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danilorf

Levantador Olímpico
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Tudo que danilorf postou

  1. Isso são só revolucionários de sinal invertido. O Estado NÃO DEVE se meter na educação moral de ninguém.
  2. Acontece que a família tem mais direitos sobre a criação da criança do que o Estado. Nada impede que esses grupos LGBT façam campanhas do que quer que for, mas, 1) sem dinheiro público e 2) sem impor a propaganda que a família não aceita de maneira subreptícia nas escolas - e o povo já foi muito claro quanto a isso, todos os projetos de ideologia de gênero estão sendo derrubados majoritariamente nos níveis federal, estadual e municipal. Você anda muito fascista. É típico de fascistas quererem impor decisões estatais sobre a decisão das famílias.
  3. Xingar, ofender, falar da mãe, da tia, da vó, da irmã e um pouquinho do impítima.
  4. http://olavodecarvalho.org/semana/discussaoazevedo.html
  5. danilorf

    Religião.

    Mais uma dos "Diálogos Faapônicos": - Hoje vou duvidar mais uma vez sobre a existência de Deus!, disse Faaps. - E como você vai fazer isso, Faaprotes? - Simples! Vou usar da ciência. Na realidade não temo nenhuma prova científica da existência Dele! - Mas, Faaprotes, não é a ciência baseada nos princípios elementares da lógica, da dialética e do sistema de categorias de Aristóteles? - Evidente! - E não estão elas, assim como as ciências, fundadas em princípios que são auto-evidentes e intuitivos como os da causalidade e da identidade? - Por certo! - Como você pode querer duvidar da existência do primeiro-motor, como Aristóteles chamava, usando de argumentos baseados na aceitação da existência de um primeiro-motor? - Mas... Não há evidências do primeiro-motor!!!, respondeu Faaprotes, batendo os pés como um gazela nervosa no chão. - Talvez não haja evidências científicas para isso, realmente. Mas a própria ciência moderna foi fundada tendo como base a aceitação do princípio da causalidade, oras. Como poderia, Faaprotes, você usar o consequente para negar o antecedente? - Mas... Eu não vejo o primeiro-motor!!! - Veja, Faaprotes, você está sendo irracional. Mesmo que você verbalizasse a negação do princípio da causalidade e da existência do primeiro-motor, isso se daria apenas no plano da linguagem, pois, psicologicamente, você continuaria a agir em sua vida cotidiana como se tais fôssem válidos. Responda-me algo: você acredita que precisa respirar para viver? - Sem dúvida, respondeu Faaprotes. - Que você também precisa comer e beber água para viver? - Sim... - Pois bem, se não aceitasse o princípio da causalidade como você diz, bastaria, para você, fazer qualquer coisa que não respirar, comer e beber, uma vez que o princípio da causalidade não seria válido, e logo, ao realizar esses atos, você não seria a causa de sua sobrevivência. É dessa maneira que você age normalmente? - Tenho que ir embora, disse Faaprotes com uma raiva disfarçada. Caminhando para sua residência, Faaprotes pensava um jeito de negar não apenas verbalmente a existência de um princípio primeiro, mas negar de fato, provar para o seu amigo que ele realmente duvidava que algo como o primeiro-motor existisse. - Se eu realmente não acredito no princípio da causalidade, pensou Faaprotes, eu mesmo me tornarei esse Deus que nunca existiu. A partir do momento que eu negar completamente, para mim, a existência desse primeiro-motor, eu vou me tornar meu próprio Deus. Se eu estourar meus miolos para provar que o princípio da causalidade não existe, se ele de fato não existir, o que vai acontecer a mim não será a morte, e sim a libertação de minha mente desse papinho filosófico inútil. EU ME TORNAREI MEU PRÓPRIO DEUS! Chegando em casa, Faaprotes preparou o seu 38 que estava escondido embaixo da escrivaninha e escreveu a seguinte mensagem: "Estourei os miolos para provar que não existe tal coisa chamada de primeiro-motor, tanto que o que eu espero encontrar com minha "morte" não é senão a minha própria coroação como o próprio Deus. Eu serei o meu próprio Deus. Eu criarei minhas próprias possibilidades ao negar a existência de tal ser. E a primeira coisa que vou perguntar quando minha existência terrena estiver acabada será: no céu tem pão?" ... E morreu. Vejam que mesmo negando o princípio da causalidade, ele não o nega por completo, apenas substitui a causa primeira das quais decorreriam todas as outras. Por isso eu digo, é IMPOSSÍVEL pensar o nada absoluto. Geralmente as filosofias de negação - que é como o MFS chama essas correntes como o ceticismo - partem de uma coisa que já É. Por exemplo, o Faaprotes não consegue simplesmente acreditar no nada absoluto, ele precisa de que o primeiro-motor exista pra que ele possa negá-lo. O não-ser não pode ser negado ou afirmado, somente o que é algo pode. No final, o ceticismo se refuta a si mesmo tanto no nível da conduta real do cético, quanto com a simples constatação: se tudo é duvidoso e nada vale a não ser que seja cientificamente provado, então o que eu acabei de dizer é duvidoso também, logo, nem tudo é duvidoso se não for cientificamente provado. Recolha-se à sua insignificância.
  6. danilorf

    Religião.

    Wrong. A estaca zero do tópico é que você não acredita que A=A porque não se pode provar isso empiricamente. E mais, você quer provar que A=/=A usando um argumento que tem como premissa que A=A. Se você não aceita o princípio da causalidade, você também não aceita o conhecimento produzido por nenhuma ciência, inclusive a sua amada física. Ou seja, é apenas uma birra contra algo que você sabe que existe por intuição, por presença, que você vê com o seu ser que existe, mas que você repete pra si mesmo que não existe. É aquela coisa, quando um ateu ou cético quiser te convencer que os princípios elementares de lógica não são válidos - e ele vai tentar fazer isso usando a própria lógica que ele quer derrubar - pense nisso aqui: "Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?” - Groucho Marx
  7. danilorf

    Religião.

    Me explica como o universo está se expandindo se a lei da termodinâmica é verdadeira.
  8. danilorf

    Religião.

    Brinde-nos com sua sapiência, Doctor Knows Everything.
  9. danilorf

    Religião.

