde Aristóteles diz que as órbitas planetárias são circulares, porque o círculo é a forma mais perfeita que existe. O que você percebe ter sido um lapso do próprio Aristóteles (pois quem disse a ele que os planetas têm de ser a forma mais elevada que existe e que, portanto, têm de ter uma forma perfeita?) Isso foi uma rateada de Aristóteles, evidentemente. Está vendo? O próprio Aristóteles comete erros. Ele não disse que as mulheres têm mais dentes do que os homens? Disse. O maior dos filósofos também dorme, também come, tem indigestão e dor de corno. Então, em algum momento, o sujeito vai fazer uma burrada. Mostrei uma do Zubiri, estou mostrando outra do próprio Aristóteles. Isso invalida a física aristotélica? Não, porque a física de Aristóteles não é uma física, é uma metodologia geral das ciências, a qual jamais foi refutada. Quando dizem que o supra-sumo de metodologia da ciência hoje em dia é o método do Popper, ora, esse método é três linhas da dialética de Aristóteles. Tudo o que o Popper escreveu é três linhas da dialética de Aristóteles. Aquele método da refutabilidade, ou falseabilidade,é pura dialética de Aristóteles. O que o Popper inventou? Nada. Ele pegou um pedacinho de Aristóteles e fez daquilo um cavalo de batalha. E os outros, quando pegam um pedacinho errado de Aristóteles, acham que o derrubaram. Mas quem eles pensam que são? Ninguém vai derrubar jamais Platão e Aristóteles. Isso é impossível, porque eles delimitaram o horizonte de pensamento filosófico possível; nós nos movemos dentro da esfera deles. Faça o que fizer, você é ou um platônico, ou um aristotélico, ou as duas coisas; não há mais nada. O Lovejoy tinha razão, eles, Platão e Aristóteles, escreveram aquilo e os caras ficaram botando um monte de nota de rodapé. Nas notas de rodapé é possível corrigir alguma coisa, mas dizer que com uma nota de rodapé você vai invalidar a obra inteira é tão ridículo que não merece ser levado em conta.' 'Na sua ânsia psicótica de “humilhar o OIavo de Carvalho”, que é o sonho mais excitante das suas vidas miseráveis, certos moleques se municiam rapidamente de cultura wikipédica e acabam caindo num ridículo sem fim. Aproveitando-se da oportunidade áurea do meu bloqueio no Facebook, um dos múltiplos fakes que falam em nome do sr. Daniel Portes está cantando vitória com duas afirmaçõezinhas perfeitamente bobocas: 1) Leibniz, ao contrário do que diz Olavo, tinha também um diploma de filosofia. Humilhamos Olavo de Carvalho. ERRADO. Leibniz obteve uma habilitação em filosofia pela Universidade de Leipzig, como etapa do Doutorado EM DIREITO, que acabou lhe sendo negado por essa universidade e que ele obteve depois pela Universidade de Altdorf. 2) Olavo diz que antes do século XIII ninguém na Europa conhecia as obras científicas de Aristóteles, mas o tradutor Gerardo de Cremona, “nascido no bojo da civilização européia” (sic) é a prova de que no século XII a civilização européia já havia absorvido a “Física” de Aristóteles. Humilhamos Olavo de Carvalho. ÉRRADÍSSIMO. Gerardo viveu e trabalhou em Toledo, no coração da Espanha muçulmana, que só na cabeça de um iletrado presunçoso pode ser “o bojo da civilização européia”. “Civilização européia da Idade Média” e “Civilização cristã” são sinônimos. O século XII foi palco de DUAS Cruzadas (1147–1149 e 1189–1192), o que já basta para dar a medida da incompatibilidade entre a Europa cristã e o enclave muçulmano. Pior: Gerardo de Cremona fez muitas versões de textos gregos lidos nessa língua ou em árabe, mas, de todos os escritos de Aristóteles, só traduziu uma obra menor, “Dos Céus”, não a “Física”, que era o livro do qual eu estava falando. Esta e as outras obras de ciências naturais de Aristóteles não se disseminaram na Europa cristã antes de descobertas na Biblioteca de Constantinopla pelas tropas cristãs da IV Cruzada (1204) e introduzidas no currículo da Universidade de Paris a partir dessa data, devendo sua difusão maior ao “succès de scandale” gerado pela sua proibição em 1227, seguida pelo monumental esforço de defesa empreendido, já na segunda metade do século, por Sto. Alberto Magno e Sto. Tomás de Aquino, que as integrou definitivamente na cultura européia. N.B. O primeiro ponto, sobre Leibniz, é um detalhe irrisório, mas o segundo demonstra a completa ignorância dos sagüis alucinados num assunto importante em que pretendem posar de grandes eruditos e juízes infalíveis.' 'Diz o Fabiano Viana: “Pegar o mapa astral de cem pessoas e adivinhar a profissão dessas pessoas com precisão de 80% já seria um feito notável.” Obviamente ele não sabe que isso já foi feito com uma amostragem não de cem casos, mas de 50 mil. zv.:http://astrologynewsservice.com/…/the-gauquelin-controversy/' 'No meu tempo não havia o Carl Sagan, mas havia o Fritz Kahn, que até escrevia melhor. Era divertido e educativo, mas quem quer que o citasse como autoridade num debate intelectual se exporia ao ridículo. Hoje a molecada cita o Carl Sagan e nem percebe o mico.' 'No debate com o astrônomo Ronaldo Freitas Mourão, nacionalmente reconhecido como autoridade científica, ele afirmou que todos os filósofos escolásticos negavam a influência dos astros. — Cite um, solicitei. Não veio nenhum. Então citei vários que afirmavam taxativamente a existência desse fenômeno. Ele saiu do debate prometendo que nunca mais tocaria no assunto. Cumpriu a palavra. Isso vai para mais de trinta anos, quando os meus atuais “debatedores” nem tinham nascido.' 'Ciência é confrontação de hipóteses no terreno dos fatos. Se, dada uma hipótese, sugerir a hipótese oposta é intolerável “inversão do ônus da prova”, toda investigação científica se torna automaticamente impossível. Estou com o saco cheio de discutir com “cientistas” que não têm a menor idéia do que é ciência.' 