Queda de cabelo é um efeito colateral relativamente comum do uso de esteroides anabolizantes, mas costuma ser um problema principalmente para aqueles predispostos ao problema.
Calvície ou alopécia androgenética, é uma condição que resulta na perda gradual do cabelo e é definida principalmente por questões genéticas.
Isto costuma ocorrer quando um indivíduo possui mais receptores androgênicos no couro cabeludo e/ou possui receptores mais sensíveis.
Qualquer hormônio anabólico androgênico pode se ligar nestes receptores, mas a dihidrotestosterona (DHT) tem preferência por ter mais afinidade superior.
É como se o seu receptor androgênico tivesse uma fila preferencial que pode ser usada diretamente pelo DHT se ele estiver disponível.
Quando a DHT chega até o couro cabeludo, ela pode diminuir a fase de crescimento do folículo gradualmente até sua redução completa, causando a perda de cabelo.
Como esteroides anabolizantes podem aumentar a quantidade de DHT ou de hormônios androgênicos, fica óbvio como a queda de cabelo pode ocorrer.
A questão real, e o que a maioria das pessoas estão interessadas, é se isso pode ser evitado de alguma forma. É o que veremos neste texto.
É possível evitar perda de cabelo ao usar esteroides anabolizantes?
Se você entendeu as entrelinhas, esteroides anabolizantes não causam queda de cabelo sozinhos: você precisa ser predisposto ao problema.
A perda de cabelo ocorre quando DHT ou outro hormônio consegue se ligar aos receptores do couro cabeludo e se você tem uma disponibilidade maior de receptores neste lugar, então a perda de cabelo ocorrerá.
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Com isto dito, evitar queda de cabelo durante o uso de esteroides anabolizantes se você é predisposto, é algo improvável. Você pode perder mais ou menos cabelo, mas alguma perda sempre é esperada.
Não é possível obter os benefícios dos hormônios anabólicos e esperar que eles atuem somente em alguns receptores.
Como evitar a perda de cabelo durante ciclos – realisticamente
Abaixo veremos algumas medidas que podem ajudar a amenizar o problema na tentativa de evitar maior queda de cabelo, mas quão efetivas elas serão, isso poderá depender de outros fatores, com sua genética sendo o principal.
1 – Optar por hormônios menos propensos a causar queda de cabelo
Alguns esteroides anabolizantes como a nandrolona (deca-durabolin), oxandrolona e boldenona, não são derivados e não se convertem em DHT, ao menos não em uma forma que o corpo possa usar de forma eficiente.
Uso destes hormônios pode diminuir a queda de cabelo, mas é válido lembrar que qualquer esteroide anabolizante tem um potencial para causar alguma queda de cabelo por conseguir ligar-se aos receptores androgênicos (mesmo não sendo DHT ou derivado).
Por exemplo, a trembolona, mesmo não sendo convertida em DHT, pode causar queda de cabelo em pessoas predispostas, por ter muita afinidade com os receptores androgênicos.
2 – Reduzir a dosagem
Absolutamente todos os efeitos colaterais dos esteroides anabolizante são dose-dependentes. Ou seja, quanto maior a dose, maior tende a ser a incidência e o grau dos efeitos adversos.
E o oposto também é verdadeiro, o que vale para a perda de cabelo: menos hormônios, menos DHT ou hormônios anabólicos se ligando aos receptores do couro cabeludo, e menos perda de cabelo.
Portanto uma pessoa com pouca predisposição a perder cabelo, poderá se esquivar do efeito colateral apenas usando menos hormônios.
Isto aliado a escolha estratégica dos hormônios, pode fazer uma grande diferença.
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3 – Evitar uso prolongado
De forma simplista, quanto mais tempo o seu couro cabeludo é exposto aos hormônios anabólicos, mais tempo o ciclo de crescimento será afetado, até a perda definitiva do fólico capilar.
Evitar uso prolongado de esteroides anabolizantes pode ser uma medida eficiente para obter os benefícios esperados e parar antes que a perda de cabelo comece e, com sorte, o ciclo de crescimento volte ao normal.
