Sim, o risco de disseminação do Coronavirus (Covid-19) dentro das academias é real, mas até que ponto você deve se preocupar e, até mesmo, interromper os treinos ?
O que você precisa (deveria) saber
De acordo com a “Organização Mundial de Saúde” (1) o vírus pode se espalhar de pessoa para pessoa através de pequenas gotículas do nariz ou da boca que se espalham quando uma pessoa com Covid-19 tosse, espirra ou fala.
Essas gotículas poderão pousar em objetos e superfícies, onde outras pessoas poderão tocar e em seguida tocar no nariz, boca ou olhos, assim podendo contrair o vírus.
Também é possível pegar o vírus se alguém infectado liberar as gotículas no ar e elas entrarem diretamente em contato com seus olhos, nariz ou boca.
“Tá, é igual a qualquer gripe. Qual o problema ?”
Primeiro, o vírus Covid-19 não é qualquer gripe, mas sim de uma gripe de fácil disseminação.
Muitas pessoas no mesmo local, soltando secreções no ar e nos equipamentos, são fatores que tornam uma academia no lugar perfeito para disseminar essa nova mutação do coronavirus.
E, não, o uso de ventiladores e ar-condicionados não diminuem o risco de contração e, na verdade, podem piorar o problema, espalhando ainda mais as gotículas infectadas por todo o ambiente.
O meio mais efetivo para evitar contaminação e disseminação é evitar ambientes com muitas pessoas e sem ventilação natural (onde há ar fresco entrando e saindo do ambiente).
Portanto não é recomendado, ao menos por enquanto, frequentar lugares aglomerados e mal ventilados como a maioria das academias.
Especialmente se onde você vive houve infecção comunitária, ou seja, existe disseminação na própria região e não apenas infecções isoladas que foram importadas de outro países.
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Não importa se a taxa de mortalidade do vírus é baixa
Segundo a Organização Mundial de Saúde a taxa de mortalidade – quão alta é a chance de você morrer por ser infectado pelo vírus -, é de 2-3%.
Contudo essa taxa muda dependendo do tipo da população exposta ao vírus.
A doença atinge de forma mais grave pessoas mais velhas e/ou com algum problema de saúde preexistente.
A maioria das pessoas que treinam e são saudáveis, provavelmente não se encaixam no “grupo de risco” e não terão problemas mais sérios se contraírem o vírus.
Porém elas não deixam de ser portadoras e disseminadoras do vírus.
O Covid-19 é uma nova variação do coronavírus e nosso corpo simplesmente não tem como se defender adequadamente, ao menos até o momento não há evidências disso.
Em outras palavras, se uma gotícula infectada encontrar um caminho até os seus olhos, nariz ou boca, as chances de contrair o vírus serão grandes.
E mesmo que a doença não traga riscos mais sérios para você, ela pode se espalhar para outras pessoas a partir de você.
Os sintomas do coronavírus em pessoas jovens são muito leves e poderão passar despercebidos até que essas pessoas infectadas já tinham propagado o vírus para outras pessoas.
Por isso a disseminação é tão fácil
Mesmo com uma taxa de mortalidade baixa, se o número de infectados é grande, o número total de mortos será grande.
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Por exemplo: imagine que a taxa de mortalidade do coronavírus seja a menor possível, como os 2% amplamente divulgados.
Em uma situação hipotética onde 1 bilhão de pessoas forem infectadas (situação hipotética!), o número de mortos seria algo em torno dos 20 milhões (2% de 1 bilhão).
Agora, se a doença for efetivamente contida e apenas 1 milhão de pessoas forem infectadas, esses 2% seriam “apenas” 20.000 pessoas.
Quanto menos disseminação, menos mortes no total. Simples assim.
Por isso a recomendação para evitar ambientes como academias é muito válida neste momento.
“Mas o vírus [coloque o nome do vírus aqui] matou muito mais e não houve tanto alvoroço”
Novamente, não é uma questão de comparar letalidade, mas sim facilidade de disseminação.
Se isso ainda não ficou claro, vamos usar outro vírus como exemplo.
Há alguns anos atrás houve um surto do vírus da gripe aviária, o H5N1, que era fatal para 60% dos infectados.
Apesar da taxa de mortalidade muito maior que a do coronavírus, não houve tanto alarde como agora e talvez você sequer lembre do H5N1.
Por quê ?
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Simples.
Quem fosse infectado pelo H5N1 podia ficar mal (muito mal) e rapidamente. Sem intervenção médica, a chance de morrer era alta e em mais da metade dos casos era o que acontecia.
Basicamente, se você sentisse algum sintoma da H5N1, esse sintoma era notório e você não tinha saída, a não ser procurar ajuda para não morrer.
Uma pessoa nesse estado não consegue pegar um avião, não consegue treinar, não vai ao estádio de futebol e assim o vírus não é disseminado.
Além disso, ao procurar ajuda a pessoa infectada é prontamente isolada, diminuindo a disseminação mais ainda.
Com o Covid-19 é diferente.
Dependendo do indivíduo (pessoas jovens) os sintomas serão muito leves e não impedem as pessoas de seguirem com seu dia a dia normalmente, o que pode facilitar (e é como está ocorrendo) a disseminação.
Logo, não importa se virus x ou y matam mais. São contextos diferentes.
Palavras finais
A recomendação para não ir a academia por conta do coronavírus deve ser levada a sério, principalmente se você mora em uma região de risco.
Caso seja o seu caso, no que tange a influencia nos seus resultados e manutenção de saúde por cessar a musculação, isso pode ser contornado de inúmeras maneiras.
É possível manter o nível de atividade física alta mesmo longe da academia, principalmente improvisando treinos de hipertrofia em casa.
Até porque, dentro de algumas semanas, se todos cooperarem, a disseminação diminuirá e sua vida voltará ao normal.
Por agora, há questões muito mais importantes do que mudança corporal.
Faça sua parte e divulgue isso.