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Percentual de gordura corporal ideal para quem treina

Saber qual é o percentual de gordura corporal ideal para quem treina é útil para ter uma estimativa de onde você está agora, para onde ir e até onde ir em um objetivo.

Veja, a maioria das pessoas vê objetivos como bulking (ganhar massa) ou cutting (perder gordura) como preferências meramente pessoais.

Enquanto, em grande parte, isso é verdade, o seu percentual de gordura atual pode afetar drasticamente seu objetivo e os resultados no futuro.

Continue lendo para entender o por quê.

O que é percentual de gordura corporal?

O percentual de gordura corporal representa a quantidade de gordura em relação ao peso total do corpo.

Por exemplo, se uma pessoa tem 100 kg de peso corporal e 10 kg de gordura, ela possui 10% de gordura corporal.

Esse valor inclui a gordura essencial, necessária para funções vitais, e a gordura armazenada, que serve como reserva energética.

Em outras palavras, seu percentual de gordura não é um indicador de quanta gordura você precisa perder.

Tenha em mente que os humanos precisam de ter um pouco de gordura para manter as funções básicas do organismo.

Já de cara, é essencial entender que o percentual de gordura ideal não é sinônimo de “quanto menos, melhor”.

Por outro lado, manter um percentual baixo, dentro do saudável, é fundamental para a saúde, estética corporal e para acelerar os resultados na musculação.

Como o percentual de gordura pode influenciar seus resultados?

Há um corpo de evidências na literatura (1,2,3) mostrando que níveis maiores de gordura corporal podem induzir resistência anabólica, reduzir a capacidade de recuperação, aumentar os níveis de inflamação, piorar o particionamento de nutrientes, afetar o perfil de hormônios anabólicos e, assim, de forma direta ou indireta, prejudicar o crescimento muscular.

Em outras palavras, se você quer ter mais saúde e bons resultados na musculação, é uma boa ideia manter um percentual de gordura considerado baixo.

Lembrando que não estamos nos referindo a fisiculturistas, que podem adotar manobras extremas, em especial com ajuda farmacológica, para ganhar muito peso e depois perder gordura rapidamente.

Qual o percentual de gordura corporal ideal para quem treina?

Como regra geral, a maioria dos homens que treinam e querem um corpo estético, devem se manter entre 10 a 14 porcento de gordura corporal.

Considerando que você tenha massa muscular, esta faixa de percentual de gordura corporal já vai gerar boa definição muscular e vascularização (vulgo, veias saltadas).

Nesta faixa também é possível manter saúde, sanidade mental, libido, performance no treino e hipertrofia muscular.

Pois é.

Com a popularização dos atletas nas redes sociais, como Instagram, muitas pessoas acreditam que, quanto menos gordura corporal, melhor.

Infelizmente, as coisas não funcionam assim.

Com exceção de pessoas com genética privilegiada e/ou que estejam usando drogas, manter o percentual de gordura muito baixo (menos que 8-10%) pode trazer certos efeitos colaterais.

Abaixo de 10% de gordura corporal, a maioria das pessoas vão sofrer com algum nível de perda de força, perda de massa muscular, queda no apetite sexual, irritabilidade, baixa imunidade, fome excessiva e várias outras coisas.

Claro, no Instagram você vai ver corriqueiramente atletas dizendo ter 7 a 8% de gordura corporal e mantendo isso o ano inteiro, sem maiores problemas.

Mas lembre-se que eles são estrelas porque possuem genéticas fora do comum e 99% das vezes estão usando alguma forma de ajuda farmacológica para manter o físico.

Isto não desmerece o feito deles de forma alguma, o único problema é que esse tipo de coisa acaba gerando uma ideia incorreta a respeito de percentual de gordura ideal.

E se você está achando as estimativas do texto um absurdo porque já mediu o próprio percentual de gordura e deu abaixo de 10%, saiba que é bem provável que você mediu errado.

Como já foi dito, estar entre 10 a 14% de gordura já vai gerar grande definição se você já treinar há algum tempo.

Na verdade, tendo uma boa quantidade de massa muscular nessa faixa de percentual de gordura, já é possível estar com mais definição e estética corporal do que 90% da população.

Sim!

As pessoas sempre subestimam quanta gordura corporal têm e na grande maioria dos casos possuem (muito) mais do que pensam.

Por exemplo: na foto abaixo temos o atleta Alberto Nunez em fase de preparação, no seu pico e com 6% de gordura corporal. Repare como é possível ver fibras musculares e veias com muita facilidade.

A gordura corporal foi medida através de um aparelho chamado Dexa Scan que usa uma espécie de raio-x para quantificar quanta gordura o corpo tem, até mesmo dentro dos órgãos.

Não há nada mais preciso no mundo que o Dexa Scan para medir o percentual de gordura.

Agora, considerando que o atleta está fazendo absolutamente tudo dentro do possível para manter esses 6% de gordura em fase pré-competição, compare o físico dele com uma pessoa que pensa estar abaixo de 10% de gordura sem dieta ou qualquer sacrifício.

Pois é, muito improvável.

Para você ter um parâmetro ainda melhor, aqui vai uma foto do atleta Sean Nalewanyj com 12% de gordura corporal aferidos pelo Dexa Scan.

