Dorian Yates foi um fisiculturista profissional pela IFBB e chegou a conquistar 6 vitórias no Mr. Olympia.
Ele revolucionou o fisiculturismo ao criar um novo patamar de quantidade de massa muscular com bom condicionamento.
Foi o primeiro Mr. Olympia a chegar aos 120kg em peso de competição mantendo uma qualidade muscular absurda, com densidade e qualidade simultâneos.
Neste texto veremos um pouco da sua trajetória no fisiculturismo, assim como sua filosofia de treino e dieta.
Perfil
- Nome completo: Dorian Andrew Mientjez Yates
- Peso: 120kg em competição (on-season)
- Altura: 177cm
- Idade: 58 anos na data deste texto (nascido em 1962)
- Braço: 50cm+
- Peitoral: 142cm
- Panturrilha: 50cm
- Cintura: 96cm
Estas informações foram retiradas de entrevistas e do site oficial do Dorian Yates e não há como verificar 100% a autenticidade delas, por favor use o bom “pé atrás” ao levá-las em consideração.
História
Dorian Yates nasceu na Inglaterra, em 19 de abril de 1962. Foi criado em um vilarejo chamado Hurley, na zona rural do condado de Staffordshire.
Quando adolescente, sua família moveu-se para Birmingham, uma cidade industrial e a segunda maior da Grã-Bretanha.
Durante tempos de mudança social que passava a Inglaterra, no início dos anos 80, Dorian acabou se metendo em uma confusão junto com seus amigos da época e foi sentenciado a seis meses em um centro de detenção para jovens (a “FEBEM” británica).
Especificamente neste centro de detenção, havia uma academia. Dorian, como não tinha o que fazer, começou a treinar para passar o tempo.
Mesmo sem qualquer tipo de infraestrutura, dieta, suplementos ou qualquer coisa do tipo, Dorian começou a ver seu físico evoluir muito rápido em comparação aos outros garotos que treinavam.
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Na própria instituição Dorian começou a construir uma reputação por conta do seu físico. Foi considerado o mais forte entre os 300 presos em competições internas de powerlifting.
Saindo da detenção, e sabendo do próprio potencial, Dorian resolveu entrar de cabeça no mundo do fisiculturismo.
Começou a treinar em uma academia de verdade e mirou em competir oficialmente no esporte.
A partir dos 21 anos de idade, em 1983, ele começou a competir em eventos regionais pequenos, como os sediados por academias (isso era muito comum na época) e ganhou simplesmente todos.
Em 1986, apenas três anos competindo, ele ganhou o EFBB British na categoria pesado – o maior show da Inglaterra na época.
Em 1988 ele também venceu o British Championships, outro evento prestigiado do país.
Com esse coletânea de vitórias, não havia mais para onde subir dentro do seu país. Então, em 1990 ele participou do Night of Champions em Nova Iorque.
Um evento que reunia atletas de calibre alto não só dos EUA, mas do mundo inteiro.
Ele ficou em segundo lugar, perdendo para Mohamed Benaziza.
No ano seguinte (1991), após fazer melhorias no seu físico, ele voltou a Nova Iorque e venceu o Night of Champions.
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No mesmo ano ele competiu no Mr. Olympia e já ficou em segundo lugar, perdendo para ninguém menos que Lee Haney que nessa noite completou 8 vitórias seguidas no evento e se aposentou.
No ano seguinte, 1992, ele competiu novamente no Mr. Olympia e só parou de vencer no evento em 1997, totalizando 6 vitórias em primeiro lugar.
Dorian Yates só parou de competir por conta de uma lesão muito grave no tríceps que lhe impedia de fazer inúmeros exercícios como antes.
No total, em sua carreira competitiva, Dorian Yates ganhou 15 competições profissionais e apenas dois segundos lugares, que foram no início da sua carreira.
Mentalidade de campeão
Diferente da maioria dos fisiculturistas da época, Dorian Yates não costumava participar de sessões de fotografia para revistas de treino (muito menos do que a maioria), não frequentava festas ou eventos relacionados ao fisiculturismo.
Além disso, ele não tirou um dia de descanso (no que tange dieta, treino e outras coisas relacionadas) durante 12 anos.
Tudo o que ele fazia na vida era comer, treinar, estudar e dormir.
Ele treinava fechado em uma academia que tinha no porão de casa e quando não estava lá, ele estava preparando refeições, calculando os nutrientes da dieta, ajustando variáveis de treino, de competições, analisando os resultados e descansando.