'Pensem bem: Qual a probabilidade estatística de que o ambiente cósmico em torno NÃO exerça nenhuma influência sobre o organismo psicofísico humano? Quando pergunto isso, vem sempre um idiota e diz que é inversão do ônus da prova — mostrando que confunde método científico com debate judicial.' '“influência dos astros” é um fenômeno objetivo que existe ou não existe. “Astrologia” é um conjunto inabarcável de idéias, práticas, mitos, especulações, fantasias, tradições culturais, intuições, tudo misturado numa mixórdia indeslindável que NINGUÉM poderá jamais reduzir a uma teoria unificada passível de ser discutida. Por que sei isso? Porque estudei os dois assuntos e sei que são dois — coisa que os palpiteiros “científicos” não percebem nem mesmo em sonhos.' 'Essa turma de palpiteiros vagabundos quer entrar na discussão sem apreender nem mesmo a distinção elementar entre “astrologia” e “influência dos astros”. Essa distinção é tão antiga e tão básica que todos os grandes filósofos cristãos de Sto. Agostinho a Sto. Tomás condenavam a astrologia ao mesmo tempo que aceitavam a influência dos astros sobre a conduta humana.' 'É incrível. Gente que não leu NADA a respeito vem brandir diante de mim a autoridade de… Carl Sagan, que é autor para adolescentes.' 'Se você não quer pagar mico, nunca entre num debate sem conhecer o “status quaestionis”. O debate astrológico do século XX foi prodigiosamente rico de idéias, hipóteses, sugestões e argumentos. Ao mudar para os EUA me desfiz de mais livros sobre astrologia — que não podia transportar e podia facilmente recomprar aqui se necessário — do que provavelmente você já leu sobre quaisquer assuntos ao longo de toda a sua vida. Se você quer dar palpite a respeito, faça uma pesquisa bibliográfica e, por caridade, diga algo que eu não saiba.' 'Trinta e tantos anos atrás tive na TV Cultura do Rio um debate sobre astrologia com o astrônomo Lineu Hoffmann. Antes do programa anunciei à minha então assistente, Stella Caymmi, todos os argumentos que ele iria apresentar: 1) Precessão dos equinóxios. 2) Gêmeos astrais. 3) Influência à distância. 4) Determinismo e livre arbítrio. etc. Ele repetiu tudo com exatidão milimétrica. A mesma coisa sucedeu depois num debate com o Rogério Freitas Mourão no programa da Márcia Peltier. Pois até hoje vem gente me apresentar esses e outros argumentos padronizados, mais velhos do que cagar pelo cu, como se estivessem me revelando alguma coisa.' 'Newton nunca disse que os objetos mais leves giram em torno dos mais pesados. Disse que todos giram em torno do CENTRO DE MASSA. Como não sei onde fica o centro de massa da porra do universo, não sei também o que está girando em torno do quê, e, enquanto aguardo para os próximos milênios a solução desse probleminha, considero o debate heliocentrismo versus geocentrismo provisoriamente indecidível, o que com certeza me torna um fanático religioso geocentrista.' 'Se você isolar abstrativamente o sistema solar do resto do universo, terá às vezes a impressão de que a Terra gira em torno do Sol, às vezes a impressão oposta. É por isso que, geometricamente, os dois sistemas funcionam. É óbvio que essa questão, portanto, não pode ser decidida na pura escala do sistema solar. E tão logo partimos para uma escala maior surge a questão do centro de massa, cuja solução eu e a torcida do Flamengo ignoramos.' 'Ernst Mach e Albert Einstein disseram que a visão heliocêntrica e a geocêntrica dos movimentos celestes são igualmente válidas. Mas, se eu digo a mesma coisa, fica provado não só que contestei Mach e Einstein, mas que sou uma besta quadrada. Sem saber isso, ninguém merece um DIPROMA' 'Uma vez provado que a Pepsi-Cola não usou fetos abortados “como” adoçante, e sim “no processo de fabricação” do adoçante — uma diferença essencial e decisiva, sobretudo do ponto de vista dos fetos –, cai por terra a tese fundamental da filosofia do Olavo de Carvalho e toda a sua obra vai para o ralo.' 'Quando digo que uma questão é INDECIDÍVEL, estou afirmando, taxativamente, que NÃO TENHO NENHUMA OPINIÃO A RESPEITO; que, por maior que seja o meu interesse no assunto, e aliás por isso mesmo, deixo todas as opiniões em suspenso até maiores esclarecimentos, que talvez não venham no prazo de uma vida. Mas basta eu afirmar isso e já aparecem milhares de pirrôlas, bagos e tutti quanti contestando a opinião que acabo de dizer que não tenho, como se não apenas eu a tivesse mas a defendesse com ardor fanático. Como explicava o Cláudio Moura Castro — o melhor comentarista de educação que já houve na mídia nacional –, no Brasil as pessoas não lêem o que está escrito, mas o que gostariam de pensar que é a intenção secreta do autor. Como não entendem o que está escrito, interpretam o que não está. O raciocínio subentendido na mente do analfabeto funcional que assim procede é que não ter uma opinião quando ele tem uma equivale a contestá-la, a negá-la peremptoriamente. Por esse simples fenômeno nota-se o quanto o ensino universitário deste país desconhece a idéia mesma de debate científico ou filosófico, a qual depende, na raiz, da suspensão provisória do juízo. Entusiastas do heliocentrismo, do evolucionismo, da física einsteiniana ou do aquecimento global não podem nem mesmo admitir que exista algum debate a respeito, pois isso implicaria colocar em dúvida as certezas inabaláveis que adquiram desde o ginásio. Para preservar essa certeza, abstêm-se cuidadosamente de informar-se a respeito de possíveis teses adversárias, e assim fazem da ignorância mais patética o fundamento da “autoridade científica” em que repousa a sua segurança intelectual e até existencial. Por exemplo, quando eu era adolescente, li o livro de George Gaylord Simpson, “The Meaning of Evolution”, e me tornei um evolucionista devoto. Mais tarde, porém, li outros livros — de Giuseppe Sermonti, de Michael Behe, de David Berlinski — e entendi que só havia duas maneiras de sair da dúvida: (a) tornar-me um gênio da biologia e resolver todas as dificuldades; (b) optar por um dos partidos na base da pura simpatia e defendê-lo até à