Entender quais são os efeitos colaterais do ADE antes de injetar a substância no seu corpo pode poupar você de grandes problemas no curto e longo prazo.
Os principais efeitos colaterais por injetar ADE no músculo são:
- Abscessos (acúmulo de pus no local).
- Dores no local e vermelhidão.
- Necrose tecidual (morte do tecido).
- Infecções.
- Deformação transitória ou permanente da área injetada.
- Embolias.
Neste texto, iremos abordar em detalhes o que acontece após injetar ADE no músculo.
O que é ADE (vitamina A, D e E)?
O ADE é uma substância injetável usada para tratar carências nutricionais em animais de grande porte que contém uma mistura das vitaminas A, D e E, o que dá origem ao nome.
No caso do gado, por exemplo, essas vitaminas ajudam a melhorar a imunidade, fortalecer os ossos e a pele, além de contribuir para a reprodução e o desenvolvimento geral dos animais.
É um suplemento bastante comum e utilizado em criações de animais de fazenda para garantir que os animais estejam saudáveis e possam atingir o máximo de seu potencial produtivo, seja na produção de carne, leite ou para reprodução.
Esse suplemento é aplicado por via intramuscular ou subcutânea nos animais, de forma controlada.
Como as vitaminas A, D e E são lipossolúveis, o corpo dos animais pode armazená-las e usá-las ao longo do tempo.
ADE em humanos e seu contexto na musculação
O uso do ADE por humanos e no contexto da musculação, assim como outros óleos para crescimento muscular localizado, como Synthol, é feito devido sua habilidade em aumentar o tamanho e volume do local onde foi injetado. Dando a impressão estética de que um músculo é muito maior do que ele realmente é.
Tecnicamente falando, quando quando alguém injeta ADE em um músculo, o óleo causa um efeito inflamatório local que faz com que a área pareça maior temporariamente.
Publicidade
Por conter vitaminas lipossolúveis e ter um veículo de entrega oleoso e denso, o ADE é depositado no tecido muscular ou subcutâneo, criando um volume artificial.
Nosso organismo interpreta o ADE como uma substância estranha, desencadeando uma resposta inflamatória. Essa inflamação faz com que o tecido ao redor inche, o que contribui ainda mais para o aumento aparente do tamanho da área.
Esse aumento não é um crescimento real do músculo, não há aumento de força, desempenho ou vascularização, mas sim uma reação do corpo à presença do líquido e à irritação causada pelo produto.
Com o tempo, o organismo pode absorver parte do líquido, mas há o risco de formação de fibrose ou até morte de tecido, dependendo da quantidade e frequência das aplicações.
Efeitos colaterais do ADE em humanos
Estes são os principais efeitos colaterais que podem ocorrer ao injetar ADE dentro do músculo:
1. Abscessos
Abscesso é um acúmulo de pus localizado que se forma como resposta do organismo a uma infecção ou irritação no local da aplicação.
Quando o ADE é injetado, especialmente de forma inadequada e sem condições higiênicas, o tecido pode ser contaminado por bactérias.
Isso desencadeia uma reação inflamatória, com acúmulo de células de defesa, resultando na formação do abscesso. Ele se apresenta como uma área inchada, dolorosa e quente, muitas vezes acompanhada de febre e mal-estar.
Dependendo da gravidade e se não tratado a tempo, o abscesso pode romper, espalhando seu conteúdo que antes estava contido para os tecidos ao redor ou até para a corrente sanguínea, levando a complicações graves como septicemia.
Para remover o abscesso, pode ser necessário drená-lo cirurgicamente, o que aumenta o risco de cicatrizes e deformidades. Essa condição é um dos principais riscos do uso indevido de substâncias como o ADE, reforçando os perigos dessa prática.
Publicidade
2. Dores no local e vermelhidão
Após injetar ADE, não é raro que a pessoa sinta dores intensas no local da injeção.
Isso ocorre porque o ADE possui uma composição oleosa que costuma irritar o tecido muscular. Essa irritação causa uma resposta inflamatória, gerando dor que pode durar dias ou até semanas, dependendo da quantidade injetada e da técnica utilizada.
Além disso, o local pode apresentar vermelhidão devido ao aumento do fluxo sanguíneo como parte do processo inflamatório.
3. Necrose
Necrose é um dos efeitos colaterais do ADE mais perigosos.
A necrose – morte de tecido – ocorre quando as células de uma região morrem devido à falta de circulação sanguínea ou ao contato com substâncias tóxicas – duas coisas que podem ocorrer após usar ADE.
Ao ser injetado, o produto pode diminuir o espaço entre as fibras musculares e causar obstrução dos pequenos vasos sanguíneos locais, privando o tecido de oxigênio e nutrientes.
Isso pode causar morte celular, que se manifesta como uma área escurecida, fria e insensível na pele ou músculo. Em casos graves, a necrose pode progredir rapidamente, exigindo intervenção médica imediata.
Além do impacto visual, a necrose representa um risco maior, pois áreas de tecido morto podem infeccionar. Muitas vezes, é necessário realizar a remoção do tecido morto, o que pode deixar deformidades permanentes e causar limitações funcionais.
