A dieta na era de ouro do fisiculturismo (anos 60 e 70) não tinha restrições alimentares drásticas, não havia contagem de macros, calorias ou qualquer coisa do gênero, mas trazia grande resultados para os atletas da época.
Sim, eu sei, eu sei… Esteroides anabolizantes. Sem hipocrisia, havia uso de esteroides naquela época.
Porém todas as referências sobre o assunto sugerem que a disponibilidade, variedade e doses eram menores quando comparados à atualidade.
Além disso, você pode fazer o treino mais pesado do mundo (e usar drogas), porém sem os nutrientes necessários para reparar os dados causados nas fibras, não há crescimento.
Por isso a dieta da era de ouro é um assunto tão intrigante.
Infelizmente, não há muitas referências sobre como exatamente os fisiculturistas comiam naquela época (como se fosse uma lista precisa).
As principais informações sobre o assunto vem de um cara chamado Ric Drasin que competia e treinava ao lado de Arnold.
Também há relatos de Tom Platz, que posta ativamente em alguns sites até hoje (2020).
Como era a dieta dos fisiculturistas old school
De acordo com Ric, nos anos 60-70, ao contrário do que muitas pessoas acham, já haviam suplementos alimentares – até mesmo proteína em pó.
E os fisiculturistas tomam suplementos desde o momento que foi possível tomá-los.
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Porém as escolhas eram tão escassas como eram ruins.
As proteínas em pó eram de fontes vegetais, com poucos aminoácidos e, de acordo com Ric, tinham um gosto horripilante.
Se não eram essas proteínas em pó, você tinha fígado dissecado em cápsulas. Muitos fisiculturistas tomavam pílulas e mais pílulas desse suplemento, mas ninguém sabia se isso estava tendo algum efeito positivo ou negativo.
Também havia algumas vitaminas e minerais, todavia, suplementação era apenas isso.
A maioria das refeições era com comida de verdade, principalmente carne vermelha, ovos e queijo.
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Siga-nos no InstagramO frango, ao contrário de hoje, vinha sempre em segundo lugar.
Um café da manhã padrão na era de ouro do fisiculturismo era sempre um hambúrguer caseiros de carne vermelha, com ovos inteiros e queijo cottage.
No almoço era comum fazer refeições com frango ou peru. Mas não estamos falando do peito de frango e sim todas as partes, principalmente as gordurosas.
Atum era a única fonte de proteína vinda de peixes naquela época, por ser barata. Porém não era algo rotineiro.
De acordo com o próprio Ric e outras fontes, peixe “não matava a fome”, provavelmente por ser uma fonte de proteína sem gorduras e era usado apenas em fases de pré-competição.
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Por mera curiosidade, simplesmente não há menções de fisiculturistas usando salmão na dieta, talvez pelo preço ou disponibilidade.
Fisiculturistas nos anos 60 e 70 não tinham como “bancar” uma dieta cara e a maioria deles, até mesmo os do topo, tinham que trabalhar em um segundo emprego para se sustentar.
Já no café da tarde era como se fosse um novo café da manhã – a maioria gostava de fazer omeletes usando ovos inteiros e queijo cottage.
No jantar era proteína com muita gordura de novo.
Basicamente, a dieta de um fisiculturista na era old school tinha muita proteína e gordura, enquanto fornecia pouco carboidratos.
Então na era old school a dieta da vez era low carb ?
Não necessariamente.
Não há menções significativas a respeito de alimentos como arroz integral, batata doce, aveia ou qualquer carboidrato comum, porque eles simplesmente eram evitados, ao menos o consumo excessivo deles.
Em uma entrevista, Tom Platz dizia o seguinte sobre isso:
Nos anos 70, os fisiculturistas não gostavam de carboidratos. Caras como Larry Scott, Bill Pearl e Reg Park comiam de tudo, incluindo laticínios, porém nada de açúcares ou carboidratos.
Uma vez, em um guest-pose na Florida, vi Larry Scott comendo creme de nata pura antes de subir no palco.
Todos os fisiculturistas da costa oeste [leia-se California] comiam muita carne, ovos e laticínios, mas fugiam de açúcar e carboidratos.
E essa abordagem funcionava muito bem para eles.
Porem isso não era uma regra escrita em pedra como provou o próprio Tom Platz.
Platz decidiu experimentar com o próprio corpo e começou a usar uma ingestão maior de carboidratos:
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Para o Mr. Olympia de 1980, em Sidnei, eu resolvi mudar a abordagem de low carb para “high” carb e comer 300g de carboidratos por dia.
Meu condicionamento nunca esteve melhor como nesse evento. Foi perceptível o papel dos carboidratos nessa preparação.
Mas conforme eu continuava usando essa quantidade de carboidratos, meu corpo se acostumou e eu comecei a ter resultados piores, logo tive que voltar ao low carb e usar mais carboidratos somente estrategicamente.
Bom, Tom Platz dizia estar consumindo 300g de carboidratos, que apesar de ser uma quantidade alta, não é alta para os dias atuais.
Jay Cutler ingeria 1000g de carboidratos por dia, apenas como comparação.
Outra coisa interessante é ele dizer que teve de alternar para low carb novamente, como se fosse uma espécie de dieta cíclica, muito usada hoje em dia.
Voltando ao escopo central do texto, também não há menções a respeito de horário e números de refeições exatos, o que nos dá a ideia de que os fisiculturistas da era old school não eram tão restritivos a respeito disso.
A maioria parecia comer como uma pessoa comum fazendo café da manhã, almoço, café da tarde e janta, totalizando quatro refeições espaçadas durante o dia, sem táticas de jejum ou algo do tipo.
As refeições eram compostas principalmente de proteínas e gorduras de origem animal.
O que mudava era principalmente as quantidades dos alimentos.
Ric Drasin também menciona que a “dieta” era seguida seis dias na semana com um dia de folga, geralmente no domingo.
Neste dia fisiculturistas poderiam comer de tudo e em qualquer quantidade, o que incluía sorvetes e doces.
Ao meu ver, esse “cheat day” deles sugere que a exclusão dos carboidratos em favor das gorduras nos outros dias da semana não era uma coincidência.
Eles definitivamente gostavam de alimentos ricos em açúcares ou carboidratos, mas restringiam o possível como uma manobra específica.
Abaixo segue um exemplo genérico de refeições usadas em uma dieta na era de ouro do fisiculturismo:
No café da manhã:
- omelete com queijo
- apenas queijo cottage
- ovos mexidos
- hambúrguer caseiro
No almoço:
- frango
- atum
- ovos inteiros
- queijo cottage
- salada mista
No café da tarde:
- omelete com queijo cottage
Na janta:
- bife de carne vermelha com ovos