morte. Não tendo vocação para a primeira alternativa nem sendo vigarista o bastante para me contentar com a segunda, convivo perfeitamente bem com a dúvida até hoje, mas basta eu dizer que ela existe e os entusiastas do darwinismo já me enquadram no partido inimigo, achando que se não derem cabo da minha pessoa estarão prestando um grave desserviço à memória de Darwin. É claro que, na totalidade dos casos, esses indivíduos não são gênios da biologia, não resolveram nenhuma das dificuldades e em geral nem tomaram conhecimento de que elas existem. Por favor, entendam que não estou “brigando” com ninguém. Estou falando de um problema alarmante, medonho, temível. O analfabetismo funcional endêmico entre estudantes e jovens professores universitários é o problema MAIS GRAVE dentre todos os que empesteiam o nosso país no momento. Dentro de dez, vinte anos, esses meninos serão senadores, deputados, governadores, juízes, e a estupidez geral que reina na nossa vida pública, com todo o seu cortejo de fracassos e misérias, terá evoluído para a barbárie pura e simples.' 'Galileu abjurou do sistema heliocêntrico — não perante o Tribunal da Inquisição, mas muito tempo depois, logo antes de morrer. O documento em que ele faz essa declaração permaneceu escondido até 1989! “A falsidade do sistema copernicano não pode ser contestada por ninguém”, diz ele.' 'Newton admitia que um sistema geocêntico poderia ser verdadeiro caso houvesse em ação outras forças além da gravidade. Mas sou eu quem está “contestando Newton”, não é mesmo?' ' “Nenhum experimento jamais demonstrou que a Terra se move.” (Albert Einstein, 1949)E sou eu quem está “contestando Einstein”, não é mesmo? ' 'S. Roberto Belarmino prontificou-se a discutir com Galileu com muito mais presteza do que qualquer heliocentrista, hoje, aceita discutir com o dr. Robert Sungenis.' 'Outra certeza histórica inabalável: a Igreja, depois de alguma relutância, aceitou o heliocentrismo com um espírito de tolerância muito maior do que muitos heliocentistas, hoje, sabendo que sua teoria não é eficazmente sustentada por nenhuma prova experimental, se dispõem a encarar a hipótese geocêntrica com a dignidade que ela merece. A classe científica é muito mais apegada aos seus mitos fundadores do que a cristandade jamais o foi a idéias cosmológicas deduzidas da sua fé.' 'Qualquer que venha a ser o desenlace das futuras discussões sobre heliocentrismo e geocentrismo, uma coisa é historicamente certa: o heliocentrismo JÁ perdeu seus títulos de direito ao monopólio da verdade e hoje concorre com o seu antagonista em igualdade de condições. Isso quer dizer que TUDO o que conhecemos a respeito é o enunciado de uma contradição que não sabemos resolver.' 'Na controvérsia heliocentrismo-geocentrismo, as variáveis são tantas que, diante dela, só tenho dois meios de me livrar da dúvida: (a) torno-me um gênio da astrofísica e resolvo todas as dificuldades; (b) aposto às cegas num dos partidos e o defendo até à morte. Similarmente ao que acontece na discussão do evolucionismo, não tenho vocação para a primeira alternativa nem sou vigarista o bastante para aceitar a segunda. Portanto convivo pacificamente com a dúvida há muitas décadas e não acredito que a humanidade esteja com a respiração suspensa à espera de que eu resolva a questão.' 'Pedro Werneck: Prof. Olavo, uma correção. Se o sr. está se referindo à carta de Galileo à Francesco Rinuccini, ela foi publicada em uma coletâna das obras de Galileo por Eugenio Alberti em 1856, e na coletânea de Antonio Favaro de 1909, depois que o Vaticano liberou o acesso aos arquivos. Olavo de Carvalho: O original, com a assinatura de Galileu raspada pelo destinatário, só foi divulgado em 1989, salvo engano. 'De modo mais geral ainda, nenhuma ciência especializada pode provar a existência do seu próprio objeto.' 'A burrice dos nossos estudantes universitários de ciência é uma das maravilhas do universo. Eu estava revendo agora mesmo o vídeo no qual explico que é uma tolice a idéia popular de que tudo na ciência se descobre "por experiência". Dei ali como exemplo a noção newtoniana de "espaço absoluto", que é inteiramente apriorística, impossível de se obter por experiência, e da qual tudo o mais na teoria de Newton depende. Em resposta vieram várias mensagens enfezadas, num tom de superioridade infinita, todas de universitários, DEFENDENDO essa noção, como se eu a tivesse ATACADO. É analfabetismo funcional galopante.' 'Uma das mais interessantes discussões científicas do século XX foi o confronto entre Einstein e o físico americano Herbert Ives, que defendia a velha noção newtoniana de tempo absoluto, compreendida como simultaneidade universal. Nunca vi um estudante universitário brasileiro que tivesse a menor noção disso. Não é preciso compreender todos os passos matemáticos da demonstração para perceber o quão sérios eram os argumentos de Ives.' 'Três exemplos de falsificações que duraram séculos na história das ciências. 1) Os escritos alquímicos e teológicos de Newton, escondidos até os anos 30 do século XX (descobertos por John Maynard Keynes).2) A carta em que Galileu, já próximo da morte, abjura do copernicanismo, escondida até 1989.3) O mito de Giordano Bruno como "martir da ciência", que durou até que o historiador Paul-Henri Michel, em 1962, demonstrou que Bruno ignorava TUDO da ciência natural da sua época.' 'Ainda sobre a expressão escrita. Vocês já repararam que nenhum dos meus odiadores de estimação jamais DISCUTE o que eu digo, limitando-se antes a roer pelas beiradas, seja falsificando as minhas palavras, seja me atribuindo crimes e vícios imaginários nos quais só outros iguais a eles acreditam? É porque escrevo de modo a dissuadir antecipadamente os amantes de discussões ociosas, carregando nas tintas da obviedade ao ponto de que nenhuma objeção razoável lhes vem ao cérebro, só emoções toscas e fantasias pueris que mal conseguem expressar sem tropeços e incongruências de toda sorte. Isso me poupa trabalho, porque, no caso de uma investida mais ambiciosa, bastam cinco ou seis linhas de resposta para estourar um balão de muitas laudas. A limitação intrínseca dessa técnica literária é que ela não funciona com plateias de imbecis e analfabetos funcionais, mas isso não é um grande problema porque certamente não é nesse tipo de platéias que espero colher leitores e ouvintes.' 