Já é possível ver abdômen, linhas do peitoral e veias nos braços, muito acima do comum, mesmo tendo um percentual de gordura dito “alto” por muitos.

Ter entre 10 a 14% de gordura corporal já vai permitir ter ótima qualidade muscular.

Se você não é um atleta competitivo, não há muitas razões para estar abaixo de 10% de gordura corporal, principalmente em termos de saúde (mental e física).

Percentual de gordura para mulheres que treinam

Enquanto homens poderão ter um corpo com boa qualidade muscular mantendo 10 a 14% de gordura, mulheres precisam estar entre 17 a 22% de gordura.

Porque a diferença ?

Mulheres sempre terão um percentual de gordura maior do que homens.

Isto ocorre porque mulheres precisam acumular gordura em regiões “essenciais” (na região do útero e seios, por exemplo).

Mas isso não significa que mulheres sempre terão uma composição corporal pior do que homens por terem sempre um percentual de gordura maior.

O que muda é apenas a equivalência entre os sexos.

Enquanto homens vão exibir maior qualidade muscular abaixo de 12-14%, mulheres precisarão estar abaixo de 20-22%.

Talvez a imagem abaixo ilustre melhor como é o corpo de uma mulher em determinados percentuais de gordura:

Mesmo com essa diferença entre os sexos, a explicação do percentual de gordura para homens serve como uma analogia perfeita.

Da mesma forma que homens superestimam quão baixo está o próprio percentual de gordura, mulheres fazem o mesmo.

Por isso é importante aprender a avaliar o percentual da maneira mais adequada e estabelecer estimativas coerentes.

Como descobrir o seu percentual de gordura

Como você pode notar, medir o percentual de gordura é algo complicado e que pode entregar um resultado ilusório.

Mesmo assim, existem alguns métodos que você pode usar para ter uma estimativa e com ela decidir se você precisa fazer ajustes na dieta.

1 – Adipômetro

O adipômetro é uma espécie de calibrador usado nas dobras de pele que entrega um resultado em milímetros.

Estes milímetros poderão ser convertidos usando uma tabela para determinar quantos % de gordura uma pessoa tem.

Tenha em mente que o adipômetro pode subestimar a quantidade de gordura corporal e sempre dar um resultado abaixo do real.

2 – Balança de bioimpedância

Balanças de bioimpedância enviam uma corrente elétrica pelo corpo que passa com facilidade pela água e músculos, mas não pela gordura.

Logo, quanto mais tempo essa corrente elétrica leva para passar pelo seu corpo, supostamente, mais gordura corporal você tem.

Este método tende a superestimar ou subestimar quanta gordura você tem, pois o resultado pode ser alterado dependendo de quanta água você ingeriu ou está retendo no momento.

3 – Dexa Scan

O exame por dexa scan, como já foi dito, é o método mais preciso para medir a gordura corporal, já que analisa o corpo através de raios-x e nem mesmo a gordura dos órgãos escapa do escaneamento.

O único problema é que este tipo de medição está disponível apenas em grandes cidades do Brasil e você terá que desembolsar até R$1000 toda vez que decidir medir o percentual de gordura.

Nada acessível.

4 – Usar o olho

Através de imagens de pessoas com seus respectivos percentuais de gordura corporal, também é possível se comparar e criar uma estimativa usando o olho.

Obviamente, este é o método menos preciso, mas pode ser útil devido a praticidade e apenas quando o indivíduo tem experiência para se autoavaliar.

Resumindo

Se você vai começar a analisar seu percentual de gordura corporal com frequência, use o método que você achar melhor, mas sempre use o mesmo e sempre sob as mesmas condições.

Por exemplo: sua academia comprou uma balança de bioimpedância que pode ser usada livremente por todos.

Sempre que você for usar a balança para medir o percentual, sempre consuma a mesma quantidade de líquidos antes, sempre com a mesma antecedência e demais condições.

Desta forma, mesmo que a balança gere um resultado fora da realidade, você pode usar isto como ponto de referência, daqui para frente, verificar se há mudanças semana após semana.

Junto com o método da sua escolha, você também pode usar esta imagem com sugestões de como cada corpo fica em determinado percentual de gordura.

Referências

O Hipertrofia.org mantém critérios rigorosos de referências bibliográficas e dependemos de estudos revisados por pares e pesquisas acadêmicas conduzidas por associações e instituições médicas. Para obter mais informações detalhadas, você pode explorar mais lendo nosso processo editorial.


  1. FORBES, G. B. Body fat content influences the body composition response to nutrition and exercise. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 904, p. 359-365, maio 2000. Disponivel em: https://nyaspubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1749-6632.2000.tb06482.x
  2. Rehman, K., Akash, M.S.H. Mechanisms of inflammatory responses and development of insulin resistance: how are they interlinked?. J Biomed Sci 23, 87 (2016). Disponível em: https://jbiomedsci.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12929-016-0303-y
  3. Mehta, R. Impacts of obesity and stress on neuromuscular fatigue development and associated heart rate variability. Int J Obes 39, 208–213 (2015). Disponível em: https://www.nature.com/articles/ijo2014127

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