    Você sequer leu o que já foi postado aqui pelo jeito. Você acha isso pois acha que existe algo como um "passado infinito", uma linha reta que recua pra trás infinitamente. Assim, você fica recuando nas causas infinitamente, chegando a conclusão de que se tudo tem uma causa, nada teve causa. Eternidade está fora do tempo. E, mais uma vez, querendo você ou não, você está usando de argumentos lógicos. Fazendo isso você está dizendo implicitamente que aceita o princípio da causalidade, e que, portanto, há uma causa primeira pra tudo. Deus É. O Ser simplesmente existe eternamente. Isso é auto-evidente, assim como A=A. Eu não posso provar a existência de Deus pelo método científico da mesma maneira que eu não posso provar que A=A, mas nem por isso essas duas coisas deixam de ser verdade. Sim, você é um burro e ignorante. Se você visse um assassinato na sua frente e fosse a única testemunha, e fosse convocado em um tribunal do júri como a única prova do crime, o diálogo provavelmente seria esse: - O juiz: Faaps, diga, você viu o que aconteceu naquela noite? - Faaps: Sim, meritíssimo, eu vi o fulano X assassinando o fulano Y. - O juiz: Mas você tem como provar que viu isso? - Faaps: De fato, eu não tenho como provar que vi o assassinato e nem que o assassinato existiu. - O juiz: Mas então, se você não pode provar, isso provavelmente não aconteceu, nunca poderemos saber. - Faaps: Com toda certeza, meritíssimo, acho que devo ter me enganado. Começo a achar que, realmente, não vi nada naquela noite, ou então que fôra apenas uma ilusão de ótica. Se você fosse mordido por um cachorro raivoso e ninguém tivesse visto a cena, provavelmente a coisa se desenrolaria assim: - Faaps: Meu Deus! Fui mordido por um cão! Preciso ir urgentemente a um veterinário (sim, pois burros vão ao veterinário, não ao médico). Chegando no veterinário... - Faaps: Doutor, preciso de uma vacina anti-rábica. Fui mordido por um cachorro raivoso! - Doutor: Mas você tem certeza de que foi mordido por um cão raivoso ou de que o cão tinha raiva? - Faaps: Absoluta! - Doutor: Prove. - Faaps: Mas só eu estava lá, e aqui está a marca da mordida! - Doutor: Prove que essa mordida é de um cachorro. Se você conseguir provar isso, prove que o cachorro tinha raiva. E se você conseguir provar que nessa mordida tinha raiva, prove que isso foi um acidente e não algo provocado intencionalmente por você. Prove também que você não pegou uma mandíbula canina e fez essas marcas em si mesmo e depois injetou o vírus da raiva nas feridas que por você foram causadas. - Faaps: Mas... No céu tem pão? ... E morreu. Se Deus É, se o SER é eterno, se o primeiro-motor está fora do tempo e não pode ser explicado temporalmente, e se esse SER é a causa de tudo mais, mesmo que você não possa explicá-lo, porque isso sim transcende a capacidade cognitiva humana, você não pode deixar de aceitar que ele existe. Como de fato você, Faaps, no fundo não deixou de aceitar. Porque, pela milésima vez, tentar usar de raciocínios lógicos pra impugnar a validade do que quer que seja, é aceitar implicitamente o princípio da causalidade. O que você está fazendo, basicamente, é dizer que A=/=A porque A=A. Você é tão burro que não percebe isso, e eu tenho que ficar repetindo um trilhão de vezes.
  10. danilorf

    Religião.

    Isso é uma idiotice sem tamanho. Você está distorcendo as palavras da Bíblia pra dizer que a fé é uma coisa diferente da racionalidade. Você não prova a existência de Deus pelo método científico da mesma maneira que você não prova, também pelo método científico, que A=A. Mas A ser igual a A é uma coisa perfeitamente inteligível, lógica e racional, assim como a existência de Deus. Provavelmente, sendo protestante e comunista, você tirou isso da sola scriptura. Você não acredita que a bíblia pode ser interpretada pois ela já contém tudo em si, mas acredita na interpretação da bíblia de que ela não precisa ser interpretada. Uma absurdidade lógica que só um cristão-comunista poderia cometer.
  11. danilorf

    Religião.

    Não seria o irracional quem diz que não aceita um princípio auto-evidente como a=a, mas que argumenta com base na própria premissa que ele diz não acreditar?
  12. danilorf

    Religião.

    Digam, quem é o irracional? Quem aceita que tudo o que É tem origem em uma causa que sempre foi, tal como A=A, 1+1=2 e etc; ou quem se recusa em aceitar uma verdade q se mostra a nós instantaneamente e que não tem escapatória?
  13. danilorf

    Religião.

    Resumo dos argumentos do Faaps até agora: "Olha aqui, eu vou usar de argumentos que dependem que você/eu aceite que há uma causa primeira pra provar que essa causa primeira não existe".
  14. http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/17816?locale=pt_BR " A presente dissertação tem como objetivo fundamental o estudo da relação do PCB e do PCdoB com o MDB-PMDB no processo de distensão política da ditadura militar. Entre as questões estudadas destacam-se o processo de aproximação das agremiações comunistas ao MDB, enfatizando que este processo era reflexo dos limites impostos pelo regime autoritário, dando origem à dupla militância, por parte dos comunistas: legal (MDB-PMDB) e ilegal (PCB e PCdoB). Examinam-se as eleições no RS desde a instauração do bipartidarismo, com especial ênfase às eleições de 1982, que foi a última eleição em que essas três agremiações funcionaram como uma "unidade" partidária. Para tanto, analisa-se a linha tático-estratégica dos comunistas em consonância com o PMDB e as suas aspirações com respeito ao fim do regime, assim como o próprio cotidiano da vida partidária e os reflexos advindos desta dupla militância na dinâmica infrapartidária. Trata-se de um trabalho de reconstituição histórica em que, além das fontes bibliográficas e dos resultados eleitorais, faz-se uso da documentação partidária do período e de entrevistas com militantes partidários sobre as eleições de 1982. " - "Depois dos áudios do Renan terem vazado, olha como o enredo fica interessante: - Eduardo Cunha estava sofrendo um complô de todo mundo para salvar os corruptos. Em breve ele deve ser preso pelo o que roubou, mas foi graças à ele e sua raiva de ter ficado fora do "esquemão" que possibilitou a exposição de todo mundo. - O único golpe que Dilma sofreu foi do Lula, que tinha um acordo com o Renan para governar em um parlamentarismo branco anulando a presidente. - Dilma foi pedir apoio a Globo e Folha de joelhos (mídia golpista, né!?). - Odebrecht vai derrubar a campanha da Dilma e provar que ela NÃO FOI ELEITA DEMOCRATICAMENTE. - A Lava Jato foi a melhor coisa que nos aconteceu, salvou o Brasil da falência e expôs milhares de bandidos. - Lula e Dilma devem ser PRESOS. A vida está cada vez pior para quem apoiou esse governo, hein..."
  15. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, óia os caras... Não se esqueça da figura abaixo, seu invejoso :
  16. danilorf

    Religião.