'Por isso não posso dizer que meus escritos são sempre construtivos, estimulando de maneira constante e invariável somente a inteligência dos inteligentes. Ao contrário: com igual constância estimulam também a imbecilidade dos imbecis, seja para revelá-la aos próprios olhos deles, curando-os, seja para enroscá-los nela até que se enforquem nas suas próprias tripas.' 'Uma decorrência inevitável do analfabetismo funcional é a "ignoratio elenchi", a incapacidade de apreender qual o ponto em discussão. Os cretinos mergulham nela com entusiasmo e volúpia, caçando no fundo da sua própria confusão, que imaginam ser o texto lido, mil e um detalhes laterais, irrelevantes ou mesmo inexistentes, que possam alimentar discussões sem fim sem chegar jamais a qualquer refutacão eficiente daquilo que pretendiam demolir. Até hoje aparecem bobocas defendendo Isaac Newton contra aquilo que imaginam que eu disse "contra" ele. Como aprenderam no ginásio que "ciência é experiência", tosquíssima meia-verdade que absorveram como mandamento divino, sentem obscuramente que apontar qualquer elemento apriorístico numa teoria científica é uma tentativa de refutá-la, o que, no caso de Newton, os revolta e indigna até à apoplexia. É patético.' ' Talvez a mais grotesca mentira histórica ensinada às crianças nas escolas e reproduzida "ad nauseam" nos filmes e na TV, para gáudio e orgulho dos Pirrôlas da vida, seja a de que o advento da ciência moderna, no Renascimento, acabou com o sistema medieval de pseudociências e superstições. O Renascimento, foi, ao contrário, o período histórico de maior florescimento da alquimia, da astrologia e da magia, em doses que os medievais não poderiam nem mesmo imaginar. E com freqüência os pioneiros da ciência moderna, como Isaac Newton, Elias Ashmole e Johann Kepler foram eles mesmos os mais devotos praticantes das "superstições" alegadamente medievais. Isso é talvez o fato histórico mais abundantemente comprovado e o mais persistentemente ocultado.' Citações de OdeCarvalho.
  10. ^ Hauhauhauahuahuahauhauha, pqp...
  11. Ah cara, eu nem vou perder mais meu tempo com você. Você posta a infoescola como se fosse uma fonte melhor ainda que a superinteressante, piada pronta mesmo. Quanto a inquisição eu não estou defendendo nada, só está desmitificando a visão distorcida e falseada dos fatos históricos reais. O idiota do comentário que você postou não assistiu o vídeo pelo jeito, pq isso que está escrito aí não está lá. E quando eu te chamo de idiota, imbecil, eu não quero te ofender não, é simplesmente a constatação de um fato. A partir de agora ignoro todos os seus posts também pra manter a minha sanidade mental.
  12. Tem tanto estereótipo moderno sobre a atuação da igreja, mas tanto... "A idade média foi um período de trevas para o conhecimento", "A igreja impediu o avanço da ciência", "A igreja perseguia os cientistas", "A igreja controlava o conhecimento (Como, animal, ela controlava o conhecimento? Não existia meios materiais para isso, jegue.)"
  13. Alguém ainda responde esse idiota do faabs? O cara cita super interessante como fonte de pesquisa e vcs levam a sério esse imbecil? Já não deu pra perceber que ele é um dos mais burros desse fórum, que só repete clichês, que não conhece nada de substantivo de história ou qualquer outra coisa que seja? Tem vezes que eu mesmo me pergunto o porque eu perco meu tempo defendendo uma religião como o Cristianismo ou a Igreja Católica contra as inverdades que espalham delas. Pra sujeitos como esse ficarem por aí dando as 'openeões próprias' deles (tiradas de algum veículo da grande mídia e que é a mesma de todo mundo), ficarem se achando um floquinho de neve especial, e toda coisa do tipo da geração leite com pêra. Se o islamismo realmente pegar, eu vou ser é beneficiado: mesmo não tendo fé, se me converter, vou ser poupado da morte. Vou poder casar com várias mulheres e mais um monte de coisa. E aí eu me pergunto mais uma vez: por que eu defendo tanto uma coisa que passa a mão na cabecinha de tipos como ele? Sei lá.
  14. " Uma civilização superior não é aquela que consegue destruir os seus inimigos, mas a que é capaz de absorvê-los e acomodá-los como partes dela. Vocês conseguem imaginar a civilização islâmica absorvendo e acomodando em si a ciência ocidental, a tecnologia ocidental, a literatura ocidental, a arte ocidental como os bárbaros europeus absorveram o legado grecolatino e asiático? Imaginam meninos muçulmanos lendo Rabelais, Flaubert e Henry Miller nas escolas? Imaginam multidões desenhoras de burqa apreciando numa galeria as artes figurativas ocidentais, que sua religião proíbe? Imaginam um governo islâmico preservando os vitrais das catedrais góticas e o legado inteiro da arte sacra européia como valiosos patrimônios civilizacionais? Essas coisas não acontecerão nunca. Imaginam aos governos muçulmanos publicando e divulgando as grandes obras da mística cristã como a Europa publica e divulga as da mística islâmica? O Islam só pode crescer destruindo, suprimindo e proibindo, como sempre fez. E não venham me falar das belezas da filosofia islâmica, da mística islâmica etc. Essas coisas são admiráveis e existiram, mas banidas da vida pública e só cultuadas em círculos fechados, quase sempre vistos com suspeita pelas autoridades (leiam Al-Ghazali). A civilização islâmica não absorve nem sequer o que ela mesma produz de melhor. A islamização da Europa será a maior supressão de valores civilizacionais que já se viu no mundo. " OdeC
