×

Enantato de testosterona: para que serve, ciclo e efeitos colaterais

O enantato de testosterona é um esteroide anabolizante injetável, conhecido por sua ação prolongada no organismo, sendo uma das formas mais utilizadas de testosterona por combinar eficácia anabólica com uma liberação gradual e estável do hormônio.

Aviso: Este conteúdo é apenas informativo e não deve ser considerado como orientação ou encorajamento ao uso de esteroides anabolizantes. O uso dessas substâncias envolve riscos à saúde e deve ser feito somente com acompanhamento médico adequado e em situações clínicas específicas.

O que é e para que serve o enantato de testosterona?

O enantato da testosterona é um esteroide anabolizante injetável, no qual a molécula de testosterona está ligada a um éster chamado enantato.

Isso faz com que essa forma de testosterona tenha uma ação prolongada do hormônio, o que significa que o usuário precisa aplicar apenas uma ou duas vezes por semana para manter níveis relativamente estáveis no organismo.

Existem várias versões esterificadas de testosterona (propionato, cipionato, undecanoato etc.), mas isso não muda seu papel como o principal hormônio responsável pelo desenvolvimento e manutenção das características sexuais secundárias masculinas.

Por isso, seu principal uso clínico é para reposição hormonal em homens com hipogonadismo.

No contexto da musculação e fisiculturismo, por ser altamente anabólica e androgênica, a testosterona aumenta a capacidade de construir massa muscular e força quando utilizada em doses acima do natural.

Quando alguém usa testosterona suficiente para atingir níveis acima do normal, haverá mais retenção de nitrogênio nos músculos, permitindo que os tecidos musculares armazenem mais proteína — essencial para a reparação e crescimento muscular.

Ela também possui a capacidade de ligar-se aos receptores androgênicos, o que sinaliza vários processos que envolvem crescimento muscular.

Assim como a maioria dos esteroides anabolizantes, a testosterona — independentemente do éster — também aumenta a produção de glóbulos vermelhos.

Com mais células transportando oxigênio no sangue (com mais glóbulos vermelhos), a resistência e o condicionamento aumentam, assim como a capacidade de recuperação.

Entre outros efeitos anabólicos, a testosterona também estimula a produção de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina) e reduz a ação de hormônios catabólicos.

Como costuma ser um ciclo de enantato de testosterona?

Apesar de possuir um éster que deixa a absorção da testosterona bastante lenta, o enantato costuma ser aplicado semanalmente quando o objetivo é ganho muscular.

Para fins estéticos ou de melhora de performance, a dose pode variar bastante, mas os relatos mais comuns são com doses de 200 a 600 mg, geralmente em ciclos que duram de 6 a 12 semanas.

Essa faixa de dosagem e duração parece ser suficiente para a maioria das pessoas perceber ganhos notáveis em massa muscular e força.

Efeitos colaterais do enantato de testosterona

Os principais efeitos colaterais relacionados ao uso de enantato de testosterona são:

  • Ginecomastia
  • Aumento na porcentagem de hematócrito no sangue
  • Aumento na pressão arterial
  • Alterações nos níveis de lipídeos no sangue
  • Acne
  • Queda de cabelo
  • Virilização em mulheres
  • Supressão da produção natural de testosterona

Vale lembrar que esses efeitos colaterais estão principalmente relacionados ao uso visando mudanças estéticas, em dosagens que elevam a testosterona a níveis acima dos naturais.

A seguir, veremos por que a testosterona pode causar cada um dos efeitos adversos citados.

Ginecomastia

Apesar de ser um hormônio masculino, a testosterona pode ser convertida em estrogênio que, explicando de maneira simplista, pode estimular o crescimento das mamas masculinas.

Basicamente, se há um excesso de testosterona, também poderá haver um excesso de estrogênio, causando o problema em pessoas predispostas.

Aumento na porcentagem de hematócrito no sangue

A testosterona estimula a produção de eritropoetina, um hormônio que ordena à medula óssea o aumento na fabricação de glóbulos vermelhos.

Em contrapartida, esse crescimento eleva o hematócrito, que representa a proporção de células vermelhas no volume total de sangue.

Quando isso acontece de forma exagerada, o sangue se torna mais denso e espesso, dificultando a circulação e forçando o coração, o que pode aumentar a incidência de problemas cardiovasculares.

Aumento na pressão arterial

O uso de testosterona acima do natural pode alterar como o organismo administra certos minerais importantes, como o sódio, um elemento que atrai água e pode causar retenção de líquidos.

No entanto, isso não ocorre apenas nos tecidos do corpo, mas no sangue também, o que pode aumentar a pressão sanguínea.

Alterações nos níveis de lipídeos no sangue

A testosterona estimula a atividade de enzimas que modificam como as gorduras são processadas pelo fígado, provocando mudanças significativas nos níveis lipídicos.

Em outras palavras, o uso de testosterona pode alterar os níveis de colesterol e triglicerídeos, mais especificamente piorando o perfil lipídico como um todo.

Tais alterações podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares a longo prazo.

Acne

A testosterona, em especial o DHT, que é obtido através dela, pode estimular as glândulas sebáceas da pele a produzirem mais sebo.

Esse excesso de oleosidade pode obstruir os poros, favorecendo a proliferação de bactérias que podem causar acne, principalmente em pessoas com predisposição ao problema.

Queda de cabelo

Em termos simples, a testosterona, quando convertida em DHT (uma forma ainda mais potente do hormônio), pode acelerar a queda de cabelo em pessoas geneticamente predispostas.

O DHT atua nos folículos capilares, diminuindo progressivamente seu tamanho e encurtando o ciclo de crescimento dos fios.

Com o tempo, esses fios se tornam mais finos, mais curtos e, eventualmente, param de crescer.

No entanto, para isso ocorrer, é preciso haver sensibilidade ao DHT na região dos folículos, algo que varia de pessoa para pessoa, o que explica por que nem todos sofrem com queda de cabelo ao usar esteroides e outros sofrem com o efeito, sem nunca terem usado.

Virilização em mulheres

A testosterona, quando presente em excesso no corpo feminino, pode desencadear um efeito adverso chamado virilização, que é caracterizado por estimular o surgimento de características físicas típicas do sexo masculino.

Isso inclui aumento de pelos no rosto, engrossamento da voz e alterações na pele, como maior oleosidade.

A maioria dos efeitos de virilização costuma ser irreversível para mulheres.

Supressão da produção natural de testosterona

De forma simplificada, quando há excesso de testosterona circulando, o corpo entende que já existe hormônio suficiente.

Como resposta, o cérebro reduz ou até suspende a produção de sinais que ativam os testículos, responsáveis por fabricar a testosterona natural.

Referências

O Hipertrofia.org mantém critérios rigorosos de referências bibliográficas e dependemos de estudos revisados por pares e pesquisas acadêmicas conduzidas por associações e instituições médicas. Para obter mais informações detalhadas, você pode explorar mais lendo nosso processo editorial.


  • LLEWELLYN, William. Anabolics. 11. ed. Páginas 237-240.
  • HALUCH, Dudu. Hormônios no fisiculturismo: história, fisiologia e farmacologia – 2017. Página 64.

Este texto foi útil para você?

Sim (6)
Não
Muito obrigado pela opinião!

Ainda está com dúvidas sobre alguma questão? Visite nosso fórum de discussões e compartilhe suas dúvidas com mais de 270 mil pessoas cadastradas.