    O que é engraçado é que mesmo os caras que tentam argumentar, no plano filosófico, que não existe uma causa primeira para a existência de tudo o mais, tentam usar da lógica. Lógica essa que Aristóteles tirou do seu sistema de categorias. E ambos, tanto a lógica quanto o sistema de categorias, tem como pressuposto a existência do primeiro-motor, que é a causa inicial de tudo. Então o simples fato de alguém tentar argumentar logicamente que Deus não existe, já prova que essa pessoa não faz a menor idéia do que ela está falando. Ou então que ela não acredita realmente no que está dizendo. Argumentar logicamente pressupõe que vc aceita como premissa irrefutável de que existe, de fato, um primeiro-motor. Se você quer provar ou não a existência dele, então use outra coisa que não a lógica e a filosofia.
  17. danilorf

    Religião.

    Qualquer imbecil que já tiver ouvido o que é eternidade já mata esse artigo aqui. Eternidade não é um "passado infinito". Eternidade não é uma linha temporal que recua infinitamente para trás, nem que avança infinitamente para frente. A eternidade está fora do tempo. FORA. Não é uma coisa que pode ser medida temporalmente: "Eterno, definia Boécio, é o ser que detém a posse plena e simultânea de todos os seus momentos” "Sentimus experimurque nos aeternos esse”, dizia Spinoza: “Sentimos e experimentamos que somos eternos.” Tal é a mais básica vivência humana, aquela que nos constitui como homens, que nos diferencia dos animais, que estrutura o quadro inteiro da nossa percepção e da nossa linguagem. Tal é o fundamento da possibilidade mesma de existir uma sociedade, uma civilização, uma “história”. Eternidade não é simples duração sem fim. Eterno, definia Boécio, é o ser que detém “a posse plena e simultânea de todos os seus momentos”. Não temos essa posse. Nossos momentos são vividos em sucessão, fugindo irreparavelmente. Não obstante, sabemos que o fogo-fátuo que brilhou um instante na superfície das aparências, desaparecendo em seguida, nunca mais será revogado, nunca mais poderá tornar-se “um nada”. O acontecido não desacontece: passado e esquecido, o que uma vez ingressou no real está inscrito para sempre no registro do ser. Cada momento é, nesse sentido, eterno. Se não tivéssemos uma clara antevisão disso, não haveria consciência de tempo histórico. Se não soubéssemos que para além do horizonte que lembramos há milhões de coisas a ser lembradas, tão reais quanto as que lembramos, não haveria memória humana. Muito menos haveria o sistema dos tempos verbais que, em todas as línguas, organizam as vivências de tempos diversos, passados e futuros, reais e possíveis, em torno de um “não-tempo” que é o presente eterno. Não possuímos a eternidade no nosso ser temporal, mas não poderíamos sequer apreender a temporalidade se nada possuíssemos da eternidade intelectivamente. É uma posse precária, imperfeita. Mas, sem ela, não saberíamos nem mesmo da nossa própria imperfeição e precariedade. Não podemos nem alcançar a eternidade nem pular fora dela. Por isso, dizia Platão, vivemos num território intermediário, num entremundo. Tal é a estrutura essencial da nossa existência e, ao mesmo tempo, a experiência básica na qual essa estrutura se revela: ser homem é viver na tensão entre o tempo e a eternidade; ser homem humanamente é experimentar essa tensão de maneira consciente e saber que ela é inescapável: sentimus experimurque nos aeternos esse . Por isso registros dessa experiência observam-se em todas as épocas, em todas as culturas, sem exceção. Sob uma variedade inesgotável de simbolizações, o senso da eternidade e, em oposição complementar a ele, a consciência da precariedade da sua posse são as mais velhas e infalíveis “constantes do espírito humano”. Não se trata, pois, de uma “doutrina”, de uma “idéia”, de uma “cosmovisão”. Trata-se da realidade básica que símbolos, doutrinas, idéias e cosmovisões expressam de maneiras ilimitadamente variadas, imperfeitas, provisórias. Não é algo que se possa “discutir”. Tudo o que se discute são as expressões. A estrutura da existência está subentendida em tudo o que é humano. Ela institui a forma lógica, lingüística e existencial das disputas, e por isto não é nunca matéria da disputa. Porque toda discussão depende dela, ela não pode ser discutida." http://www.olavodecarvalho.org/semana/06012002globo.htm " Por irritante que seja para seus velhos correligionários evolucionistas e ateus, a "conversão" do filósofo Anthony Flew ao deus de Aristóteles (conversão entre aspas, porque esse deus é um conceito metafísico, e não um objeto de culto) só mostra duas coisas. A primeira é o hábito consagrado, quase um direito adquirido entre os materialistas modernos, de opinar em questões de metafísica sem o necessário conhecimento da filosofia clássica e medieval. Basta um deles fazer uma tentativa séria de estudar o assunto, e suas convicções começam a ceder terreno. Nem o velho determinismo de Darwin nem a mais recente moda do acaso onipotente são compatíveis com uma inteligência filosoficamente madura. São poses adolescentes, incapazes de resistir a um exame crítico. A segunda coisa que o episódio evidencia é a absoluta impossibilidade de colocar o problema da causa primeira em termos de "ciência versus fé", chavão imbecil baseado no desconhecimento radical de toda a tradição filosófica. A fé não tem nada a ver com a questão, e os materialistas só a inserem no debate para encenar no teatro infantil da incultura contemporânea uma luta de fantoches entre o heroizinho iluminista e o dragão do obscurantismo ancestral. Anthony Flew não se converteu. Apenas consentiu em descer de um pedestal de presunçosa ignorância coletiva e confrontar a idolatria do acaso com dois milênios de discussão filosófica. Fez o que Richard Dawkins não tem nem a honestidade nem a capacidade de fazer. O resultado ainda é pobre -Flew apenas reconheceu a necessidade genérica de uma causa primeira-, mas já está infinitamente acima daquela patética metafísica de "nerd" que tantos admiram em Dawkins. Toda tentativa de provar que a vida se formou por acaso, tão logo certos fatores se combinaram nas proporções adequadas para produzi-la, sem que nenhuma causa inteligente os impelisse a tanto, está condenada na base. Quanto mais a afirmam, mais proclamam, sem o perceber ou sem admitir que o percebem, que o composto só adquiriu força geradora de vida graças, justamente, às proporções, à razão matemática entre seus elementos; e que essa proporção, se teve o dom de produzir esse efeito no instante em que os elementos se encontraram -mesmo admitindo-se que se encontraram fortuitamente-, já o possuía desde muito antes desse instante, já o possuía desde toda a eternidade. E basta saber o que significa razão ou proporção -"ratio", "proportio", "eidos", "logos"- para entender que nenhuma proporção pode valer sozinha e isoladamente, fora da ordem matemática integral entre todos os elementos possíveis. Se determinada combinação de elementos pôde gerar determinado efeito, é porque o sistema inteiro das relações e proporções matemáticas que moldavam e determinavam essa possibilidade preexistia eternamente à sua manifestação. No princípio era o "logos", e não há nada que o apelo ao acaso possa fazer contra isso. O mesmo se aplica à origem do cosmos na sua totalidade, muito antes do surgimento da "vida". O mais ínfimo fenômeno de escala subatômica já aparece como realização de uma proporção matemática que o antecede na ordem do tempo e o transcende na ordem ontológica. A Bíblia expõe isso da maneira mais simples, ao dizer que o espírito de Deus pairava sobre as águas. A ordem das possibilidades definidas, ou forma interna da onipotência, prevalece sobre a desordem das possibilidades indefinidas, as quais só podem se manifestar, precisamente, ao sair do indefinido para o definido, ou, em linguagem bíblica, das trevas para a luz. A estrutura interna do primeiro acontecimento cósmico, qualquer que seja ele, é sempre a manifestação de uma forma ou proporção que, como tal, é supratemporal e independente de qualquer acontecimento. Se a causa eficiente que acionou essa passagem e determinou o início do processo cósmico operou, por sua vez, fortuitamente ou segundo a ordem, é questão que já está respondida na sua própria formulação, de vez que a noção mesma de uma conexão de causa e efeito só pode ser concebida como forma lógica definida, portanto como expressão da ordem. Mesmo se quisermos imaginar essa causa como puramente fortuita, a forma interna do nexo causal "in genere" tem de lhe haver preexistido desde sempre, e não pode ser concebida como fortuita, já que é precisamente o contrário disso. Para alegar que não foi assim, seria preciso demonstrar que todas as formas e proporções são caóticas e indiferentes, isto é, que a ordem lógico-matemática não existe de maneira nenhuma, nem no cosmos manifestado, nem como mera estrutura da possibilidade em geral. Porém, depois disso, seria grotesco apelar a instrumentos lógico-matemáticos para provar o que quer que fosse. Para provar até mesmo o império do acaso. Tudo isso é arquievidente, e negá-lo é eliminar qualquer possibilidade de conhecimento científico, mesmo puramente instrumental e convencional." http://www.olavodecarvalho.org/semana/041225fsp.htm " O resto desse ensaio dá tanta preguiça de responder, mas tanta... Já está praticamente tudo refutado nos trechos que eu estou colando do Mário. São loops infinitos que esse cara deixa passar. É querer argumentar que do nada pode surgir alguma, mas pensar o nada como se fosse algo que É alguma coisa, que tem algum atributo. É pensar em Deus como se fosse uma pessoa que está dentro do universo. Rapaz, esse pessoal é amador. Comece a ler gente grande de verdade. Platão e Aristóteles está bom pra começo de conversa.
  18. danilorf