Por mais de uma década Dorian viveu como um fisiculturista “monge”, raramente se divertia ou fazia algo prazeroso.
De acordo com ele, conquistar algo inacreditável, requer fazer um trabalho inacreditável.
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Como ele queria algo, ele resolveu focar-se integralmente em fazer aquilo e esquecer todo o resto.
Filosofia de treino
A mentalidade de Dorian sobre treino era simples: durante o treino você não está ganhando massa muscular.
Durante o treino, segundo ele, você precisa impor o máximo de estresse na musculatura para promover o estímulo que seu corpo precisa para crescer.
Com o estímulo dado, o crescimento de fato só vai ocorrer se você prover a nutrição e o descanso adequados.
Seu treino em si era inspirado pelo sistema Nautilus de Arthur Jones e o treino de Mike Mentzer, o HIT (nada a ver com HIIT).
As sessões de treino eram curtas e com pouco volume, Dorian chegava a realizar apenas 2 séries por exercício, um treino muito menos volumoso do que a maioria dos outros fisiculturistas da sua era faziam.
Porém estas meras 2 séries (as vezes, até uma) eram mortíferas.
Basicamente, Dorian treinava menos e focava a maior parte do tempo na sua dieta e recuperação, mas quando estava na academia, era tudo ou nada.
Não é a toa que essa filosofia era conhecida como “Blood and Guts” (algo como “Sangue e coragem”).
Se você ficou interessado, assista seu filme (com o mesmo nome da filosofia).
Será uma demonstração de 80 minutos mostrando como seus treinos eram insanos.
Aqui vai uma “palinha” do filme:
Filosofia de dieta
Dorian tinha uma filosofia de dieta muito parecida com a maioria dos Mr. Olympias, que era fazer as coisas com uma mentalidade de máquina.
Durante o off-season (fora de competição) ele costumava ingerir 6 a 7 mil calorias por dia, divididos em 5 a 6 refeições no decorrer do dia, enquanto durante a fase pré-competição ele diminuía drasticamente a ingestão para até 4000 calorias/dia.
Sua alimentação era composta por alimentos naturais.
Suas fontes de proteína preferidas eram claras de ovos, peito de frango e carnes vermelhas magras.
E aveia e arroz integral, eram as fontes de carboidratos mais usadas. Estas fontes eram usadas até mesmo em épocas pré-competição, mas em quantidades muito mais discretas do que durante o off.
Na maior parte da sua carreira, Dorian relata evitar ao máximo a ingestão de gorduras (essa era uma mentalidade muito adotada na era dos anos 90).
A ingestão de proteína era alta independente da fase, alterando apenas os carboidratos em on e off.
Dorian Yates hoje em dia
Depois de sua aposentadoria (e recuperação das lesões ocasionadas pela profissão), Dorian Yates continou treinando e mantendo um físico muito acima do comum.
Aqui vemos uma foto dele com sua esposa (Gal Ferreira, brasileira) em 2015.
Hoje em dia, com 58 anos, Dorian ainda mantém um físico saudável, sem acúmulo de gordura, mas não parece mais ligar para estética, não do ponto de vista de um fisiculturista.
https://www.instagram.com/p/B6w1cgNgrjt/
E não me entenda errado, não falo isso de forma pejorativa.
Dorian Yates já fez sua marca na história do fisiculturismo e com 58 anos de idade, ele não tem mais o que provar, porém ele não parece estar mais treinando com qualquer objetivo relacionado à estética – apenas uma constatação.
O que podemos aprender com Dorian
Dorian dominou o esporte nos anos 90, durante um tempo onde não havia muita informação sobre treino, nutrição e até uso de ergogênicos (como há hoje).
De acordo com ele, sua escola em seguir o caminho do fisiculturismo era devido ao fato do esporte exigir um desafio individual – um caminho pelo qual você trilha sozinho.
Cada corpo é único, então cada atleta precisa, sozinho, achar o melhor método de treino e nutrição para vencer os outros.
O “segredo” de Dorian era ser metódico a respeito de tudo relacionado ao treino.
Cada treino terminado, cada refeição feita e cada resposta que ele tinha, eram catalogados em um registro que ele fazia em seu diário.
Durante sua carreira, Yates analisava seus registros e fazia alterações apenas baseado nos dados que tinha. Basicamente, ele não “dava laços sem nós”.
Não precisamos nos tornar fisiculturistas (muito menos competir no Olympia) para usar essas filosofias como analogias inteligentes para melhorar nossos resultados.