  15. Não só fui como sou.
  16. Olavo de Carvalho sobre os sujeitos da História: "Começando do começo, se você não for nenhum ignorante em filosofia provavelmente já ouviu falar entre os quatro tipos de causa que Aristóteles chamava de causa formal, causa eficiente, causa material e causa final. Essas são só denominações filosóficas mas, ainda que você nunca tenha ouvido falar delas, consegue fazer essas diferenciações na sua vida prática razoavelmente bem, pois a percepção humana consegue distinguir uma coisa da outra sem maiores dificuldades. A causa formal é a simples definição de um objeto, que na maioria das vezes basta como explicação do que ele faz ou do que lhe acontece; causa eficiente é o impulso imediato que determina uma ação; causa material é o meio, o instrumento pelo qual a ação se realiza; e, por fim, a causa final é o objetivo último que se espera com a prática de determina ação. Só para exemplificar, você com certeza consegue distinguir entre a arma de um crime (causa material), o objetivo do criminoso (causa final), o impulso imediato que determinou a ação do criminoso (causa eficiente) e, por último, o tipo de crime (causa formal) – assalto, homicídio, etc. Dentro dessas distinções podemos citar ainda a da causa próxima e da causa remota. Se você pergunta para sua amiga o por que dela ter terminado com o namorado dela, você sabe que não é a mesma coisa se ela te responder que está havendo uma crise geral nos relacionamentos ou então que ela pegou o namorado dela beijando outra na balada. As causas remotas podem predispor genericamente a uma ação, mas não podem determiná-la diretamente. Isso é percebido instintivamente. Mas mesmo todo mundo conseguindo fazer essas distinções nas suas vidas práticas, quando o pseudo-intelectual tenta transportá-las para as atividades como a ciência e a filosofia, ele comete erros extremamente grosseiros, que fariam qualquer Zé Mané rir caso ele compreendesse sobre o que o dito “pensador” está falando. E como na maioria das vezes o Zé Mané não entende a mínima palavra do que é dito pelo “erudito” - que provavelmente usa aquela linguagem pedante de um aluno de algum curso de humanas da USP – ele acaba tendo um certo temor reverencial por aquele, aceitando o que é dito sem perceber que é um erro. Passando um pouco mais para frente na história chegamos a dois pensadores relevantes para essa discussão: Hyppolite Taine e Émile Durkheim Taine era um historiador e foi autor do livro ‘Origens da França Contemporânea’. O método que ele usou para tentar compreender a revolução francesa foi a de entender as ações a partir de seus agentes individuais ou grupais, ou seja, como eles a viam, o que queriam, o que fizeram e o que obtiveram (mais tarde, Augustin Cochin aprofundou a investigação seguindo os passos de Taine). Quando surge a sociologia moderna, inventada por Durkheim, ele faz uma crítica a esse tipo de historiografia, dizendo que por de baixo das ações dos agentes existem fatores muito mais decisivos que pesam sobre a sociedade, o que ele chama de fatos sociais – forças que pesam sobre a sociedade sem que isso dependa da intenção de quem quer que seja. Se você conseguiu acompanhar a explicação até aqui percebeu que o Taine está falando das causas próximas e que o Durkheim está falando das causas remotas. A causa remota JAMAIS pode abolir uma causa próxima. E a causa próxima, por sua vez, pode refletir a causa remota ou pode ir contra ela. Nenhuma causa remota pode forçar uma causa próxima a acontecer. As causas remotas e fatos sociais não existem si mesmos, são criados pela ação humana e só exercem alguma influência através de outras ações humanas, que ou as confirmam e as reforçam, ou as impugnam. A pobreza é um fato social – você não pode dizer que ninguém fez a pobreza, mas não há um agente específico que a criou. Ela é – como disse Max Weber – um conjunto de resultados impremeditados de ações humanas. Ela pesa sobre todos os seres humanos e evidentemente LIMITA as possibilidades de ação humana – se eu quiser comprar alguma coisa não vou conseguir, pois sou pobre e não tenho dinheiro. Mas a pobreza determina algum tipo de ação humana? A relação entre pobreza e criminalidade mostra que alguns dos países mais pobres do mundo estão entre os mais violentos, mas outros países que também estão entre os mais pobres do mundo estão entre os mais pacíficos. Não há como dizer, então, que a pobreza causa a criminalidade. Ela pode ser uma causa remota se intervier nisso alguma causa próxima como espalhar a idéia de que os pobres têm o direito de roubar e assassinar por serem pobres. E mais, que seja ainda oferecido para eles os MEIOS pelos quais eles possam começar a delinqüir - alguém que saia distribuindo pistolas e fuzis, pois eles não vão muito longe se tentarem praticar um assalto à mão livre." "Muitos filósofos colocam a história como sendo o domínio máximo da existência humana e de todos os conhecimentos. Mas isso é uma falsa solução, porque a história é a história de quem? Muitas vezes você vê que quando eles contam a história de alguma coisa eles contam a história de uma abstração. Se você disser, por exemplo, história do Brasil, você está supondo uma unidade jurídico-territorial chamada Brasil. Ela tem uma história? Não, ela não tem nenhuma história, ela é apenas o cenário onde acontece uma história. O Brasil é um personagem da história? Não. O Brasil, como entidade jurídica, nunca fez nada. Mas fizeram dentro do Brasil, fizeram fora do Brasil, fizeram contra o Brasil, fizeram a favor do Brasil... A história é a história de quem? A história só pode ser a história de personagens reais, de personagens que agem. Se não existe ação nada acontece e não tem história. A ação nem sempre é a ação de um indivíduo - existem vários indivíduos que agem de maneira articulada e que prolongam determinadas linhas de ação ao longo de muitos anos, décadas e séculos. Por exemplo, a história da catequização dos povos indígenas pela Igreja foi um esforço que prosseguiu durante séculos. Entrava ano, saía ano; entrava século, saía século; e eles estavam lá tentando fazer a mesma coisa. O Partido Comunista: há quanto tempo o Partido Comunista está tentando implantar o comunismo no mundo? Desde pelo menos 1848. Claro que já existia antes, mas vamos considerar a fundação oficial. Todos os primeiros comunistas já morreram e a coisa continua. Então existem certas ações que são contínuas e que transcendem a duração da vida humana. Mas é claro que só pode haver história daquilo que transcende a duração de uma geração. Se acontecer e na geração seguinte está apagada, então não deixou rastro histórico. Então aquilo não é propriamente uma ação histórica, é uma dimensão de tempo sub-histórica. Então quem são os verdadeiros personagens da história? São essas entidades cuja ação permanece no tempo. É a ação delas que dá a forma geral da história. Essas são as personagens. Nesse sentido eu posso