Em alguns casos, é possível eliminar ou reduzir a ginecomastia sem cirurgia, usando apenas remédios, mas não da forma que a maioria das pessoas imaginam.
Aviso: jamais use medicamentos sem o conhecimento e orientação do seu médico. Este texto não serve como orientação médica e tem intuito meramente informativo, servindo apenas como uma ponte para conversar com o profissional da sua escolha.
O que é ginecomastia?
Ginecomastia é o crescimento anormal do tecido glandular mamário em homens.
O que não pode ser confundido com gordura no peito, que chamamos de lipomastia.
Se tratando de ginecomastia de verdade, ela pode ocorrer por desequilíbrios hormonais, como um aumento de estrogênio ou redução de testosterona.
Medicamentos, excesso de gordura, problemas no fígado ou até a puberdade podem causar isso. É algo relativamente normal.
Na prática, esse crescimento não é perigoso, mas pode incomodar esteticamente ou emocionalmente.
O que causa ginecomastia?
Estrogênio é um dos principais hormônios responsáveis por desenvolver características no corpo da mulher, em especial o crescimento dos seios.
As glândulas mamárias possuem receptores para estrogênio e quando há hormônio suficiente ligando-se nessa região, haverá crescimento.
Homens também possuem receptores de estrogênio no tecido mamário e também possuem estrogênio.
Na verdade, estrogênio, na quantidade correta, é fundamental para a saúde masculina.
O problema ocorre quando há muito estrogênio ou muitos receptores no tecido mamário masculino.
Uso excessivo de álcool, estar acima do peso, dieta repleta de lixo industrializado, puberdade, uso incorreto de esteroides anabolizantes e manter um estilo de vida longe do saudável, tende a aumentar níveis de estrogênio.
Nas condições corretas e em pessoas com genética propícia para a condição, você terá ginecomastia como resultado.
Como é possível eliminar ginecomastia sem cirurgia
É totalmente possível eliminar a ginecomastia sem cirurgia em alguns casos (mais sobre isso logo à frente).
Isso é feito principalmente através do uso de medicamentos que reduzem a quantidade de estrogênio que chega até as glândulas mamárias, em especial os da categoria SERM (Selective Estrogen Receptor Modulator).
De forma simplista e respeitando o contexto, um SERM é capaz de impedir seletivamente que estrogênio ligue-se aos receptores das glândulas mamárias.
Se há menos estrogênio ligando-se às glândulas mamárias, o crescimento delas será interrompido e, em alguns casos, ocorrerá a diminuição (revertendo a ginecomastia).
Tamoxifeno e raloxifeno são os principais SERMs dessa categoria.
Há estudos científicos com ambos mostrando sua capacidade em reduzir ginecomastia puberal sem cirurgia com relativa eficiência (1).
Nos estudos, as dosagens usadas para reverter ginecomastia costumam ser de 10-20mg de tamoxifeno ou 60mg de raloxifeno por dia, até que o problema seja revertido.
O estudo também sugere que o raloxifeno se mostrou mais eficaz que o tamoxifeno em reverter ginecomastia.
Mas ambos tendem a ser igualmente efetivos em bloquear o estrogênio de se ligar aos receptores das mamas (2).
Quanto tempo demora?
Tentar reverter ginecomastia sem cirurgia, através de remédios, leva tempo. Não serão algumas semanas usando SERMs que resolverá o problema.
As primeiras mudanças podem demorar até 6 semanas para aparecer e o tratamento pode durar quantos meses forem necessários.
Os estudos envolvendo Tamoxifeno, por exemplo, duraram de 2 a 9 meses.
Apenas tenha em mente que estes afirmações foram retiradas dos estudos e não servem como orientação médica, muito menos possuem a intenção de substituí-la.
Além disso, cada pessoa possui um grau distinto de ginecomastia, sensibilidade diferente ao estrogênio e aos SERMs.
Falar que tamoxifeno e raloxifeno vai curar qualquer tipo de ginecomastia, seria uma mentira.
Portanto é sempre bom manter suas expectativas sob controle.
Atenção
Remédios da classe SERM, como tamoxifeno e raloxifeno, trazem consigo efeitos colaterais distintos, alguns mais perigosos do que outros.
Por exemplo, SERMs, se usados por tempo suficiente e por pessoas com certas predisposições, poderão facilitar o surgimento de coágulos que poderão causar problemas mais sérios, como embolias.
A recomendação de não usar medicamentos sem o consentimento do seu médico não é apenas uma formalidade.
Quando NÃO é possível tratar ginecomastia com medicamentos
Se fosse possível eliminar ginecomastia apenas com remédios ou algum outro meio não invasivo independente do caso, cirurgia para remoção de ginecomastia não seria algo tão comum.
Desculpe-nos pela constatação óbvia, mas isso é mais importante do que você imagina. Para poupar tempo, dinheiro e eliminar riscos desnecessários.
É possível tratar ginecomastia sem cirurgia principalmente quando ela é recente, independente da causa, e seja pequena.
Isso ocorre porque o crescimento da glândula, com o tempo, pode gerar danos aos tecidos próximos, gerando fibroses que podem envolver a ginecomastia.
Isso significa que quanto maior a ginecomastia ou quanto mais tempo ela está presente, menores as chances de reverter, pois ela já está “consolidada”.
Em situações como essa, de nada adiantará alterar hormônios ou usar SERMs.
Vale a pena optar pela cirurgia de ginecomastia?
Sim, vale a pena. A cirurgia costuma ser o caminho mais rápido e efetivo, porém mais caro.
E, sim, eu sei. Você está aqui justamente porque quer evitar um procedimento cirúrgico para remover a ginecomastia, seja por falta de recursos, tempo ou o desconforto do procedimento.
Mesmo assim, a cirurgia de remoção continua sendo o procedimento mais eficiente para tratar o problema e, pasmem, em alguns cenários com menos riscos que usar certos medicamentos.
Infelizmente, por uma série de razões (e muitas delas válidas), nem sempre é possível fazer a cirurgia.
Mas vale a pena levar isso em consideração: muitas pessoas sofrem com o problema, caladas, e pensam que a solução mais rápida e prática é evitar a cirurgia, quando na maioria das vezes é o contrário.
E, por favor, muito cuidado com a interpretação: o intuito do texto é mostrar meios que podem tratar o problema sem cirurgia, mas isso não significa que eles serão mais eficientes em todos os casos.
Referências
O Hipertrofia.org mantém critérios rigorosos de referências bibliográficas e dependemos de estudos revisados por pares e pesquisas acadêmicas conduzidas por associações e instituições médicas. Para obter mais informações detalhadas, você pode explorar mais lendo nosso processo editorial.
- LAWRENCE, Sarah E.; FAUGHT, K. Arnold; VETHAMUTHU, Jennifer; LAWSON, Margaret L. Beneficial effects of raloxifene and tamoxifen in the treatment of pubertal gynecomastia. Journal of Pediatrics, v. 145, n. 1, p. 71-76, jul. 2004. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15238910/
- PARKER, L. N.; GRAY, D. R.; LAI, M. K.; LEVIN, E. R. Treatment of gynecomastia with tamoxifen: a double-blind crossover study. Metabolism, v. 35, n. 8, p. 705-708, ago. 1986. DOI: 10.1016/0026-0495(86)90237-4. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3526085/