Treinar Doente

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Treinar Doente

Isso parece especialmente relevante agora que é inverno e as pessoas geralmente carregam por aí vários germes que podem passar uma à outra[...]. Essa era uma coisa que nós lidávamos constantemente em Salt Lake City; uma vez que patinávamos sobre um grande gelo oval, o ar ficava bastante parado e qualquer um que carregasse consigo algum germe era problema.

Quando você está doente e, principalmente, contagioso, faça um favor para todos e fique fora da academia. Eis o porquê: é muito egoísmo de sua parte submeter os outros ao risco de ficarem doentes. Sim, nós sabemos que você é obcecado por corpo e viciado em treinamento. Mas isso não é só com você, acredite ou não. Eu sou tão sociopata quanto (talvez até um pouco mais), mas fazer com que as pessoas fiquem doente por causa do seu egoísmo é rude. Academias são um verdadeiro paraíso de germes e deixar as pessoas doentes porque você é muito neurótico para perder um único dia de treino é futilidade. Se você está contagioso, fique em casa.

Mas vamos supor que você não seja contagioso, treine em casa ou qualquer coisa que faça meu parágrafo acima irrelevante. Você pode treinar doente? Mais importante, você deve? Finalmente, se você pode e quer, o quê deve realmente fazer?

E a resposta para a primeira pergunta é que isso depende. A regra geral diz que se você está doente apenas do pescoço para cima (nariz entupido, espirros, dor de cabeça, dor de garganta), está liberado para treinar. Pode não ser muito divertido, mas você pode treinar.

Entretanto, se a doença se espalhou para baixo (peito pesado e congestionado, tosse com expectoração), a recomendação geral é que evite-se o treino. Honestamente, esqueci a razão exata para isso, mas se você fizer qualquer coisa nessa situação pode piorar muito[...].

Mas essa é a regra geral: se for do pescoço para cima, você pode treinar; para baixo do pesco, você não deve treinar.

Ainda que você possa, deveria treinar? Novamente, a resposta é que isso depende. Mas aqui depende mais de você do que do fato de estar doente. Depende se você tem ou não auto controle. Porque se você não tiver, é melhor não treinar a menos que queira piorar a situação.

Para explicar isso eu tenho que entediar você com um pouco de fisiologia e como o exercício afeta o sistema imunológico. De maneira simples, exercício e sistema imunológico têm funcionamento sob uma relação complexa. Na verdade, isso é descrito por uma curva de resposta à doses em formato invertido de U¹. Pessoas que não se exercitam tendem a ter um sistema imunológico inferior em relação às que treinam; mas pessoas que treinam excessivamente tendem a debilitar seu sistema imunológico.

Pessoas que fazem treinamento de muita intensidade e extensividade (duração) frequentemente se encontram doentes. Infecções do trato respiratório superior (ITRS’s) são endêmicas entre maratonistas, por exemplo. Mas não é o evento que o faz ficar doente. Treinamentos extremos tendem a enfraquecer o funcionamento do sistema imunológico; se você estiver exposto à alguma doença, haverá maior probabilidade de adquiri-la. Basicamente, há uma janela de vunerabilidade que ocorre após o treinamento extremo que brevemente debilita o funcionamento do sistema imunológico.

Após uma década atrás (cara, estou velho), eu descobri empiricamente que um treino curto, de intensidade moderada (entre 20-40 minutos em uma intensidade média, tanto cárdio como na sala de pesos) geralmente me ajudava a superar uma doença. Isto é, ficar sentado não ajudava e treinar muito forte só piorava o caso. Mas um treino moderado me ajudou a recuperar mais rápido. Quando eu começava a sentir alguma coisa aparecendo, fazia um treino moderado e isso ajudava.

Tal como definido em um outro artigo, tenho descoberto recentemente que a megadosagem de glutamina e Vitamina C ajuda as pessoas a regredir os sintomas na medida que começam as dosagens nos primeiros sinais de doença. Também tenho o que chamo de A Cura™ mas devo mantê-la em segredo e você não vai saber sobre isso ainda.

De qualquer maneira, pesquisas mais tardes mostraram apoiar minha observação: intensidade moderada condiz com o funcionamento do sistema imunológico, enquanto não exercitar ou exercitar excessivamente/intensamente debilita o seu funcionamento.

Se você tiver o auto controle de ir à academia e fizer um treino de duração e intensidade moderada, nada além disso, está tudo bem e provavelmente fará com que você melhore mais rapidamente. Mas se você não o tiver e estourar seus miolos de intensidade, vai apenas piorar as coisas. Se esse for o caso, você deve ficar em casa e talvez ler um livro de autoajuda sobre como controlar o seu impulso.