    Religião.

    "— E não será difícil fazê-lo. Ponhamos de lado as razões de ordem histórica e psicológica que levam certa inteligência, um número bem elevado de intelectuais, a se colocarem numa posição que eu preferiria chamar de nihilista, porque na verdade tende para o nada. Há duas maneiras de filosofar: uma positiva e outra negativa. A primeira busca afirmações e coloca positividades, e sobre elas erige o edifício de uma cons-trucção filosófica segura. A segunda posição predica a negação, a ausência de qualquer base suficiente. Mas a verdade é que o negativismo não se sustenta por muito tempo, se lhe fôr feita uma análise mais consentânea. Senão vejamos: a negação tomada em si mesma é nada, absolutamente nada. Se digo não, digo nada. Se digo não isto ou aquilo, nego isto ou aquilo. Tomada em si mesma, pois, a negação é absoluta; é relativa quando é a negação de alguma coisa. Ora o sustentáculo de tudo quanto há, aparece, surge, devem, vem-a-ser, transforma-se, transmuta-se, seja o que fôr, não pode ser uma negação pura e simples, mas somente uma negação de alguma coisa, ou seja em função de alguma coisa. Não é possível que o sustentáculo de tudo quanto há seja negativo, mas positivo. O que sustenta é uma presença, e não uma ausência total. Consequentemente, a afirmação tem de preceder necessariamente à negação; uma afirmação positiva, uma positividade tem de anteceder a tudo. E é a essa positividade que em todos os pensamentos cultos do mundo chamou-se ser. O ser é pois, de qualquer modo, antecedente a tudo; a afirmação antecede necessariamente a negação, e esta não pode ser compreendida sem aquela. Portanto, há um ser de qualquer modo, um SER que não é apenas a sigla de uma companhia de transportes, como já houve um tolo que assim o chamou, mas uma positividade, uma realidade, que antecede na ordem da eminência, na ordem cronológica, na ordem ontológica e na ordem ôntica a qualquer outro aspecto negativo. Nenhuma posição, por mais céptica que seja, poderia negar a realidade de uma afirmação, a afirmação de uma positividade. Pode o céptico negar validez ao conhecimento humano, ou pôr dúvidas sobre o mesmo; ou seja, flutuar seu pensamento, sua mente, sem decidir-se em afirmar com convicção que sabe ou que não sabe. O que, contudo, não pode fazer é afirmar a negação absoluta como fonte e origem de tudo, e terá, de qualquer modo, de partir da afirmação de que há alguma coisa sobre a qual êle desconhece o que seja, como seja, não, porém, que seja. Mesmo um louco, que tal afirmasse, estaria negando as suas palavras apenas em pronunciá-las. Não há negação por parte do nosso espírito, mas apenas a recusa de atribuir-se algo a algo. Não há uma função absolutamente negativa, porque se tal se desse, ela aniquilaria tudo e afirmaria o nada absoluto, o que é absurdo, porque teria de afirmar a ausência total e absoluta de qualquer coisa, o que estaria negado pela própria acção de negar, que afirmaria a acção de recusar. O cepticismo, deste modo, não pode ser absoluto, porque então cairia no mesmo erro em que cai o dogmatismo absoluto. Na discussão que mantive com Josias, comprovou-se que era impossível o cepticismo absoluto, e creio que não há mais necessidade de prosseguir num caminho que já ficou suficientemente esclarecido." Fonte: DOS SANTOS, Mário Ferreira. As filosofias da negação e da afirmação. Págs. 44-46.
  19. Este é o famoso GOY.
  20. danilorf

    Religião.

