http://www.crfpa.org.br/Noticias/JANEIRO2009/1901not1527.htm
::. 1 em cada 4 suplementos tem anabolizante
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde revela que um em cada quatro suplementos vendidos para praticantes de atividades físicas tem em sua composição substâncias anabolizantes não declaradas no rótulo. A análise foi concluída em dezembro do ano passado pelo Instituto Adolfo Lutz, e teve como base 111 amostras apreendidas pela polícia e pela vigilância sanitária na capital e na cidade de Araraquara.
Entre os produtos, 5,4% eram de fabricação nacional, 9% eram importados e 85,6% não apresentavam informação de procedência. A maioria - 41% - era de apresentações em cápsulas, 33% eram em comprimidos e 16%, em pó. Nas amostras foram encontrados sais de testosterona e outros esteroides não identificados. As marcas não foram divulgadas.
A legislação brasileira que regulamenta esse tipo de produto proíbe a presença de estimulantes, hormônios e outras substâncias consideradas como doping pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
"A presença de anabolizantes nunca aparece no rótulo, a não ser que seja um produto importado, pois nos Estados Unidos a legislação permite a presença de pró-hormônios (precursores de testosterona, ou seja, substâncias que aumentam a produção desse hormônio no organismo). Então, é melhor não se basear no rótulo. A maioria traz algo camuflado", alerta a pesquisadora do Adolfo Lutz Maria Regina Walter Koschtschak.
Depressão
O simples consumo de proteínas, carboidratos e sais minerais, afirma Maria Regina, não promove o crescimento da massa muscular como anunciam muitos produtos do gênero. "Se existe alguma promessa desse tipo é porque existe alguma substância para promover esse aumento. É preciso ficar atento à propaganda", diz.
Alguns indícios podem acender o sinal de alerta para aqueles que consomem suplementos nutricionais. "O aumento da agressividade, a flutuação repentina do humor e até estados depressivos ou de paranoia podem ser percebidos", diz Maria Regina. "Se a pessoa notar esses sintomas e estiver consumindo algum suplemento, seria conveniente ir ao médico para fazer uma dosagem hormonal e encaminhar uma amostra do produto para a vigilância sanitária local."
Há ainda outros efeitos colaterais que podem ser percebidos no longo prazo, como aumento do colesterol, hipertensão arterial, acne, queda de cabelo e enfarte do miocárdio. Nos homens, os esteroides podem causar redução da produção hormonal, aumento das mamas, câncer de próstata, atrofia testicular e impotência. Nas mulheres, irregularidades menstruais, alargamento das cordas vocais, aparecimento de pelos, atrofia mamária e hipertrofia clitoriana.
Consumo consciente
Mesmo os suplementos que estão de acordo com a legislação não são inócuos e não devem ser tomados sem orientação adequada. Aqueles com grande teor de proteínas, por exemplo, podem causar problemas renais se tomados em quantidade incorreta. A dosagem varia de pessoa para pessoa.
"A maioria dos frequentadores de academia começa a tomar suplementos por indicação de amigos ou do instrutor ou do vendedor da loja de suplementos", conta o personal trainer Felipe Belli, formado em Educação Física e pós-graduado em nutrição esportiva.
"Mas o único profissional que pode recomendar esse tipo de produto é o nutricionista. Antes é preciso avaliar a necessidade de cada um e, se necessário, fazer exames de sangue", diz.
Belli também é consumidor de suplementos nutricionais e conta que toma entre uma aula e outra, quando não tem tempo de se alimentar de forma adequada. "Mas já li vários artigos que relatam a presença de anabolizantes nesses produtos. É preciso ficar atento."
Fonte: O Estadão