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Autor MRJP*

Os receptores androgênicos/AR ou receptores esteróides, são proteínas grandes e solúveis localizadas no citoplasma da celúla alvo. Eles existem em grande quantidade (cerca de 2.000 a 100.000 receptores) e são altamente específicos, de modo que essa especificidade determina o tipo de hormônio que irá atuar sobre um tecido específico(1).

Os hormônios esteróides são substâncias lipossolúveis e isso permite sua rápida difusão pela membrana plasmática, propiciando sua ligação aos receptores. O complexo hormônio-receptore, transloca-se para o núcleo celular e fixa a sítios específicos da cromatina/DNA. A consequencia dessa ativação é a transcrição gênica, com a consequente produção de proteínas. A resposta do tecido ao estímulo hormonal é resultado da ação destas proteínas. Logo, esse complexo tem sua ação ao nível da expressão gênica, alterando a velocidade de trasncrição de determinados genes(2). Conceitos modernos de genética chamam esse complexo de enhancer, que se liga ao sítio GRE do DNA (sítio promotor) e provoca um boost nas ações.

Exemplo da ação dos hormônios esteróides

Atualmente é muito comum ouvir-se dizer que os esteróides saturam os AR, ou que determinado fármaco limpa os receptores. Isso é um conceito muito errado. O número de receptores na célula-alvo não permanece constante de um dia para o outro, nem mesmo de minuto após minuto. As própria proteínas receptoras são frequentemente inativadas, ou destruídas, durante o desempenho de sua função, e outras vezes são reativadas, ou ocorre produção de novas proteínas pelo mecanismo de síntese protéica da célula(1).

Estrutura do receptor androgênico

A fisiologia do AR ainda é muito controversa. Apesar de sua expressão ja ter sido reportada nas células e extratos da musculatura esquelética(3)(4)(5)(6)(7), não se sabe qual tipo de célula ou células da musculatura esquelética expressam AR e são alvos da ação androgênica. Recentemente demonstrou-se que os androgênios promovem a diferenciação de uma linhagem de células mesenquimais pluripotentes em uma linhagem miogênica e inibe a diferenciação em uma linhagem adipogênica. A utilização de um antagonista do AR bloqueou esses efeitos da testosterona o que indica que eles são mediados pelos AR(8). Essas observações nôs permitem propor que os ARs podem ser expressos em células mesenquimais precurssoras, na musculatura esquelética. Essa hipótese propõe que as células satélites e outras células precurssoras CD34+, na musculatura esquelética, são capazes de se diferenciarem em linhas miogênicas e expressar a proteína AR.

Seis homens, jovens e saudáveis de 19-35 anos que apresentam níveis séricos de testosterona normal (22.8+-3.4 nmol/l) e estão realizando uma suplementação de testosterona foram submetidos a uma biópsia percutânea do músculo vasto lateral (usado para a localização do AR). Os pacientes foram submetidos a um tratamento com um agonista de longa ação do GnRH e 600mg de enantato de testosterona semanalmente por vinte semanas. Esse é o plano de fundo para se analizar os efeitos dos andrógenos na expressão e distibuição dos ARs.

Os níveis séricos de testosterona, após esse tratamento, subiram para 83.9+-14.8 nmol/l(9).

Através de diversos métodos de estudo, foram dosadas (antes e após o tratamento) a quantidade de células satélites e mionuclei que eram AR+, os resultados foram:

-Percentual de mionuclei que eram AR+: 51.0+-7.1 (início) - 78.3+-3.4 (final)

-Percentual de células satélites que eram AR+: 89.4+-5.1 (início) - 96.4+-1.8 (final)

A, Células satélites musculares, localizadas dentro da lâmina basal e fora do sarcolema, são mostradas pelas setas superiores (expressam AR). A seta inferior mostra o mionúcleolo, localizado dentro do sarcolema (expressam AR). A seta verde indica um mionucleolo que não expressa AR. B, Célula fora da fibra muscular, que expressa a proteína AR, é mostrada pelas setas. A seta verde indica uma célula satélite que não expressa AR.

Todas figuras centrais (em vermelho) indicam células expressando o AR. A-1, células satélites ; A-2, células mesenquimais precurssoras ; B, células endoteliais ; C, células da musculatura lisa ; D, fibroblastos no interstício.

Uma substância chamada immunogold tem uma grande afinidade pelo AR, ligando-se a ele. Ela foi aplicada nas amostras dos pacientes estudados. Seu número nos da idéia da quantidade de AR.