    Não, por que você é estúpido demais pra discutir um assunto como esse. Isso não é minha opinião, isso é a realidade, e quem descobriu isso foram os gregos, os judeus e toda a civilização ocidental posterior. Já disse e digo de novo, se você quer duvidar da existência de Deus, ignore o método científico, ignore a metafísica, a lógica e o sistema de categorias de aristóteles - coisas que fundamentam a ciência moderna e são elementos a priori a ela -, ignore os ensinamentos de platão; em suma, você vai ter que ser um novo aristóteles/platão, inventar a roda desde o começo e assim provar que algo eterno de fato não existe. Se você acredita na ciência moderna, você TEM que acreditar que há algo eterno. A ciência só é possível existir por isso. E não é porque esse ser é bonzinho ou não. São simples raciocínios lógicos que você conhece por intuição e não pode escapar deles. Se você não percebeu a contradição impossível entre duvidar da existência de Deus usando do método científico como fonte de dúvida, é porque você tem sérios problemas mentais. Agora, já ficou provado nesse tópico que Deus existe, e você não aceita a verdade como prova... Como levar você a sério então? É só um poser querendo pagar de cético e moderadão, falando de coisas que vc nem sabe em profundidade mesmo, tirando aquilo que vc leu na revista nova ou na superinteressante. Nem perco meu tempo mais com vc aqui. Você é burro ou se faz de burro? Eu só repito o que os antigos já disseram. Leia Platão, Aristóteles... Leia a porra do livro do Mário que eu citei nesse tópico. Você acha que isso tudo saiu da minha cabeça do nada? MAIS UMA VEZ: Já disse e digo de novo, se você quer duvidar da existência de Deus, ignore o método científico, ignore a metafísica, a lógica e o sistema de categorias de aristóteles - coisas que fundamentam a ciência moderna e são elementos a priori a ela -, ignore os ensinamentos de platão; em suma, você vai ter que ser um novo aristóteles/platão, inventar a roda desde o começo, inventar algo que não seja ciência e usar esse novo método que não seja o atual método científico pra provar que algo eterno de fato não existe. Se você acredita na ciência moderna, você TEM que acreditar que há algo eterno. A ciência só é possível existir por isso. E não é porque esse ser é bonzinho ou não. São simples raciocínios lógicos que você conhece por intuição e que não pode escapar deles. Se você não percebeu a contradição impossível entre duvidar da existência de Deus usando do método científico como fonte de dúvida, é porque você tem sérios problemas mentais. É como eu dizer que 1+1 = 2. Você, cético como é, provavelmente diria "prove" cientificamente. E eu mandaria você tomar no cu. O conhecimento da existência de Deus se dá da mesma maneira.
  21. danilorf

    Religião.

    Só pra exemplificar o que está no diálogo citado lá em cima: Você tem certeza de que o impossível é tão abstrato quanto o não-ser? Eu nem entendi direito o que você quis dizer com isso, porque o conceito de impossível nada tem de abstrato - é uma coisa que não aconteceu, que não acontece e que não vai acontecer em momento algum. A experiência do nada absoluta é impossível de ser realizada por qualquer ser vivo que for. O nada é nada. Nada não tem conceito porque ele nada é pra ser conceituado. Você tem certeza de que somos uma espécie limitada? Pra você dizer isso você já tem que ter uma certeza prévia. Talvez essa certeza prévia esteja fundada em outra, e em outra, e assim por diante. A última certeza de todas é Deus. E sim, nós realmente somos limitados, mas o conhecimento de que o Logos, ou Deus, ou Ser, ou Ser Supremo, ou Primeiro-motor, ou os inúmeros nomes que deram pra esse fundamento de tudo o mais, nós podemos ter. Usar o conceito ou significado de uma divindade para procurar sanar nossos próprios limites só é "confortante"? Não é um conceito ou significado de divindade, é simplesmente a realidade dos fatos. E se você diz que não acredita nisso você é um liar, porque se não, você duvidaria da sua existência, você duvidaria de que precisa comer, duvidaria que precisa trabalhar pra ganhar dinheiro e tudo o mais.
  22. danilorf

    Religião.

    Rapaz, do que cê tá falando? Enfim, leia a citação do Mário. Se possível, leia o livro. Dá pra achar de graça na internet.
  23. danilorf

    Religião.

    Leia os posts anteriores.
  24. danilorf

    Religião.

    Galera que está lendo esse tópico, não levem este jovem a sério. Esse corrente cética não é coisa nova. E se ele é tão cético assim, é capaz de duvidar que ele mesmo existe. Ele quer ignorar os fundamentos apriorísticos que possibilitam a própria existência das ciências de que ele afirma ser um estudioso, e, no entanto, usar essa mesma ciência como argumento pra duvidar de algo. Se você ignora os fundamentos a priori das ciências, você não pode usar o método científico pra provar ou não a existência de nenhum fenômeno, você usa outra coisa. - Agora, só pra descontrair, vejam que piada é quando um desses céticos tentam debater esse assunto com alguém que entende: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, reparem no golada "turn down for what" do padre no final. Essa galera que lê o CS, RD e etc., acha que Deus é tipo um ET que está dentro do universo, e que ele fica jogando bolinha gude pra determinar a sorte de todo mundo. Deus existe antes do tempo, antes do espaço e antes do universo. O nada absoluto não existe, e o Universo não poderia ter surgido do nada. Isso é IMPOSSÍVEL. E é também uma premissa básica de qualquer campo do conhecimento humano. QUALQUER UM. Se alguém duvida disso simplesmente porque, pelo método científico, não dá explicar o surgimento, a origem e o porquê dessa coisa, simplesmente essa pessoa não está qualificada pra entrar em NENHUMA discussão de qualquer tipo que for. Aristóteles já dizia que você só pode discutir com alguém que aceita a verdade como prova. E a verdade é que, se nós existimos, alguma coisa possibilitou não só a nossa existência, como a de tudo o mais. Cara, pra isso eu teria que explicar o conceito de eternidade e os conceitos relacionados à essa questão, e eu não sei fazer isso muito bem ainda. Vou pedir pro Frango te explicar. Abs.
  25. danilorf

    Religião.