[...]Você deve manter ambos duração e intensidade moderados. Novamente, se você não consegue realizar isso, fique em casa e arranje alguém para levar a sua sopa. Isso funcionou para minha avó e vai funcionar para você.

Se você fizer cárdio, mantenha a intensidade em uma margem aeróbia fácil. 30-40 minutos no máximo. Nem pense em intervalos. Apenas um cárdio de intensidade média, o qual todo mundo diz ser ineficaz e o fazer ser gordo, mas na verdade não faz nada senão criar grandes atletas e magreza. Isso sim.

Se você levantar peso, mantenha-se longe da falha e use volume/intensidade moderados. Cerca de 80% da sua capacidade máxima para um punhado de séries. Apenas entre, pegue seu pump e saia da academia.

E se você não conseguir mostrar seu auto controle, fique longe da academia. Porque se você for e se destruir, vai piorar a situação. E então você não vai apenas ter perdido um ou dois dias de treino enquanto se recupera da sua doença naturalmente, mas vai ficar realmente doente e perder uma semana ou mais. Ainda, vai ser seu próprio erro por ser teimoso com tão pouco controle de impulso.

Traduzi de bodyrecomposition.com, escrito por Lyle McDonald com título original Training when sick.

Abaixo reuni algumas informações extras sobre o tema que destaquei em itálico no texto. Não é essencial sobre o assunto, mas para quem estiver interessado em aprender, sinta-se livre em ler.

¹Hormesis (apenas encontrei uma tradução no português como Hormese, mas não creio que seja oficial; apenas usual) é o termo dado para as respostas biológicas devido às exposições a toxinas ou agentes que causem stress. Uma toxina ou agente stressante que demonstre a hormesis tem o efeito oposto em pequenas ou grandes doses.

Exemplo de uma pequena dose de uma agente químico que deve engatilhar ao organismo a resposta contrária de uma grande dose. Observe o gráfico em "U invertido" destacado no texto.

Exercícios Físicos

Indivíduos com baixos níveis de atividade física estão sob o risco de altos níveis de stress oxidativo, assim como indivíduos engajados com atividades físicas de alta intensidade; entretanto indivíduos engajados em atividades de intensidade moderada, demonstram menores níveis de stress oxidativo.[...]Tem sido afirmado que esse relacionamento, caracterizado por efeitos positivos em uma dose intermediária de agente stressante (exercício), é característico da hormesis.

Álcool

Bebidas alcoólicas são consideradas horméticas na prevenção de doenças coronárias e AVC, embora seus efeitos sejam superestimados.

Em 2012, pesquisadores da UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) descobriram que minúsculas quantidades (1 mM, ou 0.005%) de etanol duplicaram a expectativa de vida do Caenorhabditis elegans, um verme circular frequentemente utilizado em estudos biológicos. Altas doses de 0.4% não apresentaram benefícios de longevidade.

Abraço!

Editado Dezembro 3, 2013 às 16:23 por Flavio Gomes

[TsuG 1056]

vou marcar aqui para ler depois.

[HeatRanker 142]

Achei interessante. Serviu para confirmar alguns outros materiais que tinha lido e trazer novas informações.

Obrigado por compartilhar.

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Obrigado por ler!

No aguardo de mais leitores para discutir sobre o artigo.

Abraço!

[HeatRanker 142]

Nada. Que isso.

[Leonardo Bier 0]

Obrigado por compartilhar, ajudou bastante.

[renato.pellizon 2]

Tive uma virose em Maio, e no primeiro sinal de melhora eu já fui para a academia. Na época, meu treino era bem volumoso, buscando a falha concêntrica em todas as séries, etc. Resultado: fiquei 2x pior, e tive que interromper os treinos por 10 dias. Claro, mantive a dieta e tudo mais.

No mês passado fiquei doente de novo, e após uma melhora lá fui eu treinar novamente. Sendo que agora faço um treino bem menos volumoso, focando mais em low reps com sobrecarga, mas sem buscar a falha. Não sei se foi coincidência ou algo assim, mas melhorei completamente e segui os treinos sem problemas.

Editado Dezembro 5, 2013 às 13:22 por renato.pellizon

[Oenomaus 528]

Quando peguei virose e fui treinar, ficava sempre me sentindo cheio de dores, foda :/

Agora vou ler