Mas, como sempre, as coisas não são tão simples: não existe um tempo específico, uma regra escrita em pedra, que dita quanto tempo você pode usar hormônios antes que a perda de cabelo comece.
Cada pessoa responde de uma maneira diferente e muitas vezes vezes isto só será descoberto através de tentativa e erro.
4 – Finasterida e Durasterida
Estes dois medicamentos são capazes de inibir a enzima 5-alfa-redutase que é responsável por converter testosterona em DHT, logo, poderá impedir a queda de cabelo.
Alias, inibidores da enzima 5-alfa-redutase são vistos como os tratamentos mais efetivos para calvície e com maior taxa de sucesso para a maioria das pessoas.
Mas, existem ressalvas. Três para ser mais específico:
- Não funcionam do dia para a noite, você precisa estar em tratamento há meses antes de usar esteroides para ter algum tipo de proteção. De acordo com a bula, o efeito esperado ocorrem dentro de 6 (seis!) meses para mais.
- Inibem a enzima que transforma testosterona em DHT, mas não impedem a ação de hormônios que já são derivados do DHT (que não dependem da conversão) e não impedem que anabolizantes altamente androgênicos se liguem aos receptores do couro cabeludo, como o caso da trembolona e outros.
- O efeito destes medicamentos é sistêmico e não se limita ao couro cabeludo. Basicamente, você inibe a conversão no seu corpo inteiro e isso nem sempre é interessante já que DHT é mais potente que a própria testosterona.
Em resumo, estes medicamentos funcionam muito bem para prevenir queda de cabelo quando há uso de testosterona, impedindo a conversão dela em DHT, mas seu uso é limitado quando há esteroides anabolizantes envolvidos.
5 – Minoxidil
Minoxidil é uma substância tópica, geralmente na forma de shampoo, usada diretamente no cabelo para impedir a queda.
Os mecanismos envolvidos no funcionamento do minoxidil não são amplamente conhecidos pela ciência, mas sabemos que ele não inibi a ação do DHT.
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Ele parece alterar a dilatação dos vasos sanguíneos promovendo a circulação sanguínea na região e, consequentemente, fazendo com que os nutrientes que prologam a fase de crescimento do cabelo cheguem onde devem.
A eficácia do minoxidil pode mudar dependendo do indivíduo e os efeitos tendem a desaparecer se o uso do medicamento for interrompido.
Conclusão – É possível impedir queda de cabelo ao usar esteroides?
Se você não tem predisposição a calvície, queda de cabelo causada por esteroides não costuma ser um efeito colateral relevante.
Por isso você pode encontrar fisiculturistas profissionais, com décadas usando hormônios, que não apresentam perda de cabelo.
Por outro lado, se você tem alguma predisposição, é impossível minimizar ou evitar completamente, principalmente tomando cuidado com quais esteroides anabolizantes serão usados, assim como a dosagem e tempo de uso.
Por fim, se você realmente tem predisposição, perda de cabelo será basicamente inevitável. Apenas não é possível quantificar a perda.
Algumas pessoas poderão perder muito cabelo já no primeiro uso, enquanto outras demorarão bastante tempo, e uso recorrente, para que a perda se torne notável.
A questão é entender e aceitar que evitar totalmente a perda de cabelo durante uso de hormônios, tendo predisposição, é algo improvável. Mesmo adotando o lado mais otimista, alguma perda sempre ocorrerá.
Tenha em mente que a esmagadora maioria de pessoas com calvície no mundo, provavelmente nunca chegou perto de um esteroide anabolizante.
Nestas pessoas, por questões genéticas, somente a conversão natural da testosterona em DHT já é suficiente para causar perda, mesmo, em alguns casos, tomando todas as medidas preventivas.
Agora, imagine um cenário, onde pode haver até 10 vezes mais DHT do que o normal (durante uso de hormônios) e esperar que não haja perda de cabelo em pessoas predispostas. É algo irreal.
No fim, muitas pessoas usam esteroides mesmo com predisposição e apenas aceitam o risco e veem a perda de cabelo como algo inevitável. Ou seja, a intenção delas é apenas acelerar um processo que em tese aconteceria de qualquer forma.