    A bíblia não prova nada. A bíblia só repete aquilo que pode ser provado por uma simples análise metafísica, e que já foi provado por todas as civilizações que existiram no mundo em todas as épocas. Que existe algo que possibilita a existência de tudo o mais. Nada sai do nada. O nada é não-ser, não-sendo, dele nada sai. O ser humano nem mesmo consegue pensar o nada absoluto. Faz a experiência você mesmo. No máximo que você vai conseguir pensar é numa escuridão, talvez uma branquidão, um espaço sem coisas dentro, etc. Mas isso já É algo. A sua própria existência já é uma prova de que há algo que possibilitou a sua existência. Porque você não saiu do nada. - Aproveito pra deixar esse trecho do livro do Mário Ferreira aqui embaixo: Se o Faaps conseguir provar que o MFS está errado, eu dou o toba: "[...] — Ora, Josias, você não negou ao homem um conhecimentodo mundo exterior? Não reduziu todo o seu saber a um ficcionalismo geral, afirmando que o mundo exterior nada mais é que uma imagem torpe de si mesmo, como a imagem desfalecida que as águas paradas dão do rosto de Narciso? — Foi. — Pois então? Temos aí um tema bem interessante, e que pode servir também de pento-de-partida para muitas análises futuras. Trata-se de saber qual o valor do nosso conhecimento. Você estabeleceu uma tese bem dogmática... — Dogmática? — Perguntou Josias com veemência. — Sim, bem dogmática. E' sempre difícil, Josias, que não caiamos no dogmatismo, por mais receio que haja de fazer afirmações decisivas. Mas você cometeu o erro de que acusa os outros: o dogmatismo. — Que dogmatismo, Pitágoras... qual nada! — Suas afirmações foram dogmáticas, Josias. Você deu um dogma, porque você sabe que todo nosso conhecimento é ficcional. Você sabe, sem a menor dúvida, sem vacilações, que o que conhecemos do mundo exterior é apenas uma imagem desfalecida de nós mesmos. O nosso mundo exterior é apenas um reflexo imperfeito de nós mesmos. Foi isso que você disse. E disse com convicção, com veemência, com certeza, como um dogma, como uma verdade pura você indiscutível, e sobre a qual não paira nenhuma dúvida. Josias resmungava alguma coisa. Olhou para todos, e notou que havia na maioria uma aprovação muda às palavras de Pitágoras, embora em Paulsen e Kicardo se notasse um desejo de que respondesse, de modo a evitar a maneira como Pitágoras havia colocado as suas palavras. A pausa de Pitágoras era uma atitude de combatente digno e nobre. Êle dava oportunidade ao adversário para realizar também o seu golpe. Esperava as palavras de Josias: — Já sei o que você quer. Quer colocar-me na posição de haver afirmado uma verdade, de que há alguma coisa que não é ficcional para mim, que seria, nesse caso, a afirmação pura e simples de que tudo quanto o homem constrói é ficcional. — Mas foi você que afirmou isso dogmàticamente. . . — Afirmei de certo modo, apenas. Essa verdade — e sublinhou com asco essa palavra — é apenas uma convicção minha. Eu estou convencido, eu, de que tudo quanto sabemos é ficcional, eu... Não afirmei que fora de mim tudo é ficcional, mas para mim e para o homem geral, o que êle constrói é ficcional. — Mas, caro Josias, por favor, sigamos a linha prometida, e responda-me apenas dentro das nossas normas. Tudo quanto o homem intelectualmente constrói é ficcional ou não? — É. — Então, a sua afirmação de que tudo é ficcional também o é, porque é uma realização intelectual do homem? — Sim, é ficcional também. — Quer, então, afirmar que no mundo exterior ao homem não há ficções, ou que as há? — Deve havê-las, porque não é o homem o único ser inteligente. Os animais também constroem ficções. O mundo do cão é outro que o nosso, é uma coisa feita por êle... — ... uma res ficta... — Seja. E fui bem claro, e todos podem afirmar que não quis fugir ao sentido de minhas palavras: o mundo do homem é o mundo feito pelo homem. E' uma res ficta, para usar suas palavras, o mundo. Quando afirmamos que tudo quanto construímos intelectualmente é uma res ficta, essa nossa afirmação não se exclui da ficcionalidade de nossa mente. — Mas isso então é uma verdade para você. — E' relativamente a mim mesmo. Se é em si mesma, fora de mim, não sei. — Nesse caso, admite que pode haver um erro em sua afirmação dogmática. — Admito. — Que, por exemplo, tudo poderia ser diferente. E esse ficcionalismo ser apenas um erro seu. — Pode ser... — Mas nós gostaríamos de buscar certezas e evidências. E nessa situação em que você se coloca, nada adiantamos. Não seria preferível que nós dois, como bons amigos, e bem fundados em nossas regras, procurássemos juntos uma solução? — Estou pronto a fazer o que me pede. — Aceita que eu tome o papel de interrogante, e garante que me responderá, seguindo fielmente as perguntas? — Pode começar. — Estamos, pois, ante um dilema; ou tudo quanto o homem constrói intelectualmente é ficção, ou nem tudo é ficção. Não é isso? — É. — Se tudo é ficção, todas as suas verdades são apenas ficções. — São ficções. — E a correspondência que tenham com a realidade exterior pode ser de duas maneiras: ou há uma correspondência que tem um fundamento na realidade fora do homem, ou, então, não há nenhuma correspondência. Josias nada respondeu. Aguardava as palavras de Pitágoras, que prosseguiu: — Se tudo quanto o homem constrói intelectualmente fosse puramente ficcional, e não tivesse correspondência em nenhum fundamento exterior à mente humana, essa mente seria, então, alguma coisa absolutamente outra que o mundo exterior. E, nesse caso, como poderíamos saber que o que a mente constrói intelectualmente é absolutamente outra coisa que o que há no meio exterior, sem poder surgir dessa comparação o divórcio total, o abismo entre os dois? Esse abismo afirmaria a impossibilidade da comparação, porque se o mundo exterior ao homem é absolutamente outro que ô que constrói em sua mente, não haveria jamais possibilidade de comparação e, consequentemente, seria também impossível afirmar que há esse absoluto divórcio. Josias meditava. Como Pitágoras fizera uma pausa, viu--se na contingência de falar: — Está certo. Seria impossível. — Naturalmente que o seria. Pois, poderíamos saber que o outro