dizer que um estado é um personagem da história? Jamais. Nenhum estado tem a ação contínua ao longo no tempo. Quem tem ação contínua são os grupos que dominam o estado cuja ação, às vezes, antecede a formação do estado e se prolonga após a extinção dele. Por exemplo, o Partido Comunista: durante décadas houve aqui nos Estados Unidos uma corrente de estudiosos do comunismo que viam o comunismo apenas como um instrumento do estado soviético. Mas isto é uma inversão total. O movimento comunista existia antes de aparecer a União Soviética e continua existindo depois do fim da União Soviética. As pessoas confundem o sujeito da história com o cenário da história. A União Soviética é um lugar onde aconteceu a história, ela não foi um agente histórico. Nem mesmo um governo é um agente histórico. Nenhum governo age por si. É preciso que um grupo político domine o governo e tome as decisões. O governo, por assim dizer, é uma entidade vazia que é ocupada pelos grupos que têm o poder político de ocupá-la. Então são estes os sujeitos da história. Isto quer dizer que toda a história nacional é sempre uma falsificação, é a história apenas do que aconteceu em um lugar. Nenhuma história nacional pode ter unidade, porque dentro de uma mesma nação estão em ação forças, algumas das quais são autárquicas, e outras que vieram de fora e sem as quais as primeiras não podem ser explicadas. Alguns sujeitos da história são: a Igreja Católica; a maçonaria; o partido comunista; as famílias dinásticas que se prolongam e treinam as novas gerações para uma ação coerente etc. Essa é toda uma visão nova, uma nova teoria da história, e creio ser certa e irrefutável." Olavo de Carvalho sobre a teoria do poder: "O poder é o instrumento fundamental pelo qual se faz história. O que é o poder? O poder significa a capacidade que certas pessoas ou grupos têm de determinar a ação dos outros. O poder é fazer alguém fazer alguma coisa. Note que muitas vezes você não tem poder suficiente nem sobre você mesmo. Por exemplo, esses dias que eu peguei a tal da gripe... Gente, eu queria levantar da cama, mas não conseguia. Eu estava pesando duas toneladas. Aqui estou no supra-sumo da impotência, não mando nem em mim mesmo! Não adiantava eu mandar o corpo levantar que ele não levantava. E as vezes você tem a capacidade de determinar em um relance a ação de milhões de pessoas. Você imagine, por exemplo, Stálin determinando que o exército ocupasse uma província e matasse não sei quantas pessoas. Quanto tempo levava para ele dar esta ordem? Um minuto! Ele falava o negócio, assinava, e pronto. Daí me apareceu uma outra idéia: que dentro dessa teoria do poder é uma coisa absolutamente imoral que todos os estudiosos de história e ciência política jamais tenham entendido que a diferença de poder entre os seres humanos não tem paralelo no mundo animal e que ela é o fato diferencial do ser humano. Dentro desta escala você tem a diferença que vai desde a quase onipotência até a total impotência. Você imagina um sujeito que esteja preso em um campo de concentração sem comida: ele não pode nada, mas o sujeito que colocou ele lá pode quase tudo. A diferença de poder, às vezes, entre o cidadão comum e o governante é quase de um mortal para um deus. Não há fenômeno similar no mundo natural. Mas como é que ninguém percebeu isso? E todo mundo estranha a diferença de poder como se ela fosse uma anormalidade. Mas ela não pode ser uma anormalidade pois ela é a base da história humana. Não existe ação histórica sem uma diferença imensa de poder. Se todos tivessem o mesmo poder não haveria história. História é a organização do poder e o exercício do poder. E os caras parecem que nunca pensaram nisso. É um absurdo! E o desconhecimento deste fato tem consequências na ordem política que são uma coisa terrível. Por exemplo, se nós não sabemos que a desigualdade de poder é inerente à constituição da sociedade humana, nós também não sabemos que quanto mais se aperfeiçoar esta sociedade, isto é, quanto mais se racionalizar, no sentido de Max Weber, maior será a diferença de poder. Maior e não menor. Pensem em um homem de Neanderthal, um chefe de tribo. Quanto poder ele tinha? A diferença entre ele e os seus comandados era muito pequena porque o número dos seus comandados é pequeno e os meios de ação que ele tem sobre eles... bom, em última análise ele vai ter que ir lá e matá-los pessoalmente. Agora, veja os meios de ação a disposição de qualquer governante moderno ― e eu não estou falando de ditadores, estou falando de qualquer governante, mesmo de países democráticos - a diferença é imensurável. Hoje, por exemplo, o governante pode saber tudo a seu respeito: ele sabe a sua vida econômica, a sua vida social, profissional, o seu imposto de renda, a sua vida sexual, as amizades que você tem, tudo. Agora se você tentar investigar algo lá dentro, há um bloqueio. Então a diferença de poder também é a diferença de informação. Não que a diferença de informação em si gere poder. Não, isto é bobagem. Há algumas pessoas que dizem para você: a base do poder hoje é a informação. Você está louco? Eu tenho informação que não acaba mais e não mando em nada. Compare eu e o Barack Obama. Eu sei mil vezes mais que o Barack Obama e no entanto ele manda milhões de vezes mais do que eu. Então não é informação em si, é informação articulada a um negócio que se chama meios de ação. E se você não tem meios de ação você não age, então você não faz nada. Por exemplo, se você quiser saber o que um determinado político ou governante vai fazer em uma certa época, a primeira coisa que você tem de investigar é quais são os meios de ação dele. Ou seja, o que ele pode fazer. Porque o que ele não pode fazer, ele não fará. Isto é muito simples. Está aí uma coisa que praticamente todos os analistas políticos do mundo ignoram: eles não sabem o que são meios de ação. Por exemplo, eles pensam que por um sujeito estar no governo ele tem o governo como meio de ação. Não, antes dele usar o governo como meio de ação ele precisa ter meios de ação para ele mexer no governo. Ele precisa ter fora do governo uma outra estrutura de poder mediante a qual ele aciona o governo. Portanto governos e estados nunca são os personagens principais da história, eles são uma espécie de cortina de fumaça por trás da qual existem os verdadeiros esquemas de poder. Por exemplo, o CFR (Council on Foreign Relations) é um esquema de poder. O CFR pode mais que o governo americano porque é ele que move o governo americano. O que ele não quiser o governo americano não vai fazer. Agora, ele vai fazer o que o governo americano quiser? Não." O que existe são grupos articulados que estão tentando obter uma hegemonia política mundial. O islã é um bloco autônomo e já vem se organizando desde há muito tempo, assim como aqui no ocidente temos as famílias dinásticas e outras que fazem parte do clube de Bilderberg, e também o movimento comunista internacional.
