Os primeiros fisiculturistas não treinavam peito?

A era do bronze do fisiculturismo, a era antes da existência dos esteroides anabolizantes, tem inúmeros físicos impressionantes, praticamente todos esses caras tinham braços excelentes, assim como costas e ombros.

Na verdade, até mesmo as panturrilhas e os pescoços eram bastante desenvolvidos e não deixavam nada a desejar, até mesmo quando comparado a hoje.

No entanto, há um músculo que não parecia receber muita atenção – o peitoral.

fisiculturista da era pré-esteorides com peitoral pouco desenvolvido

Olhando as fotos dos primeiros fisiculturistas, é possível notar que eles sempre tinham um peitoral pequeno, neste texto tentaremos entender o porquê.

Eugen Sandow: o principal suspeito

Eugen Sandow desempenhou um papel crucial no surgimento do fisiculturismo como o conhecemos hoje.

Enquanto a maioria dos atletas antigamente treinava para demonstrar força, Sandow levantava pesos com o propósito específico de moldar seu corpo em uma determinada forma.

Eugen Sandow
Eugen Sandow: o “primeiro” fisiculturista (1867-1925)

A estética que ele escolheu recriar era a das estátuas antigas romanas e gregas.

Ele viajou para a Itália várias vezes ao longo de sua vida para estudar essas estátuas e tirar medidas, para que pudesse esculpir seu próprio físico de acordo com suas proporções.

Sandow fez um bom trabalho e é seguro dizer que ele realmente conseguiu transformar seu corpo em algo próximo a representação de um deus grego.

Mas vamos dar uma olhada mais de perto nas estátuas.

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Repare que elas têm braços, ombros e abdômen trabalhados. No entanto, de uma perspectiva moderna de fisiculturismo, o peitoral não é desenvolvido.

estátua de deus grego

O peito parece estar na mesma linha do abdômen, enquanto durante a era prata (antes da era de ouro – a era do Arnold), os fisiculturistas desenvolveram peitos gigantes, que se sobressaiam do tronco e dominavam claramente a porção superior do corpo.

Como Sandow organizou as primeiras competições de fisiculturismo. Ele as julgou de acordo com seus próprios padrões, então, não é surpreendente que a maioria desses primeiros fisiculturistas tinham peitorais fracos.

Eu suponho que, por qualquer motivo, se essas estátuas antigas tivessem peitorais enormes, é provável que Sandow teria descoberto uma maneira de desenvolver o peitoral, mesmo naquela época.

Ou seja, ter peitoral desenvolvido naquela época não era algo visto como sendo tão importante.

Outra coisa importante a considerar são os exercícios que eles tinham disponíveis.

Hoje em dia, o supino é um dos melhores exercícios para treinar o peito e pode ser facilmente encontrado em qualquer academia. Mas nem sempre foi assim. Somente em meados de 1940 que o supino se tornou popular entre os fisiculturistas.

Durante a era do bronze, o equipamento de treinamento era essencialmente limitado a halteres e barras. Não havia racks, bancos ou máquinas. Todos os exercícios tinham que começar pegando um peso do chão, mesmo movimentos pesados ​​como agachamentos.

Os primeiros fisiculturistas fizeram basicamente movimentos de empurrar, o que geralmente resultava em realizar variações de desenvolvimento militar. Esses exercícios são ótimos para os ombros, mas fazem muito pouco para o peito.

O único exercício de peitoral que Sandow faria era a flexão padrão. Somente mais tarde que George Hackenschmidt começou a popularizar um dos primeiros exercícios de peitoral, o supino chão.

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Este exercício e suas variações foram usadas desde o início dos anos 1900 até a década de 1930. A capacidade de fazer o movimento com pesos pesados ​​deu-lhe um pouco mais de potencial em comparação à flexão corporal padrão.

Mas ainda não era um substituto para um supino adequado, pois o supino chão tem um alcance de movimento severamente limitado e não proporciona nenhum alongamento para os peitorais.

Muitos atletas da época também tentavam fazer o exercício usando impulsos. Basicamente, eles faziam um movimento de extensão de quadril para lançar o peso até a posição mais alta.

Isso permitiria que eles movessem significativamente mais peso, mas também significava que o peitorais estava fazendo menos trabalho.

Então, mesmo quando finalmente havia um bom exercício para o peito, descobriram uma maneira de fazer isso, sem atingir o peito. Tudo isso também contribuiu para vermos peitorais menos desenvolvidos.

Em algum momento na década de 1930, os fisiculturistas começaram a usar caixas ou bancos na tentativa de padronizar o supino e impedir que impulso fosse usado. Eles rapidamente perceberam os benefícios de fazer o exercício dessa forma e não demorou muito para surgir atletas com peitorais gigantes.

Em resumo, os fisiculturistas da era do bronze do fisiculturismo não tinham peitorais grandes porque, primeiramente, eles não buscavam isso, isso somado ao fato que não havia os exercícios adequados para treinar esta região.

Hoje em dia, a maioria dos fisiculturistas vai ter como uma prioridade desenvolver um peitoral grande.

No entanto, ainda existem pessoas que preferem a estética da era do bronze, simplesmente por não gostarem da aparência de um físico onde o peitoral domina a porção superior do corpo – e não há qualquer problema nisso.

E essa é a beleza do fisiculturismo, não há regras, você controi o corpo que quer (se não for competir).

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