é absolutamente outro, se todo o nosso conhecer é dependente da estruetura e do funcionar de nossa mente, e tudo quanto ela produz é ficcional? Nada podemos nesse sentido afirmar, então. Portanto, a afirmação de que tudo é absolutamente ficcional em nossa mente é uma afirmação dogmática... — Bem, pensando desse modo há certo dogmatismo. — Concedeu Josias. — Mas, o pior é que sabemos que isso não pode ser assim. — Como sabemos? — Sabemos, Josias. E permita que lhe mostre. A nossa afirmação do divórcio absoluto não tem fundamento nenhum, e não poderia haver esse divórcio absoluto, mas apenas poderíamos nos colocar numa posição relativista aqui; ou seja, que as construções mentais nossas são certamente ficcionais de certo modo, mas absolutamente ficcionais não podemos afirmar. — Não podemos afirmar, porque nos é impossível fazer a comparação com a realidade em si das coisas, pois não podemos alcançá-las, uma vez que estamos prisioneiros da estruetura de nossa mente e do seu funcionar. — Muito bem, Josias. Gostei da sua coerência. Você quer evitar a pecha de dogmático, e prefere cair num dualismo anti-nônico e abissal. Há, assim, dois mundos irredutíveis para você: o da nossa mente e o mundo fora da nossa mente. Há duas realidades: a nossa, e a que nos escapa. A que .construímos do que está fora de nós é, pelo menos, relativamente ficcional. Não podemos afirmar que é absolutamente ficcional, porque, para tal afirmarmos, precisaríamos poder compará-las, o que nos é impossível, como disse você. — Mas admito que pode dar-se esse divórcio absoluto, esse abissal de que. você fala. Só que não podemos saber com absoluta certeza. — E bem fundadamente também não. E' o que você aceita. — E' isso. Mas, voltando ao que disse, onde está o meu dualismo de que você falou? — Sem dúvida, há esse dualismo. E podaríamos caracterizá-lo melhor, se você quiser. Vamos examinar bem este ponto. Acompanhe-me, pois, nos seguintes raciocínios: nossos conhecimentos — ficcionais para você — revelam que há uma ordem, uma coerência entre eles, pois, foi-nos possível construir um saber culto, uma ciência, uma matemática. Não é? — Sem dúvida. — E verificamos, ademais, que os factos, que captamos, suecedem com certa obediência a constantes, e a fórmulas gerais, que chamamos comumente de leis. — Sim, leis que construímos. — Sem dúvida, mas que correspondem a invariantes desses factos, que constituem o objeto de nossos conhecimentos. Há regularidades pasmosas, repetições que não podemos negar, e que nos permitem classificar e dar uma ordem ao conjunto dos acontecimentos. — Mas uma ordem também ficcional. — Não tanto ficcional assim, Josias, afirmou, com um sorriso, Pitágoras. Note que aqui já há alguma coisa que se distingue. O conjunto dos factos é caótico; desses factos ficcionais que constituem a matéria bruta do nosso conhecimento e das nossas experiências. Estas se dão numa heterogeneidade fascinante. Mas nós observamos que, em nosso conjunto de ficções, há normas que presidem como invariantes dos mesmos, que nos permitem ordená-los em classificações que são inerentes a outras, e que nos permitem, afinal, dar uma ordem unitária desse mundo ficcional, ordem que constitui a base de toda a nossa ciência, facilitando o fortalecimento do nosso saber culto. Você não pode negar isso. — Não nego. — No meio dessas ficções há uma regularidade impressionante. As ficções-laranj eiras geram sempre ficções-laran-jas, as ficções-sêres-humanos geram ficções-sêres-humanos, as ficções-químicas dão combinações ficcionais-químicas regulares, e assim na física, na matemática, em tudo. . . Não concorda? — Concordo. — Há, assim, uma ordem no mundo ficcional do homem. E o que o homem considera fora de si também oferece a mesma ordem. Quer dizer, as ficções, que constituem os conceitos e juízos do homem, correspondem às ficções que constituem o que parece ser o mundo exterior do homem. Está de acordo? — Estou. — Verifica-se, ademais, que o que constitui o corpo humano é composto de elementos ficcionais-químicos, que correspondem aos elementos ficcionais-químicos que encontramos nas pedras, na terra, nas plantas, no ar. Está de acordo? — Estou. — E acrescentou: — neste ponto, e dentro desse âmbito, estou. — Nesse mundo de ficções, o homem não é um outro absolutamente outro. — Não é. — Desse modo, o seu conhecimento do mundo exterior ficcional não é total e absolutamente divorciado do mundo ficcional mental do homem. Há um parentesco tão grande que se pode afirmar que a natureza ficcional do homem corresponde à natureza ficcional do que lhe parece ser o mundo exterior a êle. — Está certo. — Resta, então, apenas, saber se há um mundo exterior real ao mundo exterior que você afirma ser ficcional. Se não há nenhuma correspondência entre ambos, esse mundo exterior real, e fora da ficcionalidade, é absolutamente outro que o mundo da ficcionalidade do homem. Josias não respondeu. Mas Pitágoras vendo a sua vacilação, prosseguiu: — Como então? Se correspondem, há entre o mundo exterior ficcional e o mundo exterior real uma correspondência e, consequentemente, uma parte que se repete; ou seja, uma parte do mundo ficcional humano é o mesmo que o mundo exterior real. Há, então, alguma verdade no mundo ficcional humano que corresponde à verdade do mundo exterior real. Do contrário, há o divórcio absoluto. Teríamos, nesse caso, duas realidades: a do homem e a que não é o homem. E entre essas duas realidades, nada haveria em comum. Um seria absolutamente outro que o seu oposto. Estaríamos no dualismo. E toda a nossa discussão se deslocaria para saber se realmente é possível tal dualismo. Se é possível haver duas afirmações, duas positividades, duas realidades, sendo cada uma absolutamente diferente da outra. — Está certo. Prossiga. Quero ver até onde vai, para responder depois. — Não concorda você que no mundo ficcional do homem se verifica que todas as coisas têm entre si algo em comum? O homem e o animal ficcionais têm em comum algo na anima-lidade-ficcional, e os animais com as plantas em serem ficcionais seres vivos, e assim por diante. Não encontramos um dualismo absoluto aí. Todas as coisas