  17. ^ Você já leu alguma coisa de Rene Guenón ou de Fritjoff Schuon? Pois então, meu filho, vá dar uma lidinha no que eles escreveram antes de repetir essa mesma estorinha de imperialismo. Os intelectuais islâmicos já discutiam a islamização do ocidente antes da revolução de 1912 da Rússia. A coisa é muito mais complicada e não se resume só ao Clube Bilderberg ou a KGB ajudando uma hora um, outra hora outro.
  18. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Quem quiser ler um pouco sobre a ética randiana é só clicar no link do spoiler.
  19. danilorf

    Como Ser Alpha?

    E já que eu estou afagando mesmo o meu ego, termino citando um verso do Tchekhov mais uma vez, e que retrata o sentimento de vir até esse tópico e encontrar tipos como o Aroma: "Arrasta-me uma força ignota para estas plagas tão tristonhas..."
  20. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Véio, vai ser meu último reply à você, depois disso passo a ignorar todos os seus posts. 1 - "Um clichê é uma maneira de evitar a realidade daquilo que ele nomeia." (Roger Scruton); "Chavões, frases-feitas, clichês, estereótipos ou como se queira chamá-los, existem para que o sujeito que não pensou num assunto possa obter a concordância imediata de outro que também não pensou.", "O chavão é, por excelência, a linguagem do auto-engano que busca transmutar-se em engano alheio, se possível em engano geral. É a linguagem de quem fecha os olhos ao objeto e os arregala para ver a reação do ouvinte." (Olavo de Carvalho). E não, não vou explicar nada. Realmente, ficar discutindo uma citação simples como essa com você até agora foi uma idiotice sem tamanho. E, depois que eu vi que você é só mais um metidinho que gosta de posar de bonzão, confesso que agi apenas por vaidade de te humilhar. 2 - Não, eu não disse nada, e vou colar de novo o post aqui pra você ver a ordem cronológica. Primeiro você disse isso: Depois eu disse isso: Veja que antes mesmo de eu falar sobre Tolstói ou qualquer coisa relacionado ao conceito de 'viver de acordo com a natureza', já mantive minha posição contrária ao que você disse que eu supostamente havia dito. Você continuou: Leia de novo a minha pergunta antes da sua resposta - "O personagem era sereno e satisfeito, mas com o quê?" - Agora leia a sua resposta. Você não sabe do que tá falando, obviamente. Logo depois disso você já vai mudar o que disse e ainda atribuir a mim a sua fala anterior. Eu respondi: Eu toquei somente nesse momento no tal 'viver de acordo com a natureza'. E somente toquei no ponto porque me pareceu realmente que você se referia à alguma doutrina da nova era. E veja mais uma vez que eu mantenho de novo a minha posição contrária ao que você disse primeiramente - Aroma: "o cara até determinado momento era sereno e satisfeito, e diante de adversidades se deixa cair..." - Eu: "Você não sacou a mensagem desse trecho. O personagem era sereno e satisfeito, mas com o quê?..." - Aroma: "Ao meu ver, sereno em viver de acordo com a Natureza, mas aí já entram questões de ponto de vista...". - Viu só? Então não vem colocando palavras na minha boca. E só nesse ponto da resposta eu citei Tolstói pra tentar explicar um pouco mais meu ponto de vista, mas de maneira sempre a reforçar o que eu já vinha dizendo antes. Você, Aroma, respondeu: Chuva de clichês pelo mestre do clichê. Enquanto você escrevia isso podia-se ver o fantasma de Ayn Rand sussurando em seus ouvidos sua doutrina da racionalidade e da virtude do egoísmo. Não satisfeito, o espírito da filósofa continua ditando, e você, escrevendo a lá Chico Xavier: Somente aqui você define o que seria viver de acordo com a natureza, e veja como mudou de discurso sem nem notar o que havia dito anteriormente. Vamos lembrar mais uma vez o por que você achava o personagem do trecho comentado um fraco - "A questão é evidente, o cara até determinado momento era sereno e satisfeito, e diante de adversidades se deixa cair...", "Ao meu ver, sereno em viver de acordo com a Natureza, mas aí já entram questões de ponto de vista...". E depois, vem pagar de gostosão pro meu lado, e me dá um puxão de orelha: Pode deixar, mestre da coerência, vou ler mais uma vez as obras da pensadora e fazer que nem você: todo dia ao acordar eu vou me olhar no espelho e gritar batendo no peito: "EU SOU UM HOMEM RACIONAL E VIVO DE ACORDO COM A MINHA RACIONALIDADE! MEU EGOÍSMO É A MINHA MAIOR VIRTUDE E EU VIVEREI DE ACORDO COM OS MEUS DESEJOS E A MINHA NATUREZA!" Prosseguindo, eu simplesmente repeti tudo o que eu disse até agora, achando que, de fato, o sujeito estava de boa-fé, mas é só mais um afetado querendo pagar de bonzão no tópico, falando de coisas que não sabe, e provavelmente mentindo mais que a puta que o pariu. 3 - Pelo amor de Deus, pare de falar sobre coisas que você não sabe, e de usar conceitos que você não sabe o que significam. Você acha mesmo que ela dissertou objetiva e cientificamente sobre sua pseudo-ética? Ela foi lá, pegou um grupo de controle que iria seguir a ética dela a risca durante certo tempo; e pegou outro grupo de controle que ia viver contrariamente a isso. Aí depois de um tempo ela foi lá com o medidor de felicidade dela e constatou que o primeiro grupo era mais feliz que o segundo. Você sabe o que é o método científico pra falar uma idiotice dessas? Você acredita do fundo da sua alma que em termos de ética ela supera um Platão, um Aristóteles, um Santo Agostinho, um Hugo de São Vitor, um Santo Tomás de Aquino, e mais alguns desse nível!? Realmente, você é só mais um burro falando daquilo que não sabe. E quanto mais burrice sente no assunto que versa, mais segurança e autoridade sente pra falar. Eu não vou te indicar nada, vou apenas mandar um VÁ TOMAR NO CU.