4. Infecções
O risco de infecções é elevado quando o ADE é usado por humanos, principalmente devido à finalidade do produto (feito para animais) e às possíveis condições não estéreis durante a aplicação.
Como o óleo não foi feito para humanos, ele não segue os padrões de esterilização necessários, o que aumenta a chance de introduzir bactérias ou fungos no corpo.
Publicidade
Essas infecções podem se manifestar localmente, causando inflamação, dor e febre, ou podem se espalhar pelo organismo, levando a complicações que afetam o organismo como um todo.
Em alguns casos, são necessários tratamentos agressivos, como uso de antibióticos intravenosos ou cirurgias para remoção de tecido infectado.
5. Deformação transitória ou permanente da área injetada
A aplicação de ADE no músculo provoca alterações visíveis na área injetada devido ao acúmulo de líquido e à resposta inflamatória do corpo.
Inicialmente, o local vai parecer maior e mais volumoso, mas isso é resultado de inchaço e irritação, não de crescimento muscular real. Com o tempo, o organismo pode absorver parte do líquido, reduzindo o volume, mas deixando irregularidades e nódulos endurecidos (fibroses) no local onde foi injetado.
Essas deformidades podem ser permanentes, especialmente se houver formação de cicatrizes ou se o tecido for danificado durante alguma fase do uso.
Para corrigir esses problemas, pode ser necessária intervenção cirúrgica, o que dificilmente devolve a aparência natural.
6. Embolias
Sem dúvidas, o efeito colateral do ADE mais perigoso está relacionado ao risco de embolias.
Resumidamente, embolia é a obstrução da passagem de sangue causada por coágulos, bolhas de ar ou substâncias oleosas, que impedem o fluxo normal de sangue.
Se por alguma razão, como injeção incorreta, ADE entrar acidentalmente na corrente sanguínea, ele poderá formar pequenos coágulos que poderão viajar pelo corpo e bloquear passagens de sangue importantes.
Na maioria das vezes, isto gera embolia pulmonar, uma condição grave que causa falta de ar, dor torácica e, em casos extremos, perda da vida.
Também há um risco de embolia cerebral, levando a acidente vasculares cerebrais (AVCs) ou perda de funções neurológicas, dependendo da gravidade.
Quanto tempo demora para o corpo absorver o ADE?
Por se tratar de uma substância oleosa, o processo é mais lento do que com substâncias aquosas, podendo levar semanas ou até meses para que o corpo reabsorva parte do líquido.
A resposta inflamatória gerada pela aplicação pode prolongar ainda mais esse processo.
É importante destacar que a completa absorção do ADE pelo corpo não costuma acontecer, já que ele não foi formulado para uso humano e pode causar a formação de nódulos, fibrose ou encapsulamento do óleo nos tecidos.
Em muitos casos, mesmo absorvendo parte da substância, a reação do corpo ao ADE resulta em cicatrizes internas ou áreas endurecidas, que não desaparecem sem intervenção médica.
Em casos de complicações, como infecções, pode ser necessário drenagem cirúrgica ou outros tratamentos para remover “manualmente” o ADE.
Conclusão
Muitas pessoas são levadas ao uso de ADE, por pensarem ser uma injeção que causa crescimento muscular local “igual ao Synthol”.
Isso ainda por cima é amplificado por muitas dessas pessoas considerarem que fisiculturistas fazem isso, sem sofrer qualquer problema.
Em primeiro lugar, o Synthol foi criado especificamente com o propósito de ser injetado dentro do músculo para provocar crescimento localizado.
Ao passo que isso não significa que a prática é segura, a sua formulação contém analgésicos e substâncias que impedem que problemas mais sérios ocorram.
Contrário do ADE que é um produto produzido em locais de controle sanitário desconhecido e feito para ser injetados em animais.
Em segundo lugar, fisiculturistas conseguirão fazer uso de injeções locais para corrigir assimetrias e fraquezas.
Isso não é um segredo.
Acontece que há práticas exclusivas para isso e muitas vezes são usados esteroides anabolizantes como injeção local para amplificar a inflamação e gerar tamanho.
A diferença disso é que o corpo consegue absorver o hormônio injetado e ele não ficará estacionado no local.
Além disso, existem os esteroides corretos, a dose correta e o método correto para fazer isso.
Já a prática de injetar ADE é uma prática absolutamente leiga, obscura e mal vista especialmente pelos fisiculturistas.
Quem usa ADE comumente não tem ideia do que está fazendo, não contém acompanhamento e está se baseando só no empirismo.
Por essa razão os situações de morte e deformidades são tão comuns.
Referências
O Hipertrofia.org mantém critérios rigorosos de referências bibliográficas e dependemos de estudos revisados por pares e pesquisas acadêmicas conduzidas por associações e instituições médicas. Para obter mais informações detalhadas, você pode explorar mais lendo nosso processo editorial.
- SILVA, Paulo R.; OLIVEIRA, Maria L.; SOUZA, Carlos A. Doping cosmético: a problemática das aplicações intramusculares de óleos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 61-66, fev. 2011.