ficcionais em seu último fundamento, revelam que têm uma origem comum em um ser que pode ser chamado com o nome que quiserem por enquanto, como matéria, ou energia, e a que prefiro dar, por ora, o nome comum de ser. Não vemos nesse mundo ficcional divórcios absolutos. Concorda? — Concordo. — No entanto, no mundo exterior real poder-se-ia dar o mesmo, ou não. Ou seja: que tudo quanto é realmente, também tem algo em comum. Nesse caso, o mundo exterior real teria um ser fundamental, certamente real em si mesmo. — Está certo. — O dualismo, portanto, estaria apenas entre o mundo ficcional do homem e o mundo real, pelo menos. — Pelo menos esse é possível. — Sim, porque se não há esse dualismo absoluto, então o nosso mundo ficcional não seria absolutamente ficcional. Nele haveria alguma coisa que corresponderia fielmente ao outro, não é? — É. — Nesse caso, nós nos encontramos já numa situação bem clara, sem dúvida. Resta-nos saber agora se há realmente esse dualismo, ou não. [...] — Perdoem-me que entre no diálogo. Na verdade, sou apenas um ouvinte. Mas, como tenho a certeza de que a minha opinião é semelhante à de todos os que nos cercam, creio que o tema ficou bem colocado, e o diálogo agora poderia manter-se em base mais segura. Compreendi, assim, o estado da questão: há uma realidade ficcional do homem, e outra realidade fora do homem. Ou são essas duas realidades absolutamente estanques, ou não. Resta saber, pois, se entre elas há uma comunicação, um ponto comum de identificação, ou se são duas paralelas, isto é, se são linhas que jamais se encontram. — Isso mesmo, acquiesceu Pitágoras, com o assentimento de Josias. E' nesse caminho que devem prosseguir agora as nossas buscas. Vou, portanto, tomar outra vez a palavra, seguindo essa ordem, e Josias me responderá. — Prossigamos — aprovou Josias. — Esse mundo ficcional do homem não pode ser um puro nada. E' uma ficção, está certo, mas é alguma coisa e não absolutamente nada, não é? — E'. Mas é uma ficção. — Sim, mas uma ficção é ficção de alguma coisa, é produzida por alguma coisa e não pelo nada. — E' produzida por nós. — Mas nós não seremos, então, puramente nada, mas alguma coisa. — Sim, mas poderíamos ser uma ficção de outra coisa. — Neste caso, essa outra coisa seria alguma coisa e não nada, e a sua ficção, se é nada, é nada de ficção. Ela é alguma coisa de qualquer modo. A ficção é, assim, alguma coisa, uma presença, e não uma absoluta ausência. Concorda? — Não poderia deixar de concordar. — Não sendo a ficção pura e absolutamente nada, é de certo modo um ser. Não sabemos como seja esse ser, mas sabemos que não é um puro nada. — Está certo. — Ora, sabemos em nosso mundo ficcional què o homem nem sempre existiu. Houve uma época em que o homem não era ainda. — E' uma das nossas ficções. — Sem dúvida, dentro da maneira em que nos colocamos, podemos partir dessa afirmativa, a qual nos impede de atribuir o puro nada à ficção. Nosso mundo pode ser ficcional, e nós, outras tantas ficções, mas não puros e absolutos nada e, portanto, ficção de alguma coisa que não é um puro nada. De qualquer forma, já sabemos que há alguma coisa que é, que nos antecede, e que não pode ser mera ficção, porque a ficção é ficção de alguma coisa. Se predicássemos à ficção o ser absolutamente ficção, nós a transformaríamos num puro nada. Concorda? — Não posso deixar de concordar. — Nesse caso, a ficção está a denunciar-nos que há alguma coisa que a sustenta, e que não pode ser mera ficção. Josias respirou fundo e com certa dificuldade. Não respondeu logo. Procurava, sem dúvida, o que responder. Depois de certo esforço, pronunciou estas palavras: — Sim, deve haver uma realidade, mas nós não a conhecemos. — Não a conhecemos frontalmente, concordo. Terá, contudo, de admitir que de certo modo a conhecemos. — Não temos dela uma visão realmente total. — Aceito. Mas sabemos que há, que há realmente, embora não possamos discriminar ainda como ela é em sua realidade, mas sabemos que ela existe realmente, pelo menos. — Sabemos... — essas sílabas saíram como que balbuciadas. — Neste caso, há certamente uma realidade que não é ficcional, e que é absolutamente real. E essa realidade é que sustenta a realidade ficcional do homem e das suas ficções. Discorda do que afirmo? — Bem. .., em última análise, deve haver uma realidade, assim como você diz. Senão, eu teria de afirmar a absoluta ficcionalidade de tudo. — E esse outro mundo exterior real, será ficcional também ? — Talvez seja a ficção de um outro ser. — Então teríamos que admitir que a realidade desse mundo exterior, que é outra que a nossa realidade ficcional, também se fundamenta em alguma coisa que tem de ser real, porque se todas as ficções fossem ficções, toda a série seria absolutamente nada, o que seria absurdo. Portanto, temos de admitir que todos os mundos ficcionais, que podemos admitir como possíveis, têm de se fundamentar, em última análise, em alguma coisa que é, e que é realmente, e não ficcionalmente. — Tenho de concordar. — E tem de concordar ainda mais que esse sustentáculo de todos os universos ficcionais possíveis é absolutamente real, e sem mescla de ficcionalidade nenhuma, porque qualquer ficcionalidade que haja, sustenta-se numa realidade última. Não concorda ? Josias não respondeu logo. Temia responder, e meditava. Pitágoras, com energia, prosseguiu: E' nosso dever, sem dúvida — acrescentou Pitágoras, corroborando as palavras de Ricardo —, e nosso dever ainda procurar esse elo comum. E, depois de achá-lo, poderemos cimentar um conjunto de normas, que nos favorecerão uma análise mais longa. Não acham? Todos concordaram. E Pitágoras, então, disse: — Pois, ponhamo-nos a caminho para buscar esse elo co-cum, e veremos o que vai surgir disso tudo. — Vamos, exclamaram Paulsen e Ricardo, com o apoio de todos, menos de Josias, que permanecia calado, aparentando indiferença, mas que, na verdade, reconhecia haver razão em tudo aquilo; senão, segundo seu temperamento, teria manifestado uma oposição decidida." Fonte: DOS SANTOS, Mário Ferreira. Filosofias da afirmação e da negação. Págs. 25 - 38.
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