-Células satélites: 248+-29 (início) - 430+-41 (final)

-Mionucléolo: 309+-23 (início) - 493+-38 (final)

-Citoplasma da fibra muscular: 197+-32 (início) - 213+-25 (final)

A, negativo para o teste ; B, as setas indicam as particulas de immunogold/AR nas células satélites do vasto lateral no início do tratamento ; C, as setas indicam as partículas de immunogold/AR nas células satélites do vasto lateral no final do tratamento

A, a seta indica as particulas de immunogold/AR no mionucléolo do vasto lateral no início do tratamento ; B, a seta indica as partículas de immunogold/AR no mionucléolo do vasto lateral no final do tratamento ; C, a seta indica uma agregação de immunogold/AR no nucléolo

A, agregação de immunogold/AR nas superfície dos grânulos de secreção dos mastócitos (localizadas entre capilares, no tecido conectivo) ; B, grande agregação nos grânulos de secreção

A, Western Blot da proteína do AR e do GAPDH em extrato de células satélites enriquecidas, no controle, após tratamento com 100 nm de testosterona (T-100) e 30 nm de DHT (DHT-30) ; B, níveis de AR mRNA do mRNA total das células satélites extraídas da musculatura esquelética no controle, após tratamento com 100 nm de testosterona (T-100) e 30 nm de DHT (DHT-30)

Como pode-se ver, o tratamento das células musculares esqueléticas em cultura com testosterona elevou 2/3 vezes os níveis de expressão de AR em relação ao controle.

Pode-se concluir então que a expressão da proteína do AR acontece em diferentes tipos de célula (com predominância das células satélites e mionuclei). O tratamento células satélites humanas com testosterona e DHT é associado com um aumento da proteína do AR e da expressão do mRNA. Similarmente, a administração de doses suprafisiológicas de enantato de testosterona em homens jovens e saudáveis foi associada a um aumento da agregação da proteína do AR no núcleo. A intensidade de expressão do AR varia de acordo com o grupo muscular. Em geral, grupos com maior resposta androgênica, como o trapézio, expressão uma maior quantidade de AR em relação a grupos de resposta menor, como o gastrocnêmio. A expressão do AR diminui após a castração e sofre um up-regulation pela administração de andrógenos(10)(11)(12). Além disso pode-se concluir, por esse artigo, que devido a testosterona modular a diferenciação das células mesenquimais pluripotentes ela consegue promover ganho de massa e perda de gordura(13). Além disso a distribuição do AR nos mastócitos pode explicar um novo modelo de hipertrofia. Essas células são responsáveis por reações imunes, inflamatórias e estimulam a proliferação celular local; essas reações dos mastócitos podem ser importantes para o reparo e remodelamento do músculo esquelético em resposta a lesão causa pelo estímulo da musculação.

Pode-se concluir então que a idéia de saturação de receptores como desculpa para ganhos estabilizados é completamente errada. Testosterona e DHT causaram um up-regulation da expressão de AR in vitro e in vivo.

NA.: up-regulation é um conceito que consiste na regulação para cima sobre os receptores; isto é, o hormônio estimulante induz a formação de mais moléculas receptoras do que o normal pelo mecanismo de síntese protéica da célula alvo. Quando isso ocorre, o tecido-alvo torna-se progressivamente mais sensível aos efeitos estimulantes do hormônio.

postado por:rdov6

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Postado
Muito bom esse texto.

Acordou empolgado hoje em chacall!!! hehehe

é q eq encomendei meu no shotgun v3 c/Guilsilva

aí to me animando kkkkkk,eu tava off de suplementos

e agora vo dar uma agitada kkkkkkkkkk

qdo acho algo meio diferente e +completo eu posto

bons treinos mano

  • 2 semanas depois...
Postado

"transloca-se para o núcleo celular e fixa a sítios específicos da cromatina/DNA"

Por isso digo: Tomou alguma coisinha, não pode ser considerado limpo!!! hehe

Esse é um dos maiores perigos dos AE q a galera não considera direito (é o q me faz pensar em não utilizar), os Hormônio não atua apenas nas células musculares...Daí pode aparecer merdas de anos como insuficiência cardíaca (coração "cresce pra dentro"), câncer, derrame...Ninguém vai associar com o uso de AE na adolescência...

A ausência de pesquisas (em número considerável ou a divulgação) é fogo!!!

  • 3 semanas depois...

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