  21. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Gentchi, eu escrevi puis ao invés de pus. Mim disgurpe o erro juvenil.
  22. danilorf

    Como Ser Alpha?

    O negócio é grande, mas vai um pouco de encontro contra esse idealismo racional e muitos clichês que são jogados nesse tópico diariamente. É grande, e provavelmente muita gente vai achar pedante, mas foda-se. Quem quiser é só ignorar e não ler. Os russos desse nível são simplesmente fantásticos em destruir todos esses lugares-comuns criados pelo racionalismo ocidental. Mesmo que não estejam certos em muitas idéias, levam a discussão e a transposição das experiências que geraram estas a um nível muito elevado, muito superior a qualquer Ayn Rand da vida.
  23. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Vou responder por parágrafos: 1 - A mensagem do texto não é essa, esse é apenas o contexto. Você já arranhou a coisa na sua primeira resposta. De resto, só vi clichês e lugares comuns na sua resposta. Desculpe a sinceridade mas isso tudo aí é muito fácil de falar, que nem dizer 'melhor a saúde que a doença', 'melhor a riqueza que a pobreza', 'melhor ser inteligente do que burro', etc. 2 - Eu não disse nada do que você disse que eu disse. Você disse que: Depois eu perguntei: Você respondeu: Eu não achei coisa nenhuma que viver de acordo com a natureza divina do homem é casar por vaidade ou ter poder na sociedade. Parece que num primeiro momento você que achou isso quanto à citação que eu fiz do conto do Tchekhov. Só depois que eu falei sobre o Tolstói que você explicou um pouco mais o que seria viver de acordo com a 'natureza'. 3 - Meu filho, hahahaha. Você acha mesmo que eu nunca li Ayn Rand? Mesmo? A Rand é uma boa romancista, mas, como filósofa, ela peca muito - e mesmo como romancista, nem de longe ela chega perto de um dos autores clássicos da literatura russa. Se você acha que ela foi a primeira a tentar fazer isso que você disse que ela fez, só mostra que não conhece nada de filosofia (não que eu seja grande conhecedor também). - Pelo menos no meu entender, isso aqui debaixo tem muito a ver com o que eu postei. Abraços.
  24. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Cara, é porque, no meu ponto de vista, junto com 'Os demônios', são as melhores obras dele. Eu indiquei o 'notas do subsolo' porque é relativamente curto e que mexe muito com o psicológico com o sujeito que lê. Mas Dostoiévski não tem erro, qualquer coisa que você pegar pra ler vai ser interessante. Pô, você realmente não sacou a mensagem mais profunda do texto. Se o tópico também fala de felicidade não vejo isso como mera curiosidade. Viver sereno de acordo com a natureza? Com 'N' maiúsculo? Virou culto a gaia agora? Enfim, ele levava uma vida medíocre, chegou a velhice e viu que as relações com a família dele se tornaram artificiais; a mulher dele só se preocupa com dinheiro e em manter uma pose burguesa de ostentar um estilo de vida abundante pra sociedade em torno; a filha cresceu e se tornou um pouco igual a mãe, cheia de camuflagens interiores e muito suscetível à opinião dos outros; as relações dele no trabalho são enfadonhas, apesar de ele ter um posto elevado e ser famoso na Europa inteira; a única coisa que dava felicidade verdadeira pra ele era dar aula, mas agora ele não consegue ficar muito tempo em pé e nem falar durante muito tempo, e nem isso traz alívio pra opressão moral dele. Ele descreve a vida dele como enfadonha, superficial, mesquinha. Talvez não ficou isso nítido pra você por não ter lido o conto inteiro e não ter esse quadro geral de como ele pinta sua vida. Outro livro que aborda bastante o ponto que interessa no trecho que eu postei é o do Tolstói: "a morte de Ivan Ilitch". O sujeito levava uma vidazinha de acordo com a "Natureza", tinha uma esposa mas não casou por amor e sim por vaidade própria (prestem atenção nessa palavra: vaidade); tinha um cargo decente na sociedade, tinha poder; e etc. Por ironia do destino, numa reforma de uma casa que ele havia comprado, ele bate a lateral da barriga na maçaneta de uma porta e aquilo vai evoluindo de tal modo que ele percebe que vai morrer. E aí que todo esse modo de viver 'Naturalmente' mostra a verdadeira face, e ele enxerga "a vida inteira que não foi mas poderia ter sido" (pus isso em aspas porque não lembro quem fala). Sobre o Dostoiévisk, ele não era niilista e nem progressista - muito pelo contrário. Vaidade... Abraços.
  25. danilorf

    Como Ser Alpha?

    Você não sacou a mensagem desse trecho. O personagem era sereno e satisfeito, mas com o quê? Com um castelo de cartas que ele construiu pra ele mesmo e que só na velhice percebeu a sua mediocridade. O resto está no texto e você arranhou a questão bem por cima. Mas enfim, a literatura não serve somente pra agradar um determinado pré-conceito do que as pessoas acham que deve ser o modelo ideal de homem ou ser humano, e sim passar as mais variadas experiências da vida, boas ou ruins. De resto você não entendeu nada do que eu disse, e não me leve a mal, o meu intuito não foi vir aqui discutir essa questão específica. Não entendi sua última questão. Mas sugiro que você leia um pouco da literatura russa pra sair um pouco dessa visão ideal-racionalista a lá revolução francesa. que parece que tem. Sugiro ler "Notas do subsolo" do Dostoiévisk. Se você já ficou meio mordido com esse trechinho de um autor mais tranquilo como o Tchekhov, já imagino como vai ficar depois da leitura desse livro. Abraços.
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